Title: ALESP
1ALESP 28/11/2005 1 AULA
- TEMAS LEGISLATIVOS DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
- Prof. Sérgio Amadeu da Silveira
- sergioamadeu_at_uol.com.br
2REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- ROTEIRO
- Revolução informacional e a sociedade em rede.
- a relação entre as sociedades e a tecnologia
tecnodependência. - Como caracterizar uma revolução tecnológica?
- Vivemos efetivamente uma revolução informacional?
- Quais as características centrais dessa
revolução? - A questão da neutralidade das tecnologias.
- a visão weberiana
- a visão de Marcuse
- a abordagem de Castells e de Pierre Lévy
- por que esta questão é decisiva em uma sociedade
informacional?
3REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- A sociedade dos códigos
- sociedade de intermediários e de linguagens
artificiais - a visão do Prof. Lawrence Lessig o código é a
lei. - Os códigos embutem decisões humanas o caso da
arquitetura de Harvard e Chicago. - o protocolo TCP/IP a versão 4 e o IPv6
- A Internet é uma nova esfera pública?
- A definição habermasiana de esfera pública.
- Benedict Anderson e as comunidades imaginadas
- Gustavo Lins Ribeiro e a Internet como comunidade
imaginada transnacional. - A sociedade informacional exige a reconfiguração
da cidadania o caso dos mecanismos de busca.
4REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Revolução informacional e a sociedade em rede.
5REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- A relação entre as sociedades e a tecnologia
- tecnodependência.
- Como caracterizar uma revolução tecnológica?
- Vivemos efetivamente uma revolução informacional?
6REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- ...a tecnologia da informação é hoje o que a
eletricidade foi para a Era Industrial - ...distribuir a força da informação por todo o
domínio da atividade humana. - (Manuel Castells)
7REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Quais as características centrais dessa revolução?
8REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- A transferência para as máquinas de um novo tipo
de funções cerebrais abstratas encontra-se no
cerne da revolução informacional. (Lojkine,
1995) - Em termos ideiais, a Revolução da Informação
repitirá os êxitos da Revolução Industrial. Só
que, desta vez, parte do trabalho do cérebro e
não dos músculos, será transferido para as
máquinas. (Dertouzos, 1997)
9REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- A transferência para as máquinas de um novo tipo
de funções cerebrais abstratas encontra-se no
cerne da revolução informacional. (Lojkine,
1995) - Em termos ideiais, a Revolução da Informação
repitirá os êxitos da Revolução Industrial. Só
que, desta vez, parte do trabalho do cérebro e
não dos músculos, será transferido para as
máquinas. (Dertouzos, 1997)
10REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- O que mudou não é o tipo de atividade na qual a
humanidade está engajada, mas sim a habilidade em
usar uma força produtiva a qual distingue nossa
espécie biológica das demais nossa capacidade de
processar símbolos. - (Castells, 1996)
11REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- O novo paradigma é visto, portanto, como
resposta encontrada pelo sistema capitalista para
o esgotamento de um padrão de acumulação baseado
na produção em larga escala de cunho fordista,
utilização intensiva de matéria e energia e
capacidade finita de gerar variedade. - (Helena Lastres João Carlos Ferraz, 1999)
12REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- A atual revolução da informação baseia-se nos
rápidos avanços tecnológicos do computador, das
comunicações e do software que, por sua vez,
conduziram a extraordinárias reduções no custo do
processamento e da transmissão da informação. - (Joseph Nye Jr., 2002)
13REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Para Castells, a sociedade informacional é uma
sociedade em rede, ou seja, emerge uma nova
morfologia social. - A organização em rede ganha primazia econômica,
social, política e cultural.
14REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- O que é uma rede?
- A rede é um conjunto de nós interconectados
- A rede é uma prática humana muito antiga
- vantagens advindas da flexibilidade e
adaptabilidade - dificuldade em coordenar funções e concentrar
recursos em metas específicas .
15REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- O uso intenso destas tecnologias gera então uma
sociedade mais técnica, mais racional, onde as
decisões sociais poderão ser menos ideológicas?
16REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- A questão da neutralidade das tecnologias.
17REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- a visão weberiana
- a visão de Marcuse
- a abordagem de Castells e de Pierre Lévy
18REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- "O método científico, que levava sempre a uma
dominação cada vez mais eficaz da natureza,
proporcionou depois também os conceitos puros e
os instrumentos para uma dominação cada vez mais
eficiente do homem sobre os homens, através da
dominação da natureza... Hoje, a dominação
eterniza-se e amplia-se não só mediante a
tecnologia, mas como tecnologia e esta
proporciona a grande legitimação ao poder
político expansivo, que assume em si todas as
esferas da cultura. Neste universo, a tecnologia
proporciona igualmente a grande racionalização da
falta de liberdade do homem e demonstra a
impossibilidade "técnica"de ser autônomo, de
determinar pessoalmente a sua vida.
19REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Com efeito, esta falta de liberdade não surge nem
irracionalmente nem como política, mas antes como
sujeição ao aparelho técnico que amplia a
comodidade da vida e intensifica a produtividade
do trabalho. A racionalidade tecnológica protege
assim antes a legalidade da dominação em vez de a
eliminar e o horizonte instrumentalista da razão
abre-se a uma sociedade totalitária de base
racional". - (Marcuse citado in Habermas, Técnica e Ciência
como Ideologia, p. 49)
20REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Por que esta questão é decisiva em uma sociedade
informacional?
21REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- A característica básica da sociedade
informacional é sua dependência absoluta das
linguagens artificiais, muitas delas construídas
de modo privado e fechado, distantes da
compreensão mesmo da maioria dos cidadãos que as
utilizam.
22(No Transcript)
23REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Para o Prof. Lawrence Lessig, no ciberespaço o
código é a lei. - Vamos a um exemplo...
24O CÓDIGO É A LEI O PENSAMENTO DE LAWRENCE LESSIG.
- "Na Universidade de Chicago se você quer acessar
a Internet deve simplesmente conectar sua máquina
nos pontos de rede da instituição. - Qualquer máquina com conexão Ethernet pode ser
plugada na rede. - Uma vez conectado, seu computador tem acesso
total à Internet -- acesso que é e era completo,
anônimo e livre.
25O CÓDIGO É A LEI O PENSAMENTO DE LAWRENCE LESSIG.
- A razão para esta liberdade era a decisão de um
administrador, Geoffrey Stone, da Escola de
Direito e um professor de liberdade de expressão.
26O CÓDIGO É A LEI O PENSAMENTO DE LAWRENCE LESSIG.
- Quando a universidade estava desenhando sua rede,
os técnicos perguntaram a Stone se a comunicação
anônima seria permitida. Stone, citando o
princípio de que as normas que regulam a
comunicação na universidade devem ser as mesmas
que regulam a liberdade de expressão no país,
como a Primeira Emenda da Constituição
norte-americana, disse sim.
27O CÓDIGO É A LEI O PENSAMENTO DE LAWRENCE LESSIG.
- As pessoas têm o direito de se comunicar
anonimamente na universidade porque a Primeira
Emenda garante o mesmo direito diante do governo.
Daquela decisão política surgiu a arquitetura de
rede da Universidade de Chicago.
28O CÓDIGO É A LEI O PENSAMENTO DE LAWRENCE LESSIG.
- Em Harvard as regras são diferentes.
29O CÓDIGO É A LEI O PENSAMENTO DE LAWRENCE LESSIG.
- Se você pluga sua máquina na Ethernet da Harvard
Law School não terá acesso para a rede. - Você não pode conectar sua máquina na rede sem
registrá-la -- licenciá-la, aprová-la e
verificá-la. - Somente os membros da comunidade universitária
podem registrar suas máquinas.
30O CÓDIGO É A LEI O PENSAMENTO DE LAWRENCE LESSIG.
- Uma vez registradas, todas as interações com a
rede são monitoradas e as máquinas são
identificadas. O acordo de uso avisa sobre esta
prática. O anonimato não é permitido por ser
contra as regras da instituição. O controle de
acesso é baseado em quem você é. As interações e
permissões podem ser traçadas dependendo do que
você faz.
31O CÓDIGO É A LEI O PENSAMENTO DE LAWRENCE LESSIG.
- Este desenho também nasceu da decisão do
administrador, alguém menos preocupado do que
Geoffrey Stone na proteção da Primeira Emenda.
32O CÓDIGO É A LEI O PENSAMENTO DE LAWRENCE LESSIG.
- Controlar o acesso era o ideal de Harvard
facilitar o acesso era o ideal de Chicago. - Harvard escolheu a tecnologia que realiza as
possibilidades de controle, enquanto Chicago
escolheu tecnologias para facilitar o acesso.
33O CÓDIGO É A LEI O PENSAMENTO DE LAWRENCE LESSIG.
- Estas duas redes diferem no mínimo em dois
importantes caminhos. Primeiro e mais óbvio, eles
diferem nos valores que encampam. A diferença é
pelo desenho da arquitetura de cada rede. Na
Universidade de Chicago, os valores da Primeira
Emenda determinou o desenho da sua rede. Outros
valores determinaram o desenho da rede de
Harvard." (LESSIG, 1999 26)
34REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Os códigos embutem decisões humanas.
- Vamos analisar os protocolos TCP/IP v4 e v6.
35REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Nesse mundo dos códigos, das linguagens
artificiais, é possível entender a Internet como
uma nova esfera pública?
36REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- A definição habermasiana de esfera pública.
37REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- O que Habermas define como esfera pública?
- "A esfera pública pode ser descrita como uma rede
adequada para a comunicação de conteúdos, tomada
de posição e opiniões nela os fluxos
comunicacionais são filtrados e sintetizados, a
ponto de se condensarem em opiniões públicas
enfeixadas em temas específicos." (HABERMAS,
1997 92)
38REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Para Habermas, a esfera pública pertence ao mundo
da vida. - O mundo da vida é diferente do sistema econômico
e do sistema estatal. Integra a sociedade civil e
é composto de vários elementos, inclusive
organismos de mediação entre Estado e mercado. - No mundo da vida é possível surgir a
reivindicação de novos direitos e novas formas de
comportar-se diantes das instituições de poder.
39REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Qual a linguagem usada na esfera pública
habermasiana? "Do mesmo modo que o mundo da vida
tomado globalmente, a esfera pública se reproduz
através do agir comunicativo, implicando apenas
no domínio da linguagem natural ela está em
sintonia com a compreensibiliade geral da prática
comunicativa cotidiana." (HABERMAS, 1997 92)
40REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Para Habermas, o mundo da vida só comporta as
interações simples? "Descobrimos que o mundo da
vida é um reservatório para interações simples e
os sistemas de ação e saber especializados, que
se formam no interior do mundo da vida, continuam
vinculados a ele. Eles se ligam a funções gerais
de reprodução do mundo da vida (como é o caso da
religião, da escola e da família), ou a
diferentes aspectos da validade do saber
comunicado através da linguagem comum (como é o
caso da ciência, da moral, da arte)." (HABERMAS,
1997 92)
41REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- A esfera pública não se especializa nunca?
- "Todavia, a esfera pública não se especializa em
nenhuma destas direções por isso quando abrange
questões politicamente relevantes, ela deixa a
cargo do sistema político a elaboração
especializada". (HABERMAS, 1997 92) Para
Habermas, toda elaboração especializada foge do
campo de ação da esfera pública.
42REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- O agir orientado pelo entendimento na comunicação
mediada pelo computador pode ser limitado pelos
protocolos de rede e por uma série de proibições
ou limitações sobre o que falar, quais conteúdos
enviar, em que formatos as pessoas
obrigatoriamente devem se comunicar, entre outras
várias imposições políticas apresentadas como
necessidades técnicas para o bom funcionamento do
sistema. Estas exigências podem interferir no
livre uso da razão comunicativa e nos conteúdos
das mensagens que se quer disseminar.
43REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Os softwares (sem os quais os computadores são
inúteis) são um conjunto ininteligível de linhas
de códigos para a maioria das pessoas. Por outro
lado, estas mesmas pessoas utilizam-nos como
elemento essencial de seu dia-a-dia sendo
expostas as suas determinações, ou melhor, às
determinações embutidas pelos especialistas,
pelos programadores que desenvolveram aquele
programa computacional. A própria privacidade,
identidade e autonomia podem ser manipuladas,
descobertas, apagadas, pelos softwares empregados
como intermediários essenciais da vida cotidiana
neste universo digital.
44REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Benedict Anderson e as comunidades imaginadas.
- Gustavo Lins Ribeiro e a Internet como comunidade
imaginada transnacional.
45REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- A sociedade informacional exige a reconfiguração
da cidadania o caso dos mecanismos de busca.
46CONTROLE DA INFORMAÇÃO
- VAMOS ANALISAR O CASO DOS MECANISMOS DE BUSCA.
47CONTROLE DA INFORMAÇÃO ...
48RISCOS...
- 1- OS MECANISMOS DE BUSCA DEVEM PODEM SER
ENTENDIDOS COMO VERDADEIROS SERVIÇOS DE UTILIDADE
PÚBLICA DO CIBERESPAÇO.
49RISCOS...
- 2- POR CLASSIFICAR E HIERARQUIZAR INFORMAÇÕES
PODEM ADQUIRIR UM ENORME PODER E INFLUÊNCIA SOBRE
A CONDUTA E A AVALIAÇÃO DAS PESSOAS.
50RISCOS...
- 3- POR SER VELOZ E CÔMODO PODE GERAR DEPENDÊNCIA
E FALTA DE ESPÍRITO CRÍTICO.
51RISCOS...
- 4- POR CONCENTRAR CADA VEZ MAIS A PREFERÊNCIA DAS
BUSCAS PODE MANIPULAR AS CONSULTAS SEM QUE AS
PESSOAS PERCEBAM OU QUEIRAM PERCEBER.
52RISCOS...
- 5- LIMITA E BLOQUEIA OUTRAS FORMAS DE
CLASSIFICAÇÃO QUE NÃO SEJAM BASEADAS NO
CRUZAMENTO DE LINKS E EM CRITÉRIOS QUANTITATIVOS.
53CONTROLE DEMOCRÁTICO DA INFORMAÇÃO EXIGE...
- CÓDIGO ABERTO
- E
- AUDITABILIDADE PLENA
54A ERA DA INFORMAÇÃO CARACTERIZA-SE
- PELA PREDOMINÂNCIA DO DIGITAL
- PELA INTENSA VIRTUALIZAÇÃO
- PELA PREDOMINÂNCIA DAS LINGUAGENS ARTIFICIAIS
- PELA INTENSA DEPENDÊNCIA DE CÓDIGOS, PROTOCOLOS E
SOFTWARES.
55REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E SOCIEDADE EM REDE
AULA 1
- Próxima aula
- O funcionamento da Internet.
- A governança transnacional e nacional da rede.