Title: FUNÇÃO DO INTÉRPRETE
1UNISA / 2019 CURSO DE LIBRAS BÁSICOUNISA
DIGITAL - POLO MARATAÍZES
Instrutor / Intérprete de LIBRAS Manacéias
Martins dos Santos
E-mail manaceias_at_gmail.com
2História do reconhecimento da Libras e seus
desdobramentos políticos, lingüísticos e
educacionais
Memórias sobre a constituição do campo de
pesquisa na área dos Estudos Surdos (Geles,
GTLS, Anpoll impactos sobre a cartografia
presente)
Tanya A. Felipe
3- Estudos sobre as línguas de sinais
- Inglaterra
- O precursor nas pesquisas sobre línguas de sinais
foi BULWER J. B. que editou um livro sobre a
língua de sinais inglesa Cherologic or the
natural language of the hand London R. Whitaker. - Posteriormente, também na Inglaterra, em 1895,
foi publicado outro livro The sign of Language
of the deaf and dumb de NEVINS, R. W. - Estados Unidos
- Em 1918 e 1923, foram editados respectivamente os
livros The sign language a manual of singns, de
LONG, J. L., e Handbook of the sign language of
the deaf, de MICHAEL . - em 1960, foram iniciadas as pesquisas
propriamente lingüísticas sobre a ASL, com o
artigo de STOKOE, W. C. Sign Language Structure
an outline of the visual communication system of
the American deaf, publicado na revista Studies
in Linguistics, Occasional Papers 8. - Em 1965, STOKOE CASTERLINE e CRONEBERG publicaram
A Dictionary of American Sign Language
4Marcos teóricos e mudanças de paradigmas
- Na década de oitenta
- Bilingüismo e Educação Bilíngüe,
- novos paradigmas para a Educação de Surdos, com
S maiúsculo, já que deixaram de serem rotulados
de DAs, e passaram a ser considerados
Estrangeiros em seus próprio país, - minoria lingüística que possuía sua própria
língua , a LSCB, - membros de uma Cultura,
5- As comunidades surdas, Felipe (1988), Felipe et
al (1991), por identificação, luta, transgressão,
libertação, rapidamente acataram esses paradigmas
e também levantaram a bandeira pela Educação
Bilíngüe, tornando-se seus defensores, exigindo
mudanças educacionais e a oficialização da
LIBRAS, Felipe (1993), CORDE (1996). - O embate entre oralismo, comunicação total e
educação bilíngüe percorria por todo o Brasil.
Eventos acadêmicos, trabalhos acadêmicos,
monografias, dissertações e teses apresentavam
propostas e experiências.
6- O deaf power começou a se insurgir, como nos
Estados Unidos - pesquisar sua língua,
- ensiná-la de maneira mais pedagógica,
- a fazer teatro e poesia em LIBRAS,
- a assumirem sala de aula, como Instrutores,
Monitores e Professores, - começaram a exigir mudanças, intérpretes,
legenda para noticiários e outros programas de
televisão, através do Close caption ,tefononia
para Surdos (TDD), - começaram a apresentar trabalhos e debater, em
eventos, novas alternativas para a Educação de
Surdos, inclusive alfabetização em LIBRAS,
através do sign Writing, - documento A Educação que nós Surdos Queremos,
entregue ao MEC , - A FENEIS - proposta de regimento interno para a
criação do Departamento Nacional de Intérpretes,
fundado em 1992.
7- Década de noventa
- os paradigmas foram repensados e novos
surgiram, - Educação de Surdos - questões multiculturais,
- a surdez um olhar sobre as diferenças e não
como diversidade, que cria um falso consenso,
uma idéia de que a normalidade hospeda os
diversos , que está ideologizada por uma
perspectiva ouvintista, ou melhor, pelos vários
ouvintismos camuflados nas Políticas para
Educação de Surdos, - passou-se a falar de bilingüismos e suas
implicações na Educação de Surdo - Sob este olhar nas diferenças, as identidades
surdas se transpareceram como uma construção
histórica e social, efeito de conflitos sociais,
ancoradas em práticas de significação e de
representação compartilhadas entre surdos e
ouvintes., - As pressões das organizações não-governamentais
de surdos e ouvintes, das escolas e de políticos
culminaram com a homologação, pelo Presidente da
República, da LIBRAS, como língua oficial dos
Surdos (Lei No. 10.436, de 24 de abril de 2002).
8- 1991, a Resolução 45/91 da Organização das Nações
Unidas - ONU destaca uma Sociedade para Todos , - Em 1992 o Programa Mundial de Ações Relativas às
Pessoas com Deficiência , - A partir de 1994, com a Declaração de Salamanca
(UNESCO) sobre necessidades educativas especiais,
acirrou o debate sobre Sociedade Inclusiva , - escola integradora - partir da política
educacional neoliberal no Brasil Escola/Educação
Inclusiva , - Em 1995 continuando nessa perspectiva de uma
sociedade para todos, Declaração de Copenhague
sobre Desenvolvimento Social e Programa de Ação
da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social, - Em 1996, Normas sobre a Equiparação de
Oportunidades para Pessoas com Deficiência,
9- A partir de então, as escolas brasileiras
começaram a fomentar o discurso da Inclusão e,
segundo depoimentos de professores, em vários
estados, em nome dela, estão jogando o surdos nas
classes regulares. - A simples inclusão de alunos com deficiências em
salas de aulas do ensino regular não resulta em
benefícios de aprendizagem. - E as adaptações, o preparar-se para receber o
Surdos? - Ah! Estão contratando Intérpretes!!!
10- Isso é uma contradição já que no próprio Livro
Inclusão - Guia para educadores, afirma-se que
todos os alunos, incluindo aqueles com
deficiência, precisam de interações
professor-aluno e aluno-aluno que moldem
habilidades acadêmicas e sociais e que o
principal objetivo do ensino inclusivo não é
economizar dinheiro, é servir adequadamente a
todos os alunos, Stainback (1999 30). - Os professores, as comunidades surdas e as
academias foram atropeladas em seu processo de
reflexão e concepção de uma Escola para Surdos e
novos embates começaram
11- Neo-oralismo, sob a forma de um ouvintismo
crítico está ressurgindo no discurso da Inclusão
que irá resgatar a normalidade, ou seja - aceita-se programas bilíngües transitórios, que
iniciando com a LIBRAS, gradualmente substituirá
essa língua pela Língua Portuguesa, - esse bilingüismo fraco, levará ao monolingüismo,
daí, antes haverá um - bilíngüismo diglóssico, - os alunos surdos
ficarão em classe de ouvintes, sendo que a língua
de maior prestígio será a da professora e dos
alunos ouvintes, - assim, irão aprender a Língua Portuguesa e não
serão mais discriminados . - Quem ensinará português? Claro, a professora que
não conhece a LIBRAS e que irá continuar a olhar
a escrita e fala do surdo como degenerações da
norma padrão, como toda norma não-padrão.
12- será resgatada a Identidade Ouvinte
- modelo para a escolarização,
- LIBRAS utilizada apenas como instrumento, pelo
intérprete, - relação do sujeito com a língua não vai fazer
mais diferença, - relação do surdo com sua língua não vai ser um
fator determinante, - não vai ser uma possibilidade de ele vir a
assumir uma posição discursiva que não se reduza
à mera reprodução, - não permitirá também interferir, modificar,
produzir e criar o novo através de sua língua.
13- a autoridade do professor poderá ser garantida
- já que estava fragilizada ao ter que assumir sua
deficiência em LIBRAS e ter que dividir seu
espaço com surdos que se dizem professores. - Ficará em alguma estante ou gaveta a mensagem que
Diniz (2001), professora surda, nos deixou - aos profissionais ouvintes que atuam na área da
surdez e que precisam aceitar opiniões e críticas
de profissionais surdos, havendo troca de
experiências.
14- aceita-se a diversidade que levará a
homogenização - os ouvintes e os surdos terão o mesmo currículum.
- E sua história social e política, sua língua,
cultura e literatura? - E os professores surdos?
- A preocupação continua a ser somente com a
escolarização e não com a Educação. - Mas o surdo terá direito a intérprete na sala de
aula.
15E a função do Intérprete na escolarização de
Surdos?
- Na década de oitenta, a função do Intérprete,
mesmo fora do âmbito educacional ainda era
condenada - ... os profissionais que atuavam na área da
surdez mal podiam nos ver conversando com os
surdos em língua de sinais. Diziam que nós
obrigávamos os surdos a comunicarem-se através da
mímica. Coutinho (200077). - Décadas se passaram e agora já querem substituir
o Professor pelo Intérprete. Afinal a LIBRAS é
muito difícil para aprender e também o professor
não tem tempo.
16- Esse intérprete que ainda está em um processo de
formação de identidade, já que sua organização
enquanto profissional e formação acadêmica ainda
não se consolidaram e que - deverá, ao assumir essa função, segundo seu
código de ética, manter uma atitude imparcial
durante o transcurso da interpretação, evitando
interferências e opiniões próprias, a menos que
seja requerido pelo grupo a fazê-loSander
(1992) - deverá ter conhecimento prévio de todo os
assuntos de todas as disciplinas que fará a
tradução simultânea, podendo atuar desde a
educação infantil até o nível universitário e de
pós-graduação, segundo Quadros (2002) - não poderá se confundir com o professor, que é o
responsável pelo processo de avaliação dos
alunos. - Quem será esse super-profissional,
super-intérprete, multidisciplinar?
17- Pesquisas têm mostrado que, devido a muitos
equívocos por parte dos intérpretes, ou por falta
de formação acadêmica, ou técnicas para tal
função ou, ainda, por não dominar o assunto, a
atuação do intérprete em sala de aula pode causar
prejuízo ao aluno em sua escolarização (Pires,
2000 Sander, 2000, Quadros, 2002). - Mas esses danos são ainda maiores se pensarmos em
18Educação para Surdos, para todos
- Atualmente, educar está sempre sendo usado como
sinônimo de ensinar, escolarizar, e nessa
ideologia tecnicista, cada vez mais, a escola
está se afastando de sua essência - educar, que etmologicamente vem de ex-dúcere
conduzir para fora, trazer à tona, à expressão, o
que vive dentro do homem, pelo próprio étimo. - Daí, educação presume acompanhamento,
companhia, diálogo, troca de olhares e de
experiências, manifestação de relação homem x
mundo que a percepção acolhia, ensaio de
especulações, construção de conhecimento.
19- Como conceber todo esse processo sendo
intermediado pelo intérprete se - educar é educar-se a si enquanto companhia de um
outro? - Cada diferença a ser trabalhada é uma diferença e
não uma desqualificação do sujeito. - A Educação para Surdos não pode se resumir a uma
escolarização repassada por um intérprete que não
poderá ultrapassar essa fronteira sem transgride
o seu papel atuando efetivamente como educador.
20- o ambiente acadêmico foi pensado até então,
somente para os ouvintes e por essa razão os
conhecimentos sobre as implicações relativas à
surdez não se deram. - O direito do surdo em ter acesso a um ensino de
qualidade impõe a necessidade aos profissionais
de repensar sua prática, desmistificando
preconceitos assumindo novas atitudes. - A Educação pressupõe uma Educação Lingüística que
tem por objetivo o desenvolvimento das aptidões
verbais do sujeito falante, estritamente ligada
com sua socialização, com seu desenvolvimento
psicomotor e com a maturação de todas as suas
capacidades expressivas e simbólicas.
21- novo paradigma uma Escola para Surdos e para
Todos, porque nessa Escola, como Gadotti (1989)
afirma a tarefa da educação será a tarefa
essencialmente ligada à formação da consciência
crítica. - Quero dizer que identificaremos educar com
conscientizar. - O papel da conscientização de que nos fala Paulo
Freire é essa decifração do mundo, dificultada
pela ideologia é esse ir além das aparências,
atrás das máscaras e das ilusões, pagando o preço
da crítica, da luta, da busca, da transgressão,
da desobediência, enfim, da libertação.(Freire,
1995 e 2000)
22(No Transcript)
23UNISA / 2019 CURSO DE LIBRAS BÁSICOUNISA
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