Title: Psicopedagogia da Aprendizagem da Leitura
1Psicopedagogia das Aprendizagens da
Leitura da Escrita (e da Língua)
2Psicopedagogia da Leitura
- Psicologia da Leitura
- O que é saber ler / competência básica para
aprender a ler (desde quando?) - Compreensão leitora
- Processamento ascendente
- Processamento descendente
- Modelos interactivos
- Avaliação do domínio leitor
- Provas de Leitura
- Escalas de leitura oral / silenciosa
- de base curricular (e.g., Inizan)
- de compreensão leitora
- Provas de processo
- (Modelo de avaliação funcional e dinâmica com
base em questionários de observação) - Predição do relato
- Participação em discussões de grupo
- Análise do significado do texto
- Significado das palavras no contexto
- Fluidez da leitura
- Pedagogia da Leitura
- Intervenção / Ensino da leitura
- Métodos de ensino/aprendizagem
- de progressão analítica
- de p. sintética (globais)
- Modelo construtivista
- Modelo interativo
- O texto possibilidades e limites da intervenção
para aprender a ler - Avaliação de textos
- Recomendação gt selecionar textos
Intervenção Psicopedagógica - Fatores
neuro-psicológico-linguísticos implicados na
aprendizagem da leitura - Estratégias de
aprendizagem
3Que aprendizagens na Escola? Os conteúdos
curriculares
Serve a escola para conferir conhecimentos
construídos e acumulados ao longo da história por
diferentes sociedades com finalidades como a
formação dos mais jovens e a sua instrução
cultural no contexto espácio-temporal em que se
situam. O currículo escolar é um processo de
organização da cultura por áreas de conteúdos que
se relacionam interdisciplinarmente, envolvendo
processos psicológicos comuns mas também
processos específicos. As áreas de conteúdo /
tipos de conhecimento distinguem-se nas
abordagens de ensino, de aprendizagem e
avaliação. Ensinar e aprender matemática
distingue-se do modo de ensinar e de aprender
língua portuguesa, ciências experimentais,
ciências sociais, línguas estrangeiras, educação
física, música ou expressões plásticas.
Didáticas Específicas
4Didática da Língua e da Literatura
- Ensinar a língua é ajudar a conhecer os
mecanismos e estrutura do sistema linguístico,
para que os indivíduos possam estabelecer as
relações sociais, cognitivas e afetivas que a
comunicação requer. - A linguagem permite
- comunicar e relacionar-se socialmente
- aceder ao conhecimento
- organizar o pensamento
- representar a realidade
- regular comportamentos
- A par da Didática da Língua, a Linguística e os
Estudos Literários integram a reflexão dos
saberes (comunicativos, normativos e estéticos)
para a formação linguística e cultural dos
indivíduos. A didática define objetivos de
aprendizagem, enquanto as outras disciplinas
fornecem quadros teóricos e estabelecem os
princípios descritivos e funcionais do sistema
linguístico. - As produções literárias são manifestações
criativas e estéticas do mesmo sistema que
permite a comunicação.
5Aprendizagem da Língua
Atualmente, as orientações pedagógicas para o
ensino da língua (de inspiração
cognitivista-construtivista) projetam a
aprendizagem para a valorização da comunicação,
pondo em relevo a sua condição pragmática, tanto
no âmbito na disciplina de Língua Portuguesa,
como nas outras disciplinas do currículo. É
posta a ênfase na funcionalidade dos
conhecimentos e dos processos de desenvolvimento,
aquisição, aperfeiçoamento da competência
comunicativa, o que corresponde à promoção da
compreensão e da expressão oral e escrita. Em
termos metodológicos, semelhante orientação
pressupõe que a aprendizagem da língua se faça a
partir das interações verbais (primeiro, em
contexto familiar, depois em sala de aula). A
aprendizagem da língua deve ser dinâmica, ocorrer
em situações de interação real, direta, e não
baseada na apresentação de um conjunto de
abstrações conceptuais e de conhecimentos
normativos. A aquisição linguística processa-se
em estádios de competência transitória.
6Formação linguística
- Pela importância atribuída à competência
comunicativa, a escola deve privilegiar o
tratamento didático dos atos da fala e a
utilização funcional e pessoal do código
linguístico em situações de interação direta,
visando o domínio das estruturas e normas
pragmáticas da língua. - A aprendizagem da língua falada, ao nível da
receção (perceção auditiva) e da expressão
(oralidade ou comunicação verbal oral) é
fundamental e preparatória da leitura, nível
recetivo da linguagem escrita (ou visual) que,
normalmente, acompanha pedagogicamente o nível
expressivo (ou comunicação verbal escrita). - Ambas as linguagens ? oral e escrita ? constituem
sistemas simbólicos, com a particularidade de o
segundo ser construído a partir do primeiro, pelo
que a leitura é um duplo sistema simbólico,
constituindo a sua aprendizagem, por
consequência, uma relação simbólica entre o que
se ouve e diz e o que se vê e lê. - A relevância da formação linguística justifica-se
por ser basilar a toda a aprendizagem escolar.
Além disso, e com Vítor da Fonseca (1999), é
inegável o papel da linguagem no desenvolvimento
global da criança, como é indubitável a
relevância das funções recetivas e expressivas da
linguagem na compreensão das DA. Mais que, os
problemas de linguagem (compreensão auditiva,
fala, leitura e escrita) refletem-se nas
dificuldades de aprendizagem, desde logo, na
leitura e depois, em dificuldades na escrita.
7Formação linguística (cont.)
- A leitura e a escrita são a base de todas as
aprendizagens escolares, o que implica que as
dificuldades nestas áreas possam determinar o
fracasso ou insucesso de um aluno. - Daí a necessidade de uma identificação de e
intervenção precoce em comportamentos essenciais
para qualquer tipo de linguagem. - A escola aborda didaticamente a língua em três
dimensões como sistema, como prática de
comunicação e como objeto de ensino/aprendizagem.
Dito de outra maneira, a Língua (Portuguesa) é
estudada como fim em si mesma e como meio de
acesso aos restantes conteúdos escolares. - Vários autores (e.g., Correia Martins, 1999)
apresentam listas de verificação de
comportamentos que podem ser indiciadores de DA.
Nelas incluem-se aspetos relativos a
articulação, aquisição de vocabulário novo,
encontrar as palavras certas, diferenciação de
palavras simples, rimas, discriminação de sons,
cumprimento de instruções, compreensão de ordens,
(interesse em ouvir e contar) histórias, resposta
a perguntas, compreensão de conceitos, etc. - De um modo mais sistemático, o ensino/aprendizagem
da língua (e da leitura e da escrita) reporta-se
ao estudo da forma (fonologia/grafologia,
morfologia e sintaxe), do conteúdo (léxico,
semântica) e da função (pragmática) da mesma (cf.
Cruz, 1999).
8Alguns dados da investigação
- Crianças que apresentam um atraso na aquisição da
linguagem experimentam dificuldades na leitura,
com uma frequência seis vezes maior que a das
crianças com um desenvolvimento normal (Ingram,
Mason e Backburn, 1970). - Crianças eficientes na análise da linguagem oral
numa idade precoce têm maior probabilidade de
serem melhores leitores mais tarde (Calero
Guisado, Pérez González, Maldonado Rico
Sebastián Gascón, 1991). - Comparando maus leitores com leitores normais,
mostram que os primeiros executam pior uma série
de habilidades verbais que implicam a produção,
perceção, compreensão, segmentação da linguagem
ou a memória linguística. - O treino em habilidades de análise da linguagem
oral tem um efeito positivo no rendimento leitor.
Todas estas observações apontam para a influência
das habilidades linguísticas na leitura e
originaram novas perspetivas, que situam
fundamentalmente nestes aspetos a origem das
dificuldades manifestadas nesta área académica.
Não obstante, isto não quer dizer que se devam
desconsiderar totalmente os problemas de
processamento visual, ou que não intervenham nas
DA fatores neurobiológicos. - Cruz (1999) refere relativamente à perturbação da
leitura que podendo persistir durante a idade
adulta, a identificação e prevenção precoces são
fundamentais para evitar a cristalização da
dificuldade e dos problemas associados a ela,
pois num número significativo destes casos o
prognóstico é bom.
9dados experimentais com impacto na aprendizagem
da leitura
- Calero Guisado, Pérez González, Maldonado Rico
Sebastián Gascón (1991) aplicaram um conjunto de
100 exercícios de reflexão sobre unidades da
fala, em sessões diárias de 15 minutos, a
crianças de idade pré-escolar (prática de 3/4
exercícios por semana). Referem que o programa
desenvolve nas crianças a consciência de que a
fala não é um contínuo mas um conjunto de
segmentos que terão que redescobrir aquando da
aprendizagem formal da leitura. - As tarefas dividem-se em três fases, de acordo
com a evolução da consciência fonológica da
criança - desenvolvimento da consciência lexical, pela
manipulação das palavras dentro do contexto
frase - desenvolvimento da consciência silábica, na qual
o aluno manipula as sílabas contando-as,
invertendo-as, omitindo-as ou acrescentando-as
dentro do contexto palavra e - desenvolvimento da consciência fonémica, na qual
o aluno conta, inverte, omite ou acrescenta
fonemas. - Os autores verificaram que a consciência
fonológica é facilitadora da aprendizagem da
leitura e que deve ser estimulada (oralmente) ao
nível da educação pré-escolar a maioria dos bons
leitores evidencia níveis elevados de consciência
linguística e os maus leitores (com DA académicas
na área da leitura) demonstram possuir níveis
baixos de consciência linguística. - Nem todas as tarefas fonológicas evidenciam o
mesmo grau de dificuldade, podendo praticar-se
umas antes de aprender a ler (segmentar em
palavras e sílabas para a produção e deteção de
sílabas ou dos sons iniciais e finais das
palavras), e outras simultaneamente com a
aprendizagem da leitura (consciência de todos e
de cada um dos sons de uma palavra) (cf. Citoler,
1996) .
10Leitura meio e fim dos processos de
ensino-aprendizagem
- A leitura, a escrita e o cálculo são os meios
básicos para desenvolver a capacidade de
aprender, na escola e ao longo da vida. Desses
três meios básicos é, no entanto, o desempenho
leitor aquele que maior grau de compromisso detém
na desenvolvimento académico e até cognitivo das
crianças. - Não há desenvolvimento ou aprendizagem que não
passe pela leitura, seja em situação regular ou
especial de aprendizagem. - Ler meio para desenvolver a capacidade de
aprender - Ler é a capacidade de construir significado a
partir de representações simbólicas. - Mas antes de ler para aprender é necessário
aprender a ler. - E ler exige aprender a descodificar (identificar
e reconhecer as letras, discriminar as vogais,
etc.) e compreender (abstrair o sentido na
pré-leitura, leitura e na pós-leitura). - É a leitura compreensiva, isto é, ler e entender
o que se lê, descobrir o propósito do escritor,
que irá desenvolver a capacidade de aprender das
crianças. - Isolada nenhuma destas competências basta para
uma leitura eficiente. As dificuldades na leitura
/ aquisição de competências leitoras requerem
avaliação de ambas - querer ler para aprender
- querer aprender a ler (atitudes de se dispor a
ler - expectativas, interesses, motivação)
11Análise dos processos de leitura
- Sucessão de fases na abordagem das competências
da linguagem - Anos 20-30, com os estudos de Samuel Orton (
alterações em adultos com lesões cerebrais)
processos de leitura produtos da maturação
neuropsicológica - com proposta de modelos reelaborados nos anos
50-60 sob uma perspectiva perceptivo-motora (a
condição para aprender língua escrita é a
capacidade do indivíduo reconhecer visualmente
símbolos gráficos que reproduz na escrita por
associação desses símbolos a sons prontidão
para a leitura (processo maturativo X
experiências de aprendizagem) (Chadwick Milic,
1985 Molina, 1991) - Anos 60-70, abordagem linguística processamento
auditivo da informação - Anos 70, a explicação insatisfatória das
dificuldades na aprendizagem da leitura dá lugar
ao enfoque nos actos da fala e no modo com a
língua escrita representa a língua oral, i.e.,
processos psicológicos responsáveis pela
compreensão e expressão (cf. Vellutino, 1979
equipa dos laboratórios Haskins Liberman,
Cooper, etc.) - Decorrente da Psicologia Cognitiva, os estudos
psicolinguísticos da língua escrita que analisam
aprendizagem da L-E à luz do processamento de
informação (cf. Valle, 1991) - Leitura actividade complexa de construção de
representação mental do significado do texto - distinção entre micro e macro processos de
informação (processos cognitivos de ? níveis)
12(Cf. Acosta, Moreno, Ramos, Quintana, Espino,
2003)
Avaliação da linguagem
desenvolvimento pragmático
- Funções comunicativas
- (10-18 meses) instrumental / reguladora /
interactiva / pessoal / heurística / imaginativa
/ ritual - (18-24 meses) pragmática (linguagem como acção) /
matética (linguagem como aprendizagem) /
informativa - (24 ? ) ideacional / interpessoal / textual
- Conversação
desenvolvimento fonológico
- Processos de estrutura de sílaba
- Processo de assimilação
- Processos substitutivos
desenvolvimento morfossintático
- Pré-linguagem (0-12 meses)
- Primeiro desenvolvimento sintáctico (12-30 meses)
- Expansão gramatical (30-54 meses)
- Últimas aquisições (54 meses 4A 6M ?)
desenvolvimento semântico
- Compreensão (0-12 meses)
- Produção (12-30 meses)
- Diversos tipos de significados
- Léxico
- Semântico-gramatical
13Fundamentos cognitivos para a aprendizagem da
leitura
Cf. Wren (2001) (SEDL)
14- Elementos a considerar no estudo da leitura e da
aquisição de competências leitoras - Descodificação (e elementos cognitivos que lhe
dão suporte) - Conhecimento do código (símbolos, letras)
- Conhecimento do léxico
- Consciência fonémica
- Conhecimento do princípio alfabético
- Conhecimento da escrita
- Conceitos de impressão
- Compreensão da leitura
- Compreensão da linguagem
- Conhecimentos básicos
- Conhecimento linguístico
- Fonologia
- Sintaxe
- Semântica
15- Compreender a linguagem requer uma mistura
complexa de capacidades diferenciadas, cada uma
delas relativamente dependente de todas as
outras. - No entanto, dois grandes domínios do conhecimento
são imprescindíveis - Conhecimento linguístico ? das estruturas formais
da linguagem - Conhecimentos básicos e fundamentais ? do mundo,
incluindo conhecimento de conteúdos e de
procedimentos adquiridos pelas interacções com o
meio circundante - A combinação destes dois tipos de conhecimento
permite fazer inferências acerca da linguagem o
conhecimento do mundo permite-nos inferir para
além da interpretação literal permitida pela
competência linguística. - O conhecimento subjacente ao domínio linguístico
pressupõe competência a nível - Fonológico conhecimento da estrutura de sons de
uma língua e dos elementos básicos que veiculam
diferenças de significado - Semântico trata das componentes do significado
da linguagem, tanto ao nível das unidades
individuais (palavras e suas partes
significativas ou morfemas, por exemplo, o
prefixo pre), como a níveis superiores que
combinam estas unidades (morfemas em palavras,
palavras em frases, frases em discurso). Quer
dizer, parte do conhecimento linguístico envolve
aprender vocabulário e estruturas discursivas
maiores (v.g., narrativas ou exposições) - Sintáctico a sintaxe constitui as regras da
linguagem que especificam como combinar as
diferentes classes de palavras (v.g., nomes,
verbos, adjectivos) para formar frases ou
proposições. Define a relação estrutural entre os
sons de uma língua (combinações fonológicas) e o
significado dessas combinações.
16Capacidade de compreender a linguagem
- O conhecimento básico de como funciona o mundo de
todos os dias, tanto em termos de conteúdos ou
factos como de procedimentos, é uma componente
crucial da compreensão da linguagem. Enquanto o
conhecimento linguístico representa as regras que
fazem a linguagem funcionar, o conhecimento do
mundo representa a substância sobre a qual a
linguagem opera ou funciona. É, pois, fundamental
para a comunicação verbal. - Este conhecimento pode descrever-se em termos de
esquemas ou estruturas que representam a nossa
capacidade de inteligir (as realidades, os
eventos e suas relações). Os esquemas do
conhecimento tanto representam o conhecimento
comum como conhecimento específico (por exemplo,
como é que os programas de computador pesquisam
informação). - Dispondo de esquemas bem desenvolvidos acerca de
um domínio particular do conhecimento é muito
mais fácil compreender uma conversa, por se
dispor de uma estrutura significativa que permite
as sua interpretação.
17Capacidade de descodificação
- O nosso sistema de expressão verbal assenta numa
linguagem alfabética, em que o sistema de escrita
relaciona sistematicamente ambas as formas das
palavras escritas e faladas. Em português,
co-existem as relações sistemáticas e não
sistemáticas ou idiossincráticas entre a
linguagem falada e escrita, e o leitor bem
sucedido deve dominá-las a ambas na sua
capacidade de descodificação ou de reconhecimento
das palavras. - O conhecimento das relações sistemáticas
permite-nos ler palavras novas que nunca antes
encontrámos na forma escrita. - Por outro lado, conhecer as excepções permite-nos
aceder ao significado de uma palavra conhecida
sempre que a soletração viola a relação
sistemática. - A descodificação envolve
- Conhecimento do código ? que possibilita
relacionar consistentemente a língua falada e
escrita através de unidades (letras do alfabeto
na escrita e sons ou fonemas subjacentes aos
sons). Conhecer estas relações sistemáticas
designa-se por decifrar. Uma criança que aprende
esta relação sistemática entre sons e letras pode
reconhecer palavras que nunca antes leu, mas cujo
significado conhece pela aquisição linguística.
18- A descodificação envolve ainda
- Conhecimento do léxico ? além das relações
sistemáticas que permitem a decifração há
excepções que é necessário conhecer. Tratam-se de
instâncias onde as relações entre as unidades das
palavras faladas e escritas são únicas e não
seguem um padrão pré-definido sistemático. Este
conhecimento lexical é imprescindível para aceder
ao significado de palavras conhecidas que escapam
aos padrões de decifração. - A descodificação pressupõe um conjunto de outras
capacidades - Conhecimento das letras do alfabeto (unidades do
sistema de escrita). Não tanto se trata de
conhecer o nome das letras como de reconhecer com
fidelidade o seu valor - Consciência fonémica para reconhecer e manipular
as unidades faladas (fonemas) que compõem cada
palavra. O conhecimento explícito que distingue
diferentes sons não se aprende automaticamente
com a aprendizagem da linguagem tem de haver
consciência do modo como as palavras são
construídas a partir de um conjunto discreto de
unidades abstractas ou fonemas combinadas de
acordo com a capacidade de manipulação dessas
unidades. - Conhecimento do princípio alfabético para
compreender as relações sistemáticas entre as
diferentes unidades e discernir relações
particulares para proceder à descodificação. Há
que tencionar a descoberta dessa relação.
19Processos cognitivos implicados na Leitura
- Processos de baixo nível de processamento
operações percetivas e de processamento
sublexical transformam a informação impressa
num código visuoespacial mantido na memória
sensorial a partir da qual a memória de trabalho
seleciona e processa os traços mais relevantes
para o seu reconhecimento como unidade
linguística ? representação ortográfica - Processos de nível médio de acesso ao léxico do
sujeito, pela transformação das representações
ortográficas em conceitos ou fonemas a partir do
conhecimento prévio do sujeito, possibilitando a
compreensão de expressões, frases simples e
curtas (i.e., por reconhecimento
global-gestáltico ou mediante uma estratégia
fonológica) - Leitura de representações ideográficas (escrita
chinesa) - em sistemas alfabéticos e silábicos que permitem
a correspondência grafo-fonémica - Processos de nível superior responsáveis pela
construção do significado global do texto.
Incluem a sintaxe ou processamento das relações
sintáticas e gramaticais entre as palavras para
construir proposições que relacionam os conceitos
falados, e a semântica ou processos de análise do
conteúdo conceptual e proposicional das frases ou
orações e de síntese do conjunto de operações que
relacionam as proposições entre si para formar
uma estrutura global de significado do texto
20Processos de acesso ao léxico
- A descodificação da palavra escrita é uma tarefa
complexa que o leitor realiza através de duas
estratégias de processamento diferentes,
descritas como - Rota directa baseia-se no reconhecimento
visual das palavras escritas, pela existência de
representações mentais armazenadas na memória de
LP, quer em termos de léxico visual
(representações ortográficas) quer em léxico
auditivo - análise visual ? reconhecimento da palavra ?
acesso ao seu significado ? activação da forma
falada da palavra ? passagem (articulatória) da
representação fonológica à memória de trabalho ?
leitura em voz alta da palavra - Rota fonológica ou indirecta baseia-se na
segmentação da palavra em letras e sua posterior
recodificação fonológica, i.e., na transformação
das letras em sons ou em linguagem oral - análise visual ? identificação dos grafemas ?
recodificação por associação a fonemas de acordo
com as regras do código alfabético ? combinação
dos fonemas em unidades fonológicas maiores ?
articulação ? análise auditiva ? reconhecimento
da palavra falada ? compreensão do significado ?
nova produção oral por activação do sistema
semântico que faz a correspondência da
representação em léxico fonológico, dito agora
num tom diferente que revela que o leitor sabe o
que leu
21Estádios de desenvolvimento da Leitura (cf. Chall)