Mudan - PowerPoint PPT Presentation

About This Presentation
Title:

Mudan

Description:

Mudan as cient ficas E Ci ncias Humanas Mudan as cient ficas E Ci ncias Humanas 3. Fenomenologia, estruturalismo e marxismo A constitui o das ci ncias ... – PowerPoint PPT presentation

Number of Views:71
Avg rating:3.0/5.0
Slides: 60
Provided by: bat109
Category:

less

Transcript and Presenter's Notes

Title: Mudan


1
Mudanças científicas
  • E Ciências Humanas

2
  • 1. As mudanças científicas.
  • A primeira delas se refere à passagem do
    racionalismo e empirismo ao construtivismo, isto
    é, de um ideal de cientificidade baseado na idéia
    de que a ciência é uma representação da realidade
    tal como ela é em si mesma, a um ideal de
    cientificidade baseado na idéia de que o objeto
    científico é um modelo construído e não uma
    representação do real, uma aproximação sobre o
    modo de funcionamento da realidade, mas não o
    conhecimento absoluto dela.
  • A segunda mudança refere-se à passagem da ciência
    antiga teorética, qualitativa à ciência
    moderna tecnológica, quantitativa. Por que
    houve tais mudanças no pensamento científico?

3
  • Durante certo tempo, julgou-se que a ciência
    (como a sociedade) evolui e progride.
  • Evolução e progresso são duas idéias muito
    recentes datam dos séculos XVIII e XIX -, mas
    muito aceitas pelas pessoas.
  • As noções de evolução e de progresso partem da
    suposição de que o tempo é uma linha reta
    contínua e homogênea.
  • O tempo seria uma sucessão contínua de instantes,
    momentos, fases, períodos, épocas, que iriam se
    somando uns aos outros, acumulando-se de tal modo
    que o que acontece depois é o resultado melhorado
    do que aconteceu antes.
  • Contínuo e cumulativo, o tempo seria um
    aperfeiçoamento de todos os seres (naturais e
    humanos).

4
  • Evolução e progresso são a crença na
    superioridade do presente em relação ao passado e
    do futuro em relação ao presente.
  • Assim, os europeus civilizados seriam superiores
    aos africanos e aos índios, a física
    galileana-newtoniana seria superior à
    aristotélica, a física quântica seria superior à
    de Galileu e de Newton.
  • Evoluir significa tornar-se superior e melhor do
    que se era antes. Progredir significa ir num
    rumo cada vez melhor na direção de uma finalidade
    superior.

5
  • Evolução e progresso também supõem o tempo como
    uma série linear de momentos ligados por relações
    de causa e efeito, em que o passado é causa e o
    presente, efeito, vindo a tornar-se causa do
    futuro.
  • Vemos essa idéia aparecer quando, por exemplo, os
    manuais de História apresentam as influências
    que um acontecimento anterior teria tido sobre um
    outro, posterior.
  • Evoluir e progredir pressupõem uma concepção de
    História semelhante à que a biologia apresenta
    quando fala em germe, semente ou larva.
  • O germe, a semente ou a larva são entes que
    contêm neles mesmos tudo o que lhes acontecerá,
    isto é, o futuro já está contido no ponto inicial
    de um ser, cuja história ou cujo tempo nada mais
    é do que o desdobrar ou o desenvolver pleno
    daquilo que ele já era potencialmente.

6
  • Essa idéia encontra-se presente, por exemplo, na
    distinção entre países desenvolvidos e
    subdesenvolvidos.
  • Quando digo que um país é ou está desenvolvido,
    digo que sei que alcançou a finalidade à qual
    estava destinado desde que surgiu.
  • Quando digo que um país é ou está
    subdesenvolvido, estou dizendo que a finalidade
    que é a mesma para ele e para o desenvolvido
    ainda não foi, mas deverá ser alcançada em algum
    momento do tempo.
  • Não por acaso, as expressões desenvolvido e
    subdesenvolvido foram usadas para substituir duas
    outras, tidas como ofensivas e agressivas países
    adiantados e países atrasados, isto é, países
    evoluídos e não evoluídos, países com progresso e
    sem progresso.

7
  • Em resumo, evolução e progresso pressupõem
    continuidade temporal, acumulação causal dos
    acontecimentos, superioridade do futuro e do
    presente com relação ao passado, existência de
    uma finalidade a ser alcançada.
  • 2. Interrogações à evolução e ao progresso
    científico.
  • A Filosofia das Ciências, estudando as mudanças
    científicas, impôs um desmentido às idéias de
    evolução e progresso.
  • Isso não quer dizer que a Filosofia das Ciências
    viesse a falar em atraso e regressão científica,
    pois essas duas noções são idênticas às de
    evolução e progresso, apenas com o sinal trocado
    (em vez de caminhar causal e continuamente para
    frente, caminhar-se-ia causal e continuamente
    para trás).
  • O que a Filosofia das Ciências compreendeu foi
    que as elaborações científicas e os ideais de
    cientificidade são diferentes e descontínuos.

8
  • Quando, por exemplo, comparamos a geometria
    clássica ou geometria euclidiana (que opera com o
    espaço plano) e a geometria contemporânea ou
    topológica (que opera com o espaço
    tridimensional).
  • Vemos que não se trata de duas etapas ou de duas
    fases sucessivas da mesma ciência geométrica, e
    sim de duas geometrias diferentes, com
    princípios, conceitos, objetos, demonstrações
    completamente diferentes.
  • Não houve evolução e progresso de uma para outra,
    pois são duas geometrias diversas e não
    geometrias sucessivas.

9
  • Quando comparamos a biologia genética de Mendel e
    a genética formulada pela bioquímica (baseada na
    descoberta de enzimas, de proteínas do ADN ou
    código genético), também não encontramos evolução
    e progresso, mas diferença e descontinuidade.
  • Assim, por exemplo, o modelo explicativo que
    orientava o trabalho de Mendel era o da relação
    sexual como um encontro entre duas entidades
    diferentes o espermatozóide e o óvulo -,
    enquanto o modelo que orienta a genética
    contemporânea é o da cibernética e da teoria da
    informação.

10
  • Verificou-se, portanto, uma descontinuidade e uma
    diferença temporal entre as teorias científicas
    como conseqüência não de uma forma mais evoluída,
    mais progressiva ou melhor de fazer ciência, e
    sim como resultado de diferentes maneiras de
    conhecer e construir os objetos científicos, de
    elaborar os métodos e inventar tecnologias.
  • O filósofo Gaston Bachelard criou a expressão
    ruptura epistemológica para explicar essa
    descontinuidade no conhecimento científico.

11
  • 3. Ruptura epistemológicagt
  • Um cientista ou um grupo de cientistas começam a
    estudar um fenômeno empregando teorias, métodos e
    tecnologias disponíveis em seu campo de trabalho.
  • Pouco a pouco, descobrem que os conceitos, os
    procedimentos, os instrumentos existentes não
    explicam o que estão observando nem levam aos
    resultados que estão buscando. Encontram, diz
    Bachelard, um obstáculo epistemológico.

12
  • Para superar o obstáculo epistemológico, o
    cientista ou grupo de cientistas precisam ter a
    coragem de dizer Não.
  • Precisam dizer não à teoria existente e aos
    métodos e tecnologias existentes, realizando a
    ruptura epistemológica. Esta conduz à elaboração
    de novas teorias, novos métodos e tecnologias,
    que afetam todo o campo de conhecimentos
    existentes.
  • Uma nova concepção científica emerge, levando
    tanto a incorporar nela os conhecimentos
    anteriores, quanto a afastá-los inteiramente.
  • O filósofo da ciência Khun designa esses momentos
    de ruptura epistemológica e de criação de novas
    teorias com a expressão revolução científica,
    como, por exemplo, a revolução copernicana, que
    substituiu a explicação geocêntrica pela
    heliocêntrica.

13
  • Segundo Khun, um campo científico é criado quando
    métodos, tecnologias, formas de observação e
    experimentação, conceitos e demonstrações formam
    um todo sistemático, uma teoria que permite o
    conhecimento de inúmeros fenômenos.
  • A teoria se torna um modelo de conhecimento ou um
    paradigma científico. Em tempos normais, um
    cientista, diante de um fato ou de um fenômeno
    ainda não estudado, usa o modelo ou o paradigma
    científico existente.
  • Uma revolução científica acontece quando o
    cientista descobre que os paradigmas disponíveis
    não conseguem explicar um fenômeno ou um fato
    novo, sendo necessário produzir um outro
    paradigma, até então inexistente e cuja
    necessidade não era sentida pelos investigadores.

14
  • A ciência, portanto, não caminha numa via linear
    contínua e progressiva, mas por saltos ou
    revoluções.
  • Assim, quando a idéia de próton-elétron-nêutron
    entra na física, a de vírus entra na biologia, a
    de enzima entra na química ou a de fonema entra
    na lingüística, os paradigmas existentes são
    incapazes de alcançar, compreender e explicar
    esses objetos ou fenômenos, exigindo a criação de
    novos modelos científicos.
  • Por que, então, temos a ilusão de progresso e de
    evolução? Por dois motivos principais

15
  • 1. Do lado do cientista, porque este sente que
    sabe mais e melhor do que antes, já que o
    paradigma anterior não lhe permitia conhecer
    certos objetos ou fenômenos. Como trabalhava com
    uma tradição científica e a abandonou, tem o
    sentimento de que o passado estava errado, era
    inferior ao presente aberto por seu novo
    trabalho. Não é ele, mas o filósofo da ciência
    que percebe a ruptura e a descontinuidade e,
    portanto, a diferença temporal. Do lado do
    cientista, o progresso é uma vivência subjetiva

16
  • 2. Do lado dos não-cientistas, porque vivemos sob
    a ideologia do progresso e da evolução, do novo
    e do fantástico. Além disso, vemos os
    resultados tecnológicos das ciências naves
    espaciais, computadores, satélites, fornos de
    microondas, telefones celulares, cura de doenças
    julgadas incuráveis, objetos plásticos
    descartáveis, e esses resultados tecnológicos são
    apresentados pelos governos, pelas empresas e
    pela propaganda como signos do progresso e não
    da diferença temporal. Do lado dos
    não-cientistas, o progresso é uma crença
    ideológica.

17
  • Há, porém, uma razão mais profunda para nossa
    crença no progresso. Desde a Antiguidade,
    conhecer sempre foi considerado o meio mais
    precioso e eficaz para combater o medo, a
    superstição e as crendices.
  • Ora, no caso da modernidade, o vínculo entre
    ciência e aplicação prática dos conhecimentos
    (tecnologias) fez surgirem objetos que não só
    facilitaram a vida humana (meios de transporte,
    de iluminação, de comunicação, de cultivo do
    solo, etc.), mas aumentaram a esperança de vida
    (remédios, cirurgias, etc.).
  • Do ponto de vista dos resultados práticos,
    sentimos que estamos em melhores condições que os
    antigos e por isso falamos em evolução e
    progresso.

18
  • 4. Classificação das ciências
  • Ciência, no singular, refere-se a um modo e a um
    ideal de conhecimento que examinamos até aqui.
  • Ciências, no plural, refere-se às diferentes
    maneiras de realização do ideal de
    cientificidade, segundo os diferentes fatos
    investigados e os diferentes métodos e
    tecnologias empregados.
  • A primeira classificação sistemática das ciências
    de que temos notícia foi a de Aristóteles. O
    filósofo grego empregou três critérios para
    classificar os saberes
  • A) Critério da ausência ou presença da ação
    humana nos seres investigados, levando à
    distinção entre as ciências teoréticas
    (conhecimento dos seres que existem e agem
    independentemente da ação humana) e ciências
    práticas (conhecimento de tudo quanto existe como
    efeito das ações humanas).

19
  • B) Critério da imutabilidade ou permanência e da
    mutabilidade ou movimento dos seres investigados,
    levando à distinção entre metafísica (estudo do
    Ser enquanto Ser, fora de qualquer mudança),
    física ou ciências da Natureza (estudo dos seres
    constituídos por matéria e forma e submetidos à
    mudança ou ao movimento) e matemática (estudo dos
    seres dotados apenas de forma, sem matéria,
    imutáveis, mas existindo nos seres naturais e
    conhecidos por abstração).
  • C) Critério da modalidade prática, levando à
    distinção entre ciências que estudam a práxis (a
    ação ética, política e econômica, que tem o
    próprio agente como fim) e as técnicas (a
    fabricação de objetos artificiais ou a ação que
    tem como fim a produção de um objeto diferente do
    agente).

20
  • Com pequenas variações, essa classificação foi
    mantida até o século XVII, quando, então, os
    conhecimentos se separaram em filosóficos,
    científicos e técnicos.
  • A partir dessa época, a Filosofia tende a
    desaparecer nas classificações científicas (é um
    saber diferente do científico), assim como delas
    desaparecem as técnicas.
  • Das inúmeras classificações propostas, as mais
    conhecidas e utilizadas foram feitas por
    filósofos franceses e alemães do século XIX,
    baseando-se em três critérios tipo de objeto
    estudado, tipo de método empregado, tipo de
    resultado obtido.

21
  • Desses critérios e da simplificação feita sobre
    as várias classificações anteriores, resultou
    aquela que se costuma usar até hoje
  • A) Ciências matemáticas ou lógico-matemáticas
    (aritmética, geometria, álgebra, trigonometria,
    lógica, física pura, astronomia pura, etc.)
  • B) Ciências naturais (física, química, biologia,
    geologia, astronomia, geografia física,
    paleontologia, etc.)
  • C) Ciências humanas ou sociais (psicologia,
    sociologia, antropologia, geografia humana,
    economia, lingüística, psicanálise, arqueologia,
    história, etc.)

22
  • D) Ciências aplicadas (todas as ciências que
    conduzem à invenção de tecnologias para intervir
    na Natureza, na vida humana e nas sociedades,
    como por exemplo, direito, engenharia, medicina,
    arquitetura, informática, etc.).
  • Cada uma das ciências subdivide-se em ramos
    específicos, com nova delimitação do objeto e do
    método de investigação.
  • Assim, por exemplo, a física subdivide-se em
    mecânica, acústica, óptica, etc. a biologia em
    botânica, zoologia, fisiologia, genética, etc. a
    psicologia subdivide-se em psicologia do
    comportamento, do desenvolvimento, psicologia
    clínica, psicologia social, etc.
  • Por sua vez, os próprios ramos de cada ciência
    subdividem-se em disciplinas cada vez mais
    específicas, à medida que seus objetos conduzem a
    pesquisas cada vez mais detalhadas e
    especializadas.

23
  • IV As ciências Humanas
  • 1. São possíveis as ciências Humanas
  • Ciência que tem o ser humano como objeto.
  • O homem como objeto científico é recente, sec.
    XIX.
  • Antes só a filosofia estudava o homem.
  • Surgem depois das ciências matemáticas e
    naturais, quando o ideal de cientificidade já
    tinha sido definido (método).
  • Nesse contexto a ciências humanas vão tentar
    imitar as ciências da natureza e matemática.
  • Haverá matematização e objetivação do homem.

24
  • O homem vai ser tratado do ponto de vista
    experimental.
  • No contexto empirista, o homem vai ser estudado a
    partir do modelo hipotético-indutivo.
  • Buscava as leis causais necessárias e universais
    para os fenômenos humanos.
  • Como não era possível na totalidade essa
    aplicação às ciências humanas, fazia por
    analogia, o que colocava as ciências humanas em
    descrédito.

25
  • Objeções às ciências humanas
  • A) Os fatos das ciências humanas não são
    experimentáveis os das ciências empíricas sim.
  • B) A ciências busca leis objetivas gerais,
    universais e necessárias dos fatos. Como
    estabelecer leis objetivas para o que é
    necessariamente subjetivo.
  • C) a ciência opera por análise (decomposição de
    um fato complexo em elementos simples) e síntese
    (recomposição do fato complexo por seleção dos
    elementos simples, distinguindo os essenciais dos
    acidentais). Como analisar e sintetizar o
    psiquismo humano, uma sociedade, um acontecimento
    histórico?

26
  • D) A ciência lida com fatos regidos pela
    necessidade causal ou pelo princípio do
    determinismo universal. O homem é dotado de
    razão, vontade e liberdade, é capaz de criar fins
    e valores. Como dar uma explicação científica
    necessária àquilo que, por essência, é
    contingente, livre?
  • E) A ciência lida com fatos objetivos, isto é,
    com os fenômenos depois que foram purificados de
    todos os elementos subjetivos, de todas as
    qualidades sensíveis, de todas as opiniões e de
    todos os sentimentos, de todos os dados afetivos
    e valorativos. O humano é justamente subjetivo,
    sensível, afetivo, valorativo, opinativo.
  • Como transformá-lo em objetividade sem destruir
    sua principal característica, a subjetividade?

27
  • 2. O humano como objeto de investigação
  • Do sec. XV ao XX, a investigação do humano
    realizou-se de três maneiras diferentes
  • A) Pelo Humanismo sec. XV idéias
    renascentistas dignidade do homem como centro
    do universo.
  • Continua nos secs. XVI e XVII com o estudo do
    homem como agente moral, político e
    técnico-artístico, destinado a dominar e
    controlar a natureza e a sociedade, chegando ao
    sec. XVIII quando surge a idéia de civilização,
    isto é, do homem como razão que se aperfeiçoa e
    progride temporalmente por meio das instituições
    sociais e políticas.
  • O humanismo não separa homem e natureza, mas
    considera o homem um ser natural diferente dos
    demais, manifestando essa diferença como ser
    racional e livre, agente ético, político, técnico
    e artístico.

28
  • B) Período do Positivismo inicia no sec. XIX com
    Auguste Conte.
  • Conte a humanidade atravessa três etapas
    progressivas, indo da superstição religiosa à
    metafísica e à teologia para chegar finalmente à
    ciência positiva, ponto final do progresso
    humano.
  • Conte enfatiza a idéia do homem como ser social e
    propõe o estudo científico da sociedade.
  • Assim como há uma física da natureza, deve haver
    uma física do social, a sociologia, que deve
    estudar os fatos humanos usando procedimentos ,
    métodos e técnicas empregadas pelas ciências da
    natureza.
  • A psicologia positivista afirma que seu objeto
    não é o psiquismo como consciência, mas
    comportamento observável que pode ser tratado com
    método experimentável da ciência da natureza.

29
  • A sociologia positivista (iniciada por Conte e
    depois continuada por Durkheim) estuda a
    sociedade como fato afirmando que o fato social
    deve ser tratado como uma coisa à qual são
    aplicados os procedimentos de análise e síntese
    criados pelas ciências naturais.
  • Os elementos ou átomos sociais são os indivíduos,
    obtidos por via de análise as relações causais
    entre os indivíduos, recomposta.
  • C) Período do historicismo desenvolvido no final
    do século XIX e início do século XX por Dilthey,
    filósofo e historiador alemão.

30
  • Essa concepção, herdeira do idealismo alemão
    (Kant, Fichte, Schelling, Hegel), insiste na
    diferença profunda entre homem e Natureza e entre
    ciências naturais e humanas, chamadas por Dilthey
    de ciências do espírito ou da cultura.
  • Os fatos humanos são históricos, dotados de valor
    e de sentido, de significação e finalidade e
    devem ser estudados com essas características que
    os distinguem dos fatos naturais.
  • As ciências do espírito ou da cultura não podem e
    não devem usar o método da observação-experimentaç
    ão, mas devem criar o método da explicação e
    compreensão do sentido dos fatos humanos,
    encontrando a causalidade histórica que os
    governa.

31
  • O fato humano é histórico ou temporal surge no
    tempo e se transforma no tempo.
  • Em cada época histórica, os fatos psíquicos,
    sociais, políticos, religiosos, econômicos,
    técnicos e artísticos possuem as mesmas causas
    gerais, o mesmo sentido e seguem os mesmos
    valores, devendo ser compreendidos,
    simultaneamente, como particularidades históricas
    ou visões de mundo específicas ou autônomas e
    como etapas ou fases do desenvolvimento geral da
    humanidade, isto é, de um processo causal
    universal, que é o progresso.

32
  • O historicismo resultou em dois problemas que não
    puderam ser resolvidos por seus adeptos o
    relativismo (numa época em que as ciências
    humanas buscavam a universalidade de seus
    conceitos e métodos) e a subordinação a uma
    filosofia da História (numa época em que as
    ciências humanas pretendiam separar-se da
    Filosofia).
  • Relativismo as leis científicas são válidas
    apenas para uma determinada época e cultura, não
    podendo ser universalizadas.
  • Filosofia da História os indivíduos humanos e as
    instituições socioculturais só são compreensíveis
    se seu estudo científico subordinar-se a uma
    teoria geral da História que considere cada
    formação sociocultural seja como visão de mundo
    particular, seja como etapa de um processo
    histórico universal.

33
  • Para escapar dessas conseqüências, o sociólogo
    alemão Max Weber propôs que as ciências humanas
    no caso, a sociologia e a economia trabalhassem
    seus objetos como tipos ideais e não como fatos
    empíricos.
  • O tipo ideal, como o nome indica, oferece
    construções conceituais puras, que permitem
    compreender e interpretar fatos particulares
    observáveis.
  • Assim, por exemplo, o Estado se apresenta como
    uma forma de dominação social e política sob
    vários tipos ideais (dominação carismática,
    dominação pessoal burocrática, etc.), cabendo ao
    cientista verificar sob qual tipo encontra-se o
    caso particular investigado.

34
  • 3. Fenomenologia, estruturalismo e marxismo
  • A constituição das ciências humanas como ciências
    específicas consolidou-se a partir das
    contribuições de três correntes de pensamento,
    que, entre os anos 20 e 50 do século passado,
    provocaram uma ruptura epistemológica e uma
    revolução científica no campo das humanidades
  • A) A contribuição da fenomenologia
  • A fenomenologia introduziu a noção de essência ou
    significação como um conceito que permite
    diferenciar internamente uma realidade de outras,
    encontrando seu sentido, sua forma, suas
    propriedades e sua origem.

35
  • Dessa maneira, a fenomenologia começou por
    permitir que fosse feita a diferença rigorosa
    entre a esfera ou região da essência Natureza e
    a esfera ou região da essência homem.
  • A seguir, permitiu que a esfera ou região homem
    fosse internamente diferenciada em essências
    diversas o psíquico, o social, o histórico, o
    cultural.
  • Com essa diferenciação, garantia às ciências
    humanas a validade de seus projetos e campos
    científicos de investigação psicologia,
    sociologia, história, antropologia, lingüística,
    economia.

36
  • Qual a diferença entre a perspectiva positivista
    e a fenomenológica? Dois exemplos podem
    ajudar-nos a compreendê-la.
  • Recusando a perspectiva metafísica, que se
    referia ao psíquico em termos de alma e de
    interioridade, a psicologia volta-se para o
    estudo dos fatos psíquicos diretamente
    observáveis.
  • Ao radicalizar essa concepção, a psicologia
    positivista fazia do psiquismo uma soma de
    elementos físico-químicos, anatômicos e
    fisiológicos, de sorte que não havia,
    propriamente falando, um objeto científico
    denominado o psíquico, mas efeitos psíquicos de
    causas não-psíquicas (físicas, químicas,
    fisiológicas, anatômicas).
  • Por isso, a psicologia considerava-se uma ciência
    natural próxima da biologia, tendo como objeto o
    comportamento como um fato externo, observável e
    experimental.

37
  • Ao contrário, a psicologia como ciência humana do
    psiquismo tornou-se possível a partir do momento
    em que um conjunto de fatos internos e externos
    ligados à consciência (sensação, percepção,
    motricidade, linguagem, etc.) puderam ser
    definidos como dotados de significação objetiva
    própria.
  • Recusando a perspectiva da filosofia da História,
    que considerava as sociedades etapas culturais e
    civilizatórias de um processo histórico
    universal, a sociologia volta-se para o estudo
    dos fatos sociais observáveis.
  • Inspirando-se nas ciências naturais, a sociologia
    positivista fazia da sociedade uma soma de ações
    individuais e tomava o indivíduo como elemento
    observável e causa do social, de sorte que não
    havia a sociedade como um objeto ou uma realidade
    propriamente dita, mas um efeito de ações
    psicológicas dos indivíduos.
  • Somente a definição do social como algo
    essencialmente diferente do psíquico e como não
    sendo a mera soma de ações individuais permitiu o
    surgimento da sociologia como ciência
    propriamente dita.

38
  • Em resumo, antes da fenomenologia, cada uma das
    ciências humanas desfazia seu objeto num agregado
    de elementos de natureza diversa do todo,
    estudava as relações causais externas entre esses
    elementos e as apresentava como explicação e lei
    de seu objeto de investigação.
  • A fenomenologia garantiu às ciências humanas a
    existência e a especificidade de seus objetos.
  • B) A contribuição do estruturalismo
  • O estruturalismo permitiu que as ciências humanas
    criassem métodos específicos para o estudo de
    seus objetos, livrando-as das explicações
    mecânicas de causa e efeito, sem que por isso
    tivessem que abandonar a idéia de lei científica.

39
  • A concepção estruturalista veio mostrar que os
    fatos humanos assumem a forma de estruturas, isto
    é, de sistemas que criam seus próprios elementos,
    dando a estes sentido pela posição e pela função
    que ocupam no todo.
  • As estruturas são totalidades organizadas segundo
    princípios internos que lhes são próprios e que
    comandam seus elementos ou partes, seu modo de
    funcionamento e suas possibilidades de
    transformação temporal ou histórica.
  • Nelas, o todo não é a soma das partes, nem um
    conjunto de relações causais entre elementos
    isoláveis, mas é um princípio ordenador,
    diferenciador e transformador.
  • Uma estrutura é uma totalidade dotada de sentido.

40
  • C) A contribuição do marxismo
  • O marxismo permitiu compreender que os fatos
    humanos são instituições sociais e históricas
    produzidas não pelo espírito e pela vontade livre
    dos indivíduos, mas pelas condições objetivas nas
    quais a ação e o pensamento humanos devem
    realizar-se.
  • Levou a compreender que os fatos humanos mais
    originários ou primários são as relações dos
    homens com a Natureza na luta pela sobrevivência
    e que tais relações são as de trabalho, dando
    origem às primeiras instituições sociais família
    (divisão sexual do trabalho), pastoreio e
    agricultura (divisão social do trabalho), troca e
    comércio (distribuição social dos produtos do
    trabalho).
  • Assim, as primeiras instituições sociais são
    econômicas. Para mantê-las, o grupo social cria
    idéias e sentimentos, valores e símbolos aceitos
    por todos e que justificam ou legitimam as
    instituições assim criadas.
  • Também para conservá-las, o grupo social cria
    instituições de poder que sustentem (pela força,
    pelas armas ou pelas leis) as relações sociais e
    as idéias-valores-símbolos produzidos.

41
  • Dessa maneira, o marxismo permitiu às ciências
    humanas compreender as articulações necessárias
    entre o plano psicológico e o social da
    existência humana entre o plano econômico e o
    das instituições sociais e políticas entre todas
    elas e o conjunto de idéias e de práticas que uma
    sociedade produz.
  • Graças ao marxismo, as ciências humanas puderam
    compreender que as mudanças históricas não
    resultam de ações súbitas e espetaculares de
    alguns indivíduos ou grupos de indivíduos, mas de
    lentos processos sociais, econômicos e políticos,
    baseados na forma assumida pela propriedade dos
    meios de produção e pelas relações de trabalho.
  • A materialidade da existência econômica comanda
    as outras esferas da vida social e da
    espiritualidade e os processos históricos
    abrangem todas elas.

42
  • Enfim, o marxismo trouxe como grande contribuição
    à sociologia, à ciência política e à história a
    interpretação dos fenômenos humanos como
    expressão e resultado de contradições sociais, de
    lutas e conflitos sóciopolíticos determinados
    pelas relações econômicas baseadas na exploração
    do trabalho da maioria pela minoria de uma
    sociedade.
  • Em resumo, a fenomenologia permitiu a definição e
    a delimitação dos objetos das ciências humanas
  • O estruturalismo permitiu uma metodologia que
    chega às leis dos fatos humanos, sem que seja
    necessário imitar ou copiar os procedimentos das
    ciências naturais
  • O marxismo permitiu compreender que os fatos
    humanos são historicamente determinados e que a
    historicidade, longe de impedir que sejam
    conhecidos, garante a interpretação racional
    deles e o conhecimento de suas leis.

43
  • Com essas contribuições, que foram incorporadas
    de maneiras muito diferenciadas pelas várias
    ciências humanas, os obstáculos epistemológicos
    foram ultrapassados e foi possível demonstrar que
    os fenômenos humanos são dotados de sentido e
    significação, são históricos, possuem leis
    próprias, são diferentes dos fenômenos naturais e
    podem ser tratados cientificamente.
  • 4) O Ideal científico e a razão instrumental
  • A) O ideal científico
  • O percurso que fizemos no estudo das ciências
    evidencia a existência de um ideal científico
    embora continuidades e rupturas marquem os
    conhecimentos científicos, a ciência é a
    confiança que a cultura ocidental deposita na
    razão como capacidade para conhecer a realidade,
    mesmo que esta, afinal, tenha que ser
    inteiramente construída pela própria atividade
    racional.

44
  • A lógica que rege o pensamento científico
    contemporâneo está centrada na idéia de
    demonstração e prova, a partir da definição ou
    construção do objeto do conhecimento por suas
    propriedades e funções e da posição do sujeito do
    conhecimento, através das operações de análise,
    síntese e interpretação. A ciência contemporânea
    funda-se
  • Na distinção entre sujeito e objeto do
    conhecimento, que permite estabelecer a idéia de
    objetividade, isto é, de independência dos
    fenômenos em relação ao sujeito que conhece e
    age

45
  • na idéia de método como um conjunto de regras,
    normas e procedimentos gerais, que servem para
    definir ou construir o objeto e para o
    autocontrole do pensamento durante a investigação
    e, após esta, para a confirmação ou falsificação
    dos resultados obtidos.
  • A idéia de método tem como pressuposto que o
    pensamento obedece universalmente a certos
    princípios internos identidade,
    não-contradição, terceiro excluído, razão
    suficiente dos quais dependem o conhecimento da
    verdade e a exclusão do falso.
  • A verdade pode ser compreendida seja como
    correspondência necessária entre os conceitos e a
    realidade, seja como coerência interna dos
    próprios conceitos

46
  • Nas operações de análise e síntese, isto é, de
    passagem do todo complexo às suas partes
    constituintes ou de passagem das partes ao todo
    que as explica e determina.
  • O objeto científico é um fenômeno submetido à
    análise e à síntese, que descrevem os fatos
    observados ou constroem a própria entidade
    objetiva como um campo de relações internas
    necessárias, isto é, uma estrutura que pode ser
    conhecida em seus elementos, suas propriedades,
    suas funções e seus modos de permanência ou de
    transformação

47
  • Na idéia de lei do fenômeno, isto é, de
    regularidades e constâncias universais e
    necessárias, que definem o modo de ser e de
    comportar-se do objeto, seja este tomado como um
    campo separado dos demais, seja tomado em suas
    relações com outros objetos ou campos de
    realidade.
  • A lei científica define o que é o fato-fenômeno
    ou o objeto construído pelas operações
    científicas. Em outras palavras, a lei científica
    diz como o objeto se constitui, como se comporta,
    por que e como permanece, por que e como se
    transforma, sobre quais fenômenos atua e de quais
    sofre ação.
  • A lei define o objeto segundo um sistema complexo
    de relações necessárias de causalidade,
    complementaridade, inclusão e exclusão.

48
  • A idéia de lei visa a marcar o caráter necessário
    do objeto e a afastar as idéias de acaso,
    contingência, indeterminação, oferecendo o objeto
    como completamente determinado pelo pensamento ou
    completamente conhecido ou cognoscível
  • No uso de instrumentos tecnológicos e não
    simplesmente técnicos. Os instrumentos técnicos
    são prolongamentos de capacidades do corpo humano
    e destinam-se a aumentá-las na relação do nosso
    corpo com o mundo.
  • Os instrumentos tecnológicos são ciência
    cristalizada em objetos materiais, nada possuem
    em comum com as capacidades e aptidões do corpo
    humano visam a intervir nos fenômenos estudados
    e mesmo a construir o próprio objeto científico
    destinam-se a dominar e transformar o mundo e não
    simplesmente a facilitar a relação do homem com o
    mundo.

49
  • A tecnologia confere à ciência precisão e
    controle dos resultados, aplicação prática e
    interdisciplinaridade.
  • O caso da biologia genética revela como a
    tecnologia da física, da química e da cibernética
    determinaram uma atividade interdisciplinar que
    resultou em descobertas e mudanças na biologia
  • Na criação de uma linguagem específica e própria,
    distante da linguagem cotidiana e da linguagem
    literária.
  • A ciência procura afastar os dados qualitativos e
    perceptivo-emotivos dos objetos ou dos fenômenos,
    para guardar ou construir apenas seus aspectos
    quantitativos e relacionais.

50
  • A linguagem científica destaca o objeto das
    relações com o sujeito, separa-o da experiência
    vivida cotidiana e constrói uma linguagem
    puramente denotativa para exprimir sem
    ambigüidades as leis do objeto.
  • O simbolismo científico rompe com o simbolismo da
    linguagem cotidiana construindo uma linguagem
    própria, com símbolos unívocos e denotativos, de
    significado único e universal.
  • A ciência constrói o algoritmo e fala através dos
    algoritmos ou de uma combinatória de estilo
    matemático.

51
  • Justamente por serem estes os principais traços
    do ideal científico, podemos compreender por que
    existem os problemas epistemológicos.
  • Em outras palavras, o ideal de cientificidade
    impõe às idéias critérios e finalidades que,
    quando impedidos de se concretizarem, forçam
    rupturas e mudanças teóricas profundas, fazendo
    desaparecer campos e disciplinas científicos ou
    levando ao surgimento de objetos, métodos,
    disciplinas e campos de investigação novos.

52
  • B) Ciência desinteressada e utilitarismo
  • Desde a Renascença isto é, desde o humanismo,
    que colocava o homem no centro do Universo e
    afirmava seu poder para conhecer e dominar a
    realidade duas concepções sobre o valor da
    ciência estiveram sempre em confronto.
  • A primeira delas, que chamaremos de ideal do
    conhecimento desinteressado, afirma que o valor
    de uma ciência encontra-se na qualidade, no rigor
    e na exatidão, na coerência e na verdade de uma
    teoria, independentemente de sua aplicação
    prática.
  • A teoria científica vale por trazer conhecimentos
    novos sobre fatos desconhecidos, por ampliar o
    saber humano sobre a realidade e não por ser
    aplicável praticamente. Em outras palavras, é por
    ser verdadeira que a ciência pode ser aplicada na
    prática, mas o uso da ciência é conseqüência e
    não causa do conhecimento científico.

53
  • A segunda concepção, conhecida como utilitarismo,
    ao contrário, afirma que o valor de uma ciência
    encontra-se na quantidade de aplicações práticas
    que possa permitir.
  • É o uso ou a utilidade imediata dos conhecimentos
    que prova a verdade de uma teoria científica e
    lhe confere valor.
  • Os conhecimentos são procurados para resolver
    problemas práticos e estes determinam não só o
    aparecimento de uma ciência, mas também suas
    transformações no decorrer do tempo.
  • As duas concepções são verdadeiras, mas parciais.
  • Se uma teoria científica fosse elaborada apenas
    por suas finalidades práticas imediatas, inúmeras
    pesquisas jamais teriam sido feitas e inúmeros
    fenômenos jamais teriam sido conhecidos, pois,
    com freqüência, os conhecimentos teóricos estão
    mais avançados do que as capacidades técnicas de
    uma época e, em geral, sua aplicação só é
    percebida e só é possível muito tempo depois de
    haver sido elaborada.

54
  • No entanto, se uma teoria científica não for
    capaz de suscitar aplicações, se não for capaz de
    permitir o surgimento de objetos técnicos e
    tecnológicos, instrumentos, utensílios, máquinas,
    medicamentos, de resolver problemas importantes
    para os seres humanos, então seremos obrigados a
    dizer que a técnica e a tecnologia são cegas,
    incertas, arriscadas e perigosas, porque são
    práticas sem bases teóricas seguras.
  • Na realidade, teoria e prática científicas estão
    relacionadas na concepção moderna e contemporânea
    de ciência, mesmo que uma possa estar mais
    avançada do que a outra.
  • A distinção e a relação entre ciência pura e
    ciência aplicada pode solucionar o impasse ou o
    confronto entre as duas concepções sobre o valor
    das teorias científicas, garantindo, por um lado,
    que uma teoria possa e deva ser elaborada sem a
    preocupação com fins práticos imediatos, embora
    possa, mais tarde, contribuir para eles e, por
    outro lado, garantindo o caráter científico de
    teorias construídas diretamente com finalidades
    práticas, as quais podem, por sua vez, suscitar
    investigações puramente teóricas.

55
  • Pode-se dizer que são problemas e dificuldades
    técnicas e práticas que suscitam o
    desenvolvimento de conhecimentos teóricos.
  • Sabemos, por exemplo, que o químico Lavoisier
    decidiu estudar o fenômeno da combustão para
    resolver problemas econômicos da cidade de Paris,
    que Galileu e Torricelli investigaram o movimento
    dos corpos no vácuo para resolver problemas de
    carregamento de grandes pesos nos portos e para
    responder a uma pergunta dos construtores de
    fontes dos jardins da cidade de Florença.

56
  • No entanto, o que sempre se verifica é que a
    explicação científica e a teoria acabam
    conhecendo muito mais fatos e relações do que o
    que era necessário para solucionar o problema
    prático, de tal modo que as pesquisas teóricas
    vão avançando já sem a preocupação prática,
    embora comecem a surgir e a suscitar, tempos
    depois, soluções práticas para problemas novos.
  • C) A ideologia cientificista
  • O senso comum, ignorando as complexas relações
    entre as teorias científicas e as técnicas, entre
    ciência pura e ciência aplicada, entre teoria e
    prática e entre verdade e utilidade, tende a
    identificar as ciências com os resultados de suas
    aplicações.

57
  • Essa identificação desemboca numa atitude
    conhecida como cientificismo, isto é, fusão entre
    ciência e técnica e a ilusão da neutralidade
    científica.
  • Examinemos brevemente cada um desses aspectos que
    constituem a ideologia da ciência na sociedade
    contemporânea.
  • O cientificismo
  • O cientificismo é a crença infundada de que a
    ciência pode e deve conhecer tudo, que, de fato,
    conhece tudo e é a explicação causal das leis da
    realidade tal como esta é em si mesma.
  • Ao contrário dos cientistas, que não cessam de
    enfrentar obstáculos epistemológicos, problemas e
    enigmas, o senso comum cientificista desemboca
    numa ideologia e numa mitologia da ciência.

58
  • Ideologia da ciência crença no progresso e na
    evolução dos conhecimentos que, um dia,
    explicarão totalmente a realidade e permitirão
    manipulá-la tecnicamente, sem limites para a ação
    humana.
  • Mitologia da ciência crença na ciência como se
    fosse magia e poderio ilimitado sobre as coisas e
    os homens, dando-lhe o lugar que muitos costumam
    dar às religiões, isto é, um conjunto doutrinário
    de verdades intemporais, absolutas e
    inquestionáveis.

59
  • A ideologia e a mitologia cientificistas encaram
    a ciência não pelo prisma do trabalho do
    conhecimento, mas pelo prisma dos resultados
    (apresentados como espetaculares e miraculosos) e
    sobretudo como uma forma de poder social e de
    controle do pensamento humano.
  • Por este motivo, aceitam a ideologia da
    competência, isto é, a idéia de que há, na
    sociedade, os que sabem e os que não sabem, que
    os primeiros são competentes e têm o direito de
    mandar e de exercer poderes, enquanto os demais
    são incompetentes, devendo obedecer e ser
    mandados.
  • Em resumo, a sociedade deve ser dirigida e
    comandada pelos que sabem e os demais devem
    executar as tarefas que lhes são ordenadas.
Write a Comment
User Comments (0)
About PowerShow.com