Title: Estudo(s) sobre parto ces
1Estudo(s) sobre parto cesáreo indesejado
- André J. Caetano
- PPGCS-PUC Minas
- Cedeplar/UFMG
2Estrutura da apresentação
- O aumento de partos cesáreos no país
- Determinantes Faúndes e Cecatti 1991
- Os estudos dos anos 1990
- Demanda das mulheres?
- Setor público versus setor privado
- Regulamentações
- A oferta dos médicos Potter et al. 2008
- Pesquisa SRSR, 2002 Belo Horizonte
- Considerações
3O aumento dos partos cesáreos
- Faúndes e Cecatti 1991
- 1970 14,6 (Hospitais do INAMPS)
- 1980 31 (Hospitais do INAMPS)
- PNAD 1981 30,9 (população geral)
- Perpétuo et al. 1998
- PNDS 1996 36,7 (população geral)
- Maior incidência entre pacientes do setor
privado, de maior renda e escolaridade - Maior incidência nas regiões Sudeste e
Centro-Oeste
4Regulamentações
- Lei 9263, de 1996, do planejamento familiar
- Regulamentação de maio de 1998 estabeleceu o teto
máximo de cesarianas pagas pelo SUS de forma a
atingir 30 em 2000 - SUS passou a remunerar também anestesia em partos
normais - Regulamentação de fevereiro de 1999 proibiu a
laqueadura pós-parto, com a exceção de cesarianas
sucessivas e situações consideradas de risco - Estas restrições não atingem o setor privado,
onde se verificam as maiores taxas de parto
cesáreo
5O aumento das cesáreas (cont.)
Percentual de partos cesáreos no Brasil em relação ao total de partos - Região Sudeste, Minas Gerais e Belo Horizonte, 1998/2005-06 Percentual de partos cesáreos no Brasil em relação ao total de partos - Região Sudeste, Minas Gerais e Belo Horizonte, 1998/2005-06 Percentual de partos cesáreos no Brasil em relação ao total de partos - Região Sudeste, Minas Gerais e Belo Horizonte, 1998/2005-06 Percentual de partos cesáreos no Brasil em relação ao total de partos - Região Sudeste, Minas Gerais e Belo Horizonte, 1998/2005-06 Percentual de partos cesáreos no Brasil em relação ao total de partos - Região Sudeste, Minas Gerais e Belo Horizonte, 1998/2005-06 Percentual de partos cesáreos no Brasil em relação ao total de partos - Região Sudeste, Minas Gerais e Belo Horizonte, 1998/2005-06 Percentual de partos cesáreos no Brasil em relação ao total de partos - Região Sudeste, Minas Gerais e Belo Horizonte, 1998/2005-06 Percentual de partos cesáreos no Brasil em relação ao total de partos - Região Sudeste, Minas Gerais e Belo Horizonte, 1998/2005-06
Área SINASC SINASC Variação percentual relativa 1998-2005 SIH-SUS SIH-SUS SIH-SUS Variação percentual relativa 1998-2006
Área 1998 2005 Variação percentual relativa 1998-2005 1998 2005 2006 Variação percentual relativa 1998-2006
Brasil 37,6 42,8 13,8 28,4 28,6 30,2 6,2
Região Sudeste 46,1 51,3 11,3 34,4 32,6 34,0 -1,1
Minas Gerais 42,8 46,2 7,9 33,8 35,1 36,4 7,8
Belo Horizonte 43,4 47,2 8,9 32,3 34,0 32,6 0,8
Fonte www.datasus.gov.br Fonte www.datasus.gov.br Fonte www.datasus.gov.br Fonte www.datasus.gov.br Fonte www.datasus.gov.br Fonte www.datasus.gov.br Fonte www.datasus.gov.br Fonte www.datasus.gov.br
-19 p.p.
-11 p.p.
6O aumento das cesáreas (cont.)
Percentual de partos cesáreos em relação ao total de nascimentos nos cinco anos anteriores à pesquisa - Brasil e Região Sudeste (PNDS 2006) e Belo Horizonte (Pesquisa SRSR 2002) Percentual de partos cesáreos em relação ao total de nascimentos nos cinco anos anteriores à pesquisa - Brasil e Região Sudeste (PNDS 2006) e Belo Horizonte (Pesquisa SRSR 2002) Percentual de partos cesáreos em relação ao total de nascimentos nos cinco anos anteriores à pesquisa - Brasil e Região Sudeste (PNDS 2006) e Belo Horizonte (Pesquisa SRSR 2002) Percentual de partos cesáreos em relação ao total de nascimentos nos cinco anos anteriores à pesquisa - Brasil e Região Sudeste (PNDS 2006) e Belo Horizonte (Pesquisa SRSR 2002)
Área SUS Setor Privado Total
Brasil (PNDS 2006) 33,8 79,3 42,8
Região Sudeste (PNDS 2006) 40,6 77,6 51,5
Belo Horizonte (SRSR 2002) 29,6 71,5 42,5
Fonte Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) 2006 e Pesquisa SRSR 2002 Fonte Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) 2006 e Pesquisa SRSR 2002 Fonte Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) 2006 e Pesquisa SRSR 2002 Fonte Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) 2006 e Pesquisa SRSR 2002
7Fatores determinantes do aumento do parto cesáreo
- Faúndes e Cecatti 1991
- Demanda (das mulheres)
- Medo da dor no parto
- Parto vaginal como maior risco para a criança
- Parto vaginal compromete a anatomia e fisiologia
vaginal - Possibilidade de laqueadura tubária
- Oferta (dos médicos)
- Conveniência
- Deficiência no treinamento obstétrico
- Insegurança e receio de processo por imperícia
- As mulheres preferem parto cesáreo
8Estudos dos anos 1990
- Postpartum survey, 1995-1996, em Porto Alegre e
Natal (Hopkins 2000) - Percepção sobre recuperação pós-parto, corpo,
sexualidade e dor no parto não são consistentes
com preferência pela cesárea - Controlando-se por parturição e tipo de hospital,
mais de 90 das entrevistadas preferiam parto
vaginal - Controlando-se por parturição, tipo de hospital e
tipo de parto desejado, as taxas de cesárea eram
superiores nos hospitais privados (mas acima de
40 em ambos os grupos) - A responsabilidade do médico é obscurecida pelo
seu poder de enquadrar a cesárea como demandada
ou como necessidade médica, inclusive durante o
trabalho de parto
9Estudos dos anos 1990 (cont.)
- Pesquisa Saúde Reprodutiva da Mulher na RMBH,
1997, (Perpétuo et al. 1998) - 71,2 das entrevistadas tinham preferência pelo
parto vaginal, controlando-se por parturição,
idade, escolaridade e tipo de hospital - Preferência pela cesárea por parte das mulheres
associada a - realização de laqueadura tubária, inclusive no
SUS - associação com cesariana anterior (uma vez
cesárea, sempre cesárea) - O componente da oferta (médicos) é o fator
determinante dos altos índices de cesárea (p.
115) - O tipo de hospital onde o parto é feito é o
determinante mais significante da cesariana,
independente das características individuais
(Hopkins e Amaral 2005)
10Estudos dos anos 1990
- Estudo Prospectivo, 1998-1999, em Porto Alegre,
Natal, Belo Horizonte e São Paulo (Potter et al.
2001) - Três entrevistas recrutamento, um mês antes da
data prevista para o nascimento e um mês depois - 77 (setor público) e 70 (setor privado) das
entrevistadas reportaram preferência por parto
vaginal nas duas primeiras entrevistas
(multíparas com cesariana prévia 40) - Taxas de cesárea entre mulheres com preferência
pelo parto vaginal muito superiores nos hospitais
privados - Primíparas com preferência por parto vaginal 66
nos hospitais privados e 30 nos hospitais
públicos - Decisão pelo parto cesáreo depois da admissão no
hospital em 76,8 dos casos de cesariana em
hospitais públicos e 36, em hospitais privados - Altas taxas de parto cesáreo altas taxas de
cesarianas em parturientes com preferência pelo
parto vaginal altas taxas de parto cesáreo
marcado antes da admissão hospitalar
11Estudos dos anos 1990 (cont.)
- Estudo Latino-Americano de Cesáreas, 2000, em São
Paulo e Recife (Faúndes et al. 2004) - 8 maternidades públicas (SP e PE) com atividades
de ensino e taxas de cesárea acima de 15 - 656 mulheres entrevistadas durante o período de
internação, após o parto e antes da alta
hospitalar - 142 médicos entrevistados
- Mais da metade desses médicos atuava tanto em
instituições públicas quanto em instituições
privadas - Total discrepância entre motivos (mais
mencionado medo do parto) que médicos percebiam
como razão da solicitação do parto cesáreo pelas
mulheres e a opinião expressa pela maioria das
entrevistadas - Justificativa via generalização, pelos médicos,
da opinião expressa pelo grupo de mulheres com
preferência pela cesariana (multíparas com
cesariana anterior)
12Estudos dos anos 1990 (cont.)
- Estudo Prospectivo, 1998-1999, em Porto Alegre,
Natal, Belo Horizonte e São Paulo (Potter et al.
2008) - 63 dos partos cirúrgicos nos hospitais privados
foram marcados (22 nos públicos) - 61,5 destas 190 mulheres (hospitais privados)
reportaram preferir parto vaginal (segunda
entrevista) - Dentre estas 117 mulheres, 67,5 reportaram
preferência pelo parto vaginal na terceira
entrevista - Indução ou aceitação? Em 83,4 dos 117 casos foi
oferecida razão médica, proporção implausível - Não há indicações de que os médicos tentem
influenciar as parturientes durante a gravidez - O estudo indica que os médicos tendem a
providenciar uma razão médica nas semanas ou nos
dias próximos ao do parto
13Belo Horizonte Pesquisa SRSR 2002
Distribuição percentual dos partos de mulheres residentes em BH em 2002 ocorridos nos cinco anos anteriores à entrevista por tipo de hospital, segundo o tipo de parto Distribuição percentual dos partos de mulheres residentes em BH em 2002 ocorridos nos cinco anos anteriores à entrevista por tipo de hospital, segundo o tipo de parto Distribuição percentual dos partos de mulheres residentes em BH em 2002 ocorridos nos cinco anos anteriores à entrevista por tipo de hospital, segundo o tipo de parto Distribuição percentual dos partos de mulheres residentes em BH em 2002 ocorridos nos cinco anos anteriores à entrevista por tipo de hospital, segundo o tipo de parto
Tipo de Hospital Parto Vaginal Cesariana Total
Serviço público 70,4 29,6 100 (n203)
Serviço privado 28,5 71,5 100 (n91)
Total 57,5 42,5 100 (n294)
14BH Pesquisa SRSR 2002 (cont.)
Distribuição percentual dos partos de mulheres residentes em BH ocorridos nos cinco anos anteriores à entrevista, por tipo de hospital, segundo a parturição e preferência por tipo de parto Distribuição percentual dos partos de mulheres residentes em BH ocorridos nos cinco anos anteriores à entrevista, por tipo de hospital, segundo a parturição e preferência por tipo de parto Distribuição percentual dos partos de mulheres residentes em BH ocorridos nos cinco anos anteriores à entrevista, por tipo de hospital, segundo a parturição e preferência por tipo de parto Distribuição percentual dos partos de mulheres residentes em BH ocorridos nos cinco anos anteriores à entrevista, por tipo de hospital, segundo a parturição e preferência por tipo de parto Distribuição percentual dos partos de mulheres residentes em BH ocorridos nos cinco anos anteriores à entrevista, por tipo de hospital, segundo a parturição e preferência por tipo de parto
Primíparas
Tipo de hospital Preferência Preferência Preferência
Tipo de hospital Sem Vaginal Cesariana Total
Serviço público 29,4 44,9 25,7 100 (n16)
Serviço privado 10,1 66,4 23,5 100 (n25)
Total 17,5 58,2 24,4 100 (n41)
Multíparas
Tipo de hospital Preferência Preferência Preferência
Tipo de hospital Sem Vaginal Cesariana Total
Serviço público 23,3 42,1 34,7 100 (n44)
Serviço privado 12,3 23,7 64,0 100 (n39)
Total 18,1 33,4 48,5 100 (n84)
15BH Pesquisa SRSR 2002 (cont.)
Modelo logito binomial parto cesáreo versus parto normal (n294) Modelo logito binomial parto cesáreo versus parto normal (n294) Modelo logito binomial parto cesáreo versus parto normal (n294)
Variável Razão de chance Pr gt ChiSq
Multípara 1,503 0,1842
Primípara 1 -
Hospital privado 2,804 0.0059
Hospital público 1 -
Sem preferência 1,982 0,0559
Preferência por cesariana 5,388 lt,0001
Preferência por parto vaginal 1 -
Médico do pré-natal ou antes 2,961 0,0004
Médico após admissão hospitalar 1 -
Escolaridade 1,052 0,2611
16BH Pesquisa SRSR 2002 (cont.)
Modelo logito binomial preferência por parto vaginal entre mulheres que tiveram parto cesáreo versus sem preferência e preferência por cesariana (n125) Modelo logito binomial preferência por parto vaginal entre mulheres que tiveram parto cesáreo versus sem preferência e preferência por cesariana (n125) Modelo logito binomial preferência por parto vaginal entre mulheres que tiveram parto cesáreo versus sem preferência e preferência por cesariana (n125)
Variável Razão de chance Pr gt ChiSq
Multípara 0.432 0.0533
Primípara 1 -
Hospital privado 0.659 0.4066
Hospital público 1 -
Sem indicação até a admissão 1.523 0.3451
Com indicação 1 -
Médico do pré-natal ou antes 0.738 0.5356
Médico após admissão hospitalar 1 -
Escolaridade 1.110 0.1278
17Considerações
- O lado da demanda (mulheres)
- Baixa
- Multípara com cesariana anterior
- Possibilidade de laqueadura tubária
- O lado da oferta (médicos)
- Setor privado
- Poder médico (convencimento)
- Cesarianas em mulheres com preferência pelo parto
vaginal - Conveniência e falta de treinamento
- Organização (atendimento individualizado) da
atendimento - Remuneração do parto (valor médio líquido no
setor de convênios R260) - Setor público
- Aumento de parto cirúrgico cesáreo com laqueadura
devido a cesarianas sucessivas e em gestante de
alto risco
18Considerações(final)
Percentual de cesarianas com laqueadura devido a cesarianas sucessivas e cesarianas em gestantes de alto risco em relação ao total de cesarianas realizadas no SUS Percentual de cesarianas com laqueadura devido a cesarianas sucessivas e cesarianas em gestantes de alto risco em relação ao total de cesarianas realizadas no SUS Percentual de cesarianas com laqueadura devido a cesarianas sucessivas e cesarianas em gestantes de alto risco em relação ao total de cesarianas realizadas no SUS Percentual de cesarianas com laqueadura devido a cesarianas sucessivas e cesarianas em gestantes de alto risco em relação ao total de cesarianas realizadas no SUS Percentual de cesarianas com laqueadura devido a cesarianas sucessivas e cesarianas em gestantes de alto risco em relação ao total de cesarianas realizadas no SUS
2002
Procedimento BRASIL SE MG BH
Cesariana com laqueadura por cesarianas sucessivas 1,1 1,7 1,0 3,6
Cesariana em gestante de alto risco 5,8 5,4 1,5 5,3
Total 6,9 7,1 2,5 8,9
2006
Procedimento BRASIL SE MG BH
Cesariana com laqueadura por cesarianas sucessivas 2,5 3,7 2,9 5,9
Cesariana em gestante de alto risco 8,7 8,7 4,8 12,3
Total 11,2 12,4 7,6 18,2
Variação 2002-2006 em pontos percentuais 4,3 5,3 5,1 9,3
19Cesarianas com laqueadura por cesarianas
sucessivas