Cyro dos Anjos (1906 - 1994) - PowerPoint PPT Presentation

1 / 124
About This Presentation
Title:

Cyro dos Anjos (1906 - 1994)

Description:

Title: Cyro dos Anjos (1906 - 1994) Author: win'95 Last modified by: Aninha Created Date: 12/6/2006 10:14:05 PM Document presentation format: Apresenta o na tela – PowerPoint PPT presentation

Number of Views:151
Avg rating:3.0/5.0
Slides: 125
Provided by: win9151
Category:
Tags: anjos | cyro | dos | melodrama

less

Transcript and Presenter's Notes

Title: Cyro dos Anjos (1906 - 1994)


1
Cyro dos Anjos(1906 - 1994)
  • Principais obras O amanuense Belmiro (1937)
    Abdias (1945)
  • Romancista mais sutil e lírico da geração de 30.
  • O amanuense Belmiro A solidão e a perda de um
    burocrata lírico, descendente falido da
    oligarquia mineira.

2
O Amanuense Belmiro
  • Belmiro procede de família interiorana e
    patriarcal decadente.
  • É um protagonista inadequado ao mundo urbano.
  • A escrita é a sua saída para fugir da melancólica
    vida.
  • Nos amigos encontra valores positivos e humanos
    que ultrapassam os limites de suas ideologias
    mesquinhas.

3
O Amanuense Belmiro
  • Belmiro é um liberal ao mesmo tempo cético,
    ingênuo e impotente para a ação.
  • Mistura perspicácia e banalidade.
  • Vê a vida passar sem realizar alguma coisa
    importante.
  • Volta-se para a criação de mitos (suas musas
    Carmélia, Arabela, Jandira, Camila), que lhe
    permitem suportar a existência, ainda que não
    acredite verdadeiramente neles.

4
O Amanuense Belmiro
  • Há no texto uma tensão
  • Belmiro lírico sentimental.
  • X
  • Belmiro analista e irônico.
  • Logo o lirismo contínuo é dissolvido pela
    ironia, também contínua, do amanuense.
    (amanuense antigo burocrata funcionário
    público de condição modesta).

5
O Amanuense Belmiro
  • Final do romance remete para um grande vazio.
  • Romance de tendência analítica e introspectiva
    (na forma de diário), com comentários líricos e
    reflexivos sobre a mediocridade da vida pessoal
    do amanuense.

6
ERICO VERISSIMO(1905 - 1975)
  • Principais obras
  • Primeira fase Clarissa (1933) Caminhos cruzados
    (1935) Música ao longe (1935) Um lugar ao sol
    (1936) Olhai os lírios do campo (1938) Saga
    (1940) O resto é silêncio (1943)

7
ERICO VERISSIMO
  • Principais obras
  • Segunda Fase O tempo e o vento (O continente - O
    retrato - O arquipélago) 1949-1962 Noite (1954)
    O senhor embaixador (1965) O prisioneiro (1967)
    Incidente em Antares (1971) Solo de clarineta
    (memórias) 1973.

8
ERICO VERISSIMO
  • PRIMEIRA FASE Clarissa Um lugar ao sol
    Caminhos cruzados O resto é silêncio
    Narrativas urbanas centradas nos dramas das
    classes médias Personagens que aparecem em
    vários relatos Clarissa, Vasco, Noel, Fernanda
    Uso da técnica do contraponto.

9
Características da primeira fase
  • Narrativas que localizam-se no espaço urbano,
    quase todas em Porto Alegre (são exceções Música
    ao longe e a primeira parte de Um lugar ao sol
    Jacarecanga nome fictício de uma cidade no
    interior gaúcho).

10
Características da primeira fase
  • O registro da existência valores e costumes
    de uma pequena burguesia (classe média), que se
    tornava, pouco a pouco,o setor social mais
    representativo de Porto Alegre.
  • Pequena burguesia mostrada com tintas
    favoráveis.

11
Características da primeira fase
  • Conflitos dramáticos, centrados na ordenação
    familiar e na luta pela ascensão social.
  • No âmbito familiar, refletem-se os valores
    conflitantes do universo social.
  • O território da família é, ao mesmo tempo, o
    inferno e o espaço ideal de uma verdadeira
    comunidade humana.

12
Características da primeira fase
  • Núcleo do drama interior de muitos personagens
    ascender economicamente sem trair princípios
    éticos.
  • Família possibilidade de construção de um
    reduto de confiança, respeito e amor.

13
Características da primeira fase
  • Visão de mundo liberal-humanista
  • A burguesia é questionada por seu desprezo pelos
    pobres e deserdados.
  • O patriciado rural é decadente e não tem mais
    nada a oferecer.

14
Características da primeira fase
  • Erico parecia não crer nas ideologias em voga em
    sua época (comunismo e fascismo), pois defendia a
    conscientização individual como saída. Ou seja,
    apenas pela generosidade os indivíduos poderiam
    enfrentar o egoísmo do mundo moderno.

15
Características da primeira fase
  • Narrativas que repetem casais de personagens. Ex
    A dupla Clarissa Vasco está presente em Música
    ao longe, Um lugar ao sol e Saga. Já a dupla
    Noel Fernanda surge em Caminhos cruzados, Um
    lugar ao sol e Saga, estabelecendo amizade com
    o futuro casal Clarissa Vasco.

16
Características da primeira fase
  • Habilidade técnica jogos temporais e a técnica
    do contraponto (desenvolvida pelo inglês Aldous
    Huxley) consiste em justapor uma série de
    personagens e situações. Sem que haja no texto um
    centro narrativo, uma síntese para onde tudo
    convirja. Os caminhos se cruzam, mas não tomam
    a mesma direção, ao contrário do romance
    convencional. (Ex. Caminhos cruzados e O resto
    é silêncio)

17
ERICO VERISSIMO
  • SEGUNDA FASE O tempo e o vento (O continente - O
    retrato - O arquipélago)
  • Gigantesco painel, em termos de ficção, da
    formação histórica do Rio Grande do Sul,
    abrangendo 200 anos.
  • Foco narrativo centrado em duas famílias TERRA
    CAMBARÁ

18
O tempo e o vento
  • Recriação ficcional e histórica da formação do
    Rio Grande do Sul pastoril por meio da trajetória
    de sucessivas gerações da família Terra-Cambará.

19
O tempo e o vento
  • Os indivíduos que compõem a família, além de seus
    dramas pessoais específicos, vivem de maneira
    privilegiada os acontecimentos que definem a
    sociedade sul-rio-grandense.

20
O tempo e o vento
  • Ex
  • Ana Terra participa da sangrenta e árdua
    conquista do território
  • Capitão Rodrigo liga-se à Revolução
    Farroupilha
  • Licurgo tem atuação destacada na Guerra Civil
    de 1893
  • Dr. Rodrigo Cambará é um dos líderes da
    Revolução de 30

21
O tempo e o vento
  • Tema específico da trilogia
  • A ascensão e a queda política da classe de
    estancieiros gaúchos, mostradas tanto em seus
    aspectos épicos quanto em sua dimensão de
    violência e brutalidade. Os acontecimentos
    retratados, que oscilam entre a saga e a visão
    crítica, abrangem um período de 200 anos.

22
O tempo e o vento
  • Tempo da narrativa Inicia em 1745 (Missões) e
    se estende até 1945 com a queda de Getúlio Vargas
    (representando o fim do poder dos fazendeiros
    sulistas).
  • Espaço cidade imaginária de Santa Fé
    cidade-síntese da conquista do pampa e da
    civilização pastoril que aí se formou.

23
O tempo e o vento
  • Foco narrativo o romance é narrado em terceira
    pessoa, mas cartas e diários permitem a presença
    eventual da primeira pessoa.
  • Linguagem segue a norma culta da língua,
    evitando expressões regionais usadas apenas
    esporadicamente, na fala de personagens,
    normalmente, de condição social inferior.

24
O tempo e o vento
  • Técnica e estrutura narrativa Erico quebra a
    linearidade cronológica por meio de contrapontos
    temporais (Ex. O Sobrado 7 episódios que
    perpassam O Continente).

25
O tempo e o vento
  • Presença de passagens intermediárias
    (intermezzos) quadros rápidos (em linguagem
    poética poemas em prosa) e narrados no tempo
    verbal do presente. Cumprem a função de preencher
    vazios, tanto na construção de personagens
    secundários quanto na revelação de aspectos
    históricos não abordados diretamente na
    narrativa.

26
O tempo e o vento
  • Presença de passagens intermediárias
    (intermezzos) Eventualmente servem para mostrar
    os Caré, família-símbolo dos desvalidos da
    campanha. Os homens dessa família servem de
    bucha-de-canhão nas guerras locais, e as
    mulheres, de amantes baratas para os estancieiros.

27
O CONTINENTE
  • Mostra a formação da sociedade sul-rio-grandense,
    sob o controle de uma elite audaciosa e guerreira
    (e também machista e sanguinária) forjada em
    lutas fronteiriças e revoluções fratricidas -, a
    partir da segunda metade do século XVIII até o
    final do século XIX.

28
O CONTINENTE
  • As ações se desenrolam ao longo de 150 anos,
    iniciando com um episódio nas Missões Jesuítas,
    em 1745, passando pela conquista do pampa e pela
    fundação de Santa Fé e terminando com o fim ao
    cerco ao sobrado dos Cambará, em junho de 1895.

29
O CONTINENTE
  • Episódios
  • A fonte.
  • Ana Terra.
  • Um certo capitão Rodrigo.
  • A teiniaguá.
  • A guerra.
  • Ismália Caré.
  • O Sobrado I, II, III, IV, V, VI e VII.

30
A fonte
  • Substrato histórico os últimos anos das Missões
    Jesuíticas (Sete Povos).
  • A confluência da cultura mística católica e a
    consciência mágica dos índios na figura de Pedro
    Missioneiro (protegido do padre Alonso),
    explicando a sua tendência a visões e premonições.

31
A fonte
  • A criação de uma origem mitológica para o
    estabelecimento da sociedade rio-grandense, na
    medida em que Pedro, mais tarde, fecundará Ana
    Terra, dando início - em termos simbólicos - a um
    tipo local, o gaúcho.

32
Ana Terra
  • Substrato histórico a conquista do território
    por famílias paulistas e a fundação dos primeiros
    povoados.
  • Ana Terra é o capítulo definitivo de O tempo e o
    vento. Além da representatividade histórica da
    personagem (símbolo da mulher rio-grandense),
    devemos atentar para
  • a) Seu erotismo, ampliado pela solidão e pela
    sensação de infelicidade de viver naquele mundo
    perdido que é a fazenda do pai. Daí a sua entrega
    corpórea a Pedro Missioneiro.

33
Ana Terra
  • b) A consciência natural (e quase a-histórica) do
    tempo. Este é determinado primitivamente pelo
    ritmo das estações, assim como os dias o são pelo
    nascer e pelo desaparecer do sol.
  • c) A sua garra, obstinação e capacidade de
    resistência. A forma que sobrevive interiormente
    à violência do estupro dos bandidos castelhanos
    indica não apenas resignação ao destino, mas
    estupenda força subjetiva e crença na vida. No
    limite mais dramático e profundo, estes serão os
    valores de todas as mulheres no romance.

34
Ana Terra
  • d) A profissão de parteira que Ana adota como uma
    metáfora da vida, enquanto a seu redor guerras e
    revoluções campeiam com todo um tributo à
    destruição e à morte. Decorre daí também o seu
    ardente pacifismo e seu entranhado ódio à
    violência em que os homens parecem se comprazer.

35
Ana Terra
  • e) A relação que Ana estabelece entre o vento e
    as coisas importantes de sua vida, a associação
    entre as "noites de vento, noite dos mortos" e,
    por fim, a própria ligação do vento com a memória
    feminina. Esta memória açulada pela natureza -
    é ao mesmo tempo o tormento, o consolo e a arma
    de defesa das mulheres contra a falta de sentido
    da existência.

36
Um certo capitão Rodrigo
  • O que observar
  • a) O fato do personagem central ter se
    transformado - mesmo que não fosse a intenção de
    E. V. - no símbolo do gaúcho, com seu misto de
    bravura, fanfarronice, generosidade e pensamento
    libertário. Talvez os gaudérios da época não
    tivessem o mesmo carisma. Documentos da época
    pintam esses homens "sem rei nem lei" quase como
    párias. No caso de Rodrigo, contudo, "a mentira
    histórica vira verdade artística".

37
Um certo capitão Rodrigo
  • b) A paixão instintiva (próxima do mundo animal)
    que o Capitão experimenta pela vida e seus
    prazeres,especialmente os da cama e da mesa.
    Apesar disso, há em sua conduta um substrato
    ético que o leva, por exemplo, a se posicionar
    contra os tiranos e a respeitar sua mulher,
    Bibiana.

38
Um certo capitão Rodrigo
  • c) O forte sopro épico que percorre todo o
    episódio. A exemplo de Aquiles e de outros heróis
    das epopéias gregas,Rodrigo Cambará acredita que
    só a ação guerreira dá sentido à vida dos homens.
    A domesticidade e o cotidiano são os maiores
    inimigos desses personagens, que só se sentem
    felizes no fragor das batalhas e das conquistas.

39
Um certo capitão Rodrigo
  • d) A criação de um modelo de Cambará o macho
    audacioso, mulherengo e sempre metido em
    revoluções. O Dr. Rodrigo Cambará, em O retrato e
    em O arquipélago, será a reduplicação quase que
    perfeita do bisavô, apesar de já ser um caudilho
    ilustrado. Porém, mesmo Bolívar e Licurgo, filho
    e neto respectivamente, apresentarão traços do
    Capitão Rodrigo. De certa forma, os valores
    caudilhescos e machistas desse personagem
    cristalizam o ideal de hombridade vigente na
    província até meados do século XX.

40
Um certo capitão Rodrigo
  • e) A cena espetacular da extrema-unção que o
    padre Lara oferece a Rodrigo moribundo, exigindo
    antes que o seu amigo se arrependesse de todos os
    pecados. Reunindo suas últimas forças, o Capitão
    Cambará faz uma figa ao sacerdote que sai dali
    horrorizado.

41
Um certo capitão Rodrigo
  • f) Igualmente importante é a cena do duelo entre
    Rodrigo e Bento Amaral, e a marca incompleta que
    o Capitão deixa no rosto do último.

42
Um certo capitão Rodrigo
  • g) A paixão de Bibiana pelo gaudério é a melhor
    realizada entre todos os casos amorosos que
    povoam O tempo e o vento. Independentemente dos
    adultérios de que é vítima, do abandono e do
    desprezo do marido pela vida doméstica, ela
    continua amando-o como no primeiro dia em que o
    viu. "Queria vê-lo mais uma vez, só uma vez"-
    pensa ela durante a Revolução e um pouco antes do
    último encontro amoroso, numa sublime confissão
    de desejo e afeto.

43
Um certo capitão Rodrigo
  • h) O fato de Bibiana reproduzir sua avó, Ana,
    tanto na obstinação, nos silêncios, no ódio à
    guerra e às revoluções,na profissão de parteira e
    na lembrança dos mortos, dando seqüência ao
    arquétipo feminino do romance.

44
ÁRVORE GENEALÓGICA (PARCIAL) DE O CONTINENTE
45
O RETRATO
  • Apesar de ter seu início no retorno do Dr.
    Rodrigo Cambará a Santa Fé, em 1945, os episódios
    de O retrato concentram-se entre 1909 e 1915.
    Aos grandes blocos históricos e à estrutura de
    painéis, que dominam O continente, o autor
    prefere aqui o relato miniaturista.

46
O RETRATO
  • O retrato é o do Dr. Rodrigo Cambará, jovem
    médico, belo e audacioso. Ele representa a
    modernização vivida pelas elites gaúchas, o
    fazendeiro-doutor que traz inovações para o
    campo, que já sonha com o capitalismo, que
    sofistica hábitos e costumes.

47
O RETRATO
  • A mescla entre intelectualismo e herança
    caudilhesca (advinda dos Cambará) transforma-o em
    inconteste líder político da região. Rodrigo é,
    em síntese, o caudilho ilustrado, calcado nos
    modelos de Julio de Castilhos, Assis Brasil,
    Getúlio Vargas, etc.

48
O ARQUIPÉLAGO
  • A ação de O arquipélago, último livro da
    trilogia, desenrola-se sob o signo da
    desintegração familiar dos Cambará. O pano de
    fundo histórico corresponde ao período de tempo
    que medeia entre o ponto de máximo poder político
    dos fazendeiros o primeiro governo de Getúlio
    Vargas (1930-1945) e o início de seu rápido e
    inexorável crepúsculo.

49
O ARQUIPÉLAGO
  • Dois personagens polarizam o romance o Dr.
    Rodrigo e seu filho Floriano Cambará.

50
O ARQUIPÉLAGO
  • Se o Dr. Rodrigo, em O retrato, era um jovem
    dilacerado entre o egoísmo e a generosidade
    humana e social, agora em O arquipélago, ele se
    torna um homem cínico e corrompe-se moralmente,
    ao participar da ditadura do Estado Novo sem
    tormentos ou conflitos íntimos de qualquer
    espécie.

51
O ARQUIPÉLAGO
  • Já seu filho Floriano Cambará possui uma
    sensibilidade especial, que lhe permite
    compreender a fragmentação do continente em um
    arquipélago de ilhas. Isto é, ele entende o
    esfacelamento da unidade familiar como uma
    decorrência simultânea do fracasso ético do pai e
    do crepúsculo de sua classe.

52
O ARQUIPÉLAGO
  • Então, passa a refletir sobre a história da
    própria família, desde suas remotas origens até
    sua desarticulação no presente, com o objetivo de
    resgatá-la das brumas do passado e avaliar o
    significado de uma trajetória de dois séculos.
    Também romancista, como o próprio Erico, de quem
    é porta-voz, cabe a Floriano recompor um mundo
    condenado ao perecimento e questioná-lo
    permanentemente.

53
O tempo e o vento e o sentido histórico
  • Louvação e crítica ao passado.
  • Construção de uma origem mítica para a elite
    pastoril sul-riograndense.
  • Louvação e crítica à oligarquia sulista coexistem
    dialeticamente resultado final o crepúsculo
    da velha ordem dos senhores rurais.

54
O tempo e o vento e o sentido da existência
  • Tempo passagem, corrosão, destruição, morte
    HOMENS corrosão da existência.
  • Vento repetição, continuidade, permanência
    MULHERES o visceral instinto da vida a
    resistência e o enfrentamento da falta de sentido
    do tempo e o grande vazio do nada.

55
ERICO VERISSIMO
  • SEGUNDA FASE O senhor embaixador Reflexão
    sobre a historicidade política e social da
    América Latina - A função política dos
    intelectuais.
  • O prisioneiro Análise política e moral sobre o
    sentido da guerra e da tortura, tendo como pano
    de fundo um país do Sudeste Asiático.

56
ERICO VERISSIMO
  • Incidente em Antares Relato político com
    sentido alegórico. Os coveiros em greve
    recusam-se a enterrar os mortos (sete) que acabam
    voltando à cidade de Antares, encontrando a
    traição e o esquecimento - O texto se propõe como
    uma leitura dos acontecimentos de 1964 (o golpe
    militar).

57
Dyonélio Machado(1895 - 1985)
  • Principais obras Um pobre homem (1927) Os ratos
    (1934) O louco do Cati (1942)
  • Os ratos 24 horas na vida de um modesto
    funcionário público, oprimido pela necessidade de
    pagar a conta do leiteiro o homem reificado

58
Jorge Amado(1912 - 2001)
  • Primeira Fase O país do carnaval (1931) Cacau
    (1933) Suor (1934) Jubiabá (1935) Mar morto
    (1936) Capitães de areia (1937) Terras do sem
    fim (1943) São Jorge dos Ilhéus (1944) Seara
    vermelha (1946) Os subterrâneos da liberdade
    (1954)

59
JORGE AMADO
  • Segunda Fase Gabriela, cravo e canela (1958) Os
    velhos marinheiros (1961) Os pastores da noite
    (1964) Dona Flor e seus dois maridos (1966)
    Tenda dos milagres (1969) Tereza Batista,
    cansada de guerra (1972) Tieta do Agreste
    (1977) Farda, fardão, camisola de dormir (1979)
    Tocaia Grande (1984) e outros...

60
JORGE AMADO
  • PRIMEIRA FASE O país do carnaval -Cacau - Suor
    - Jubiabá Mar morto - Capitães de areia
  • O universo das classes populares urbanas e
    rurais Romances proletários, fortemente
    políticos Mistura de elementos naturalistas e
    românticos.

61
1ª FASE
  • País do carnaval (1931) romance medíocre, em
    que tentava retratar os impasses ideológicos e
    existenciais de um grupo de jovens
    intelectualizados e inadaptados à realidade
    brasileira na época da Revolução de 30.Por ter o
    caráter de depoimento de uma geração sem rumo, o
    romance obteve repercussão e seu nome se tornou
    conhecido nos círculos letrados do país.

62
1ª FASE
  • Cacau (1933) Romance pequeno e violento que
    trazia duas grandes novidades
  • A incorporação da região cacaueira do sul da
    Bahia ao romance realista de 1930.
  • O anúncio da radicalização política Tentei
    contar neste livro com um mínimo de literatura
    para o máximo de honestidade a vida do
    trabalhador das fazendas de cacau do sul da
    Bahia. Será um romance proletário?

63
1ª FASE
  • O romance proletário
  • Adesão ao marxismo
  • Romances transformados em propaganda
    revolucionária
  • Adere, antecipadamente, o que Stálin exigiria dos
    escritores (engenheiros de almas) a criação
    de heróis positivos que lutassem pela utopia
    socialista.

64
1ª FASE
  • Modelo e estrutura do romance proletário
  • A) O protagonista, oriundo das camadas populares,
    encontra-se, no início do relato, em estado de
    alienação de sua própria miséria,
    desconhecendo-lhe as causas.

65
1ª FASE
  • B) No transcorrer da ação, o herói adquire
    consciência da opressão que o vitima. Os
    opressores são, genericamente, o latifundiário, o
    burguês e algum agente do imperialismo ianque.
    Com isso o autor estabelece uma esquematização
    psicológica caricatural os trabalhadores são
    necessariamente generosos e justos, ao passo que
    os ricos são sempre pérfidos e exploradores.

66
1ª FASE
  • C) A partir da conscientização das origens dos
    males sociais que o afligem, o protagonista parte
    para a ação política e, no caso de São Jorge dos
    Ilhéus e Seara vermelha, para uma explícita ação
    ideológica-partidária, conforme os preceitos do
    Partido Comunista.

67
1ª FASE
  • Fórmula que molda quase todos os romances da 1ª
    fase
  • ALIENAÇÃO
  • CONSCIENTIZAÇÃO
  • AÇÃO POLÍTICA.

68
1ª FASE
  • O romantismo revolucionário
  • Ao propor a criação de um romance proletário,
    Jorge Amado esbarrou em um problema fundamental
    nas fazendas de cacau havia o trabalhador rural
    clássico, explorado pelo coronel latifundiário.

69
1ª FASE
  • Contudo, na cidade (Salvador) o proletário, no
    sentido marxista, o trabalhador de fábrica
    (indústria), não existia. Sem operários de fato,
    Jorge Amado os substitui por marginais ou
    semimarginais. Assim, seus romances urbanos são
    povoados por vagabundos, malandros, jogadores,
    prostitutas, meninos de rua, marinheiros, gente
    sem ocupação definida.

70
1ª FASE
  • Essa idealização da vida popular traduz-se na
    superioridade ética dos marginais, transformados
    em heróis exemplares da nova sociedade que
    estaria prestes a nascer. Por causa desse
    romantismo revolucionário e populista, Jorge
    Amado tem dificuldades para traduzir em ações
    realistas e análise psicológica convincente a
    consciência política de seus personagens.

71
1ª FASE
  • Apela então para o melodrama, criando situações
    de um sentimentalismo inverossímil e patético, ou
    utiliza um estilo poético, em que dominam imagens
    referidas ao mar, à lua, à noite, à tempestade e
    ao vento. Troca a inconsistência psicossocial dos
    personagens por um redemoinho de imagens.

72
JORGE AMADO
  • 1ª FASE
  • Terras do sem fim (1943) A luta dos coronéis
    pela posse da terra boa para o cacau.
  • São Jorge dos Ilhéus (1944) A crise da
    sociedade cacaueira e o domínio econômico da
    burguesia exportadora (conteúdo mais utópico).

73
JORGE AMADO
  • 1ª FASE
  • Seara vermelha (1946) Abandono da zona do cacau
    e da cidade de Salvador para retratar o sertão
    baiano tragédias de uma família de sertanejos
    vítima da seca e do latifúndio sequência de
    fome e angústia, sofrimento e esperança, morte e
    instinto de sobrevivência.

74
Terras do sem fim (1943)
  • Um dos pontos culminantes da ficção de Amado.
  • O romance proletário é substituído por uma
    narrativa histórica centrada na luta dos coronéis
    do cacau pela posse das terras ainda devolutas
    (desocupadas) do sul da Bahia.

75
Terras do sem fim (1943)
  • A ação do romance começa em um navio que se
    aproxima de Ilhéus trazendo trabalhadores,
    coronéis, prostitutas e aventureiros, todos
    obcecados pelas possibilidades de riqueza abertas
    na região. Quatro palavras repetidas durante
    todo o livro marcam o mundo no qual esse grupo
    de ambiciosos passa a viver (e a morrer) TERRAS,
    DINHEIRO, CACAU, MORTE.

76
Terras do sem fim (1943)
  • O escritor mergulha em suas próprias raízes para
    registrar o mundo cacaueiro.
  • Descreve a violência, os desatinos e mesmo a
    poesia rude daquela conquista, ocorrida nas
    primeiras décadas do século XX.
  • Narrativa de vigor documental que revela dramas
    humanos autênticos.
  • Expressão poética bem convincente.

77
Terras do sem fim (1943)
  • Mostra as condições dramáticas da vida dos
    trabalhadores, mas concentra o foco narrativo nos
    coronéis, que são vistos como brutos, cruéis
    quando preciso, mas também como seres dotados de
    forte coragem pessoal e audácia ilimitada. Com
    muita frequência um sopro épico anima suas ações.

78
Terras do sem fim (1943)
  • Personagens
  • Sinhô Badaró (coronel) interpretações bizarras
    da Bíblia e relativa oposição à violência.
  • Horácio Silveira (coronel) Obstinação que
    impressiona tropeiro que ascendeu, a ferro e
    fogo, representa o capitalismo primitivo que se
    estabeleceu na região do cacau.

79
Terras do sem fim (1943)
  • Ester (esposa do coronel Horácio) moça educada
    para os requintes da civilização e obrigada a
    viver num mundo bárbaro depois de seu casamento.
    Seu romantismo insatisfeito, seus terrores
    noturnos e sua fragilidade justificam o adultério
    com o advogado Virgílio.

80
Terras do sem fim (1943)
  • O negro Damião (jagunço do coronel Badaró) mata
    a soldo, sem qualquer tipo de culpa ou remorso. É
    um assassino ingênuo, pois não chega a
    compreender a extensão de seus crimes. Além
    disso, adora as crianças da fazenda,
    divertindo-as com suas brincadeiras. Acaba
    enlouquecendo por conta de uma crise de
    consciência ao tentar matar Firmo, a mando do
    coronel.

81
Outras características da 1ª fase
  • Imaginação criadora.
  • A generosidade humana do autor que se coloca ao
    lado dos setores marginais, em especial os negros
    repudiados pelas elites brasileiras.
  • O conhecimento aparentemente inesgotável das
    formas de vida das camadas populares.
  • Registro dos costumes, dos ofícios, dos modos de
    ser e agir, da religiosidade e das estratégias de
    sobrevivência do povo baiano.

82
Outras características da 1ª fase
  • O incontestável valor documental, presente na
    elaboração de grandes painéis da sociedade
    cacaueira quanto na fixação da cultura
    afro-brasileira.
  • A magnífica capacidade de criar tipos humanos
    primitivos que vivem de acordo com os seus
    instintos e emoções.
  • A saudável obscenidade na linguagem e nos atos
    dos personagens.

83
Outras características da 1ª fase
  • Estilo cru (linguagem) carregado de palavrões e
    desabusada (atrevida) descrição dos desejos
    sexuais protesto libertário contra os falsos
    pudores e o falso decoro das classes
    privilegiadas.
  • Personagens que (oriundos do povo) expressam
    prazer de viver no que diz respeito às relações
    sexuais animalidade à flor da pele quebra com
    a rigidez do romance proletário.

84
JORGE AMADO
  • SEGUNDA FASE Gabriela, cravo e canela - Os
    velhos marinheiros - Teresa Batista, cansada de
    guerra, Dona Flor e seus dois maridos, Tieta do
    agreste, etc...
  • Visão anarquista - debochada Linguagem popular.

85
2ª FASE
  • As terríveis revelações do XX Congresso do
    Partido Comunista, em 1956, sobre os crimes de
    Stálin, levaram Jorge Amado a afastar-se da
    esquerda ortodoxa e a procurar uma nova expressão
    estética. Como consequência, em 1958 veio à luz
    um de seus mais famosos romances Gabriela, cravo
    e canela.

86
Gabriela, cravo e canela (1958)
  • Decadência do poder despótico dos coronéis do
    cacau progresso X atraso.
  • Jorge Amado atenua o maniqueísmo anterior. Sua
    compreensão mais profunda do tecido social e da
    existência pessoal leva-o a humanizar coronéis e
    burgueses e a desconfiar da vocação
    revolucionária das massas.

87
Gabriela, cravo e canela (1958)
  • Jorge Amado impregna seu relato de humor próximo
    do deboche, da farsa com traços de obscenidade.
  • A personagem Gabriela, em sua rebeldia instintiva
    contra o moralismo de fundo patriarcal-religioso,
    antecipa alguns dos novos valores comportamentais
    que começavam a ser concebidos no país, ao final
    dos anos 50.

88
Gabriela, cravo e canela (1958)
  • O escritor faz o elogio da modernização econômica
    e da democracia política, que permitiam a
    ascensão ao poder de homens comprometidos com
    mudanças. Por isso, o herói positivo do romance é
    o exportador Mundinho Falcão. Seu triunfo é
    também o triunfo do arrojo empresarial e da visão
    capitalista contra o universo semifeudal dos
    coronéis.

89
Gabriela, cravo e canela (1958)
  • É impossível esquecer que o romance foi escrito
    durante o governo de JK (1956-1960), que gerou
    grandes esperanças no país (depois esmagadas pela
    Ditadura Militar de 64). Gabriela, cravo e canela
    é, portanto, a principal expressão estética da
    visão otimista daquele período.

90
Características da 2ª fase
  • Personagens de origem popular, mas que não são
    mais vistos como os promotores da ordem
    socialista, e sim os representantes da única
    classe capaz de enfrentar as agruras da vida com
    fibra, alegria, autenticidade e solidariedade.São
    depositários da liberdade humana celebração
    quase anarquista do individualismo das camadas
    populares.

91
Características da 2ª fase
  • A luta dos indivíduos é contra os valores morais
    arcaicos, os preconceitos sociais e raciais, a
    hipocrisia sexual, o fanatismo e a presunção,
    sobretudo da pequena burguesia.
  • Esforço pela liberação dos instintos e pelo
    triunfo do amor livre e espontâneo

92
Características da 2ª fase
  • Predomina a visão humorística da realidade o
    riso é mostrado como uma forma de resistência
    popular.
  • Utilização de elementos do folclore e da tradição
    religiosa negra (valorização da mitologia dos
    candomblés).

93
FICÇÃO CONTEMPORÂNEAGuimarães RosaClarice
Lispector
  • A GERAÇÃO DE 45
  • (1945 - 1970)

94
João Guimarães Rosa(1908 - 1967)
95
João Guimarães Rosa(1908 - 1967)
  • A obra de Rosa representa o ponto máximo da
    ficção brasileira do século XX. Em um processo
    criativo assombroso, marcado pela invenção
    estilística, pelo uso de todos os recursos
    modernos da técnica narrativa e pela
    demonstração de um inesgotável conhecimento
    empírico (q. se guia pela experiência), tanto do
    sertão mineiro quanto dos dramas da condição
    humana, o autor pode ser considerado o único
    ficcionista completo da América Latina.

96
João Guimarães RosaObras
  • Romance Grande sertão veredas (1956) - Contos
    Saragana (1946) Primeiras estórias (1962)
    Tumatéia (1967) Estas estórias (1969) - Novelas
    Corpo de baile (Manuelzão e Miguilim, No
    Urubuquaquá, No Pinhém, Noites do sertão) 1956.

97
A obra de Rosa
  • Características básicas A primeira grande
    inovação do autor linguagem linguajar do
    sertanejo (mineiro) recriação estilística
    linguagem revolucionária processo de
    transfiguração estilística invenção de um novo
    léxico.

98
O mundo de Rosa
  • Mundo retratado sertão mineiro imobilizado no
    tempo principal traço a consciência mítica dos
    personagens (realismo mágico eventos
    inverossímeis de um ponto de vista racionalista
    o Demônio)

99
A revelação do sertão mineiro
  • A) O sertão como espaço físicoMinas Gerais
    caracterizado por boas pastagens para a criação
    de gado, com chapadões e várzeas, descrito
    minuciosamente em sua flora e fauna, em suas
    veredas misteriosas (vereda caminho estreito)

100
A revelação do sertão mineiro
  • B) O sertão simbólico O labiríntico onde o
    homem joga seu destino O sertão está fora e
    está dentro de cada personagem de Guimarães Rosa
    (Antonio Candido).

101
A revelação do sertão mineiro
  • C) O sertão como estrutura histórico-cultural
  • Realidades diferentes civilização sertaneja
    (rústica - base cultural colonização ibérica
    consciência mítico-sacral) X civilização
    litorânea (moderna, urbana e evoluída).

102
A problematização da existência
  • Além de fixar, de forma realista, o sertão
    arcaico de MG no exato momento em que ele
    começava a desaparecer, engolfado pela expansão
    da sociedade urbana e a consequente
    homogeneização cultural do país, Guimarães Rosa
    transforma muitos de seus personagens em sujeitos
    que interrogam o mundo e a si próprios em busca
    dos fundamentos da existência.

103
As travessias
  • A tentativa de captar a essência das coisas no
    tumulto da vida cotidiana, faz o homem mergulhar
    em incertezas, verdades provisórias e dúvidas
    metódicas... Interroga, então, o mundo e a si
    mesmo em busca de uma razão para a existência a
    travessia metafísica (interior).

104
Grande sertãoveredas(1956)
105
Grande sertãoveredas(1956)
  • Romance estruturado no jogo dialético do presente
    e do passado
  • Plano presente O ex-jagunço e hoje fazendeiro
    Riobaldo narra a história de sua vida a um
    doutor, ao mesmo tempo em que formula uma série
    de interrogações sobre o sentido da existência
    (luta bem x mal) a presença do demônio, etc.

106
Grande sertãoveredas(1956)
  • Plano do passado Focaliza as experiências do
    jagunço Riobaldo pelo sertão mineiro. Ocorre
    tanto uma travessia exterior, por um sertão real,
    como uma travessia interior, que leva o
    protagonista ao autoconhecimento. A percepção de
    si mesmo surge do contato com outros homens, em
    especial com Diadorim o amor Hermógenes o
    ódio

107
Grande sertãoveredas(1956)
  • Do ponto de vista narrativo, todas as
    experiências do passado são discutidas no
    presente, por Riobaldo, mediante um conjunto de
    angustiadas interrogações sobre o destino
    individual e a condição humana, sobre Deus e o
    diabo, sobre o amor e o ódio, sobre a passagem do
    tempo e a morte, etc. Dessa forma, passado e
    presente, em permanente contraposição, formam a
    totalidade da obra.

108
Grande sertãoveredas(1956)
  • As inquietações de Riobaldo
  • A existência ou não do demônio
  • A natureza nebulosa das relações entre o bem e o
    mal
  • O significado do sentimento que experimentou por
    Diadorin
  • O sentido de sua vida de jagunço
  • A busca de uma explicação para a condição humana.

109
Grande sertãoveredas(1956)
  • As travessias de Riobaldo
  • A) Travessia exterior como jagunço em um sertão
    real, na qual ele conhece a natureza e os limites
    extremos da condição humana, cristalizada na
    selvageria e nos gestos épicos dos companheiros
    de jagunçagem.

110
Grande sertãoveredas(1956)
  • B) A travessia interior
  • O autoconhecimento A profunda percepção de si
    mesmo e a própria formação de sua subjetividade
    surgem do contato com dois outros indivíduos que
    sintetizam as noções difusas de bem e mal. Um
    abre para Riobaldo as portas do medo, do ódio e
    da ambição Hermógenes. O outro, mulher camuflada
    de homem, desencadeia a explosão do amor
    Diadorin.

111
Grande sertãoveredas(1956)
  • C) A travessia da passagem de um tipo de
    consciência mítico-sacral (Riobaldo-jagunço) para
    outra de estrutura lógico-racional
    (Riobaldo-fazendeiro)a primeira é comum às
    sociedades indígenas e mestiças dos sertões
    brasileiros e latino-americanos explica o mundo
    pelo mito e pelo sagrado a segunda é própria da
    civilização racionalista moderna vê o mundo de
    um ponto de vista científico.

112
Grande sertãoveredas(1956)
  • Conclusão À medida que a racionalidade das
    sociedades modernas avança, o pensamento
    mítico-sacral, ou mágico, tende a dissolver.
    Assim, em Grande sertãoveredas, o diabo é um
    personagem fundamental, no plano do passado,
    dentro do universo sacral em que se movem os
    jagunços. Já no plano presente, quando conta sua
    vida ao doutor, Riobaldo tende a negar a
    existência do demônio.

113
CLARICE LISPECTOR(1920 - 1977)
114
CLARICE LISPECTOR(1920 - 1977)
  • Romances Perto do coração selvagem (1944) O
    lustre (1946) A cidade sitiada (1949) A maça no
    escuro (1961) A paixão segundo G. H. (1964) Uma
    aprendizagem ou o Livro dos prazeres (1969) Água
    viva (1973) A hora da estrela (1977) - Contos
    Laços de família (1960) A legião estrangeira
    (1964) Felicidade clandestina (1971) etc...

115
CLARICE LISPECTOR
  • Elementos temáticos e procedimentos narrativos

116
A existência subjetiva
  • Interesse em desvelar a existência subjetiva dos
    personagens, relegando a história propriamente
    dita a um plano secundário. Mais do que a
    intriga, predominam as inusitadas experiências
    psíquicas e as impressões fugidias dos
    personagens despertadas pela realidade.

117
O monólogo interior
  • Utilização constante do monólogo interior, isto
    é, de um monólogo não pronunciado, que se
    desenrola apenas na mente dos personagens. O
    monólogo interior, em sua acepção plena, expõe
    labirínticos fluxos de consciência dos
    personagens, permitindo ao ficcionista o registro
    dos conteúdos mais sutis e profundos da alma
    humana.

118
A epifania
  • O termo epifania significa o relato de uma
    experiência que mostra toda a força de inusitada
    revelação. É a percepção de uma realidade
    atordoante quando os objetos mais simples, os
    gestos mais banais e as situações mais cotidianas
    comportam súbita iluminação na consciência dos
    figurantes. Ao dar-se a epifania, a consciência
    do indivíduo se abre para outra realidade.

119
Personagens dilacerados o universo ficcional de
sua obra
  • Geralmente é composto por mulheres, imersas em
    estado de absoluta interiorização, esmagadas pelo
    peso da subjetividade e para quem a realidade
    externa é nebulosa e ameaçadora.

120
Personagens dilacerados o universo ficcional de
sua obra
  • Enclausuradas em dolorosa solidão, essas
    personagens buscam incessantemente a própria
    identidade. A investigação do quem sou?
    torna-se, invariavelmente, o núcleo psicológico
    de todos os enredos.

121
Personagens dilacerados o universo ficcional de
sua obra
  • São personagens em situação de dilaceramento,
    oscilando entre o desconforto da contínua
    interrogação íntima e o desejo de ruptura com a
    introspecção e de estabelecimento de vínculos com
    o mundo objetivo.

122
Personagens dilacerados o universo ficcional de
sua obra
  • Perpétua sensação de náusea dos personagens
    diante da experiência do vazio, do absurdo da
    vida e da liberdade ilimitada. O contato com o
    outro talvez seja a resposta a essa náusea,
    mas as personagens de Clarice raramente encontram
    uma saída e, quando a conseguem, deparam-se
    apenas com a morte, único elemento de comunhão
    com o outro.

123
A náusea
  • Trata-se da náusea existencialista, à maneira de
    Sartre mais do que uma sensação física de enjoo,
    é uma situação de absoluta liberdade de quem a
    vivencia. Liberdade no sentido da destruição de
    todos os valores tradicionais e da morte de todas
    as crenças.

124
A náusea
  • O ser, despojado de suas antigas certezas, vaga
    em um universo de destroços, mas, ao mesmo tempo
    em que o tédio e o desespero o ameaçam, ele pode
    encontrar uma nova alternativa para a existência.
Write a Comment
User Comments (0)
About PowerShow.com