Title: Economia dos Recursos Humanos
1- Economia dos Recursos Humanos
- UFRGS PPGE
- Giácomo Balbinotto Neto
- Lívio de Oliveira
2Did Henry Ford Pay Efficiency Wages?
- Daniel M. G. Raff Lawrence H. Summers (1987).
Journal of Labor Economics 5 (4), pt.2
3Henry Ford e o Modelo T
Modelo T
4Objetivos
- RS (1987) examinaram a introdução do programa
five dólar day - em janeiro de 1914 por Henry
Ford em suas fábricas de automóveis em Detroit a
fim de avaliar a relevância das teorias de
salário-eficiência e da determinação do emprego. - O artigo considerou este famoso episódio
histórico afim de buscar evidências sobre a
relevância da teoria dos salários eficiência.
5Objetivos
- O programa de five dollar a day foi instituído
em janeiro de 1914 nas fábricas da Ford em
Detroit. Isto implicou, na época, em dobrar o
pagamento da maioria dos seus trabalhadores. - O foco do trabalho de Raff Summers (1987) foi
o de verificar se o dramático aumento salarial
oferecido por Henry Ford poderia ter sido
motivado por um desejo de melhorar os lucros
através da influência do comportamento dos
trabalhadores do modo como sugerido por algumas
teorias de salário eficiência.
6Objetivos
- A razão por esta alternativa metodológica
envolvendo o teste da teoria dos salários
eficiência através de um estudo de caso deveu-se
as dificuldades gerais envolvidas no teste destas
teorias econometricamente.
7Introdução
- Testes plenamente satisfatórios para as teorias
de salário-eficiência não foram ainda
desenvolvidos, devido a algumas barreiras, tais
como dificuldades de mensuração das habilidades,
motivação e estabilidade dos trabalhadores
variações salariais entre firmas ou entre
trabalhadores provavelmente não são exógenas.
8As teorias de salário-eficiência
- As teorias de salário-eficiência têm em comum a
implicação de que, sob alguma amplitude, uma
firma pode aumentar seus lucros elevando os
salários que ela paga a seus trabalhadores acima
do nível de equilíbrio competitivo.
9As teorias de salário-eficiência
- Vários mecanismos podem contribuir para o
aumento de produtividade decorrentes do aumento
dos salários como sugerido pela teoria dos
salários-eficiência - a) aumento do esforço
- b) redução da rotatividade
- c) atração de melhores trabalhadores
- d) melhorar a moral dos trabalhadores empregados
- e) melhorar o estado nutricional dos
trabalhadores.
10As teorias de salário-eficiência
- Assumindo que as firmas maximizam os lucros, o
único modo de explicarmos porque as firmas não
reduzem os salários em face do excesso de oferta
de mão-de-obra é o de postular que ele iria levar
a uma redução nos seus lucros e o fizessem.
11Introdução Questões
- Em janeiro de 1914, Henry Ford instituiu um
salário de US 5 diários em sua fábrica de
automóveis. -
12Questões
- Ele fez isso com o objetivo de aumentar os
lucros de sua empresa? - Qual a intenção do programa? Estava Ford
simplesmente interessado na atração de
trabalhadores qualificados? - O incremento salarial do programa afetou
positivamente a produtividade dos trabalhadores?
13I O período precedente à experiência de Ford
- Esta seção se baseia sobre a história da Ford
feita por Nevins, Ford (1954), e sobre o estudo
de Meyer, The Five Dollar Day (1981). - Nevins retrata Ford como um idealista que tentou
fazer o melhor pelos seus trabalhadores. Meyer vê
a questão em termos de luta pelo controle do
ambiente de trabalho entre Ford e seus
trabalhadores. - A questão sobre se Ford estava tentando
maximizar seus lucros escapa a ambos autores, que
estavam mais preocupados em analisar o que
aconteceu.
14I.1.Retrospectiva geral
- A Ford Motors Company foi fundada em 1903 e
permaneceu bastante pequena nos 5 anos seguintes.
- Em 1908 ela tinha apenas 450 empregados e
produziu 10.607 automóveis, com uma participação
de 9,8 do mercado norte-americano. - A maioria dos empregados da empresa era
constituída por hábeis artesãos. A Ford era vista
como um conjunto de oficinas de artesãos em vez
de uma planta industrial integrada(Meyer, 1915).
15I.1.Retrospectiva geral
- Em 1910, aproximadamente dois terços dos
trabalhadores, fossem supervisores ou mecânicos,
eram classificados como altamente qualificados
ou qualificados. - A montagem dos automóveis dependia em grande
medida da habilidade dos trabalhadores em
encaixar as diferentes peças. As diferentes
partes dos automóveis eram produzidas por
diferentes oficinas externas. Portanto não
estavam sujeitas a um critério de padronização.
16I.1.Retrospectiva geral
- O período compreendido entre 1908-1914 conheceu
drásticas mudanças no método e escala de produção
da Ford. - Por volta de 1908, Ford fixou-se sobre o desenho
do modelo T ou Ford Bigode e se propôs a
fabricar apenas este modelo. - O processo produtivo foi simplificado pelo
redimensionamento das oficinas de modo a
minimizar deslocamentos desnecessários de
trabalhadores e de peças.
17I.1.Retrospectiva geral
- As modificações permitiram que a produção da
fábrica fosse multiplicada em relação ao período
anterior às mudanças. - Em 1913, antes da introdução do dia de US 5, o
número de trabalhadores da Ford tinha aumentado
para 14.000. - A produção aumentou 5 vezes em relação aos cinco
anos seguintes, para 248.307 automóveis.
18Instalação da primeira linha de montagem na Ford
Motors Company - 1913
Ford installs first moving assembly line1913
Moving assembly line at Ford Motor Company's
Michigan plant
191914 Model T Frame at Highland Park
20Ford T - 1914
21Linha de Montagem do Ford T - 1914
22I.1.Retrospectiva Geral
- As mudanças nos métodos de produção que foram
possíveis pela introdução da linha de montagem
foram associadas com mudanças ainda maiores na
força de trabalho da Ford. - Por volta de 1914, três quartos da força de
trabalho eram de origem estrangeira e mais da
metade oriundos de regiões não-industrializadas
do sul e do leste da Europa.
23I.1.Retrospectiva geral
- Existiam amplas evidências de que os empregos
poderiam ser facilmente preenchidos, pois eram
facilmente aprendidos. - Um estudante de engenharia de Yale, que
trabalhou na Ford durante suas férias de verão,
constata esse fato A divisão do trabalho tem
sido levada a efeito a tal ponto que a esmagadora
maioria dos empregos consiste de poucasoperações
muito simples. Na maioiria dos casos, um completo
domínio das tarefas não leva mais que cinco
minutos.
24I.1.Retrospectiva geral
- Todo o treinamento que um homem recebe referente
ao seu emprego consiste de uma ou duas
demonstrações pelos seu supervisor ou pelo
trabalhador que já tem o domínio completo das
tarefas. Depois do treinamento, o empregado
recém-contratado já é qualificado como homem da
produção.
25I.1.Retrospectiva geral O problema da
rotatividade da mão-de-obra
- A insatisfação dos trabalhadores da Ford nessa
época era visível. - Em 1913, a rotatividade anual na planta da Ford
alcançou 370. Ford tinha contratado 50.446
operários ao longo de um ano para manter a média
da força de trabalho em 13.623. - Um relatório da companhia revelou que
aproximadamente 7.300 trabalhadores deixaram a
empresa em março de 1913. Destes, cerca de 18
foram despedidos e 71 abandonaram o trabalho,
dentre outras situações.
26I.1.Retrospectiva geral O problema da
rotatividade da mão-de-obra
- A alta taxa de rotatividade na Ford, nesse
período, pode ser explicada, dentre outros
fatores, pela arbitrariedade de alguns
contramestres, rotinização das tarefas,
injustiças salariais e inadequações nas condições
de trabalho da fábrica. - A sindicalização dos trabalhadores da Ford
estava ainda muito distante.
27I.1.Retrospectiva geral O problema do
absenteísmo
- Outro problema igualmente preocupante para a
Ford, além da excessiva rotatividade, era a alta
taxa de absenteísmo R S, 64. - Em 1913, a taxa diária de absenteísmo era de
10. Isto significava que, em média, num dia
normal seria necessário substituir 1.300 ou 1.400
trabalhadores, sendo eles inexperientes na tarefa
que iriam realizar.
28I.1.Retrospectiva geral
- Apesar desses problemas, a empresa era um
sucesso. - O nicho de mercado da Ford tinha emergido como
um claro monopólio na produção de automóveis
relativamente baratos, vendidos por US 600 ou
menos. - Em 1913, o modelo T tinha 96 do mercado.
Durante os 5 anos anteriores a março de 1913, os
lucros médios representaram 118 dos ativos
tangíveis. Em 1912, essa cifra havia subido para
132. Mesmo se as vendas totais declinassem para
apenas 31 do total, ainda assim a Ford teria
lucro.
29I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- As motivações para introduzir o salário de US 5
em janeiro de 1914 são difíceis de serem
explicadas. - Os biógrafos de Ford certamente são
inconsistentes com as verdadeiras intenções do
mesmo em adotar o programa. - Mas existem registros históricos suficientes de
modo a permitir se chegar a algumas inferências a
respeito da intenção de Ford.
30I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- A explicação mais simples sugerida pela Teoria
Econômica para o fato de uma firma aumentar
significativamente os salários pagos aos seus
trabalhadores envolve a possibilidade de que ela
não foi capaz de atrair uma quantidade suficiente
de mão-de-obra com a qualidade desejada. - A inabilidade para atrair trabalhadores pela
empresa seria resultado tanto dos baixos salários
como de aspectos desagradáveis envolvendo o
trabalho.
31I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- Mas não parecia ser esse o caso da Ford. Em
1913, as filas de trabalhadores em frente da Ford
em busca de emprego eram imensas. - Não existia qualquer evidência de que a empresa
tivesse vagas ociosas em decorrência dos salários
oferecidos. No início do verão de 1913 a oferta
de mão-de-obra disponível deve ter aumentado em
decorrência da recessão nos EUA.
32I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- A tabela 1 p.65 mostra que o número de pessoas
recebendo auxílio-desemprego nos condados
incluindo Detroit aumentou em cerca de dois
terços entre o período de julho de 1912 e junho
de 1913, bem como no período análogo no ano
seguinte. - Não é, portanto, plausível que a escassez de
trabalho, seja em que extensão tenha existido,
fosse particularmente aguda no inverno de 1914.
33Tabela 1 - Auxílio aos pobres no condado de
Wayne, Michigan, 1910-1915
- Período
N de auxílios - Julho de 1910-Junho de 1911
5.724 - Julho de 1911-Junho de 1912
5.768 - Julho de 1912-Junho de 1913
5.266 - Julho de 1913-Junho de 1914
8.932 - Julho de 1914-Junho de 1915
19.085 - Julho de 1914-Junho de 1915
9.047 - Fonte Garrity(1940)
- Auge da recessão
34I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- Os autores consideram que também não seria
plausível que a Ford escolhesse aumentar os
salários para atrair trabalhadores mais
qualificados. - O conjunto de mudanças técnicas neste período
implantadas na Ford moveu-se em direção à
contratação de trabalhadores menos qualificados. - Na hipótese de ceteris paribus, esse fato
deveria conduzir à predição de que os salários
deveriam diminuir, não o oposto.
35I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- Os autores levantam duas outras possíveis
explicações - a)Ford pode ter aumentado os salários como um
esforço para elevar a produtividade, reduzindo a
rotatividade e o absenteísmo - b) tentativa de resolver um problema de moral
hazard. Essas são as explicações padrão da teoria
do salário-eficiência para justificar a elevação
dos salários - c) Alternativamente, Ford pode ter elevado os
salários, segundo os autores, por alguma razão
pessoal mostrar generosidade ou se tornar
famoso.
36I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- Está claro que, durante algum tempo, antes da
introdução do dia de US 5, a administração da
Ford se preocupou com a questão da motivação da
mão-de-obra e suas consequências para a
produtividade. - Originalmente, a empresa não tinha tido nenhuma
idéia particular ou estratégia para motivar a
força de trabalho.
37I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- John P. Lee, o primeiro administrador pessoal de
Ford, ultimamente tinha descrito a evolução do
estado das relações de trabalho na empresa - Nós iniciamos por avaliar algo a respeito do
valor relativo para a empresa, tanto dos
trabalhadores, como dos materiais e máquinas, e
confesso que nesta época nós acreditávamos que as
máquinas e os insumos tinham muito mais
importância que os trabalhadores(1916).
38I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- No verão de 1913, a administração da Ford
incumbiu Lee da realização de um estudo das
condições de trabalho na empresa, incluindo as
preocupantes taxas de rotatividade. - Lee comparou o que ele tinha encontrado com o
que ele tinha visto em outras fábricas e fez um
relatório, onde apontou as principais causas de
insatisfação e de intranqüilidade entre os
trabalhadores da Ford.
39I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- (i) Turnos excessivos de trabalho
- (ii) Baixos salários
- (iii) Más condições de moradia, problemas e
influências domésticas negativas - (iv) Insalubridade e outras condições
inadequadas de trabalho na fábrica - A mais importante das causas listadas foi a
insatisfação generalizada dos operários com seus
contramestres, onde aqueles se vingavam destes
retardando o trabalho.
40I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- Seguindo o estudo de Lee, em outubro de 1913 a
Ford instituiu um programa com o objetivo de
conter a insatisfação dos trabalhadores. - Uma das medidas foi a elevação dos salários em
15. Também a estrutura de pagamentos foi
racionalizada. Adotou-se um programa de
salários-habilidade no qual o pagamento dos
operários era baseado numa fórmula envolvendo
tempo de serviço e desempenho.
41I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- Eliminou-se a possibilidade de os contramestres
despedirem os operários arbitrariamente,
centralizando-se a decisão de contratar e demitir
trabalhadores no Departamento Pessoal. - Duas considerações devem ser feitas em relação a
esse programa Na extensão em que as reformas
adotadas em outubro de 1913 tivessem sido
bem-sucedidas em resolver os problemas da
mão-de-obra, ficaria difícil atribuir a decisão
de introduzir o programa de US 5 às
considerações do salário-eficiência.
42I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- Por outro lado, se o programa de outubro tivesse
melhorado mas não resolvido os problemas de
mão-de-obra na Ford, seria razoável ver no
programa de US 5 uma espécie de segunda etapa do
programa de outubro direcionado ao aumento da
produtividade. - A informação limitada que está disponível dá
suporte à segunda interpretação. Lee, na
descrição do programa de US 5 trata as reformas
de outubro e de janeiro como se fossem um único
programa.
43I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- A observação de que a rotatividade declinou em
outubro, mas elevou-se novamente em novembro e em
dezembro dão suporte a essa alternativa. - Os autores consideram que a possibilidade de
Ford ter adotado o dia de US 5 apenas por
questões de magnanimidade ou apenas para ficar
famoso deve ser levada em consideração, embora o
próprio Ford não considerasse o seu programa como
um ato de filantropia. A Reuters e outras
agências de notícias internacionais tinham vários
correspondentes em Detroit.
44I.1.Retrospectiva geral as motivações para
introduzir o novo programa
- O programa de US 5 foi projetado para custar
cerca de US 10 milhões, o que equivalia à metade
dos lucros anuais da empresa. - Não houve qualquer objeção dos acionistas da
Ford a essa iniciativa, o que demonstra que o
programa tinha sido estabelecido de tal forma que
todos pudessem lucrar com o mesmo, sejam
acionistas ou trabalhadores.
45II. The Five-Dollar Day Program
- A nova política foi anunciada com floreios
retóricos, mas sem muita publicidade, em 5 de
janeiro de 1914. - A sentença de abertura fixava o tom A Ford
Motor Company, a maior e mais bem-sucedida
empresa do ramo no mundo, irá, em 12 de janeiro,
inaugurar a maior revolução em matéria de
recompensas para seus trabalhadores, algo jamais
feito no mundo industrial.
46II. The Five-Dollar Day Program
47II. The Five-Dollar Day Program
- A jornada de trabalho foi reduzida de 9 para 8
horas diárias. - O salário diário aumentou de US 2,34 para US 5
para aqueles trabalhadores que fossem julgados
qualificados. - A compensação extra paga aos trabalhadores foi
vinculada, sendo feita na forma de participação
nos lucros da empresa. Ao mesmo tempo, várias
políticas da Ford foram alteradas.
48II. The Five-Dollar Day Program
- Foram estabelecidas três condições principais
para a participação no programa - (i) Apenas os homens com mais de 22 anos de
idade poderiam participar do programa - (ii) Os trabalhadores tinham de ter pelo menos 6
meses de trabalho na Ford - (iii) Segundo um panfleto da Ford um
trabalhador é colocado na lista de participantes
do lucro da empresa, somente depois de
cuidadosamente observado, de modo que a companhia
esteja satisfeita com o seu serviço.
49II. The Five-Dollar Day Program
- O Departamento Sociológico, composto de uma
equipe de investigadores e um staff de suporte
formada por intérpretes, motoristas, dentre
outros foi atribuída a tarefa de avaliar quais
trabalhadores poderiam participar do programa.
50II. The Five-Dollar Day Program
- O paternalismo é uma das explicações para o
fato de mulheres e jovens ficarem de fora do
programa. - No entanto, um contemporâneo observou
cinicamente mulheres não trabalham em linhas
de montagem e provavelmente não bebem, nem faltam
ao serviço. Também não ficam mudando de emprego.
Assim, não há razão para serem incluídas no
programa.
51II. The Five-Dollar Day Program
- Um dos biógrafos de Ford, Nevins, sugeriu que a
exigência dos 6 meses de trabalho na Ford para
participar do programa teria como objetivo
reduzir a rotatividade e recompensar a
experiência. - O conjunto das exigências para a participação no
programa é consistente com a possibilidade de que
Ford estava perseguindo uma estratégia de
salário-eficiência.
52II. The Five-Dollar Day Program
- A moderna análise teórica dos modelos de
salário-eficiência, baseados seja sobre o
estímulo ao esforço ou considerações sobre a
rotatividade, sugere que as firmas lucrarão mais
com a preferência por salários relativos à idade
do que perfis de produtividade relacionados ao
salário. - Os incentivos de desempenho serão limitados em
seu alcance pelo receio dos trabalhadores de que
a firma renegue seu compromisso caso consigam um
desempenho superior ao estabelecido como meta.
53II. The Five-Dollar Day Program
- Assim, o pagamento de salários-eficiência é
previsto para coincidir com o uso limitado de
incentivos, como no caso de trabalhadores mais
experientes. - Nevins cita especificamente o receio de que Ford
tinha de despedir trabalhadores antes dos 6 meses
de estágio probatório, mas evitava um período de
estágio maior.
54II. The Five-Dollar Day Program
- A maioria das narrativas históricas sobre o dia
de US 5 concentra grande parte de sua
discussão sobre o papel do Departamento de
Sociologia na regulação dos hábitos dos
trabalhadores da Ford. - Tanto Lee como Ford faziam isso. Eles disseram
que o ensinamento de bons hábitos era uma
obrigação moral da empresa. Panfletos eram
distribuídos aos trabalhadores onde se tratava de
questões como higiene e poupança pessoal.
55II. The Five-Dollar Day Program
- Alcoolismo, vício em jogos de azar,
desorganização pessoal, consumo de alimentos não
nutritivos e falta de entusiasmo para poupar
representavam fatores potenciais de exclusão dos
lucros. - Os 150 inspetores do Departamento de Sociologia
visitavam as casas de todos os trabalhadores para
se certificar de que estes estavam cumprindo os
requisitos estabelecidos pela Ford, antes que
pudessem participar da distribuição de lucros.
56II. The Five-Dollar Day Program
- Os trabalhadores que fossem desqualificados da
participação nos lucros poderiam ser readmitidos
no programa, desde que cumprissem estritamente as
instruções do Departamento Sociológico. Se
cumprissem apenas parcialmente, receberiam
parcialmente aquilo a que teriam direito. - Uma vez perdida, a participação nos lucros de um
trabalhador era destinada à caridade, até que
este a pudesse receber novamente.
57II. The Five-Dollar Day Program
- A cifra de trabalhadores que participavam do
programa varia. Ford afirmava que somente 1 de
seus trabalhadores não recebiam no mínimo US 5
por dia. - Lee escreveu em 1916 que 69 da força de
trabalho estava qualificada para a participação
nos lucros dentro dos primeiros 6 meses de
vigência do plano, subindo para 87 depois de um
ano , e para 90 na metade de 1916.
58II. The Five-Dollar Day Program
- Os autores consideram que dois elementos do
programa de US 5 mereceriam uma discussão à
parte - (i) Em primeiro lugar, se as recompensas
funcionavam, por um lado, como um estímulo ao
trabalhador, havia a ameaça de que trabalhadores
ineficientes seriam demitidos. - A estratégia de evitar demissões por puro
capricho por meio da estabilidade no emprego,
enquanto ao mesmo tempo era mantida a ameaça para
punir os faltosos com a demissão está de acordo
com a teoria do salário-eficiência.
59II. The Five-Dollar Day Program
- (ii) Em segundo lugar, os executivos da Ford
faziam questão de acentuar publicamente que o
programa era caracterizado como participação nos
lucros e não um aumento de salários. - A intenção disto era transmitir a idéia de que
os pagamentos extras eram prêmios para os
trabalhadores, em vez de pagamentos a que eles
teriam direito líquido e certo.
60II. The Five-Dollar Day Program
- O fato de que os lucros estavam sendo
partilhados com os trabalhadores foi considerado
como justificativa para que a empresa
condicionasse os pagamentos aos trabalhadores que
fossem parcimoniosos com seu salário. - Classificar os pagamentos de participação nos
lucros também tornava claro que a companhia não
se sentiria obrigada a fazê-los, e certamente não
poderia manter a promessa de continuar os
pagamentos se sua própria riqueza estivesse sendo
dilapidada. De fato, o programa foi anunciado
como um experimento com o qual a Ford se
comprometeria por um ano.
61III Os Novos Salários da Ford Foram Competitivos?
- Os autores argumentam que as evidências
disponíveis sugerem que a Ford estava pagando um
salário de nível mais elevado do que o necessário
para o tipo de mão-de-obra que estava atraindo, o
que não significaria necessariamente que estaria
pagando salários-eficiência. Poderia simplesmente
estar pagando salários elevados. - Para os autores, as evidências de que o dia de
US 5 representava um salário acima do nível
competitivo são muito fortes.
62III Os Novos Salários da Ford Foram Competitivos?
- Na seqüência à introdução do programa, longas
filas se formaram em busca de emprego na Ford. - Existem evidências de que um excesso de oferta
de mão-de-obra procurando emprego na Ford
persistiu, mesmo depois que os portões da fábrica
foram fechados para impedir a entrada de novos
candidatos em busca de emprego.
63III Os Novos Salários da Ford Foram Competitivos?
- Grandes massas de trabalhadores migraram para
Detroit em busca de trabalho na Ford. - Em decorrência disso, a empresa adotou uma
norma(screening), que estabelecia que nenhum
candidato a uma vaga na Ford que morasse em
Detroit há menos de 6 meses poderia ser
contratado.
64III Os Novos Salários da Ford Foram Competitivos?
- Outra evidência dos salários acima do nível
competitivo pagos pela Ford foi o tipo de reação
das outras empresas automobilísticas em Detroit. - Nevins afirma que o programa beneficiou toda a
indústria automobilística em Detroit, por meio do
inchaço de mão-de-obra que provocou na cidade.
65III Os Novos Salários da Ford Foram Competitivos?
- Os economistas tradicionalmente respondem às
evidências desse tipo, sugerindo que o incremento
nos salários pela Ford tinha a intenção de que
melhorar a qualidade da mão-de-obra que era
atraída pela empresa. Neste caso, o aparente
excesso de oferta de mão-de-obra teria refletido
apenas os baixos níveis de habilidade dos
trabalhadores que estavam em busca de emprego, em
relação aos que estavam já empregados. - Os autores não concordam com essa linha de
argumentação no caso em questão, já que a Ford
não substituiu a mão-de-obra existente por outra
mais qualificada ao aumentar os salários.
66III Os Novos Salários da Ford Foram Competitivos?
- Um contemporâneo comenta A Ford não deseja
mudar o atual padrão de trabalho em sua planta.
Três quartos da mão-de-obra são de origem
estrangeira um grande número não fala inglês e
são ordinariamente bem ajustados para a
mão-de-obra comum. - O incremento adicionado pelo plano de salários
não resultará, portanto, na atração de
trabalhadores muito mais bem preparados, os quais
substituiriam a presente mão-de-obra.
67III Os Novos Salários da Ford Foram Competitivos?
- Se o objetivo foi atrair melhores trabalhadores,
os autores consideram difícil entender por que a
Ford excluiria trabalhadores de outras
localidades que não Detroit. - Os autores também consideram que as longas filas
em busca de emprego na Ford parecem confirmar a
visão de que os altos salários pagos pela empresa
eram meramente uma compensação por condições de
trabalho desagradáveis. Apontam que o
comportamento dos trabalhadores dentro da fábrica
lança dúvidas sobre os efeitos da compensação
68III Os Novos Salários da Ford Foram Competitivos?
A queda da rotatividade
- A rotatividade declinou bruscamente após a
introdução do dia de US 5. - Um contemporâneo, Abell, relata que a taxa de
rotatividade caiu 87 entre março de 1913 e
março de 1914. - Outro contemporâneo, Fisher, concluiu que a
rotatividade caiu de 400 para 23 de outubro de
1912 a outubro de 1913 e no ano seguinte. - Slichter diz que a taxa de rotatividade era de
370 em 1913, caindo para 54 em 1914.
69III Os Novos Salários da Ford Foram Competitivos?
- As evidências sobre se o dia de US 5 foi
eficiente como compensação para as condições de
trabalho na Ford parecem conflitantes. - Os autores acham justo inferir que o dia de US
5 representou uma decisão de pagar mais que o
necessário para atrair trabalhadores, pois com o
custo de oportunidade da mão-de-obra constante ou
em queda, seria difícil explicar a decisão de
outra forma. No entanto, Ford declarou que o
programa foi uma das melhores formas de cortar
custos que nós jamais fizemos.
70IV- O dia de US 5 foi lucrativo? Por quê?
- Algumas estatísticas sobre os lucros da Ford são
mostradas na tabela 2. - Os lucros aumentaram permanentemente, tanto em
termos reais, como em termos nominais em 1914 e
1915. - Considerando o custo do programa em US 10
milhões, o lucro da Ford após um ano de
introdução do programa foi de mais de US 20
milhões.
71Tabela 2 Renda Líquida da Ford Motor Company
- Nominal(US)
Real(US) - 1910 4.153.461
4.153.461 - 1911 7.338.558
7.413.464 - 1912 13.542.678
13.139.301 - 1913 27.087.204
26.452.347 - 1914 31.757.769
30.419.318 - 1915 40.307.167
36.901.187 - US de 1910
- Fonte Nevins(1954, pg 647). Os valores reais
usam o deflator do PIB norte-americano do
Departamento de Comércio dos EUA(1954, pg 224)
72IV- O dia de US 5 foi lucrativo? Por quê?
- Abell fornece uma estimativa dos ganhos de
produtividade resultantes do programa. Suas
conclusões se fundamentam nos arquivos da Ford. - Segundo ele, entre 1913 e 1914 a Ford produziu
15 mais carros diariamente, com cerca de 2.000
trabalhadores a menos (ou 14 do total), além de
uma redução no número de horas trabalhadas por
trabalhador. - Mesmo sem levar em consideração qualquer
incremento no valor adicionado ou a redução nas
horas trabalhadas, aqueles números sugerem cerca
de 30 de incremento na produtividade da Ford.
73IV - O dia de US 5 foi lucrativo? Por quê?
- Lee calculou que o programa aumentou os salários
em 105. - Efetivamente, os custos do trabalho aumentaram
apenas 35, implicando numa melhoria de 50 da
produtividade. - Essas estimativas são confirmadas pelas
informações quantitativas disponíveis. A tabela 3
apresenta algumas informações sobre o custo de
fabricação de um chassi do modelo T. - Apesar do aumento da folha de pagamentos, os
custos totais declinaram entre dezembro de 1913 e
dezembro de 1914, mesmo contabilizando
integralmente a mão-de-obra alocada.
74Tabela 3-Custo selecionados do chassi do modelo T
- 1913-1915
Período Insumos () Mão-de-obra () Despesas gerais ()
12/1913 122.23 17.03 22.66
03/1914 105.07 23.54 31.40
06/1914 106.29 26.18 34.94
07/1914 94.69 25.86 34.54
12/1914 99.28 24.39 32.52
75IV - O dia de US 5 foilucrativo? Por quê?
- Para isolar qualquer incremento na produtividade
que se seguiu à introdução do dia de US 5, os
autores estimaram regressões múltiplas
relacionando o log da produtividade, que foi
medida usando alternativamente o total de horas
de trabalho na produção como denominador,
dummies sazonais , uma tendência de tempo e,
alternativamente, dummies sazonais para 1914 e
para 1915. - Obs Os dados são mensais e o período analisado
é 1912-1918. Os resultados são mostrados na
tabela 4.
76Tabela 4 Efeito do dia de US 5 sobre a
produtividade (p.77)
Dummy com relação ao período Log (produto por trabalhador na produção) Log (produto do total da força de trabalho)
1914 0.655 (0.164) 0.528 (0.177)
1914-1915 0.530 (0.155) 0.414 (0.166)
77IV- O dia de US 5 foi lucrativo? Por quê?
- Os autores também procuraram mensurar o aumento
da produtividade por um processo alternativo,
considerando os efeitos sobre os preços do dia de
US 5. - Se este representasse um incremento substancial
no custo, se esperaria um incremento normal nos
preços e uma diminuição nos lucros como
resultado. A tabela 5 apresenta algumas
informações sobre preços. - Estes continuaram sua tendência de queda
verificada no período anterior. Os lucros se
comportam razoavelmente bem, apesar da queda nos
preços.
78Tabela 5 Preço do Modelo T (1910-1921) (p.77)
Ano Preço nominal () Preço Real ()
1910 950 950.0
1911 780 787.9
1912 690 669.4
1913 600 585.9
1914 550 526.8
1915 490 448.6
1916 440 359.3
1917 360 236.7
1918 450 263.1
1919 525 269.0
1920 507 227.9
1921 397 214.0
79IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- Os autores discutem a questão de se o dia de US
5 foi de fato o responsável pelo aumento na
produtividade ou apenas houve coincidência com a
introdução de tecnologias productivity-enhancing.
- Para responder a esta questão, foram examinados
possíveis mecanismos de transmissão do aumento
dos salários para a produtividade, como será
visto em seguida.
80IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- As teorias do salário-eficiência, dentre as
várias existentes, baseadas em considerações de
seleção sustentam o ponto de vista de que altos
salários são pagos para atrair indivíduos
altamente qualificados e para fazer com que os
trabalhadores empregados, dado o mais alto custo
de oportunidade do uso de seu tempo, se apliquem
no trabalho. - No entanto, segundo as pesquisas dos autores, a
Ford não estava pretendendo contratar
trabalhadores habilidosos com o programa.
81IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- Uma segunda teoria tem aumentado o papel dos
salários no aumento da produtividade, por meio da
redução da taxa de rotatividade. - Os autores observam que, antes do dia de US 5,
as taxas de rotatividade na Ford tinham alcançado
patamares dramáticos e que eles declinaram
substancialmente após o programa.
82IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- A tabela 6 apresenta a única informação
detalhada que está disponível para meses
específicos, existindo dificuldades em julgar
quanto do declínio drástico nas taxas de
rotatividade entre 1913 e 1914 pode ser atribuído
aos efeitos do programa. - A tabela 7 apresenta a taxa de rotatividade
anual para o período 1913-14.
83Tabela 6 Desligamentos da Ford 1912-1914
(meses selecionados) p.78
Meses 5-Day Men Demitidos (Discharged) Demissão Voluntária (Quits)
12/1912 3.594 176 386
03/1913 5.156 1.276 870
10/1913 322 137 326
03/1914 166 166 115
84Tabela 7 Rotatividade anual(1913-1915) p.79
1913 1914 1915
Média da força de trabalho empregada 13.623 12.115 18.028
Total da força de trabalho demitida 50.448 6.508 2.931
Taxa de rotatividade () 370 54 16
Demissão voluntária ressignation 39.575 5.199 2.871
Layoff 2.383 385 23
Demitidos 8.490 926 27
85IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- Os autores observam que não está claro em que
extensão o programa de outubro de 1913 contribuiu
para a redução da rotatividade, bem como sobre o
papel que a recessão norte-americana do final de
1913 teve nesse sentido. - Raff(1986) argumenta que esse fator contribuiu
em cerca de 50 para a redução na rotatividade da
Ford entre 1913 e 1914.
86IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- Uma terceira teoria alternativa para o modo como
o aumento salarial pôde elevar a produtividade é
que os salários mais altos teriam estimulado o
incremento do esforço. - Supondo que o esforço é verificável apenas como
custo, se os salários são fixados em um nível no
qual existe um custo de utilidade em perder o
emprego, os trabalhadores automaticamente
escolherão trabalhar duro. Assim, altos salários
substituem os custos de monitoramento e controle
dos trabalhadores em suas tarefas.
87IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- As evidências apontam que os trabalhadores
trabalharam mais arduamente após a adoção do
programa. - A tabela 8 mostra uma pronunciada queda no
absenteísmo, bem como nas demissões. Abell(1915)
relata que as demissões caíram 90 entre março de
1913 e março de 1914, enquanto Lee(1916) observa
que ocorreu apenas uma demissão na primeira parte
de 1916.
88IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- A queda nas demissões pode muito bem ter
refletido tanto a alteração das políticas(a
empresa tentando manter seus empregados), como a
melhoria do desempenho dos trabalhadores em
função do aumento do custo da demissão.
89Tabela 8 Absenteísmo na Ford (1913-1914) (p.80)
Período Total de trabalhadores Número ausente Percentual ausente
06/10/1913 12.548 1.250 10.0
06/10/1914 12.645 311 2.5
90IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- Os autores apontam que uma dificuldade da
explicação do incremento da produtividade via
esforço dos trabalhadores é que muitas das
espécies de mal-comportamento destes na Ford eram
fáceis de serem controlados, como o absenteísmo. -
91IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- A introdução da linha de montagem facilitou o
controle. Neste caso, seria de esperar que os
salários caíssem. - No entanto, como observa Mathewsons (1931)
existia amplos espaços na indústria
automobilística para comportamentos de conluio
dos trabalhadores com o objetivo de restringir a
produção.
92IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- Uma outra vertente das teorias do
salário-eficiência baseia-se em considerações
morais, como a que foi exposta por Akerlof
(1982). - Explicações morais, em geral, e as trocas de
presentes como proposta por Akerlof (1982), em
particular, têm recebido relativamente pouca
atenção em relação a outras teorias do
salário-eficiência, sendo plausível que os
salários mais altos possam ter elevado a moral e
contribuído para incrementar a produtividade na
Ford.
93IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- Anteriormente às modificações feitas, não
existia nenhuma dignidade nas condições de
trabalho da Ford. - Os autores apontam evidências de que a nova
situação deixou os trabalhadores bastante
satisfeitos. Passaram a existir muitos clubes da
Ford e sociedades. Nevins (1954) comenta que os
trabalhadores passaram a usar os seus crachás com
orgulhos em festas e em outros eventos sociais.
94IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- Outros aspectos do programa envolviam classes de
ensino de inglês, lições sobre o american way of
life, ensino de civismo, história
norte-americana, instituições dos EUA, assuntos
gerais como eficiência industrial e relações de
trabalho. Tudo isso consistia num programa de
formação de novas atitudes dos trabalhadores da
Ford.
95IV.1 As Fontes de incremento na produtividade
- A Ford, segundo os autores, pode ter pensado no
programa como uma espécie de barganha com os
trabalhadores na tentativa de dissuadi-los a
formarem conluios. - A participação nos lucros também era algo
inovador em relação às crenças pré-estabelecidas.
96Principais conclusões do artigo
- A principal conclusão do artigo de R S (1987)
foi de que a experiência da Ford referente ao
pagamento five dollar a day corrobora,
fortemente, a relevância das teorias de salário
eficiência. - Há um clara evidência de que a introdução do
programa five dólar a day resultou em filas
substanciais para os empregos na Ford. Além
disso, ele provocou significativos aumentos na
produtividade e nos lucros da empresa.
97Principais conclusões do artigo
- A conclusão geral que R S (1987,p.560)
chegaram foi que a experiência da Ford a partir
de janeiro de 1914 sustenta a relevância da
teoria dos salários eficiência. Ainda segundo
eles, a estrutura do programa é consistente com
as predições geradas pela teoria dos
salários-eficiência.
98Principais conclusões do artigo
- R S (1987) destacaram também que, embora a
experiência da Ford seja, de um modo geral ,
consistente com as teorias de salário eficiência,
não é fácil explicarmos o significativo aumento
na produtividade ocorrido na planta de Detroit
completamente em termos dos mecanismos destacados
na literatura sobre salários-eficientes. -
99Principais conclusões do artigo
- (i) era improvável que a elevada rotatividade
fosse extremamente cara e dispendiosa para a
época - (ii) a seleção dos trabalhadores fosse ou
tivesse efeitos importantes - (iii) embora a melhoria na produtividade
estivesse associada a uma notável aumento no
esforço, os aumentos do esforço eram facilmente
monitorados, contrariando as implicações das
teorias baseadas sobre as dificuldades de
monitoramento perfeito.
100Principais conclusões do artigo
- Segundo R S (1987,p.83), é razoável
concluirmos sobre a experiência da Ford com
relação ao programa Five Dollar a Day, que Ford
foi capaz de reduzir a rotatividade entre seus
trabalhadores e extrair um esforço muito mais
intensivo e produtivo. - Tais desenvolvimentos gerenciais complementaram
a revolução no processo de produção a
introdução da linha de montagem assembly line.
101Principais conclusões do artigo
- A Ford em 1913-1914 necessitava manter sua
equipe de trabalho estável. Em 1914, quando a
remuneração diária no setor industrial era de
US2 a 3, Ford introduziu a política de
remuneração de US 5 por dia. - A razão de tal política estava na busca de maior
eficiência da mão-de-obra. O objetivo era atrair
os melhores trabalhadores para que permanecessem
em seus empregos e que isto gerasse maiores
lucros.
102Principais conclusões do artigo - resumo
- A política adotada por Ford foi um sucesso,
pois - 1 a equipe de trabalho se tornou mais
estável - 2 ele pode contratar um grupo cuja
produtividade estava acima da média - 3 o salário mais elevado aumentou a
lealdade e a eficiência de seus empregados -
103Principais conclusões do artigo - resumo
- 4 - houve uma queda acentuada na taxa de
absenteísmo (75 entre outubro de 1913 e outubro
de 1914) e nas demissões por justa causa - 5 - a produtividade aumentou entre 40 a 70
- 6 os lucros da Ford passaram de US 30
milhões em 1914 para 60 milhões em 1916.
104Principais conclusões do artigo - resumo
- Incentivos importam !
- Lazear (1988)
105Personnel Economics is real. Lazear (1998)
106FIM
- Economia dos
- Recursos Humanos