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Um olhar cultural

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Um olhar cultural sobre o desporto A partir de v rios ngulos Conceito de cultura Uma cria o do homem para nela se criar. Modo de perguntar, dialogar, entender ... – PowerPoint PPT presentation

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Title: Um olhar cultural


1
(No Transcript)
2
(No Transcript)
3
  • Um olhar cultural
  • sobre o desporto
  • A partir de vários ângulos

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Conceito de cultura
  • Uma criação do homem para nela se criar.
  • Modo de perguntar, dialogar, entender e explicar.
  • Conjunto de sinais do modo como funciona o mundo.
  • Função de esclarecimento do indivíduo,
  • despertando nele a apetência elementar a ser
    culto,
  • a interrogar-se, a arrancar-se progressivamente
  • da coisificação de si e a ascender à ontologia.

5
Conceito de desporto
  • Fenómeno polissémico e realidade polimórfica.
  • Entendimento plural.
  • Conceito representativo, agregador, sintetizador
    e unificador
  • de dimensões biológicas, físicas, motoras,
    lúdicas, corporais,
  • técnicas e tácticas, culturais, mentais,
    espirituais,
  • psicológicas, sociais e afectivas.
  • Acto desportivo tem implícito tudo isso, sem o
    esgotar.
  • Encerra um sentido abrangente e maior e não
    redutor
  • e menor como o da expressão educação física
  • ou movimento ou de outras afins.

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  • Propósito
  • Criação da forma humana
  • Da arte de viver
  • Para uma vida superior
  • Lugar do sonho e da criação
  • Palco da sensibilidade
  • Lugar pedagógico
  • Acto de cultura e civilização
  • Conclusão

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  • O que me sustenta é a beleza. (...)
  • Rezo a tudo o que floresce e frutifica.
  • Nada que cante ou que dance
  • me é indiferente.
  • Nada que fira ou destrua
  • me é semelhante.
  • Faiza Hayat

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  • Os professores são como os poetas
  • Têm por ofício configurar a beleza
  • Cuidam da pessoa de fora
  • para aumentar a expressão
  • da pessoa de dentro

9
  • Condição humana
  • Templo de luz e razão erguido em cima da natureza
  • Criação do corpo e da alma

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Desporto-beleza e poesia
  • Sim, a beleza e a poesia inspiram os professores
  • e todos quantos amam o desporto.
  • São elas que nos congregam aqui nesta hora.

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  • Sem o desporto e outras coisas aparentemente
    dispensáveis e inúteis
  • a vida não nos chega e não nos satisfaz.
  • Como não somos puras coisas temos
  • necessidade de coisas que as coisas
  • não têm.

12
  • Criação da forma humana
  • A coisa mais digna de que se ocupa o homem é a
    forma humana
  • (Goethe, 1749-1832)

13
Formação
  • Destino e trabalho primordial do homem a sua
    formação.
  • Nascemos para formarmos a nossa identidade.

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  • Grande missão da Humanidade
  • A formação do Homem, à luz de bitolas humanistas.
  • É a ela que se consagra desde sempre a
    civilização
  • com as suas instituições e pelos mais diversos
    meios.

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  • Obrigação indeclinável da sociedade democrática
  • Criar os cidadãos em que repousa a sua
    legitimidade
  • Ensiná-los a inventar uma vida sempre melhor
  • Facultar-lhes o acesso a bens e competências
  • que permitam viver à altura da sua época

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  • O desporto simboliza e ensina
  • que a gesta da vida se cumpre não com
  • gestos grandiosos, mas com a paciência
  • de treinar todos os dias.
  • Se não realizarmos este treino diário,
  • perdemos a forma, perdemos a pujança,
  • ficamos incapazes de ganhar a prova
  • António Sérgio, 1929

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  • Do papel do desporto
  • Convida a procurar uma forma nova e superior
  • Configura um teste ao estado da nossa forma
  • Revela que somos seres em formação

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  • O desporto configura um teste da nossa forma e
    desafia-nos a melhorá-la constantemente.
  • E nem sempre ficamos contentes
  • com a forma que ele nos revela.
  • O desporto mostra que estamos longe
  • de exibir uma forma consentânea com
  • a ideia de dignidade
  • que Kant (1724-1804) nos atribuiu.

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  • Aquilo que somos aquilo que perfaz o ser e o
    destino do homem ainda não aconteceu
  • (São João Evangelista)
  • Entre o homem das cavernas e o projecto humano
    há uns seres intermédios que somos precisamente
    nós
  • (Konrad Lorenz)

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  • Afisicidade
  • Fase de transição e desmaterialização.
  • Passagem de época da actividade física
  • para a actividade intelectual
  •  
  • É posta em causa a própria condição humana,
  • acarretando a mudança de identidade.

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  • Comerás o pão ganho com o suor do teu rosto
  • Modelo de homem estruturado em torno de
    capacidades motoras e de qualidades volitivas e
    morais.
  •  
  • Apelo ao desporto para desempenhar
  • um papel de compensação e regeneração

22
  • Desporto - conjunto de próteses
  • Para uma infinitude de insuficiências
  • e deficiências que nos limitam e apoucam.
  • Para o corpo que temos e somos,
  • sem cuja satisfação lembra Savater
  • não há bem-estar nem bem viver que resistam.

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  • Da arte de viver
  • O pensamento de Aristóteles
  • sobre a felicidade, sobre a vida boa e correcta
  • e sobre um plano claro da vida

24
  • A felicidade está em viver de acordo
  • com as possibilidades,
  • em não fazer uso reduzido e inferior delas.
  •  
  • Felicidade em plenitude e em permanência é
    inatingível. Mas é um impossível necessário.
  •  
  • A vida consiste precisamente em vivermos
  • esforçadamente essa impossibilidade.

25
  • O desporto quer ser parte da vida boa e correcta
  • Nele as vivências da felicidade são encenadas
  • de uma forma exemplar e única.
  •  
  • O desporto oferece um pressentimento e até
  • um índice substancial de concretude da
    felicidade.
  • Matriz essencial que reveste o desporto
  • com carácter de utopia.

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  • Desporto
  • somente alcança um entendimento substantivo,
  • enfatizando-o e perspectivando-o à luz do
  • princípio aristotélico da acção correcta,
  • credenciadora de vida boa e feliz.
  •  
  • Elemento e oportunidade significativa
  • da consumação humanizante da tarefa de viver,
  • é constituinte da arte da vida.

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  • Renovação do entendimento e da missão do desporto
  • Substituição do princípio da utilidade
  • pelo princípio da felicidade
  • O máximo que podemos obter
  • seja do que for é a alegria
  • (Fernando Savater)

28
  • Desporto
  • produz um valor social, mas o critério final de
    avaliação não é a utilidade,
  • é sim o teor da felicidade experimentada
  • na sua prática e consumo.

29
  • Gratificação máxima do desporto
  • Estar ao serviço da alegria e do prazer de viver
  • Ser um sim espontâneo à vida
  • que nos jorra por dentro
  • Um sim ao que somos,
  • ao que sentimos ser.

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  • Assimilado o princípio da utilidade,
  • o desporto chama agora para lugar central
  • o ideal da felicidade.
  • Assume o princípio da vida inclui-se numa
  • filosofia exaltante e redentora da vida,
  • à qual tudo o mais se subordina.

31
  • A sabedoria de um homem livre não se prende
  • à meditação sobre a morte, mas sim sobre a
    vida.
  • Espinosa (1632-1677)
  •  
  •  Talvez o homem seja mau porque, durante
  • toda a vida, está à espera de morrer e assim
  • morre mil vezes na morte dos outros e das coisas
  • Duvert
  • Penso que só é bom quem sente
  • uma antipatia activa pela morte
  • Fernando Savater

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  • Conjuntura biófila no pensamento ocidental
  • Elevação da vida à posição de imortalidade,
  • de referência última e de bem supremo
  • Enaltecimento dos estilos de vida activa

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  • Ser-se humano () consiste principalmente
  • em ter relações com outros seres humanos.
  •  
  • A vida humana boa é vida boa entre seres humanos
    ou, caso contrário, pode ser que seja ainda vida,
  • mas não será nem boa nem humana.
  • Fernando Savater

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  • A humanidade é algo que depende em boa medida
  • do que fazemos uns aos outros.
  • Não há humanidade sem aprendizagem cultural,
  • sem aprendizagem do trato humano,
  • dos seus significantes e significados.
  • Fernando Savater

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  • Desporto
  • Cultura de relações e condutas humanas
  • Códice de normas de trato humano, duramente
    postas à prova no jogo e na competição

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  • Desporto
  • Domínio de realização de sentidos
  • sob a forma de vivências motoras
  • Contrapõe-se ao emagrecimento da
  • experiência
  • e ao engordar da aparência

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  • Estamos no último estágio de uma sociedade de
    operários.
  • É perfeitamente possível que a era moderna (...)
  • venha a terminar na passividade
  • mais mortal e estéril
  • que a história jamais conheceu.
  • Somos uma sociedade de trabalhadores sem
    trabalho,
  • isto é,
  • sem a única actividade que lhes resta.
  • (Hannah Arendt)

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  • Desporto
  • contrapõe-se a este cenário
  • com a oferta de experiências variadas e
    gradativas,
  • de natureza directa,
  • obviando assim à crescente desconsideração
  • do corpo

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  • Para uma vida superior
  • Quando estamos de férias apercebemo-nos
  • da inteira razão dos pensadores que afirmam
  • que as pessoas, em regra,
  • vivem abaixo das suas possibilidades.

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  • Uso inferior e reduzido de possibilidades
  • não se fica pelas funções vitais.
  • Somos passivos e acomodados em excesso
  • não nos mexemos e corremos atrás da vida
  • e da sua exaltação tanto quanto é possível.

41
  • No desporto temos consciência desse facto
  • e tomamos isso como um repto
  • plasmado no lema olímpico.
  • Este sugere que a felicidade é expressão
  • da performance da vida, podendo ser colocada na
    dependência do modo bem sucedido de vivermos
  • no nível cimeiro das nossas possibilidades.

42
  • A melhoria da vida e do homem implica tomar
  • consciência de que vivemos aquém do que podemos.
  •  
  • Na longa caminhada da civilização aprendemos
  • a cuidar dos mortos,
  • inventamos o purgatório para os redimir
  • e fazer chegar ao paraíso.
  • É agora altura de reinventar os vivos.

43
  • Desporto
  • Domínio da técnica, da estética e tecnologias
  • corporais, destinado a sublimar os instintos
  • e a quebrar as grilhetas das limitações.
  • A dar asas ao nosso corpo,
  • para que os sonhos, desejos e aspirações,
  • os actos e os gestos se soltem e
  • voem em direcção ao belo e ao alto.

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  • No desporto
  • Continuaremos a aprender que o humano
  • é limitado no plano físico,
  • mas ilimitado no plano ético, estético,
  • espiritual e racional. Ilimitado é o divino.
  • A humanização consiste na aproximação ao divino
  • e o desporto veio com esse fim.

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  • Lugar do sonho e da criação
  • O desporto fala-nos da entrega
  • a causas e ideais,
  • de normas e regras, de exigências e desafios,
  • de sacrifício e disciplina,
  • isto é,
  • de valores decadentes.

46
  • O desporto
  • Liberta do medo da própria sombra,
  • encaminha para o reencontro connosco e os outros
  • e impede-nos de fugirmos da nossa imagem,
    particularmente se ela é fonte de perturbação.
  • Cada um de nós pratica-o iluminado
  • pela saudade do que deixou para trás
  • ou do que almeja vir a ser.

47
  • Desporto
  • Funda-se e alimenta-se na necessidade
  • de viver lúcida e conscientemente,
  • de enfrentar a realidade sem sofismas,
  • sobretudo quando ela é desagradável.
  • Reforça a nossa auto-estima,
  • por fazer luz sobre pontos fortes e fracos,
  • sucessos e inêxitos, sem jamais nos negarmos.

48
  • Desporto
  • Mostra que ninguém é só bondade,
  • virtude e luminosidade.
  • Há sempre certos lugares de sombra,
  • que convidam a arar a jactância e a presunção
  • com a charrua da humildade.

49
Desporto
  • Desde a antiguidade grega
  • está ligado à arte e a todas as formas de
    criação.
  • É feito por mãos ávidas de sublimar a força
  • em graça e encanto. Por pernas apostadas em
    transpor os limites impostos à nossa natureza.
  • Por homens e mulheres movidos pela ânsia
  • de anulação do impossível.

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Desporto
  • Não é tanto um acto de expressão
  • do que em nós abunda e sobeja.
  • É sobretudo um acto de criação
  • daquilo que em nós falta.
  • Encena e concretiza, como nenhum outro palco
  • de representação da vida,
  • o sentido genuíno da cultura.

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Palco da sensibilidade
  • Modo de perceber que os anos nos mudam,
  • sem nos mudarem.
  • Torna sempre próximas a infância, adolescência
  • e juventude, mesmo que longínquas
  • e perdidas na memória.
  • Remédio contra o sofrimento do anonimato,
  • tentando criar à nossa volta um espaço maior
  • do que o do nosso corpo e viver quotidiano.

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Desporto - Palco da sensibilidade
  • Permite-nos avançar pela vida fora
  • com olhos de criança.
  • Nele aprendemos a subir,
  • a cortar o cordel aos papagaios de papel
  • e a ir até às estrelas e astros mais brilhantes,
  • que são os de carne e osso.

53
Lugar pedagógico
  • Lugar da descoberta e revelação.
  • Caleidoscópio da diversidade.
  • Nele descobrimos a nossa infinita dependência
  • e que dentro de nós moram possibilidades
    inesgotáveis
  • de sermos mais e melhores. E que as coisas
    grandes
  • são as pequenas e simples.
  • Descobrimos os outros e as diferenças que marcam
    e formam
  • a individualidade de cada um. E nisso somos todos
    iguais.

54
Lugar pedagógico
  • No desporto todos têm lugar. Nós e os outros.
  • Nele cultivam-se mais deveres e obrigações
  • do que direitos e permissões.
  • Ouvimos falar de ética e moral e aprendemos
  • o seu significado e alcance.
  • O desporto ajuda-nos a compreender que a
    realidade verdadeira, absoluta e eterna está fora
    e acima de nós.

55
Observatório pedagógico por excelência
  • O reportório das suas próteses
  • compensa insuficiências e deficiências
  • e aumenta o grau da nossa autonomia e liberdade.

56
Laboratório de Humanidade
  • Instrumento de recriação da esperança,
  • isto é, da decisão de triunfarmos em todas as
    circunstâncias da vida.
  • Fonte de humildade e moralização
  • do nosso percurso e passagem.
  • Nele ninguém sobe sozinho, mas apenas
  • de mãos dadas, em atitudes cúmplices e gestos
    comungantes.

57
Laboratório de Humanidade
  • O desporto lembra e aviva o mandamento
  • de persistirmos na humanização da vida e da
    Terra,
  • de maneira modesta e realista.
  • O pássaro é livre
  • na prisão do ar.
  • O espírito é livre
  • na prisão do corpo.
  • Mas livre, bem livre,
  • É mesmo estar morto.
  • (C. D. de Andrade, Liberdade)

58
Acto de cultura e civilização
  • Filiado no mito prometeico e na matriz
    judaico-cristã,
  • o desporto é um campo de desempenhos
    transbiológicos, situados para além dos
    imperativos do quotidiano.
  • Um campo de demonstração da extraordinária
    capacidade
  • do homem e do seu corpo. Correspondendo à
    exigência
  • de que o homem também se cumpre e tem que cumprir
  • através de prestações e feitos corporais.
  • O corpo não escapa ao destino de superação e
    transcendência.

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Desporto
  • Oportunidade para instalar no corpo a razão do
    espírito, para submeter a animalidade da nossa
    natureza à racionalidade moral, cultural, ética e
    estética da condição humana.
  • Prática de registo e acrescento de humanidade,
  • de configuração mundana do homem.
  • O homem das forças e fraquezas o homem arqueado
    de Kant
  • ou o ser intermédio de Aristóteles, a ascender ao
    sol
  • da virtude, saindo da penumbra dos defeitos,
  • sob o primado e a vigilância da cultura.

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Da inveja dos deuses
  • Nos jogos rituais das olimpíadas, os humanos
    praticam a única coisa que aos deuses é vedado
    fazer arriscar-se ao fracasso.
  • O atleta é aquele que se deleita com o esforço e
    o risco.
  • Píndaro (521-441 a. C.)
  • Ao saberem-se transitórios e mortais, os humanos
    procuram beber da taça do mundo. Os deuses bebem
    ambrósia, mas não conseguem deixar de sentir
    nostalgia daquela taça.
  • Por isso Homero, na Ilíada, imagina os deuse a
    apostarem entre si na corrida de carros celebrada
    frente a Tróia, durante as exéquias de Pátroclo.

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Acto de cultura
  • Desporto expressão mais fidedigna e conseguida
  • do conceito de que a cultura
  • é o lugar de entrada na Humanidade.
  • Uma maneira de aproximação ao divino,
  • de procurar dobrar o portal de acesso à
    transcendência.

62
Desporto acto de civilização
  • É nele que melhor se vê o homo violens ceder,
    pouco a pouco,
  • o lugar ao Homo Performator, com este a
    arrancar-se
  • do nada dos instintos e da violência, para poder
    emergir
  • ao sol da liberdade e virtude.
  • Ponte de corda estendida sobre o profundo abismo
  • de receios e medos que, na exigência de
  • Nietzsche (1844-1900), o aquém-homem tem de
    atravessar
  • para conseguir o estatuto de Super-Homem
    iluminado pelo clarão da razão, sem se desfazer
    do séquito
  • dos impulsos e emoções.

63
Exortação de Píndaro
  • O desporto lembra-nos que o Homem apenas
  • é apreendível na perspectiva de uma aventura
  • que se vai revelando e constituindo pouco a
    pouco.
  • Sê quem és! Sê o sonho e a ideia de Homem que
    transportas dentro de ti! Sê o Ser que nunca se
    é! Tenta ser o que não podes ser!

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Desafios
  • Não creias, alma querida, na vida eterna
  • Mas esgota o campo do possível!
  • Píndaro
  • Que desgraça para uma homem envelhecer
  • sem nunca ter visto a beleza e a força d
  • e que é capaz o corpo!
  • Xenofonte (cerca de 427-355 a. C.)

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  • Conclusão
  • O desporto está aí para conhecermos
  • as intimidades entre o angélico e o diabólico,
  • o infinito e o finito,
  • o amor e o ódio, a sublimação e a sordidez,
  • o cansaço e o descanso, o prazer e o sofrimento,
  • a acção e o imobilismo, a elevação e a baixeza,
  • o mérito e a mediocridade.

66
  • Muitos dos críticos do desporto
  • atiram-lhe à cara a acusação
  • de ser da ordem do trivial.
  • O desporto está aí para cultivar a ética e
    estética da contingência, a beleza e alegria do
    contingente e imanente na peripécia que a vida
    encarna, celebrando tanto o brilho do que nos é
    dado como a sombra do que nos falta e inquieta.

67
Finalidade do desporto
  • O desporto está aí para certificar que, desde a
    infância desvalida até à velhice inválida, somos
    mais marcados pela indigência e vulnerabilidade
    do que pela superabundância e segurança.
  • Mas está simultaneamente aí para confirmar o
    homem como um ser de horizontes,
  • capaz de ser e estar para além dele.

68
Mais alto, mais rápido, mais longe!
  • Um hino contra o nada. A saudade do longínquo.
  • O apelo do infindo. Um lugar para a esperança.
  • O anúncio de um dia novo!
  • Bem hajas, oh desporto!, por esta divisa
  • que inspira a nossa vida, que convida a fazer
  • de cada menos um mais em cada dia
  • da nossa existência.

69
Desporto pergunta do Homem
  • O desporto inscreve-se no esforço de lavrar um
    destino e uma resposta para a pergunta do Homem
    é a criação a partir da falta, a necessidade
    feita liberdade, a gravidade feita asas, o peso
    feito voo, a lonjura feita proximidade, o
    obstáculo feito impulso, o perigo feito tentação,
    a dificuldade feita gosto, o receio feito
    aventura, o cenário colectivo feito palco
    individual. A dizer ao homem que ainda é uma
    criança com direito e necessidade de crescer,
    avançar e progredir.

70
Contra o relativismo
  • No desporto continuaremos apostados em investir
  • no progresso comportamental do homem.
  • Continuaremos a levantar o apreço por dons
    universalmente valiosos (habilidade, força,
    velocidade, elegância, jogo limpo...),
  • a afastar-nos do gorduroso odor ao estábulo de
    que falou Nietzsche.
  • E a celebrar como própria a excelência onde
    quer que ela
  • ocorra e seja quem for aquele que a demonstre.
  • Fernando Savater

71
  • Desporto é harmonia e ritmo de formas,
  • gestos, excessos e cometimentos!
  • Desporto é vida!
  • Vida preenchida com elevação e beleza.
  • Com a beleza que tanta falta nos faz!
  • Pratiquemos esta ideia para contornar
  • a amargura e rudeza da vida,
  • para dar voz, forma e encanto
  • à nossa humanidade!

72
  • Muito obrigado pela vossa atenção!
  • jbento_at_fcdef.up.pt

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