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FELICIDADE CLANDESTINA

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FELICIDADE CLANDESTINA CLARICE LISPECTOR Professora Margarete Vida e obra Clarice Lispector nasceu na Ucr nia em 1925 e morreu no Rio de Janeiro ao 52 anos de idade. – PowerPoint PPT presentation

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Title: FELICIDADE CLANDESTINA


1
FELICIDADE CLANDESTINA
  • CLARICE LISPECTOR
  • Professora Margarete

2
Vida e obra
  • Clarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1925 e
    morreu no Rio de Janeiro ao 52 anos de idade.
  • Veio para o Brasil com dois meses de idade. Seus
    pais eram imigrantes russos. Até doze anos viveu
    em Recife onde estudou até o início do curso
    secundário quando veio para o Rio de Janeiro.

3
  • Enquanto cursava a Faculdade Nacional de Direito,
    escrevia, hábito que adquirira desde os seus 16
    anos.
  • Seu primeiro livro Perto do Coração Selvagem
    publicado no ano em que se formou em Direito,
    tinha 19 anos e trabalhava na mesma época como
    redatora da Agência Nacional.

4
  • Casa-se com um diplomata e acompanha o marido à
    Europa onde vive por cinco anos.
  • De 1952 a 1960, viveu nos Estados Unidos e dessa
    data em diante residia no Rio de Janeiro onde
    faleceu prematuramente em 1977.
  • Somos criaturas que precisam mergulhar na
    profundidade para lá respirar, como o peixe
    mergulha na água para respirar, só que minhas
    profundidades são no ar da noite. A noite é nosso
    estado latente. E é tão úmida que nascem plantas.

5
  • Em casas as luzes se apagam para que se ouçam
    mais nítidos os grilos, e para que os gafanhotos
    andem sobre as folhas quase sem as tocarem, as
    folhas, as folhas, as folhas, _ na noite a
    ansiedade suave se transmite este através do oco
    do ar, o vazio é um meio de transporte.

6
características
  • Clarice Lispector é o principal nome da
    literatura Modernista de 1945, juntamente com
    Guimarães Rosa.
  • Seu estilo intimista, introspectivo, vasculha e
    pesquisa o ser humano buscando entender o que
    significa estar no mundo, o que se passa no
    íntimo das pessoas e, principalmente no íntimo da
    mulher.
  • Ela mesma afirma não tem pessoas que cosem para
    fora? Eu coso para dentro.

7
  • Nesse mergulho e nessa busca do ser em oposição
    ao não-ser, Clarice utiliza o fluxo da
    consciência, expressão não linear e às vezes
    ilógica do monólogo interior.
  • Seu mundo é abstrato e nebuloso como a mente
    humana que ainda procura um significado para a
    existência.
  • Seus romances são, portanto, predominantemente de
    ação interna, onde o mundo da realidade concreta
    é apenas entrevisto em lampejos e frestas.

8
  • Para Clarice Lispector o que interessa não é o
    fato em si, mas a repercussão do fato no
    indivíduo.
  • A linearidade narrativa, ou seja, a seqüência
    lógica de começo, meio e fim perde também sua
    importância, pois ao desenrolar-se das emoções e
    reações das personagens pouco importam as origens
    ou as conclusões.

9
Resumo dos contos
  • FELICIDADE CLANDESTINA a narradora descreve a
    filha de um livreiro. Trata-se de uma menina
    gorda, baixa, sardenta e de cabelos
    excessivamente crespos, meio arruivados, com
    talento para a crueldade. Apesar de ter muitos
    livros, não lê. A narradora, entretanto, adora
    ler. A menina sardenta então diz que emprestaria
    o livro As Reinações de Narizinho, se a narradora
    fosse buscá-lo na casa.

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  • A narradora vai. Mas a dona do livro diz que o
    emprestou a outra menina. A partir daí,
    diariamente a narradora vai à casa da menina, na
    esperança de conseguir o livro que tanto quer
    ler, mas sempre há uma desculpa. Um dia, a mãe da
    menina de cabelos ruivos percebe a contínua
    presença da outra menina e vai à frente da casa.
    Lá descobre a filha que tem egoísta e cruel,
    pois o livro nunca saíra de casa. A narradora o
    recebe e o usufrui aos poucos, como quem não quer
    gastar a felicidade. Sua relação com o livro mais
    parece a de uma mulher com seu amante.

11
Miopia Progressiva
  • O narrador conta sobre um menino que usava óculos
    e sobre sua relação com os familiares, que agiam
    segundo suas falas mais ou menos originais.
  • Iria passar uma semana na casa de uma prima que
    não tinha filhos. Passou os dias preparando-se,
    criando expectativas, imaginando o dia inteiro
    que passaria com ela e o amor inteiro que
    receberia. Surpreendeu-se, porém, de início ela
    tinha um dente de ouro e o deixou à vontade para
    brincar. A forma de amá-lo era deixá-lo viver e
    ele sentiu-se amado, e foi como se a miopia
    passasse e ele visse claramente o mundo ou a
    miopia mesmo é que o fizesse enxergar.

12
Uma amizade sincera
  • O narrador conta a história de sua amizade com um
    moço do Piauí. Diz do início entusiástico, das
    longas conversas, da necessidade de contato, que
    aos poucos se foi esvaindo, pela falta do que
    dizer.
  • A família do narrador mudou-se, então ele e o
    amigo foram morar juntos na casa vaga, mas apesar
    de unidos, sentiam-se sós. Eram sinceros um com o
    outro sempre. O amigo teve problemas com a
    Prefeitura juntos lutaram pela solução.
    Venceram, mas estavam desiludidos. Não percebiam
    que estar era também dar. Então o amigo voltou do
    Piauí e o narrador tirou férias.

13
Restos de carnaval
  • A narradora lembra a expectativa do carnaval,
    quando tinha oito anos, mesmo dele quase não
    participando ficava ao pé da porta com um
    lança-perfume e um saco de confete. Não a
    fantasiavam. Mas houve um carnaval diferente
    sobrou papel crepom cor-de-rosa da fantasia da
    filha da vizinha, que resolveu premiar a menina
    com as sobras de uma fantasia de rosa. Os
    preparativos a deixaram tonta de felicidade. No
    dia do carnaval, cabelos enrolados, fantasia no
    corpo... Só faltava pintar os lábios e o rosto, a
    mãe adoeceu.

14
  • Destino impiedoso! Ela teve que correr à farmácia
    buscar remédio. Correu entre serpentinas e gritos
    de carnaval. Horas depois, a casa calma, a irmã a
    pintou, mas o encanto havia fugido. Pôs-se à
    porta, mas não se animava. Até que um menino de
    uns 12 anos lhe sorriu e jogou confete sobre sua
    cabeça. Sentiu-se reconhecida. Enfim uma rosa.

15
O grande passeio
  • Conta a história de uma velha
  • Mocinha (Margarida), que vivia de esmolas no Rio
    de Janeiro, mas era natural do Maranhão. Uma
    senhora a trouxera para ficar num asilo, mas a
    abandonou. Dormia agora num quartinho de fundos
    de uma casa grande. A família que a acolheu pouco
    a percebia, mas depois de um tempo resolveram
    livrar-se dela e a levaram a Petrópolis, onde
    morava um dos irmãos. Não tiveram coragem de
    levá-la à casa do irmão, indicaram o caminho.

16
  • O irmão não a quis. (No decorrer desses
    episódios, sabe-se que a Mocinha passeia por
    Petrópolis, bebe água na fonte, escora-se numa
    árvore e morre.

17
Perdoando Deus
  • A narradora ia feliz. Sentia-se acariciar Deus.
    Ia plena e maternal. Então quase pisou num rato
    morto e tudo se transformou apavorou-se, correu.
    Depois refletiu, quis ser lógica, entender o
    porquê do contraste. Decepcionava-se com Deus que
    estragara seu momento sublime com aquela imagem
    nojenta.

18
  • Depois refletindo-se sobre si e sua vida, seus
    talvez e suas certezas, percebe que inventou
    Deus como ser contrário a ela. Então percebe
    que se ela não quiser a si mesma, a vida não fará
    sentido e enquanto eu inventar Deus, Ele não
    existe.

19
Come, meu filho
  • Relata a conversa de uma criança, Paulinho, com o
    pai ou mãe, na hora da refeição. Paulinho relata
    suas experiências, sua forma de ver o mundo, é
    prolixo. O adulto é sucinto e objetivo e quer que
    o filho coma e não fale.

20
tentação
  • É uma cena lírica. A menina ruiva com soluço
    sentada nos degraus de sua casa em frente à rua.
    Ninguém passava. Sol. A menina segurava uma bolsa
    velha com a alça partida. Então se aproximou sua
    outra metade da esquina vinha um cão basset
    ruivo, acompanhando uma senhora. O cão estanca.
    Ambos se olham, se querem, se perdem, se
    identificam como se cada um fosse a metade de um
    inteiro.

21
  • Entregues ao fascínio do reconhecimento. Mas
    ambos eram comprometidos ela com sua infância
    impossível, ele, com sua natureza aprisionada. o
    basset ruivo finalmente saiu sonâmbulo, sem
    voltar-se para a menina vermelha, que o
    acompanhou com os olhos até dobrar a esquina.

22
O ovo e a galinha
  • O ovo, tema do conto, parece também um
    subterfúgio. Às vezes parece ser a representação
    da vida, outras da liberdade, ou a verdade, ou a
    opressão, ou algo para desviar a atenção da
    essência, ou a própria essência. Após muitas
    considerações, algumas lógicas outras alucinantes
    e subjetivas, sobre o ovo, a narradora passa a
    dizer de um eles indeterminado, que manipula,
    que permite, que sugere, que instrui, que obriga,
    mas que não consegue eliminar totalmente a
    vontade e a consciência.
  • A palavra, no conto, funciona como disfarce da
    realidade. Muitas e convertidas palavras geram
    contradições que escondem a verdade.

23
Cem anos de Perdão
  • A narradora conta que quando menina, ficara
    fascinada por rosas e como começou a roubá-las em
    jardins. Diz também que roubava pitangas e comia,
    pois elas mesmas, maduras, pedem para serem
    colhidas, em vez de amadurecer e morrer no
    galho, virgens.

24
A Legião Estrangeira
  • A narradora, mãe de quatro filhos, conta que
    receberam de presente, em véspera de Natal, um
    pinto. Isso trouxe a sua memória um fato antigo
    a relação com Ofélia e seus pais, vizinhos de
    apartamento. A família de Ofélia mostrava-se
    superior, mas um dia a menina Ofélia começou a
    freqüentar a casa da narradora, que não atinava
    com o motivo, principalmente porque a menina,
    empertigada, censurava as ações da narradora.

25
  • Um dia, perto da Páscoa, a narradora comprou um
    pintinho para os filhos. Quando Ofélia soube da
    presença do pinto, incentivada pela narradora,
    assumiu (transformou-se) a criança que sufocava
    em si. Brincou com o bichinho e se fez silêncio
    no local. A narradora pôde trabalhar sossegada.
    Ofélia finalmente foi embora. A narradora, então
    inquieta, constatou que o pinto ficava morto no
    chão da cozinha.

26
Os Obedientes
  • Trata-se de um relato singular, que recria a
    rotina desmotivadora de um casal, que vai vivendo
    por viver, sem ter consciência nem de sua
    realidade medíocre, nem da realidade que os
    cerca. São pessoas anônimas, iguais a outras
    pessoas, que se submetiam ao irremediável da
    vida. Raramente percebiam algo diferente. A
    mulher, mais solitária e próxima do sonho, chegou
    a cogitar ter outro homem.

27
  • O homem imaginou que a vida poderia ser os
    prazeres de muitas aventuras amorosas. Ela,
    porém, sob fantasia contínua, sentiu a vida mais
    alargada e complexa.
  • Um dia, ela se viu no espelho, com cinqüenta e
    tantos anos, um dente quebrado e jogou-se pela
    janela do apartamento. Ele andava perplexo, como
    quem vai cair de bruços mais adiante.

28
A Repartição dos Pães
  • Era sábado, os convidados para o almoço não
    estavam à vontade. Cada um pensando no tempo
    perdido daquele encontro não desejado.
  • A dona da casa, porém, recebeu a todos com
    prazer. Quando, finalmente, foram levados à sala
    de jantar, todos ficaram deslumbrados com a
    fartura e beleza da refeição preparada. Era algo
    que fascinava.

29
  • Era a oferta do melhor a quem ali estivesse, não
    importava quem. E todos comiam fartamente, sem
    culpa e sem gula, com o prazer do sabor do
    alimento, cativados pela cordialidade honesta
    daquela ceia. Todos como um, repartindo o gozo e
    o pão.

30
Uma Esperança
  • O conto relata uma cena em família, quando um
    inseto esperança pousa na parede, os filhos
    vêem e exclamam. Descreve-se, então, a
    fragilidade do inseto, sua sutileza, lerdeza,
    incompetência... Como se falassem da outra
    esperança. Impedem que uma aranha coma o inseto e
    tudo termina com a reflexão da mãe, a narradora,
    que sentiu uma vez uma esperança pousando em seu
    braço e não soube o que fazer. Era como se uma
    flor nascera em sua pele, mas depois não lembra o
    que aconteceu.

31
Macacos
  • A narradora conta como, perto do Ano-Novo, um
    mico entrou em casa e lá permaneceu por uns dias,
    com sua vivacidade e reboliços, até que meninos
    do morro a livraram do suplício.
  • Um ano depois, comprou na rua a Lisette, uma
    macaquinha, pensando nos filhos. Lisette era
    calma até demais. Aí a mãe estranhou e descobriu
    que a calma era doença. No veterinário, com
    oxigênio e soro melhorou um pouco. Ficou com o
    veterinário para curá-la, mas morreu no dia
    seguinte para dó das crianças.

32
Os Desastres de Sofia
  • Sofia conta como, com nove anos, tornara-se o
    suplício do professor. Ela o irritava,
    provocava-o, mas queria o seu bem, embora se
    sentisse odiada por ele. Ela não suportava vê-lo
    contendo-se para não expulsá-la da classe. Não
    gostava de estudar, as alegrias dos dias a
    ocupavam.
  • Um dia tiveram que fazer uma composição a partir
    de um relato do professor. Ela foi a primeira a
    terminar. Queria exibir-se, mas tirou de dentro
    de si um final avesso à história ouvida.

33
  • Durante o recreio voltou à sala para pegar algo e
    viu-se só ante ao professor. Agora, sem a turma,
    sentia-se intimidada, ainda mais quando o
    professor a interpelou sobre o final do seu texto
    cujo conteúdo mencionava um tesouro inesperado.
    Ela pensou que conseguiria enganar o professor,
    pois inventava aquilo, e o mestre a olhava com um
    sorriso, dizendo-lhe que ela era uma menina
    engraçada. Finalmente ela conseguiu livrar-se da
    situação e saiu correndo pelo pátio até cansar, a
    cabeça não entendendo bem o que se passara. Por
    fim, compreendeu. Apesar de tudo o que fizera ao
    professor, ele percebeu a individualidade dela e
    reconheceu nela sua qualidade. Quando ela se deu
    conta disso, sentiu-se pela primeira vez, amada.

34
A criada
  • Descrição poética de Eremita, a criada que fazia
    os serviços domésticos como alguém talhado
    exatamente para aquilo. Parecia viver num mundo
    profundo e misterioso, mas sem a verdadeira
    consciência da profundidade da floresta em que
    mergulhava. É verdade que comia o pão de modo
    furtivo e que levava pequenas coisas da despensa,
    mas isso não chegava a perturbar.

35
A Mensagem
  • São quinze páginas em que Clarice privilegia a
    epifania (revelação). O conto relata o
    relacionamento de um rapaz (dezesseis anos) e uma
    garota (dezessete). Estudam na mesma escola. Eles
    têm em comum a angústia e querem ser diferentes
    dos outros. No começo há o encanto de se sentirem
    únicos, nem se percebem masculino e feminino.
    Depois, viram rotina seus encontros e fazem
    esforço para estarem juntos.

36
  • Após a última aula do último dia letivo, caminham
    juntos. Terão que se separar, mas têm medo do
    mundo, sua relação era uma espécie de proteção.
    Mas, prensados na estreita calçada, entre um
    ônibus e uma casa velha angustiada, libertam-se
    um do outro. Estão prontos para andar sozinhos.
    Despedem-se com um aperto de mãos. Ela se afasta
    fêmea, ele a vê distanciar-se seguro. Mas quando
    ela corre para pegar o ônibus, de repente, ele
    sente algo novo sente falta da mulher. Em torno,
    tudo é seco e ele está só e sem defesa, e diz
    mamãe.
  • Epifania primeiro a descoberta do outro, que lhe
    parece um igual depois a percepção de si mesmo,
    e novamente a solidão.

37
Menino a Bico de Pena
  • O narrador busca a visão da criança (do bebê)
    reconhecendo o mundo e o mostra desse ângulo
    inusitado. As experiências do bebê, a baba, o
    sono, a mãe, o aconchego, a solidão, a percepção
    das coisas, a segurança da mãe, a fralda seca...
  • É um conto sobre o qual é melhor não dizer, mas
    ler.

38
Uma História de Tanto Amor
  • Relata a relação de afeto que uma menina dedicava
    a duas galinhas Petrina e Petronilha. Cuidava
    delas com muito carinho.
  • Um dia em que estava em casa de parentes, comeram
    Petronilha. Quando voltou e soube, odiou quem
    participou da comilança, especialmente o pai. A
    mãe, porém, lhe disse que quando se comem os
    bichos, eles se incorporam a nós e ficam mais
    parecidos com a gente.

39
  • A menina teve outra galinha, já que Petrina
    também morreu. O novo amor, Eponina, já foi um
    amor mais realista. A menina já sabia o fim das
    galinhas. Assim, quando mataram Eponina, comeu-a
    mais que os outros, por amor à galinha. Era uma
    menina feita para o amor. Então cresceu e aí
    havia os homens.

40
As águas do mundo
  • Relata o banho matinal de uma mulher no mar. Este
    a mais ininteligível das existências não humanas
    aquela, o mais ininteligível de todos os seres
    vivos.
  • O conto mostra a integração de um no outro ela
    dentro do mar, ele dentro dela aos goles.

41
A Quinta História
  • De como se vai do simples para o complexo. Ou de
    como matar baratas pode significar mais que
    apenas matá-las.
  • São cinco versões para o mesmo fato matar
    baratas. Na primeira, apenas as mata com uma
    mistura de açúcar, farinha e gesso. A segunda
    versão torna-se assassinato, pois entra o desejo,
    o rancor, o método para matá-las. A terceira
    história se detém mais no efeito as baratas
    mortas, enrijecidas como estátuas em Pompéia.

42
  • A quarta narrativa imagina a possibilidade de
    refazer esse ritual todas as noites, então opta
    por uma dedetização em vez de tornar-se
    prisioneira do vício. A quinta versão é só
    sugerida pelo título Leibnitz e a
    Transcendência do Amor na Polinésia.

43
Encarnação Involuntária
  • Pela observação, a narradora encarna na pessoa
    observada, aí compreende-lhe os motivos e a
    perdoa.
  • Foi assim que no avião encarnou na missionária e
    lhe percebeu a auto-anulação. Vê-se o contraste e
    o embate das duas personalidades o recato de
    uma, o desejo da outra.

44
  • A narradora chega a ver-se, desde que nasceu,
    como encarnações de outros, mas às vezes sente-se
    tomada pelo próprio fantasma e isso é um festa
    para ela.
  • Uma vez, também em viagem, encontrou uma
    prostituta perfumadíssima que hipnotizava um
    homem. Tentou imitá-la ante o homem ao alcance de
    sua visão. Mas o homem lia o New York Times e o
    perfume dela é discreto. Não deu certo.

45
Duas Histórias a Meu Modo
  • O narrador diz ter feito um exercício de
    escrever e tomou como base uma história de
    Marcel Aymé.
  • Félicien, dono de vinhedos, não gostava de vinho.
    Aliás, seus vinhedos eram os melhores da região.
    Félicien não podia demonstrar o que sentia sobre
    o vinho, e, auxiliado pela mulher, fingia. Então
    Aymé pára essa história e em Paris conta sobre
    Etienne Duvilé, funcionário público, pobre, que
    gosta de mesa farta e vinho, e não os tem.
  • Tinha uma sede tamanha que quase mata o sogro
    parasita. Duvilé enlouquece e no sanatório só
    bebe água.
  • Enquanto isso, Félicien pegou gosto pelo vinho.

46
O Primeiro Beijo
  • Iniciava-se o namoro e com ele o ciúme. Ela quis
    saber se ele havia beijado uma mulher antes dela.
    Ele diz que sim. Ela quer saber quem. Ele tenta
    contar.
  • Ele, garoto, ia numa excursão, com ônibus, serra
    acima. Gritos, farra, risos, falas... Garganta
    seca e nem sombra de água. O jeito era juntar
    saliva e engolir. Não tirava a sede. Sol do
    meio-dia, sem brisa. A sede enorme.

47
  • Finalmente o ônibus parou num chafariz de pedra.
    Conseguiu correr e ser o primeiro. Olhos
    fechados, entreabriu os lábios e colou-os ao
    orifício donde vertia água. Que delícia! Era a
    vida voltando. Já podia abrir os olhos. Aí, viu
    junto da cara dois olhos de estátua de mulher.
    Era da boca da mulher que jorrava a água. Confuso
    na sua inocência, olhou a estátua nua. Ele a
    havia beijado. Ficou vermelho, perturbado no meio
    dos outros, sentindo o mundo se transformar, e
    algo novo acontecendo teve sua primeira ereção e
    de repente se encheu de orgulho, pois se tornara
    homem.

48
  • Clarice Lispector pertence a geração Modernista
    de 1945.
  • De 1945 aos nossos dias tem-se a Literatura
    Contemporânea.
  • A geração de 45 caracteriza-se essencialmente
    pela pesquisa em torno da linguagem.
  • Durante o período de 1930 a 1945, tanto a
    literatura quanto as artes plásticas no Brasil
    foram essencialmente ideológicas, voltadas para a
    discussão dos problemas brasileiros.

49
  • Em 1945 terminou a Segunda Guerra Mundial e, no
    Brasil, a ditadura de Vargas. O mundo passou a
    viver a Guerra Fria, e o Brasil, um período
    democrático e de acelerado desenvolvimento, que
    chegaria à euforia no governo de Jucelino
    Kubitschek (1956 1961)
  • Menos exigidos social e politicamente, os
    artistas empreendiam uma pesquisa estética em
    busca de novas formas de expressão.

50
  • Na literatura, ao lado de obras que mantinham
    certa preocupação social e davam continuidade até
    ao regionalismo, começaram a se destacar
    produções literárias em que a grande novidade era
    a pesquisa em torno da própria linguagem
    literária.

51
  • A poesia de 45 trouxe ao cenário das discussões
    literárias a seguinte proposição a poesia é a
    arte da palavra. Esse princípio implicava a
    alteração de pontos de vista da poesia de 30, que
    já tinha sido social, política, religiosa,
    filosófica...

52
  • Na prosa retoma e aprofunda a sondagem
    psicológica que já vinha sendo desenvolvida,
    especialmente por autores como Mário de Andrade e
    Graciliano Ramos. É o que se verifica, por
    exemplo, nos contos e romances de CLARICE
    LISPECTOR E LYGIA FAGUNDES TELLES.

53
Clarice Lispector
  • Introduzia em nossa literatura novas técnicas de
    expressão, que obrigavam a uma visão de critérios
    avaliativos. Sua narrativa subverte com
    freqüência a estrutura dos tradicionais gêneros
    narrativos (o conto, a novela, o romance), quebra
    a seqüência começo, meio e fim, assim como a
    ordem cronológica, e funde a prosa à poesia ao
    fazer uso constante de imagens, metáforas,
    antítese, símbolos, sonoridade etc.

54
Fluxo da consciência epifania
  • Aspecto inovador da prosa de Clarice é o fluxo de
    consciência, uma experiência mais radical do que
    a introspecção psicológica, já praticada por
    vários escritores desde o Realismo no século XIX.
  • Muitas vezes, além do fluxo de consciência, as
    personagens de Clarice vivem também um processo
    epifânico. ( o termo epifania tem sentido
    religioso, significando revelação.) esse
    processo pode ser irrompido a partir de fatos
    banais do cotidiano um encontro, um beijo, um
    olhar, um susto.

55
  • A personagem, mergulhada num fluxo de
    consciência, passa a ver o mundo e a si mesma de
    outro modo. É como se tivesse tido, de fato, uma
    revelação e, a partir dela, passasse a ter uma
    visão mais aprofundada da vida, das pessoas, das
    relações humanas etc.

56
  • Esses momentos epifânicos são dilacerantes e dão
    origem a rupturas de valores, questionamentos
    filosóficos e existenciais, permitindo a
    aproximação de realidades opostas, tais como
    nascimento e morte, bem e mal, amor e ódio, matar
    ou morrer por amor, seduzir e ser seduzido etc.

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