Title: Rela
1Relações Interculturais
- Mestrado em História, Relações Internacionais e
Cooperação - FLUP -
- 1º semestre 2007/2008- Apres.2
- Isabel Galhano Rodrigues
2Conceitos e termos
- Comunicação
- Cultura
- Intercultural (cross-cultural)
- Transcultural,
- Pancultural
- Intracultural
3- Bibliografia(slides 1-64)
-
- Cuche, Denys (1999) A noção de cultura nas
ciências sociais. Lisboa, Edições fim de século
(FLUP).
4Cultura
- O que é cultura?
- O que significam os termos cultural e culto nas
seguintes frases - É uma pessoa muito culta!
- O facto de tempo ser dinheiro é um valor ou
juízo cultural
5Intercultural (cross-cultural)
- Relações interculturais campo formal
relativamente novo das ciências sociais. - gt capacidade para lidar com os outros, sobretudo
com aqueles que têm um substrato cultural
diferente. - tópicos de estudo
- Reflexão sobre e desenvolvimento da competência
cultural - Análise de padrões culturais diferentes no mundo
- Procura de estratégias de adaptação
- Resolução de problemas na comunicação
intercultural. - Ensino de capacidades! Sociais de modo a reduzir
desentendimentos - Estudo do impacto da juventude ao longo da vida e
outras alterações.
6- cross-cultural refere-se a estudos
interculturais, um tendênica comparativa em
vários camos da análise da cultura. - Tem a ver com quasiquer das formas de
interactividade entre membros de diferentes
grupos culturais (ver também nterculturalismo,
relações interculturais, hibridismo,
cosmopolitanismo, transculturação. - O discurso em torno da interactividade cultural
tb e muitas vezes referido como
cross-culturalismo.
7- Competência Intercultural capacidade de
comunicar com êxito com as pessoas de outras
culturas - Esta capacidade tanto pode existir num indivíduo
jovem, como ser desenvolvida e melhorada devido a
força de vontade e competênica. - A base para uma comunicação intercultural
competente são a competência emocionale a
sensibilidade intercultural. - Um individuo é interculturalmnte competente
quando capta e coompreende, na interacção com
outros indivíduos de culturas estrangeiras, os
seus conceitos específicos in percepcionar,
pensar, sentir e agir. - Experiências antecedentes são consideradas livres
de preconceitos existe interesse e motivação
para continuar a aprender.
8Transcultural
- Transculturação processo que tem a ver com
fenómenos de culturas emergentes e convergentes. - reflecte a tendência natural dos indivíduos para
resolverem os conflitos com o tempo. - quando ligada a etnicidade e problemas étnicos gtgt
etnoconvergência. - Num sentido geral, transculturação abrange
guerra, conflito étnico, rassismo,
multiculturalismo, interculturalismo, casamento
entre raças - Num outro sentido, transculturação pode ainda ser
entendida como um aspecto dos fenómenos globais
dos eventos humanos. -
9Áreas que se interessaram pelo conceito de
cultura (ou de culturas)
- Antropologia
- Antropologia Cultural / Social
- Etnologia
- Sociologia
- Psicologia Social
- Psicologia
- Linguística
- Psicolinguística
- Etologia
10História - o termo cultura
- Latim cultura cuidados prestados aos campos e
ao gado - Séc. XVI acto ou acção de cultivar a terra
- Meados do séc. sentido figurado a cultura de
uma faculdade, o trabalho para desenvolver uma
faculdade (pc. usada até finais do séc. XVII) - Séc. XVIII século das luzes - impõe-se o
sentido figurado, também nas expressões cultura
das artes, cultura das letras, cultura das
ciências - Isolado dos termos associados formação,
educação do espírito.
11Século das luzes gtgtgt séc XIX
- Viragem ideológica
- A Filosofia emancipa-se da Teosofia
- Homem ser racional no centro do Universo
- Desenvolvem-se novas disciplinas científicas
dedicadas ao Homem - Antropologia, Arqueologia,
- Etnologia, Psicologia,
- Sociologia, Linguística.
12Século das luzes
- Cultura soma dos saberes acumulados e
transmitidos pela humanidade considerada como
totalidade (Cuche, 1999 29). - É associada à ideia de progresso, educação
(uma pessoa culta). - Para os reformistas processo que arranca a
humanidade à ignorância e à irracionalidade e os
conduz à razão e ao conhecimento (Cuche, 1999
31). - Oposições fundamentais
- cultura natureza
- cultura civilização
- culture (fr.) Kultur (al.)
13Cultura definição tradicional
- Comportamento superior a outro
- (nível superior)
- termo avaliativo e normativo referindo
actividades de uma elite (Sapir, 1994 23) - concepção predominantemente marcada pela
intelectualidade francesa.
14França (início do séc. XX)
- Cultura gt dimensão colectiva gt conjunto de
características próprias de uma sociedade (Cuche,
1999 33-34). - Cultura francesa cultura da Humanidade (ideia
de unidade, humanidade no sentido colectivo,
postura universalista idealismo da revolução
francesa - todos se reconhecem neste conceito,
independentemente das suas origens).
15Cultura - natureza
- Natural indivíduo que não tem cultura (postura
normativa). - povos primitivos naturais.
16Kultur (Alemanha)
- Kultur ideia de Geist (Volksgeist) o génio de
um povo, uma alma, um espírito subjacente - pertence a um povo, inclui a noção das coisas que
são boas e que diferenciam a raça humana do mundo
dos animais e muitas vezes dos humanos mais
primitivos - definida em termos das qualidades e valores
preferidos de um povo particular, que foram
inconscientemente e seleccionados com grande
significado a nível espiritual.
17Kultur
- desenvolve sentimento de nacionalidade.
- (Sapir, 1994 30-34).
- Kultur - salienta a diferença nacional
- Culture - refere um pensamento universalista, o
culto do espírito pelo Homem. - Herder (texto)
18Culture - civilization
- Os franceses rejeitam a oposição alemã entre
Kultur e Zivilization.
culture civilization
cultura da humanidade no sentido colectivo. ideia universalista, ligada à concepção electiva da nação. termo muito próximo ou equivalente de culture.
19Kultur Zivilization
Kultur Zivilization
Expressão profunda da alma de um povo ideia essencialista e particularista ligada à concepção étnico-racial da nação (comunidade de indiví-duos com a mesma origem reforça o conceito de raça. Progresso ligado ao desenvolvimento económico e técnico.
20Duas orientações teóricas na Antropologia e na
Etnologia
- orientação universalista (tradição francesa) gt
unidade, gt - diversidade, perspectiva
evolucionista - orientação particularista (escola alemã)
diversidade, sem contradizer a unidade. - A perspectiva descritiva (não normativa) (Cuche,
1999 38)
21Sapir (1994 34)
- From the idea of Kultur we may accept culture
as signifying the caracteristic mold of a
civilization, while from the first conception of
culture, that of the traditional type of
individual refinement, we will borrow the notion
of ideal form. From both we may adopt the
empahsis on value.
22Antropólogos e etnólogos
- Edward Tylor (1832-1917) método evolutivo
comparativo - Franz Boas (1858-1942) relativismo cultural
- Émile Durkheim (1858-1917) sensível ao
relativismo cultural, rejeita os evolucionistas e
o comparativismo especulativo. - Levy-Bruhl (1857-1939) mentalidades (lógica e
pré-lógica) -
23Antropólogos e etnólogos
- Edward Tylor (1832-1917)
- Influenciado pelos etnólogos alemães, rompe com a
tradição germânica, na medida em que considera a
cultura também no sentido material - primitive culture (1891) evolução da cultura e
sua universalidade - obra em que se baseia a
Etnologia como ciência autónoma. - Método das sobrevivências estudo comparativo da
evolução de uma cultura reconstituição de uma
cultura original comum a toda a Humanidade. - A cultura patente nos povos primitivos uma
etapa anterior da cultura dos Homens civilizados. -
24Antropólgos e etnólogos
- Franz Boas (1858-1942) relativismo cultural
- Crítica ao método evolutivo e comparativo de
Tylor (não se podem criar leis gerais para a
evolucção das culturas - combate ao etnocentrismo perspectiva de
observação da cultura, em que a própria cultura é
vista como a melhor, sendo as outras analisadas
por referência à primeira (Summer, 1906) - reconstituição de uma cultura original comum a
toda a Humanidade. - Cultura patente nos povos primitivos uma etapa
anterior da cultura dos Homens civilizados. -
25Antropólogos e etnólogos
- Combate o conceito de raça - traços morfológicos
de certos grupos variam rapidamente com novos
ambientes. - Primitivo/civilizados gt defende a não-existência
de diferenças biológicas, apenas diferenças
culturais, adquiridas e não inatas. - Consideração de cada cultura como uma totalidade
singular, que só pode ser explicada por
referência ao seu próprio contexto cultural com o
qual é coerente (relativismo cultural). - Desenvolvimento do método indutivo e de
observação prolongada e intensiva in situ. - Uma das tarefas do etnólogo explicar o que liga
um indivíduo à sua cultura (Cuche, 1999 45). -
26Sociólogos e Antropólogos
- Émile Durkheim (1858-1917) sóciólogo
- Fundador da Antropologia francesa.
- Civilização conjunto de fenómenos sociais que
não se ligam a um organismo social particular.
Estes fenómenos estendem-se por várias áreas que
excedem um território nacional, ou desenvolvem-se
por períodos de tempo que ultrapassam a história
de uma sociedade só. - Consciência colectiva gt impõe-se à do indivíduo e
cria a coesão na sociedade. - Não existe diferença entre a natureza de
primitivos e de civilizados. - Sensível ao relativismo cultural, rejeita os
evolucionistas e o comparativismo especulativo. -
27Sociólgos e Antropólogos
- Levy-Bruhl (1857-1939)
- Interroga-se sobre as diferenças entre
mentalidades. - Rejeita a teoria do evolucionismo linear.
- Distingue entre mentalidade primitiva
(pré-lógica) e mentalidade civilizada (lógica)
sem ser no entanto etnocentrista. - Mentalidade lógica e pré-lógica existem juntas em
qualquer sociedade, a proporção é que pode variar.
28Antropologia cultural norte-americana
- Recepção da orientação particularista
Culturalismo norte-americano ou - Antropologia Cultural norte-americana.
- Contexto norte-americano
- Três correntes
- Herança de Boas
- Cultura e personalidade (Psicologia)
- Cultura e interacção social (Sociologia)
29Antropologia cultural norte-americana1. herança
de Boas (a)
- Área cultural
- Traço cultural
- Padrão cultural
30Antropologia cultural norte-americana1. herança
de Boas (b)
- Contacto cultural
- Aculturação (Cuche, 1999 85)
- Empréstimo / inovação cultural
31Antropologia cultural norte-americana1. herança
de Boas (c)
- Malinowski (1884-1942) funcionalismo
- Combate o ponto de vista orientado para o passado
(difusionismo) e o evolucionismo orientado para
o futuro. - Defende o funcionalismo centrado no presente a
investigação deve limitar-se à observação directa
das culturas no presente. - Cada traço cultural tem uma função dentro do
sistema em que está inserido.
32Antropologia cultural norte-americana1. herança
de Boas (d)
- Malinowski (1884-1942) funcionalismo
- Teoria da necessidade os elementos constituintes
de uma cultura têm por função satisfazer as
necessidades essenciais do Homem a cultura
constitui resposta para estes necessidades
naturais. - Não dá conta de contradições nem de fenómenos
culturais patológicos.
33Antropologia cultural norte-americana2. Cultura
e personalidade (a)
- Atenção ao indivíduo e à sua relação com a
cultura - Sapir (1884-1939)
- Personalidade influência da cultura sobre o
indivíduo reacções do indivíduo à sua cultura. - Hipótese de Sapir-Whorf a cultura determina o
comportamento de um indivíduo (ou de um grupo de
indivíduos)- determinismo linguistico a cultura
influencia o modo como os indivíduos pensam
relativismo linguístico.
34Antropologia cultural norte-americana2. Cultura
e personalidade (b)
- Ruth Benedict (1887-1942) tipos culturais
- Tipos culturais cada cultura tem o seu padrão e
é coerente (está orientada para um fim). - Arco cultural cada cultura só pode actualizar
um dos segmentos do arco. - O que define uma cultura não são os traços
cuturais, mas a orientação global para uma ou
outra direcção de acordo com o seu padrão mais ou
menos corrente de pensamento e de acção.
35Antropologia cultural norte-americana2. Cultura
e personalidade (c)
- Margaret Mead (1901-1978)
- Observação de culturas na Oceânia diferentes
modelos de educação (rapazes e raparigas). - Fenómeno de pertença numa cultura e aspectos da
personalidade devidos a esse mesmo fenómeno. - Personalidade determinada pela educação e não
por questões biológicas.
36Antropologia cultural norte-americana2. Cultura
e personalidade (d)
- Margaret Mead (1901-1978)
- Enculturação processo através do qual desde os
primeiros instantes da vida um indivíduo é
impregnado pela sua cultura através de um sistema
de estímulos e de proibições mais ou menos
explícitas (Cuche, 1999 65). - Ligação directa entre padrão cultural, método de
educação e personalidade dominante.
37Antropologia cultural norte-americana2. Cultura
e personalidade (e)
- Linton / Kardiner
- personalidade de base o que é comum aos
indivíduos de um grupo - personalidade de base gt determinada pela cultura
a que se pertence. O que varia é a predominância
de um tipo ou outro de personalidade - a existência de uma personalidade de base não
exclui a existência de outras personalidades
(posição contrária a Benedict)
38Antropologia cultural norte-americana2. Cultura
e personalidade (f)
- Linton / Kardiner
- Há um tipo de personalidade preferido por uma
cultura que é socialmente reconhecido e e
designado por normal. - Transmissão de cultura flexível cada
indivíduo pode contribuir para modificar a sua
cultura, pois cada qual tem a sua maneira de a
interiorizar e de a viver.
39Antropologia cultural norte-americana1. 2.
Contributos
- Evidenciou a coerência relativa de todos os
sistemas culturais - Eliminou a confusão entre cultura e civilização
- A cultura interpreta e transforma a natureza
trabalha as funções básicas - O papel do corpo humano na cultura (também
trabalhado pela cultura) gt - movimentos do corpo / hábitos culturais -
determinados pela cultura. - Papel da educação nos processos de diferenciação
cultural.
40Antropologia cultural norte-americana3. cultura
e interacção social (a)
- Estreita ligação entre linguagem e cultura
- Sapir Hipótese de Sapir-Whorf (determinismo
linguístico / relativismo linguístico). - Levy-Strauss análise estrutural da cultura
- Ideia totalitária da cultura conjunto de
sistemas simbólicos (sistema língua, regras
matrimoniais, relações económicas)
41Antropologia cultural norte-americana3. cultura
e interacção social (b)
- Levy-Strauss
- Sistemas expressam aspectos da realidade física e
social, relações entre as realidades, relações
entre sistemas simbólicos. - Os costumes observam-se nos mitos, jogos,
patologias. - Linguagem produto da cultura, reflecte-a é
parte da cultura e é uma condição da cultura (é
adquirida através dela).
42Antropologia cultural norte-americana3. cultura
e interacção social (c)
- Levy-Strauss
- Tarefa da Antropologia
- descobrir o que é necessário para qualquer
vida social universais culturais a estrutura
dos materiais sociais. - Descobrir as estruturas inconscientes do espírito
humano. - Elaborar regras universais.
43Antropologia cultural norte-americana3. cultura
e interacção social (d)
- Interaccionismo / Psiquiatria Interpessoal /
Análise de Contexto gt - Escola de Palo Alto (Bateson, Mead, Sapir)
- Antropologia da Comunicação Psicologia Social
- Tomam em linha de conta a comunicação verbal e
não-verbal entre os indivíduos de um grupo.
44Antropologia cultural norte-americana3. cultura
e interacção social (e)
- Interaccionismo / Psiquiatria Interpessoal /
Análise de Contexto gt Escola de Palo Alto - Cultura conjunto de significados que os
indivíduos de um dado grupo comunicam uns aos
outros na interacção. - Cultura carácter pluralista pluralidade das
interaçcões - Contexto impõe determinadas regras e
expectativas - Anula noção hierárquica de cultura e de
sub-culturas da Sociologia
45Contacto entre culturas (a)
- Aumento de contactos interculturais novo campo
de investigação fenómenos de aculturação. - Redfield/Linton/Herskovits - Memorandum (1936)
Antropologia Americana da aculturação
(afro-americanologia). - Mestiçagem gt fenómeno visto anteriormente como
negativo (altera a pureza original), passa a ser
observado positivamente, como um fenómeno muito
comum e sempre existente em toda a Humanidade.
46Contacto entre culturas (b)
- Aculturação termo introduzido por Powell (1880)
transformação dos modos de vida e de pensamento
dos imigrantes em contacto com a sociedade
americana. - Assimilação última fase da aculturação,
- Difusão difusão cultural processo estudado no
âmbito da corrente antropológica chamada
difusionismo" que consiste na transferência de
traços culturais e de valores de uma sociedade ou
grupo para outro. Inclui três tipos distintos de
processos históricos por meio dos quais a cultura
se propaga difusão primária (ou dispersão
cultural), difusão secundária e difusão de
estímulo.
47Contacto entre culturas (c)
-
- difusão primária a difusão cultural ocorre
através da migração dos portadores de dessa
cultura. O mesmo que "dispersão cultural. - difusão secundária a difusão cultural ocorre por
empréstimo directo de um traço cultural da
cultura de um grupo a outro grupo. - difusão de estímulo a difusão cultural através
da sugestão de um valor que serve de ponto de
partida para um processo de modificaçao de outra
cultura.
48Contacto entre culturas (d)
- Tipologia dos contactos sociais (colonização
/imigração, amigáveis/hostis, etc.) - Importante no processo de aculturação
- selecção (elementos de empréstimo ou que a ele
resistem) - formas de integração (dos novos elementos no
modelo cultural de origem) - mecanismos psicológicos (favorecem ou
dificultam) - efeitos (da aculturação).
49Contacto entre culturas (e)
- Reinterpretação termo usado por Herkovits o
processo através do qual significados antigos são
atribuídos a elementos novos ou através do qual
novos valores transformam o significado cultural
de formas antigas. - Transformações culturais - não são ao acaso
- transponibilidade dos elementos técnicos e
materiais não-simbólicos vs. elementos simbólicos
(religiosos, ideológicos).
50Contacto entre culturas (f)
- Bastide (1968) recepção em França da teoria da
aculturação da antropologia americana. - Tipologia de situações de contacto ou de
inter-cruzamento de culturas em que se tem em
conta o grupo dador e o grupo receptor. - A tipologia baseia-se em três critérios
fundamentais - Geral
- Cultural
- Social
51Contacto entre culturas (g)
- Geral presença ou ausência de manipulações das
realidades culturais e sociais. - Divide-se em
- 1. Aculturação espontânea, natural, livre,
não-dirigida nem controlada a aculturação
deve-se ao jogo de contacto, faz-se segundo a
lógica interna de cada cultura - 2. Aculturação organizada, mas forçada, em
benefício de um grupo só, como na escravatura ou
colonização há uma vontade de modificar
rapidamente o grupo dominante. A aculturação fica
só parcial e fragmentária. É frequente a
desculturação sem aculturação.
52Contacto entre culturas (h)
- 3. Aculturação planificada, controlada, feita
sistematicamente a longo prazo. - Cultural a homogeneidade ou hetero-geneidade
das culturas é relativa - Social a abertura ou fecho das sociedades em
contacto é relativa - sociedades comunitárias, socialmente pouco
diferenciadas (menos permeáveis) - sociedades individualizadas e mais diferenciadas
(mais permeáveis).
53Contacto entre culturas (i)
- Combinando estes 3 critérios, consideram-se 12
tipos de situações de contactos culturais - Bastide considera
- Aculturação formal - atinge as suas próprias
formas do psiquismo. - Aculturação material atinge apenas os conteúdos
de consciência psíquica, aquilo que torna a sua
matéria (difusão de um traço cultural,
transformação do ritual, propagação do mito,
etc.).
54Contacto entre culturas (j)
- Contra-aculturação reacção desesperada à
aculturação formal. - Africanização
- Arabização
- Regresso à autenticidade original estas
tendências limitam apenas os efeitos da
aculturação material. - (Cuche, 1999 100)
55Aculturação / Choque cultural (a)
- Aculturação processo de adaptação e de
nivelamento a outra cultura diferente da que se
apreendeu no processo primário de socialização. - Tipos de aculturação (Tipologias Bastide-
aculturação geral, cultural e social) - Fases da aculturação o processo de aculturação
decorre em várias fases, desde situações de crise
até à obtenção de uma nova orientação cultural.
56Aculturação / Choque cultural (b)
- Choque cultural - entende-se uma fase de choque
e de stress no âmbito do processo de aculturação
também se entende todo o processo desde a crise
cultural até ao nivelamento cultural.
57Aculturação / Choque cultural(c)
- O conceito de choque cultural foi introduzido
pelo antropólogo americano - Kalvero Oberg (1960) Cultural shock
adjustment to new cultural environments, in
Practical Anthropology, 7, 177-182). - Oberg divide este fenómeno em 5 fases, que
decorrem num percurso em forma de U - (ainda hoje os modelos de choque cultural
mantêm esta característica)
58choque cultural (d)Oberg, Kalvero Cultural
shock ajustment to new cultural environments,
in Practical Anthropology,1960, Bd. 7, S.
177-182)
59Aculturação / Choque cultural
- A competência cultural diminui entre as fases 1 e
3. Na terceira fase alcança um ponto mais baixo e
depois volta a aumentar. Sob o ponto de vista de
conteúdo sofre uma alteração comparativamente à
fase inicial. - No final um indivíduo tem uma competência
cultural tão elevada como antes, mas agora como
competência cultural também numa cultura
estrangeira. - Wolf Wagner (1996) Kulturschock
Deutschland. Hamburg, Rotbuch Verlag, s.19
60Aculturação / Choque cultural
- Um choque cultural não precisa necessariamente de
passar por todas estas fases. - Numa estadia curta pode chegar a não ultrapassar
a fase 2. Também é possível uma cristalização na
fase 3. - Os conflitos interculturais podem não sair da
fase de crise e não encontrar o caminho para a
compreensão. - Também os encontros interculturais podem ser tão
livres de conflitos que não se pode falar de uma
curva em U.
61Aculturação / Choque cultural
- Os indivíduos com bastante experiência
intercultural e um contacto pessoal na cultura
estrangeira podem experimentar o contacto com a
cultura nova sem sofrerem qualquer choque
cultural. - Dodd interessa-se mais pela fase da habituação à
cultura nova. - Aqui dá-se importância aos fenómenos como o
stress e o receio e, sobretudo, aos sentimentos
pessoais, que uma pessoa sente no período de
tempo de 6 meses a 1 ano, depois de ter entrado
num círculo cultural novo. - Quase toda a gente sofre um choque cultural, mas
o grau de sofrimento é diferente de caso para
caso.
62Aculturação / Choque cultural
- Os sintomas podem ser os seguintes
- Preocupação excessiva pela própria saúde
- Sentimentos de desespero e de rejeição pelos
outros, irritações, medo de ser enganado e
magoado - Necessidade forte de ir para casa e para os
amigos em casa - Reacções físicas de stress (suores,
taquicardias) - Receios e frustrações
- Solidão
- Comunicação defensiva
63Aculturação / Choque cultural (e)
- Dodd fala de 3 etapas de um choque cultural
- a etapa tudo é maravilhoso
- a etapa tudo é horrível
- a etapa está tudo bem, equilíbrio entre
sentimentos positivos e negativos.
64Aculturação / Choque cultural (f)
- Estratégias para superar o choque cultural
- Ser paciente e não ficar frustrado
- Estabelecer novas relações
- Experimentar coisas novas (comidas, roupa)
- Conceder-se fases de reflexão e de descanso
- Fomentar os pensamentos positivos e sublimar os
negativos (auto-sugestão) - Escrever diário sobre acontecimentos negativos
- Observar a linguagem corporal das outras pessoas
- Aprender a língua.
65Aculturação / Choque cultural (g)
- Indicações para desenvolver as capacidades
interculturais (de modo a compreender melhor
outra cultura) - Respeita a dignidade e a personalidade dos
outros - Não te deixes influenciar negativamente pela
crítica e pelos preconceitos ou pelo
comportamento dos outros, nem te deixes ir abaixo
psiquicamente - Não acredites que em toda a parte todos vão
gostar de ti - Trabalha a tua capacidade de adaptação, i.e.
adapta-te depressa a novas situações também a
situações diferentes da tua cultura.
66Aculturação / Choque cultural (h)
- Desenvolve iniciativa própria. Deves ter a
vontade de correr riscos e de te abrir a
experiências culturais novas. - Observa e olha à tua volta
- Prepara-te para não teres esfera privada. Isso
pode não ser um factor importante na outra
cultura. - Não reprimas os teus próprios valores políticos
- Observa os diferentes papéis da mulher em
diferentes culturas - Respeita as tradições diferentes
- Habitua-te a ter paciência. A compreensão precisa
de tempo.
67Aculturação / Choque cultural (i)
- Aprende por ti mesmo a dar e a receber dos
outros. - Nesse sentido, os encontros culturais também
trazem novas perspectivas ao conhecimento da
própria cultura. - Tarefa 2 Tem alguma experiência de um choque
cultural?
68Aculturação / Choque cultural (j)
- Quando se compreendem os fenómenos ligados a
outras maneiras de ser culturais, podem-se
diminuir os problemas ligados a choques
culturais. Além disso, esta compreensão permite
utilizar melhor o período de aculturação. - Este período é tido pelos linguistas e pelos
antropólogos como uma experiência fundamental que
ultrapassa a própria cultura (Brown, 173) e devia
ser aproveitada o melhor possível.
69Aculturação / Choque cultural (k)
- Adler, Peter (1972) Descreve choque cultural
como um encontro de situações e de condições
ligados a comunicação intercultural, em que um
indivíduo como um resultado das suas
experiências toma consciência das suas
experiências, do seu crescimento, da sua
aprendizagem e da sua modificação. - Como um resultado deste processo o indivíduo
experimenta uma nova perspectiva de si mesmo e
aprende a compreender a sua própria identidade
nos termos que para ele são significantes.
70Habitus (a)
- Bordieu (1980) sociologia da cultura analisa
diferenças culturais entre grupos sociais.
Raramente se refere a cultura. - Habitus sistemas de disposições duradouras e
transponíveis, estruturas estruturadas,
predispostas a funcionar como estruturas
estruturantes. - Estas estruturas são adquiridas através de
conhecimentos próprios de modos de vida
particulares. - Habitus - caracteriza uma classe ou um grupo
social por comparação com outros que não
partilham das mesmas condições sociais.
71Habitus (b)
- O habitus funciona como a materialização ou a
incorporação da memória colectiva (Bordieu,
1980). (Cuche, 1999 121). - Trajectória social o habitus não é um sistema
rígido de disposições
72Heixis corporal
- As disposições que caracterizam o habitus gt
disposições corporais a heixis (gr. lat.
habitus) corporal. - Bordieu lidentité et la représentation. Actes
de la recherche en sicences sociales, nº 35,
1980b, pp. 63-72). - Heixis corporal muito mais do que um estilo
próprio gt é uma concepção do mundo social
incorporada, uma moral incorporada. - gestos / posturas gt (heixis corporal)
- revelam inconscientemente o habitus profundo
que habita um indivíduo.
73Novo conceito de cultura (a)
- Cultura um conjunto dinâmico mais ou menos
coerente, mais ou menos homogéneo. - Os elementos que compõem uma cultura, gtgt de
origens diversas, tanto no espaço como no tempo,
gtgttêm de manipular essa cultura. - Não existem de um lado culturas puras e do outro
culturas mestiças.
74Novo conceito de cultura (b)
- Nos momentos da ruptura, o discurso é de
proclamar a continuidade cultural. - Levy-Strauss chamamos cultura a todo o conjunto
etnográfico que, do ponto de vista do inquérito
apresente, relativamente a outros, diferenças
significativas. (Cuche, 1999 101). - Não há verdadeira descontinuidade entre culturas
que gradualmente ficam em comunicação umas com as
outras.
75Identidade (a)
- Identidade termo associado a cultura.
- Cultura revela processos inconscientes.
- Identidade remete para pertença,
necessariamente consciente, assenta em oposições
simbólicas (polissemia do conceito). - Identidade cultural determina o comportamento
dos indivíduos modalidade de categorização na
distinção nós-eles.
76Identidade (b)
- Tem uma concepção dinâmica não é um dado
independente do contexto. - Identidade social inclusão/exclusão no grupo.
- O que separa dois grupos etnoculturais não é
logo à partida a diferença cultural - Uma colectividade pode perfeitamente funcionar
admitindo no seu interior certa pluralidade
cultural. - O que cria a separação, a fronteira, é a vontade
de diferenciação e a utilização de certos traços
culturais como marcadores da sua identidade
específica.
77Outros tipos de cultura
- Cultura política (Cuche, 1999 142-143) esta
noção cresceu nos países colonizados. (tipo de
linguagem) em vez de ideologia. - Análise dos comportamentos políticos
tipologias de culturas e das estruturas políticas
(Almond / Verba, 1963). - Cultura de empresa (Cuche, 1999 145) -
- Teve origem no mundo de empresas, anos 70
concorrência entre empresas americanas e
japonesas. O tema cultura de empresa
acentuaria a importância do factor humano na
produção.
78Cultura de empresa
- A cultura de empresa manipulação ideológica do
conceito etnológico de cultura, destinada a
legitimar a organização do trabalho no interior
de cada empresa. - Sociólogos gt cultura de empresa resultado dos
confrontos culturais entre os diferentes grupos
sociais dentro da empresa. - A cultura da empresa tem que considerar a
micro-cultura de grupo delimita territórios,
define rituais, procura soluções. - A cultura de empresa é o reflexo da cultura
ambiente e uma produção nova, elaborada no
interior da empresa através da multiplicidade das
interacções que existem a todos os níveis de
organização.
79Alterações sociais
- Globalização
- falhanço dos sistemas planificados desregulação,
concorrência desenfreada - GATT derrube das barreiras comerciais
- criação de blocos comerciais EU, ASEAN, NAFTA
etc. - criação de novos mercados
- custos
- tecnologias da informação
80Alterações sociais
- conhecimento elemento de vantagem concorrencial
- uniformização da política empresarial factor
importante do desenvolvimento empresarial ligado
à mobilidade dos agentes - consequência desenvolvimento de programas de
comunicação intercultural destinados a quadros
superiores
81tipos de actividade internacional
- etnocêntrica (actividade internacional orienta-se
no mercado nacional) - multinacional (orienta-se no mercado alvo)
- global (actividade estandardizada no mercado
mundial) - transnacional (tanto no mercado alvo como
perspectiva global, perante falta de
homogeneidade)
82o que é cultura? (a)
- arte, teatro, literatura, pintura etc.?
- comportamento e etiqueta?
- civilização?
- a maneira como se fazem as coisas?
- cultura software da mente? (Hofstede, 1991)
- no nosso entendimento será um sistema de
orientação? (Thomas, 1993)
83o que é cultura? (b)
- Para Thomas (1993) gt sistema de orientação
compartilhado ou conhecido de todos os membros de
uma comunidade, formado por símbolos específicos. -
- percepção,
- pertença
- campo de acção
- cria as condições para o desenvolvimento de
formas independentes para lidar com o
meio-ambiente.
84o que é cultura? (c)
- culture standards (estandartes culturais).
- abrangem todos os tipos de percepção,
pensamento, avaliação e actuação considerados
normais pela maioria dos membros de uma cultura. - estabelecem hábitos de alimentação e trabalho,
sistemas políticos e costumes religiosos, regras
de educação e definição linguística, modos de
vestir etc. - Têm uma função reguladora dos actos numa
sociedade - (Thomas, 1993 380-381).
85o que é cultura? (d)
- Claus Altmeyer (2004) Kultur als Hypertext. Zur
Theorie und Praxis der Kuturwissenschaft im Fach
Deutsch als Fremdsprache. München, Iudicium
Verlag. - Proposta de definição
- Cultura quantidade de saber comum compartilhado
por um grupo social, em que os membros deste
grupo se apoiam para definir situações no âmbito
de uma actividade comunicativa, e que eles
pressupõem como o pano de fundo implícito válido
para as suas vivências. -
86o que é cultura? (e)
- A cultura no sentido de um saber comum
pressuposto em todas as acções comunicativas só
pode ser acedido, sob o ponto de vista
científico, através da análise de textos. - saber colectivo no sentido lato textos que
circulam dentro de um grupo, em que se encontram
registados os factos que pertencem ao saber comum
e em que a memória também se pode apoiar.(Thomas,
1993)
87compreender o que é diferente (relativismo
cultural) (a)
- Aumento de contactos entre culturas mudanças de
país, mobilidade, mass-media - a nossa percepção da realidade não é de modo
nenhum universal. - Quando se observa uma cultura diferente,
geralmente faz-se uma avaliação -gt tendência para
a subjectividade.
88compreender o que é diferente (relativismo
cultural) (b)
- O relativismo cultural pode no entanto conduzir a
um problema ético difícil de resolver. Quando uma
cultura só pode ser avaliada por dentro, o que se
passa com as culturas que permitem matar animais
ou seres humanos? - Compreender o diferente significa
- Estar disposto e ser capaz de relativizar e de
questionar os próprios esquemas cognitivos
individuais e/ou culturais do mundo e da
interpretação da realidade.
89compreender o que é diferente (relativismo
cultural) (c)
- 2. Ser capaz de justificar a sensação de
estranho/diferente e sua incompreensão de
textos e expressões em língua estrangeira pela
existência de esquemas cognitivos desconhecidos
que estão na base destes textos e expressões. - 3. Poder reconstruir os esquemas diferentes
/estrangeiros como razões potenciais para a
validade do conteúdo dos textos. - 4. Ser capaz de tomar uma posição relativamente
aos valores contidos nos textos, ou de os
considerar aceitáveis ou inaceitáveis.
90compreender o que é diferente (relativismo
cultural) (d)
- 5. Compreender o diferente no sentido de lidar
compreensivamente com textos, expressões e actos
comunicativos de outra comunidade linguística.
Isso não é o mesmo que empatia ou assumir a
perspectiva do outro, suspendendo a sua. - 6. Compreender o diferente também não significa
ter compreensão, no sentido de um prévio acordo,
em que tudo o que fosse diferente deveria ser
visto como valioso, por ser diferente.
91compreender o que é diferente (relativismo
cultural) (f)
- 7. Compreender o diferente é mais um processo de
uma atitude crítica, que parte da expectativa de
que, em princípio, a acção comunicativa de um
estrangeiro é racional e tem sentido e que tem
algo de importante a comunicar, mas em cujo
decurso essa expectativa pode não se justificar. - 8. Compreender o diferente é uma acção
comunicativa que por seu lado deve ser
compreendida e cuja validade deve ser sujeita ao
exame de uma comunidade. - (Altmayer, 2004 70-71)
92- http//www.nz-immigration.co.nz/
- http//home.snu.edu/hculbert/shock.htm
- http//www.johnsesl.com/templates/reading/cultures
hock/ - (Quiz)
- http//www.instudy.com/articles/ec184a13.htm
93- Tente encontrar 3 standards culturais e descreva
os ao seu colega.
94Bibliografia
- Cooper, Ken Nonverbal Communication for Business
Success, AMACOM 1979 - Hall, E. / Hall, M. Understanding cultural
differences, 3rd edition, Houston 1993 - Morrison, T./ Conaway, W. / Borden, G. How to do
business in sixty countries, Holbrook, Ma. 1994. - Trompenaars, Fons Riding the waves of culture,
London 1993.
95Bibliografia
- Altmeyer, Claus (2004) Kultur als Hypertext. Zur
Theorie und Praxis der Kulturwissenschaft im Fach
Deutsch als Fremdsprache. München, Indicium
Verlag. - Boas, Franz (1982) Race, Language and Culture.
London, University of Chicago Press. - Hofstede, Geert (1991) Cultures and
Organizations. London. - (1999) Culturas y organizaciones el software
mental la cooperación internacional y su
importancia para la supervivencia. Madrid,
Alianza Editorial, 447 p. - Oberg, Kalvero (1960) Cultural Shok adjustment
to new cultural environments, In Practical
Anthropology, Bd. 7, 177-182. - Sapir, Edward (1949) Language. New York, Harcout,
Brace World Inc. - Sapir, Edward (1994) The psychology of culture.
New York, Mouton. - Thomas, Alexander (ed.) (2003) Kulturvergleichende
Psychologie. Göttingen, Hogrefe, 591 p. - Trompenaars, Fons (2004) Riding the waves of
culture understanding cultural diversity in
business. London, Brealy, X, 265 p. - Wolf Wagner (1996) Kulturschock Deutschland.
Hamburg, Rotbuch Verlag.