Title: Cyro dos Anjos (1906 - 1994)
1Cyro dos Anjos(1906 - 1994)
- Principais obras O amanuense Belmiro (1937)
Abdias (1945) - Romancista mais sutil e lírico da geração de 30.
- O amanuense Belmiro A solidão e a perda de um
burocrata lírico, descendente falido da
oligarquia mineira.
2O Amanuense Belmiro
- Belmiro procede de família interiorana e
patriarcal decadente. - É um protagonista inadequado ao mundo urbano.
- A escrita é a sua saída para fugir da melancólica
vida. - Nos amigos encontra valores positivos e humanos
que ultrapassam os limites de suas ideologias
mesquinhas.
3O Amanuense Belmiro
- Belmiro é um liberal ao mesmo tempo cético,
ingênuo e impotente para a ação. - Mistura perspicácia e banalidade.
- Vê a vida passar sem realizar alguma coisa
importante. - Volta-se para a criação de mitos (suas musas
Carmélia, Arabela, Jandira, Camila), que lhe
permitem suportar a existência, ainda que não
acredite verdadeiramente neles.
4O Amanuense Belmiro
- Há no texto uma tensão
- Belmiro lírico sentimental.
- X
- Belmiro analista e irônico.
- Logo o lirismo contínuo é dissolvido pela
ironia, também contínua, do amanuense.
(amanuense antigo burocrata funcionário
público de condição modesta).
5O Amanuense Belmiro
- Final do romance remete para um grande vazio.
- Romance de tendência analítica e introspectiva
(na forma de diário), com comentários líricos e
reflexivos sobre a mediocridade da vida pessoal
do amanuense.
6ERICO VERISSIMO(1905 - 1975)
- Principais obras
- Primeira fase Clarissa (1933) Caminhos cruzados
(1935) Música ao longe (1935) Um lugar ao sol
(1936) Olhai os lírios do campo (1938) Saga
(1940) O resto é silêncio (1943)
7ERICO VERISSIMO
- Principais obras
- Segunda Fase O tempo e o vento (O continente - O
retrato - O arquipélago) 1949-1962 Noite (1954)
O senhor embaixador (1965) O prisioneiro (1967)
Incidente em Antares (1971) Solo de clarineta
(memórias) 1973.
8ERICO VERISSIMO
- PRIMEIRA FASE Clarissa Um lugar ao sol
Caminhos cruzados O resto é silêncio
Narrativas urbanas centradas nos dramas das
classes médias Personagens que aparecem em
vários relatos Clarissa, Vasco, Noel, Fernanda
Uso da técnica do contraponto.
9Características da primeira fase
- Narrativas que localizam-se no espaço urbano,
quase todas em Porto Alegre (são exceções Música
ao longe e a primeira parte de Um lugar ao sol
Jacarecanga nome fictício de uma cidade no
interior gaúcho).
10Características da primeira fase
- O registro da existência valores e costumes
de uma pequena burguesia (classe média), que se
tornava, pouco a pouco,o setor social mais
representativo de Porto Alegre. - Pequena burguesia mostrada com tintas
favoráveis.
11Características da primeira fase
- Conflitos dramáticos, centrados na ordenação
familiar e na luta pela ascensão social. - No âmbito familiar, refletem-se os valores
conflitantes do universo social. - O território da família é, ao mesmo tempo, o
inferno e o espaço ideal de uma verdadeira
comunidade humana.
12Características da primeira fase
- Núcleo do drama interior de muitos personagens
ascender economicamente sem trair princípios
éticos. - Família possibilidade de construção de um
reduto de confiança, respeito e amor.
13Características da primeira fase
- Visão de mundo liberal-humanista
- A burguesia é questionada por seu desprezo pelos
pobres e deserdados. - O patriciado rural é decadente e não tem mais
nada a oferecer.
14Características da primeira fase
- Erico parecia não crer nas ideologias em voga em
sua época (comunismo e fascismo), pois defendia a
conscientização individual como saída. Ou seja,
apenas pela generosidade os indivíduos poderiam
enfrentar o egoísmo do mundo moderno.
15Características da primeira fase
- Narrativas que repetem casais de personagens. Ex
A dupla Clarissa Vasco está presente em Música
ao longe, Um lugar ao sol e Saga. Já a dupla
Noel Fernanda surge em Caminhos cruzados, Um
lugar ao sol e Saga, estabelecendo amizade com
o futuro casal Clarissa Vasco.
16Características da primeira fase
- Habilidade técnica jogos temporais e a técnica
do contraponto (desenvolvida pelo inglês Aldous
Huxley) consiste em justapor uma série de
personagens e situações. Sem que haja no texto um
centro narrativo, uma síntese para onde tudo
convirja. Os caminhos se cruzam, mas não tomam
a mesma direção, ao contrário do romance
convencional. (Ex. Caminhos cruzados e O resto
é silêncio)
17ERICO VERISSIMO
- SEGUNDA FASE O tempo e o vento (O continente - O
retrato - O arquipélago) - Gigantesco painel, em termos de ficção, da
formação histórica do Rio Grande do Sul,
abrangendo 200 anos. - Foco narrativo centrado em duas famílias TERRA
CAMBARÁ
18O tempo e o vento
- Recriação ficcional e histórica da formação do
Rio Grande do Sul pastoril por meio da trajetória
de sucessivas gerações da família Terra-Cambará.
19O tempo e o vento
- Os indivíduos que compõem a família, além de seus
dramas pessoais específicos, vivem de maneira
privilegiada os acontecimentos que definem a
sociedade sul-rio-grandense.
20O tempo e o vento
- Ex
- Ana Terra participa da sangrenta e árdua
conquista do território - Capitão Rodrigo liga-se à Revolução
Farroupilha - Licurgo tem atuação destacada na Guerra Civil
de 1893 - Dr. Rodrigo Cambará é um dos líderes da
Revolução de 30
21O tempo e o vento
- Tema específico da trilogia
- A ascensão e a queda política da classe de
estancieiros gaúchos, mostradas tanto em seus
aspectos épicos quanto em sua dimensão de
violência e brutalidade. Os acontecimentos
retratados, que oscilam entre a saga e a visão
crítica, abrangem um período de 200 anos.
22O tempo e o vento
- Tempo da narrativa Inicia em 1745 (Missões) e
se estende até 1945 com a queda de Getúlio Vargas
(representando o fim do poder dos fazendeiros
sulistas). - Espaço cidade imaginária de Santa Fé
cidade-síntese da conquista do pampa e da
civilização pastoril que aí se formou.
23O tempo e o vento
- Foco narrativo o romance é narrado em terceira
pessoa, mas cartas e diários permitem a presença
eventual da primeira pessoa. - Linguagem segue a norma culta da língua,
evitando expressões regionais usadas apenas
esporadicamente, na fala de personagens,
normalmente, de condição social inferior.
24O tempo e o vento
- Técnica e estrutura narrativa Erico quebra a
linearidade cronológica por meio de contrapontos
temporais (Ex. O Sobrado 7 episódios que
perpassam O Continente).
25O tempo e o vento
- Presença de passagens intermediárias
(intermezzos) quadros rápidos (em linguagem
poética poemas em prosa) e narrados no tempo
verbal do presente. Cumprem a função de preencher
vazios, tanto na construção de personagens
secundários quanto na revelação de aspectos
históricos não abordados diretamente na
narrativa.
26O tempo e o vento
- Presença de passagens intermediárias
(intermezzos) Eventualmente servem para mostrar
os Caré, família-símbolo dos desvalidos da
campanha. Os homens dessa família servem de
bucha-de-canhão nas guerras locais, e as
mulheres, de amantes baratas para os estancieiros.
27O CONTINENTE
- Mostra a formação da sociedade sul-rio-grandense,
sob o controle de uma elite audaciosa e guerreira
(e também machista e sanguinária) forjada em
lutas fronteiriças e revoluções fratricidas -, a
partir da segunda metade do século XVIII até o
final do século XIX.
28O CONTINENTE
- As ações se desenrolam ao longo de 150 anos,
iniciando com um episódio nas Missões Jesuítas,
em 1745, passando pela conquista do pampa e pela
fundação de Santa Fé e terminando com o fim ao
cerco ao sobrado dos Cambará, em junho de 1895.
29O CONTINENTE
- Episódios
- A fonte.
- Ana Terra.
- Um certo capitão Rodrigo.
- A teiniaguá.
- A guerra.
- Ismália Caré.
- O Sobrado I, II, III, IV, V, VI e VII.
30A fonte
- Substrato histórico os últimos anos das Missões
Jesuíticas (Sete Povos). - A confluência da cultura mística católica e a
consciência mágica dos índios na figura de Pedro
Missioneiro (protegido do padre Alonso),
explicando a sua tendência a visões e premonições.
31A fonte
- A criação de uma origem mitológica para o
estabelecimento da sociedade rio-grandense, na
medida em que Pedro, mais tarde, fecundará Ana
Terra, dando início - em termos simbólicos - a um
tipo local, o gaúcho.
32Ana Terra
- Substrato histórico a conquista do território
por famílias paulistas e a fundação dos primeiros
povoados. - Ana Terra é o capítulo definitivo de O tempo e o
vento. Além da representatividade histórica da
personagem (símbolo da mulher rio-grandense),
devemos atentar para - a) Seu erotismo, ampliado pela solidão e pela
sensação de infelicidade de viver naquele mundo
perdido que é a fazenda do pai. Daí a sua entrega
corpórea a Pedro Missioneiro.
33Ana Terra
- b) A consciência natural (e quase a-histórica) do
tempo. Este é determinado primitivamente pelo
ritmo das estações, assim como os dias o são pelo
nascer e pelo desaparecer do sol. - c) A sua garra, obstinação e capacidade de
resistência. A forma que sobrevive interiormente
à violência do estupro dos bandidos castelhanos
indica não apenas resignação ao destino, mas
estupenda força subjetiva e crença na vida. No
limite mais dramático e profundo, estes serão os
valores de todas as mulheres no romance.
34Ana Terra
- d) A profissão de parteira que Ana adota como uma
metáfora da vida, enquanto a seu redor guerras e
revoluções campeiam com todo um tributo à
destruição e à morte. Decorre daí também o seu
ardente pacifismo e seu entranhado ódio à
violência em que os homens parecem se comprazer.
35Ana Terra
- e) A relação que Ana estabelece entre o vento e
as coisas importantes de sua vida, a associação
entre as "noites de vento, noite dos mortos" e,
por fim, a própria ligação do vento com a memória
feminina. Esta memória açulada pela natureza -
é ao mesmo tempo o tormento, o consolo e a arma
de defesa das mulheres contra a falta de sentido
da existência.
36Um certo capitão Rodrigo
- O que observar
- a) O fato do personagem central ter se
transformado - mesmo que não fosse a intenção de
E. V. - no símbolo do gaúcho, com seu misto de
bravura, fanfarronice, generosidade e pensamento
libertário. Talvez os gaudérios da época não
tivessem o mesmo carisma. Documentos da época
pintam esses homens "sem rei nem lei" quase como
párias. No caso de Rodrigo, contudo, "a mentira
histórica vira verdade artística".
37Um certo capitão Rodrigo
- b) A paixão instintiva (próxima do mundo animal)
que o Capitão experimenta pela vida e seus
prazeres,especialmente os da cama e da mesa.
Apesar disso, há em sua conduta um substrato
ético que o leva, por exemplo, a se posicionar
contra os tiranos e a respeitar sua mulher,
Bibiana.
38Um certo capitão Rodrigo
- c) O forte sopro épico que percorre todo o
episódio. A exemplo de Aquiles e de outros heróis
das epopéias gregas,Rodrigo Cambará acredita que
só a ação guerreira dá sentido à vida dos homens.
A domesticidade e o cotidiano são os maiores
inimigos desses personagens, que só se sentem
felizes no fragor das batalhas e das conquistas.
39Um certo capitão Rodrigo
- d) A criação de um modelo de Cambará o macho
audacioso, mulherengo e sempre metido em
revoluções. O Dr. Rodrigo Cambará, em O retrato e
em O arquipélago, será a reduplicação quase que
perfeita do bisavô, apesar de já ser um caudilho
ilustrado. Porém, mesmo Bolívar e Licurgo, filho
e neto respectivamente, apresentarão traços do
Capitão Rodrigo. De certa forma, os valores
caudilhescos e machistas desse personagem
cristalizam o ideal de hombridade vigente na
província até meados do século XX.
40Um certo capitão Rodrigo
- e) A cena espetacular da extrema-unção que o
padre Lara oferece a Rodrigo moribundo, exigindo
antes que o seu amigo se arrependesse de todos os
pecados. Reunindo suas últimas forças, o Capitão
Cambará faz uma figa ao sacerdote que sai dali
horrorizado.
41Um certo capitão Rodrigo
- f) Igualmente importante é a cena do duelo entre
Rodrigo e Bento Amaral, e a marca incompleta que
o Capitão deixa no rosto do último.
42Um certo capitão Rodrigo
- g) A paixão de Bibiana pelo gaudério é a melhor
realizada entre todos os casos amorosos que
povoam O tempo e o vento. Independentemente dos
adultérios de que é vítima, do abandono e do
desprezo do marido pela vida doméstica, ela
continua amando-o como no primeiro dia em que o
viu. "Queria vê-lo mais uma vez, só uma vez"-
pensa ela durante a Revolução e um pouco antes do
último encontro amoroso, numa sublime confissão
de desejo e afeto.
43Um certo capitão Rodrigo
- h) O fato de Bibiana reproduzir sua avó, Ana,
tanto na obstinação, nos silêncios, no ódio à
guerra e às revoluções,na profissão de parteira e
na lembrança dos mortos, dando seqüência ao
arquétipo feminino do romance.
44ÁRVORE GENEALÓGICA (PARCIAL) DE O CONTINENTE
45O RETRATO
- Apesar de ter seu início no retorno do Dr.
Rodrigo Cambará a Santa Fé, em 1945, os episódios
de O retrato concentram-se entre 1909 e 1915.
Aos grandes blocos históricos e à estrutura de
painéis, que dominam O continente, o autor
prefere aqui o relato miniaturista.
46O RETRATO
- O retrato é o do Dr. Rodrigo Cambará, jovem
médico, belo e audacioso. Ele representa a
modernização vivida pelas elites gaúchas, o
fazendeiro-doutor que traz inovações para o
campo, que já sonha com o capitalismo, que
sofistica hábitos e costumes.
47O RETRATO
- A mescla entre intelectualismo e herança
caudilhesca (advinda dos Cambará) transforma-o em
inconteste líder político da região. Rodrigo é,
em síntese, o caudilho ilustrado, calcado nos
modelos de Julio de Castilhos, Assis Brasil,
Getúlio Vargas, etc.
48O ARQUIPÉLAGO
- A ação de O arquipélago, último livro da
trilogia, desenrola-se sob o signo da
desintegração familiar dos Cambará. O pano de
fundo histórico corresponde ao período de tempo
que medeia entre o ponto de máximo poder político
dos fazendeiros o primeiro governo de Getúlio
Vargas (1930-1945) e o início de seu rápido e
inexorável crepúsculo.
49O ARQUIPÉLAGO
- Dois personagens polarizam o romance o Dr.
Rodrigo e seu filho Floriano Cambará.
50O ARQUIPÉLAGO
- Se o Dr. Rodrigo, em O retrato, era um jovem
dilacerado entre o egoísmo e a generosidade
humana e social, agora em O arquipélago, ele se
torna um homem cínico e corrompe-se moralmente,
ao participar da ditadura do Estado Novo sem
tormentos ou conflitos íntimos de qualquer
espécie.
51O ARQUIPÉLAGO
- Já seu filho Floriano Cambará possui uma
sensibilidade especial, que lhe permite
compreender a fragmentação do continente em um
arquipélago de ilhas. Isto é, ele entende o
esfacelamento da unidade familiar como uma
decorrência simultânea do fracasso ético do pai e
do crepúsculo de sua classe.
52O ARQUIPÉLAGO
- Então, passa a refletir sobre a história da
própria família, desde suas remotas origens até
sua desarticulação no presente, com o objetivo de
resgatá-la das brumas do passado e avaliar o
significado de uma trajetória de dois séculos.
Também romancista, como o próprio Erico, de quem
é porta-voz, cabe a Floriano recompor um mundo
condenado ao perecimento e questioná-lo
permanentemente.
53O tempo e o vento e o sentido histórico
- Louvação e crítica ao passado.
- Construção de uma origem mítica para a elite
pastoril sul-riograndense. - Louvação e crítica à oligarquia sulista coexistem
dialeticamente resultado final o crepúsculo
da velha ordem dos senhores rurais.
54O tempo e o vento e o sentido da existência
- Tempo passagem, corrosão, destruição, morte
HOMENS corrosão da existência. - Vento repetição, continuidade, permanência
MULHERES o visceral instinto da vida a
resistência e o enfrentamento da falta de sentido
do tempo e o grande vazio do nada.
55ERICO VERISSIMO
- SEGUNDA FASE O senhor embaixador Reflexão
sobre a historicidade política e social da
América Latina - A função política dos
intelectuais. - O prisioneiro Análise política e moral sobre o
sentido da guerra e da tortura, tendo como pano
de fundo um país do Sudeste Asiático.
56ERICO VERISSIMO
- Incidente em Antares Relato político com
sentido alegórico. Os coveiros em greve
recusam-se a enterrar os mortos (sete) que acabam
voltando à cidade de Antares, encontrando a
traição e o esquecimento - O texto se propõe como
uma leitura dos acontecimentos de 1964 (o golpe
militar).
57Dyonélio Machado(1895 - 1985)
- Principais obras Um pobre homem (1927) Os ratos
(1934) O louco do Cati (1942) - Os ratos 24 horas na vida de um modesto
funcionário público, oprimido pela necessidade de
pagar a conta do leiteiro o homem reificado
58Jorge Amado(1912 - 2001)
- Primeira Fase O país do carnaval (1931) Cacau
(1933) Suor (1934) Jubiabá (1935) Mar morto
(1936) Capitães de areia (1937) Terras do sem
fim (1943) São Jorge dos Ilhéus (1944) Seara
vermelha (1946) Os subterrâneos da liberdade
(1954)
59JORGE AMADO
- Segunda Fase Gabriela, cravo e canela (1958) Os
velhos marinheiros (1961) Os pastores da noite
(1964) Dona Flor e seus dois maridos (1966)
Tenda dos milagres (1969) Tereza Batista,
cansada de guerra (1972) Tieta do Agreste
(1977) Farda, fardão, camisola de dormir (1979)
Tocaia Grande (1984) e outros...
60JORGE AMADO
- PRIMEIRA FASE O país do carnaval -Cacau - Suor
- Jubiabá Mar morto - Capitães de areia - O universo das classes populares urbanas e
rurais Romances proletários, fortemente
políticos Mistura de elementos naturalistas e
românticos.
611ª FASE
- País do carnaval (1931) romance medíocre, em
que tentava retratar os impasses ideológicos e
existenciais de um grupo de jovens
intelectualizados e inadaptados à realidade
brasileira na época da Revolução de 30.Por ter o
caráter de depoimento de uma geração sem rumo, o
romance obteve repercussão e seu nome se tornou
conhecido nos círculos letrados do país.
621ª FASE
- Cacau (1933) Romance pequeno e violento que
trazia duas grandes novidades - A incorporação da região cacaueira do sul da
Bahia ao romance realista de 1930. - O anúncio da radicalização política Tentei
contar neste livro com um mínimo de literatura
para o máximo de honestidade a vida do
trabalhador das fazendas de cacau do sul da
Bahia. Será um romance proletário?
631ª FASE
- O romance proletário
- Adesão ao marxismo
- Romances transformados em propaganda
revolucionária - Adere, antecipadamente, o que Stálin exigiria dos
escritores (engenheiros de almas) a criação
de heróis positivos que lutassem pela utopia
socialista.
641ª FASE
- Modelo e estrutura do romance proletário
- A) O protagonista, oriundo das camadas populares,
encontra-se, no início do relato, em estado de
alienação de sua própria miséria,
desconhecendo-lhe as causas.
651ª FASE
- B) No transcorrer da ação, o herói adquire
consciência da opressão que o vitima. Os
opressores são, genericamente, o latifundiário, o
burguês e algum agente do imperialismo ianque.
Com isso o autor estabelece uma esquematização
psicológica caricatural os trabalhadores são
necessariamente generosos e justos, ao passo que
os ricos são sempre pérfidos e exploradores.
661ª FASE
- C) A partir da conscientização das origens dos
males sociais que o afligem, o protagonista parte
para a ação política e, no caso de São Jorge dos
Ilhéus e Seara vermelha, para uma explícita ação
ideológica-partidária, conforme os preceitos do
Partido Comunista.
671ª FASE
- Fórmula que molda quase todos os romances da 1ª
fase - ALIENAÇÃO
- CONSCIENTIZAÇÃO
- AÇÃO POLÍTICA.
681ª FASE
- O romantismo revolucionário
- Ao propor a criação de um romance proletário,
Jorge Amado esbarrou em um problema fundamental
nas fazendas de cacau havia o trabalhador rural
clássico, explorado pelo coronel latifundiário.
691ª FASE
- Contudo, na cidade (Salvador) o proletário, no
sentido marxista, o trabalhador de fábrica
(indústria), não existia. Sem operários de fato,
Jorge Amado os substitui por marginais ou
semimarginais. Assim, seus romances urbanos são
povoados por vagabundos, malandros, jogadores,
prostitutas, meninos de rua, marinheiros, gente
sem ocupação definida.
701ª FASE
- Essa idealização da vida popular traduz-se na
superioridade ética dos marginais, transformados
em heróis exemplares da nova sociedade que
estaria prestes a nascer. Por causa desse
romantismo revolucionário e populista, Jorge
Amado tem dificuldades para traduzir em ações
realistas e análise psicológica convincente a
consciência política de seus personagens.
711ª FASE
- Apela então para o melodrama, criando situações
de um sentimentalismo inverossímil e patético, ou
utiliza um estilo poético, em que dominam imagens
referidas ao mar, à lua, à noite, à tempestade e
ao vento. Troca a inconsistência psicossocial dos
personagens por um redemoinho de imagens.
72JORGE AMADO
- 1ª FASE
- Terras do sem fim (1943) A luta dos coronéis
pela posse da terra boa para o cacau. - São Jorge dos Ilhéus (1944) A crise da
sociedade cacaueira e o domínio econômico da
burguesia exportadora (conteúdo mais utópico).
73JORGE AMADO
- 1ª FASE
- Seara vermelha (1946) Abandono da zona do cacau
e da cidade de Salvador para retratar o sertão
baiano tragédias de uma família de sertanejos
vítima da seca e do latifúndio sequência de
fome e angústia, sofrimento e esperança, morte e
instinto de sobrevivência.
74Terras do sem fim (1943)
- Um dos pontos culminantes da ficção de Amado.
- O romance proletário é substituído por uma
narrativa histórica centrada na luta dos coronéis
do cacau pela posse das terras ainda devolutas
(desocupadas) do sul da Bahia.
75Terras do sem fim (1943)
- A ação do romance começa em um navio que se
aproxima de Ilhéus trazendo trabalhadores,
coronéis, prostitutas e aventureiros, todos
obcecados pelas possibilidades de riqueza abertas
na região. Quatro palavras repetidas durante
todo o livro marcam o mundo no qual esse grupo
de ambiciosos passa a viver (e a morrer) TERRAS,
DINHEIRO, CACAU, MORTE.
76Terras do sem fim (1943)
- O escritor mergulha em suas próprias raízes para
registrar o mundo cacaueiro. - Descreve a violência, os desatinos e mesmo a
poesia rude daquela conquista, ocorrida nas
primeiras décadas do século XX. - Narrativa de vigor documental que revela dramas
humanos autênticos. - Expressão poética bem convincente.
77Terras do sem fim (1943)
- Mostra as condições dramáticas da vida dos
trabalhadores, mas concentra o foco narrativo nos
coronéis, que são vistos como brutos, cruéis
quando preciso, mas também como seres dotados de
forte coragem pessoal e audácia ilimitada. Com
muita frequência um sopro épico anima suas ações.
78Terras do sem fim (1943)
- Personagens
- Sinhô Badaró (coronel) interpretações bizarras
da Bíblia e relativa oposição à violência. - Horácio Silveira (coronel) Obstinação que
impressiona tropeiro que ascendeu, a ferro e
fogo, representa o capitalismo primitivo que se
estabeleceu na região do cacau.
79Terras do sem fim (1943)
- Ester (esposa do coronel Horácio) moça educada
para os requintes da civilização e obrigada a
viver num mundo bárbaro depois de seu casamento.
Seu romantismo insatisfeito, seus terrores
noturnos e sua fragilidade justificam o adultério
com o advogado Virgílio.
80Terras do sem fim (1943)
- O negro Damião (jagunço do coronel Badaró) mata
a soldo, sem qualquer tipo de culpa ou remorso. É
um assassino ingênuo, pois não chega a
compreender a extensão de seus crimes. Além
disso, adora as crianças da fazenda,
divertindo-as com suas brincadeiras. Acaba
enlouquecendo por conta de uma crise de
consciência ao tentar matar Firmo, a mando do
coronel.
81Outras características da 1ª fase
- Imaginação criadora.
- A generosidade humana do autor que se coloca ao
lado dos setores marginais, em especial os negros
repudiados pelas elites brasileiras. - O conhecimento aparentemente inesgotável das
formas de vida das camadas populares. - Registro dos costumes, dos ofícios, dos modos de
ser e agir, da religiosidade e das estratégias de
sobrevivência do povo baiano.
82Outras características da 1ª fase
- O incontestável valor documental, presente na
elaboração de grandes painéis da sociedade
cacaueira quanto na fixação da cultura
afro-brasileira. - A magnífica capacidade de criar tipos humanos
primitivos que vivem de acordo com os seus
instintos e emoções. - A saudável obscenidade na linguagem e nos atos
dos personagens.
83Outras características da 1ª fase
- Estilo cru (linguagem) carregado de palavrões e
desabusada (atrevida) descrição dos desejos
sexuais protesto libertário contra os falsos
pudores e o falso decoro das classes
privilegiadas. - Personagens que (oriundos do povo) expressam
prazer de viver no que diz respeito às relações
sexuais animalidade à flor da pele quebra com
a rigidez do romance proletário.
84JORGE AMADO
- SEGUNDA FASE Gabriela, cravo e canela - Os
velhos marinheiros - Teresa Batista, cansada de
guerra, Dona Flor e seus dois maridos, Tieta do
agreste, etc... - Visão anarquista - debochada Linguagem popular.
852ª FASE
- As terríveis revelações do XX Congresso do
Partido Comunista, em 1956, sobre os crimes de
Stálin, levaram Jorge Amado a afastar-se da
esquerda ortodoxa e a procurar uma nova expressão
estética. Como consequência, em 1958 veio à luz
um de seus mais famosos romances Gabriela, cravo
e canela.
86Gabriela, cravo e canela (1958)
- Decadência do poder despótico dos coronéis do
cacau progresso X atraso. - Jorge Amado atenua o maniqueísmo anterior. Sua
compreensão mais profunda do tecido social e da
existência pessoal leva-o a humanizar coronéis e
burgueses e a desconfiar da vocação
revolucionária das massas.
87Gabriela, cravo e canela (1958)
- Jorge Amado impregna seu relato de humor próximo
do deboche, da farsa com traços de obscenidade. - A personagem Gabriela, em sua rebeldia instintiva
contra o moralismo de fundo patriarcal-religioso,
antecipa alguns dos novos valores comportamentais
que começavam a ser concebidos no país, ao final
dos anos 50.
88Gabriela, cravo e canela (1958)
- O escritor faz o elogio da modernização econômica
e da democracia política, que permitiam a
ascensão ao poder de homens comprometidos com
mudanças. Por isso, o herói positivo do romance é
o exportador Mundinho Falcão. Seu triunfo é
também o triunfo do arrojo empresarial e da visão
capitalista contra o universo semifeudal dos
coronéis.
89Gabriela, cravo e canela (1958)
- É impossível esquecer que o romance foi escrito
durante o governo de JK (1956-1960), que gerou
grandes esperanças no país (depois esmagadas pela
Ditadura Militar de 64). Gabriela, cravo e canela
é, portanto, a principal expressão estética da
visão otimista daquele período.
90Características da 2ª fase
- Personagens de origem popular, mas que não são
mais vistos como os promotores da ordem
socialista, e sim os representantes da única
classe capaz de enfrentar as agruras da vida com
fibra, alegria, autenticidade e solidariedade.São
depositários da liberdade humana celebração
quase anarquista do individualismo das camadas
populares.
91Características da 2ª fase
- A luta dos indivíduos é contra os valores morais
arcaicos, os preconceitos sociais e raciais, a
hipocrisia sexual, o fanatismo e a presunção,
sobretudo da pequena burguesia. - Esforço pela liberação dos instintos e pelo
triunfo do amor livre e espontâneo
92Características da 2ª fase
- Predomina a visão humorística da realidade o
riso é mostrado como uma forma de resistência
popular. - Utilização de elementos do folclore e da tradição
religiosa negra (valorização da mitologia dos
candomblés).
93FICÇÃO CONTEMPORÂNEAGuimarães RosaClarice
Lispector
- A GERAÇÃO DE 45
- (1945 - 1970)
94João Guimarães Rosa(1908 - 1967)
95João Guimarães Rosa(1908 - 1967)
- A obra de Rosa representa o ponto máximo da
ficção brasileira do século XX. Em um processo
criativo assombroso, marcado pela invenção
estilística, pelo uso de todos os recursos
modernos da técnica narrativa e pela
demonstração de um inesgotável conhecimento
empírico (q. se guia pela experiência), tanto do
sertão mineiro quanto dos dramas da condição
humana, o autor pode ser considerado o único
ficcionista completo da América Latina.
96João Guimarães RosaObras
- Romance Grande sertão veredas (1956) - Contos
Saragana (1946) Primeiras estórias (1962)
Tumatéia (1967) Estas estórias (1969) - Novelas
Corpo de baile (Manuelzão e Miguilim, No
Urubuquaquá, No Pinhém, Noites do sertão) 1956.
97A obra de Rosa
- Características básicas A primeira grande
inovação do autor linguagem linguajar do
sertanejo (mineiro) recriação estilística
linguagem revolucionária processo de
transfiguração estilística invenção de um novo
léxico.
98O mundo de Rosa
- Mundo retratado sertão mineiro imobilizado no
tempo principal traço a consciência mítica dos
personagens (realismo mágico eventos
inverossímeis de um ponto de vista racionalista
o Demônio)
99A revelação do sertão mineiro
- A) O sertão como espaço físicoMinas Gerais
caracterizado por boas pastagens para a criação
de gado, com chapadões e várzeas, descrito
minuciosamente em sua flora e fauna, em suas
veredas misteriosas (vereda caminho estreito)
100A revelação do sertão mineiro
- B) O sertão simbólico O labiríntico onde o
homem joga seu destino O sertão está fora e
está dentro de cada personagem de Guimarães Rosa
(Antonio Candido).
101A revelação do sertão mineiro
- C) O sertão como estrutura histórico-cultural
- Realidades diferentes civilização sertaneja
(rústica - base cultural colonização ibérica
consciência mítico-sacral) X civilização
litorânea (moderna, urbana e evoluída).
102A problematização da existência
- Além de fixar, de forma realista, o sertão
arcaico de MG no exato momento em que ele
começava a desaparecer, engolfado pela expansão
da sociedade urbana e a consequente
homogeneização cultural do país, Guimarães Rosa
transforma muitos de seus personagens em sujeitos
que interrogam o mundo e a si próprios em busca
dos fundamentos da existência.
103As travessias
- A tentativa de captar a essência das coisas no
tumulto da vida cotidiana, faz o homem mergulhar
em incertezas, verdades provisórias e dúvidas
metódicas... Interroga, então, o mundo e a si
mesmo em busca de uma razão para a existência a
travessia metafísica (interior).
104Grande sertãoveredas(1956)
105Grande sertãoveredas(1956)
- Romance estruturado no jogo dialético do presente
e do passado - Plano presente O ex-jagunço e hoje fazendeiro
Riobaldo narra a história de sua vida a um
doutor, ao mesmo tempo em que formula uma série
de interrogações sobre o sentido da existência
(luta bem x mal) a presença do demônio, etc.
106Grande sertãoveredas(1956)
- Plano do passado Focaliza as experiências do
jagunço Riobaldo pelo sertão mineiro. Ocorre
tanto uma travessia exterior, por um sertão real,
como uma travessia interior, que leva o
protagonista ao autoconhecimento. A percepção de
si mesmo surge do contato com outros homens, em
especial com Diadorim o amor Hermógenes o
ódio
107Grande sertãoveredas(1956)
- Do ponto de vista narrativo, todas as
experiências do passado são discutidas no
presente, por Riobaldo, mediante um conjunto de
angustiadas interrogações sobre o destino
individual e a condição humana, sobre Deus e o
diabo, sobre o amor e o ódio, sobre a passagem do
tempo e a morte, etc. Dessa forma, passado e
presente, em permanente contraposição, formam a
totalidade da obra.
108Grande sertãoveredas(1956)
- As inquietações de Riobaldo
- A existência ou não do demônio
- A natureza nebulosa das relações entre o bem e o
mal - O significado do sentimento que experimentou por
Diadorin - O sentido de sua vida de jagunço
- A busca de uma explicação para a condição humana.
109Grande sertãoveredas(1956)
- As travessias de Riobaldo
- A) Travessia exterior como jagunço em um sertão
real, na qual ele conhece a natureza e os limites
extremos da condição humana, cristalizada na
selvageria e nos gestos épicos dos companheiros
de jagunçagem.
110Grande sertãoveredas(1956)
- B) A travessia interior
- O autoconhecimento A profunda percepção de si
mesmo e a própria formação de sua subjetividade
surgem do contato com dois outros indivíduos que
sintetizam as noções difusas de bem e mal. Um
abre para Riobaldo as portas do medo, do ódio e
da ambição Hermógenes. O outro, mulher camuflada
de homem, desencadeia a explosão do amor
Diadorin.
111Grande sertãoveredas(1956)
- C) A travessia da passagem de um tipo de
consciência mítico-sacral (Riobaldo-jagunço) para
outra de estrutura lógico-racional
(Riobaldo-fazendeiro)a primeira é comum às
sociedades indígenas e mestiças dos sertões
brasileiros e latino-americanos explica o mundo
pelo mito e pelo sagrado a segunda é própria da
civilização racionalista moderna vê o mundo de
um ponto de vista científico.
112Grande sertãoveredas(1956)
- Conclusão À medida que a racionalidade das
sociedades modernas avança, o pensamento
mítico-sacral, ou mágico, tende a dissolver.
Assim, em Grande sertãoveredas, o diabo é um
personagem fundamental, no plano do passado,
dentro do universo sacral em que se movem os
jagunços. Já no plano presente, quando conta sua
vida ao doutor, Riobaldo tende a negar a
existência do demônio.
113CLARICE LISPECTOR(1920 - 1977)
114CLARICE LISPECTOR(1920 - 1977)
- Romances Perto do coração selvagem (1944) O
lustre (1946) A cidade sitiada (1949) A maça no
escuro (1961) A paixão segundo G. H. (1964) Uma
aprendizagem ou o Livro dos prazeres (1969) Água
viva (1973) A hora da estrela (1977) - Contos
Laços de família (1960) A legião estrangeira
(1964) Felicidade clandestina (1971) etc...
115CLARICE LISPECTOR
- Elementos temáticos e procedimentos narrativos
116A existência subjetiva
- Interesse em desvelar a existência subjetiva dos
personagens, relegando a história propriamente
dita a um plano secundário. Mais do que a
intriga, predominam as inusitadas experiências
psíquicas e as impressões fugidias dos
personagens despertadas pela realidade.
117O monólogo interior
- Utilização constante do monólogo interior, isto
é, de um monólogo não pronunciado, que se
desenrola apenas na mente dos personagens. O
monólogo interior, em sua acepção plena, expõe
labirínticos fluxos de consciência dos
personagens, permitindo ao ficcionista o registro
dos conteúdos mais sutis e profundos da alma
humana.
118A epifania
- O termo epifania significa o relato de uma
experiência que mostra toda a força de inusitada
revelação. É a percepção de uma realidade
atordoante quando os objetos mais simples, os
gestos mais banais e as situações mais cotidianas
comportam súbita iluminação na consciência dos
figurantes. Ao dar-se a epifania, a consciência
do indivíduo se abre para outra realidade.
119Personagens dilacerados o universo ficcional de
sua obra
- Geralmente é composto por mulheres, imersas em
estado de absoluta interiorização, esmagadas pelo
peso da subjetividade e para quem a realidade
externa é nebulosa e ameaçadora.
120Personagens dilacerados o universo ficcional de
sua obra
- Enclausuradas em dolorosa solidão, essas
personagens buscam incessantemente a própria
identidade. A investigação do quem sou?
torna-se, invariavelmente, o núcleo psicológico
de todos os enredos.
121Personagens dilacerados o universo ficcional de
sua obra
- São personagens em situação de dilaceramento,
oscilando entre o desconforto da contínua
interrogação íntima e o desejo de ruptura com a
introspecção e de estabelecimento de vínculos com
o mundo objetivo.
122Personagens dilacerados o universo ficcional de
sua obra
- Perpétua sensação de náusea dos personagens
diante da experiência do vazio, do absurdo da
vida e da liberdade ilimitada. O contato com o
outro talvez seja a resposta a essa náusea,
mas as personagens de Clarice raramente encontram
uma saída e, quando a conseguem, deparam-se
apenas com a morte, único elemento de comunhão
com o outro.
123A náusea
- Trata-se da náusea existencialista, à maneira de
Sartre mais do que uma sensação física de enjoo,
é uma situação de absoluta liberdade de quem a
vivencia. Liberdade no sentido da destruição de
todos os valores tradicionais e da morte de todas
as crenças.
124A náusea
- O ser, despojado de suas antigas certezas, vaga
em um universo de destroços, mas, ao mesmo tempo
em que o tédio e o desespero o ameaçam, ele pode
encontrar uma nova alternativa para a existência.