Title: FUNDAMENTOS HIST
1FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL
- Magda Sarat
- (organizadora)
2APRESENTAÇÃO DO LIVRO
- No livro que estamos apresentando, diferentes
decifradores debruçaram-se sobre a História e a
Filosofia, procurando compreender como as
concepções sobre educação e infância se
constituíram. A investigação articulou-se entre
treze pessoas, ou seja, foi um trabalho a vinte e
seis mãos. Os autores entregaram-se à tarefa com
dedicação e afinco, procurando inquirir o
significado da infância e da educação em
pensadores clássicos e contemporâneos. O
resultado está sendo apresentado em dez
capítulos, os quais são expressões das
perspectivas e das trajetórias de cada autor.
3SUMÁRIO
- CAPÍTULO 1
- O SURGIMENTO DO CONCEITO DE INFÂNCIA DO
RENASCIMENTO À MODERNIDADE - Magda Sarat
- CAPÍTULO 2
- INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NAS OBRAS DE ERASMO DE
ROTERDÃ E NORBERT ELIAS - Ademir Gebara e Magda Sarat
- CAPÍTULO 3
- INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE MONTAIGNE
- Carlos Harold
- CAPÍTULO 4
- EDUCAÇÃO NA REFORMA PROTESTANTE AS CONTRIBUIÇÕES
DE MARTINHO LUTERO - Lílian Sarat de Oliveira
- CAPÍTULO 5
- INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS
- Rita Luiz da Rocha
4SUMÁRIO
- CAPÍTULO 6
- INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ROUSSEAU
- Adnilson José da Silva
- CAPÍTULO 7
- INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANT
- Paulo Guilhermeti
- CAPÍTULO 8
- INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH FROEBEL
- Thaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- CAPÍTULO 9
- INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FREINET
- Esméria Saveli, Maiza Taques Margraf Althaus e
Maria Odete Tenreiro - CAPÍTULO 10
- EDUCAÇÃO E FILOSOFIA PARA A INFÂNCIA UMA
DISCUSSÃO CONCEITUAL - Claúdio César de Andrade
5O SURGIMENTO DO CONCEITO DE INFÂNCIA DO
RENASCIMENTO À MODERNIDADEMagda Sarat
- Podemos dizer que a infância, mais do que um
período definido biologicamente, é uma categoria
que surge ao longo das transformações da
sociedade e se torna uma referência histórica,
cultural e social. Assim, a infância
caracteriza-se tanto por períodos em que parece
estar ausente ou não receber nenhuma valorização
como por aquele em que se torna parte da
história, da sociedade e adquire espaço e
importância na vida dos indivíduos adultos.
6O SURGIMENTO DO CONCEITO DE INFÂNCIA DO
RENASCIMENTO À MODERNIDADEMagda Sarat
- É preciso considerar a infância como uma
condição da criança. O conjunto de experiências
vividas por elas em diferentes lugares
históricos, geográficos e sociais é muito mais do
que uma representação feita por adultos sobre
essa fase da vida. É preciso conhecer as
representações da infância e considerar as
crianças concretas, localizá-las nas relações
sociais, etc., reconhecê-las como produtoras de
história (KUHLMANN JÚNIOR, 1998, p. 31).
7PROPOSTA DE ATIVIDADES
- 1 - Historicamente, como se vai constituindo o
conceito de infância? - 2 - Indique evidências no texto que demonstram
que a infância, como conceito, apareceu antes da
modernidade. - 3 - Na sua opinião, as concepções sobre a
infância podem determinar os relacionamentos
estabelecidos entre adultos e crianças? - 4 - Na sua opinião, como a sociedade concebe a
infância atualmente?
8INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- Erasmo situa-se no interior de uma corrente de
pensamento denominada de HUMANISMO e foi o autor
mais universalmente lido e divulgado no início do
século XVI. Em seu escrito mais conhecido, Elogio
à loucura, ele retrata, por meio de uma crítica
ácida a tipos religiosos, a falência do ponto
de vista dele - da antiga grande civilização
cristã, que se havia tornado, por volta do fim do
século XV, algo feito de formas vazias,
cerimônias, dogmas e rituais, tendo sua vida
desaparecido (NISBET, 1982, p. 201).
9INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- Entre suas obras sobre educação, o livro A
Civilidade Pueril refere-se basicamente a um
conjunto de comportamentos que deveriam ser
incentivados no processo de instrução, ensino e
educação das crianças, tendo em vista uma
sociedade em que a postura, os gestos, o
vestuário, as expressões faciais denotavam o ser
dos homens. Erasmo busca construir um discurso
que coloca politicamente a questão da educação
como procedimento indispensável aos processos de
integração social. Ao dar forma escrita às suas
idéias, ele explicita que sua finalidade é
ampliar a adoção dos comportamentos dos setores
mais proeminentes da sociedade de corte e colocar
seu ensino ao alcance de todos os outros meninos
....
10INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- Assim, quando trata das questões referentes à
convivência social, Erasmo dá expressão à
universalidade e à historicidade do problema e
propõe que as regras de civilidade sejam
extensivas a todas as classes os pobres
orgulhar-se-ão de receberem uma educação
semelhante à dos príncipes (ERASMO apud
FIGUEIRA, 1995-1996). Essa igualdade ou
aproximação de todas as classes sociais é uma
necessidade que começa a se desenhar no início da
modernidade, e Erasmo, produzindo suas obras
nesse contexto de efervescência e de
transformações sociais, culturais e políticas, é
um autor que lhe confere voz.
11INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- A Civilidade Pueril é um texto que, com suas
lições de civilidade e de educação, pode ser
considerado um documento atual, uma vez que, com
o objetivo de normatizar o convívio social,
Erasmo defende uma educação que inclui todos os
indivíduos. Conforme aponta Figueira (1995-1996,
p. 4), cada nova época histórica precisa ensinar
aos seus membros as regras da sua convivência
social.
12INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- Nesse texto, que foi dedicado ao filho de um
príncipe, mas que era extensivo a todos os
meninos, ele defende que a educação das crianças
deveria ser desenvolvida em etapas, respeitando
algumas particularidades de suas faixas etárias.
Assim, Erasmo ensina que a arte de instruir
criança consta de diversas etapas. A primeira, e
a principal, consiste em fazer com que o espírito
ainda tenro receba as sementes da piedade a
segunda, que tome amor pelas belas artes e as
aprenda bem a terceira, que seja iniciada nos
deveres da vida a quarta, que se habitue, desde
cedo com as regras da civilidade (ERASMO apud
FERACINE, 1995-1996, p. 5).
13INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- Esta perspectiva de aprendizagem dos
comportamentos sociais que levaram os indivíduos
à civilização e provocaram não somente um melhor
convívio social, mas a reorganização da sociedade
de corte européia, no tocante à história dos
costumes e comportamentos, e que hoje nos parecem
básicos, é fundamental na obra de Norbert Elias
(O Processo Civilizador - volumes I e II). É esse
o autor que será abordado neste trabalho,
juntamente com Erasmo
14INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- Elias valeu-se dos manuais de civilidade de
Erasmo para escrever a teoria dos processos
civilizadores. Seu objetivo foi expor o modo como
a sociedade passou a ser civilizada e aprendeu
comportamentos que, embora hoje nos pareçam
naturais, foram construídos no curso de um
processo extenso e de longa duração, como nos
mostra a história. Esse processo, no qual, de
alguma forma, todos os indivíduos estão imersos,
também pode ser chamado de educação.
15INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- Os manuais de civilidade que foram pesquisados
por Elias apontam para uma nova forma de
comportamento, que se firma mais amplamente a
partir do século XV, com as publicações que o
advento da imprensa e do livro tornou possíveis.
Assim, o processo de civilização dos costumes,
que foi construído e preconizado pelos manuais,
permitiu a internalização de comportamentos desde
a infância, tornando-se parte da estrutura
psicológica dos homens do século XVI.
16INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- Nesse contexto, pode-se dizer que o livro e o
humanismo são dois aspectos fundamentais para que
Elias se fundamente nos escritos de Erasmo O
livro de Erasmo trata de um assunto muito
simples o comportamento de pessoas em sociedade
e acima de tudo, embora não exclusivamente do
decoro corporal externo (ELIAS, 1994a, p. 69).
Segundo ele, esse decoro do qual fala Erasmo foi
construído e ensinado pelos manuais de
civilidade, buscando uma mudança de
comportamentos nas relações estabelecidas entre
seus componentes, a fim de tornar a sociedade
mais educada dentro dos padrões propostos pelas
novas exigências do período que se inaugurava na
Europa.
17INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- A forma e a composição do tratado de Erasmo,
segundo Elias (1994a), é determinada por uma
grande preocupação social com sua época. A
linguagem clara, polida, irônica às vezes, mas de
uma absoluta precisão, destaca o que deveria ser
verificado e o que poderia constituir-se num
comportamento aprendido. Além disso, apesar das
críticas que o texto sofreu posteriormente, Elias
(1994a) chama a atenção para o fato de ele ter
sido escrito num período de transição, quando
esse novo homem se achava em formação.
18INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- É possível dizer que, em seu manual, Erasmo
preocupou-se com o processo educativo e de
formação desse novo homem, procurando incluir as
crianças. De fato, ele estabelecia regras claras
para elas, considerando os níveis de seu
envolvimento com as instituições sociais e
apontando a necessidade de prepará-las para uma
vida em sociedade. Além disso, ele acreditava na
educação como um processo de desenvolvimento que
permitia ao ser humano potencializar todas as
capacidades que o diferenciavam dos animais. A
educação faria a diferença no sentido de que
ninguém de fato, pode escolher seus pais ou
pátria, mas todos podem esculpir a própria
personalidade pela educação (ERASMO apud,
FERACINE, 1995-1996).
19INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- Nesse sentido, o processo de civilização ou de
impressão de regras e valores, que foi incutido
na sociedade ao longo de períodos mais extensos,
começa a ser pensado também para as crianças por
meio de um processo educativo voltado para elas.
A infância passa a ser vista como período de
preparação para a vida adulta. Nesse período, ela
deveria aprender de acordo com as normas do seu
grupo, adquirindo e ampliando o conhecimento
necessário para viver com seus pares. É possível
perceber que todo o conhecimento aprendido e
acumulado ao longo dos séculos e que se tornou
uma referência internalizada na sociedade, sendo
parte da natureza humana, precisava ser repassado
às crianças como garantia de continuidade das
gerações.
20INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- A contribuição fundamental do pensamento de
Erasmo, nessa tentativa de humanizar as relações
e formar um novo homem de acordo com o momento
histórico em que ele estava vivendo, ultrapassa
seu tempo. Sua concepção vai inspirar Elias a
pensar também no homem, no modo como este se
civiliza e se afasta de suas características mais
animalescas, buscando um processo de convivência
social caracterizado pelo diálogo, pela polidez,
pela capacidade de controle e autocontrole das
suas emoções. Tal processo pode fazer com que
este homem se torne uma pessoa mais sociável,
mais tolerante e mais capaz de conviver com as
outras pessoas.
21INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ERASMO E NORBERT
ELIASAdemir Gebara e Magda Sarat
- Percebe-se que o intuito dos dois teóricos foi
refletir e teorizar sobre as relações sociais e o
modo como estas são estabelecidas pelos
indivíduos, os quais buscam sempre se aproximar
de qualidades que os tornem seres sociais aceitos
não somente por si mesmos, mas também pelos seus
pares. Assim, é possível perceber que as
contribuições tanto de Erasmo quanto de Elias nos
remetem a uma profunda crença no homem e na sua
capacidade de buscar relacionamentos que
construam uma sociedade mais humana.
22PROPOSTA DE ATIVIDADES
- 1 - Erasmo é considerado uma referência do
pensamento renascentista por ter vivido um
período de efervescência e de mudanças.
Considerando as leituras anteriores caracterize
este período de transição. - 2 - Disserte sobre os conceitos de educação e
infância encontrados nas obras de Erasmo e Elias. - 3 - Na sua opinião, como o uso de manuais de
civilidade, boas maneiras e regras de conduta
puderam ser considerados materiais fundamentais
na formação do homem da nova sociedade? - 4 - Relacionando o texto com a atualidade, quais
as aproximações que poderíamos fazer entre
educação formal e boa educação, proposta
evidenciada por Erasmo na Civilidade Pueril? - 5 - Na sua opinião, atualmente, a formação de
professores pode dar conta do tipo de educação
preconizada pelos autores em questão?
23INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE MONTAIGNECarlos
Harold
- Filosoficamente, Montaigne inseriu-se em um
contexto de transição, questionando radicalmente
as pretensões do pensamento humano de apreender
"a verdade" sobre todo e qualquer assunto. Ao
fazer isso, o filósofo trouxe para a modernidade
o Ceticismo, escola filosófica sistematizada por
Pirro de Elis (360-270 a.C.), mas cujas raízes
são encontradas nos sofistas do século V a.C. É
com essa defesa da incapacidade humana para
conhecer e da dúvida sobre tudo o que era dito,
que o autor dos Ensaios desferiu um dos golpes
mais duros contra a tradição filosófica de seu
tempo. Dessa forma, ele aprofundou as angústias
do homem renascentista, que já questionava aquela
que detinha a autoridade para determinar o que
era o conhecimento correto e justo a Igreja.
24INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE MONTAIGNECarlos
Harold
- Montaigne elaborou uma obra que,
conseqüentemente, não possui a sistematização
encontrada em grandes sistemas filosóficos. No
isolamento de sua torre, seus textos oscilaram
entre os mais variados assuntos, a tal ponto que,
às vezes, ele colocava título em ensaios que
tratavam de outro tema. A firmeza filosófica,
entretanto, permanecia e pode ser observada na
intenção do autor de sempre questionar as
convenções, a arrogância daqueles que pretendiam
defender suas idéias como se fossem
inquestionáveis, transmitindo-as como se fossem
deuses. Pode-se verificar, nessa postura
montaigneana, o sofrimento de viver em um
contexto em que as questões religiosas,
violentamente defendidas por grupos antagônicos,
só produziam ignorância e muitas mortes.
25INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE MONTAIGNECarlos
Harold
- A torre, na qual Montaigne se refugiou, era o
lugar de silêncio absoluto na qual sua
auto-análise poderia ocorrer sem que ele fosse
atrapalhado por ninguém. Foi lá que Montaigne
entregou-se com todo afinco ao entendimento de
seus sentimentos, de suas virtudes, de suas
fraquezas e buscou a melhor maneira de se
comportar para conseguir ser feliz em uma
sociedade em que os exemplos não deviam ser
seguidos. Cada homem deveria encontrar o melhor
caminho para si, um caminho que fosse totalmente
adequado a ele próprio, pois, em uma sociedade
cambaleante, que passava por uma transição que se
acelerava, somente assim seria possível viver sem
produzir ignorância e violência.
26INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE MONTAIGNECarlos
Harold
- Nessas reflexões sobre ele mesmo, a temática
educacional é reiterativa. Afinal, sabendo o
objetivo a ser alcançado e os procedimentos
necessários para se ter uma vida plena de
felicidade, o filósofo sentiu a necessidade de
pensar o processo que formaria o homem capaz de
viver nesse momento, assumindo que não há
verdades a serem buscadas e, conseqüentemente,
transmitidas e/ou ensinadas.
27INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE MONTAIGNECarlos
Harold
- Montaigne defendia o estudo sistemático das mais
variadas ciências, mas de uma forma diferente do
que se fazia até então o conhecimento deveria
assumir um valor prático, concreto, que
possibilitasse ao aluno elaborar e discutir suas
idéias da melhor maneira. Neste caso, vale a pena
salientar, a utilidade do conhecimento, defendida
por Montaigne, apresentava-se como um dos pontos
revolucionários da nova concepção de ciência que
começava a ser pensada e defendida por Bacon,
Bruno, Galileu, Descartes, entre outros.
28INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE MONTAIGNECarlos
Harold
- Atribuindo, então, à prática educativa uma
relevância inegável, Montaigne não valorizava
somente as questões técnico-pedagógicas relativas
ao método e ao conteúdo, mas, sobretudo,
detinha-se cuidadosamente na análise das
necessidades e características da criança. Na
educação montaigneana está explícita a
consideração de que a criança se utiliza de
formas qualitativamente diferentes de
entendimento e possui interesses específicos,
todos de grande valor para a autoformação
intelectual, moral e corporal. O professor, ao
reconhecer isso, deveria agir de forma a deixar
que a criança escolhesse o caminho a seguir.
29INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE MONTAIGNECarlos
Harold
- A incapacidade da velha educação para
instrumentalizar o indivíduo que de tudo duvidava
e de nada tinha certeza, a não ser de suas
opiniões, era, dessa forma, duramente criticada.
O cerne da crítica sobre essa educação era a
ausência de condições para conduzir a criança a
fazer algo por si mesma. Ele questionava o fato
de o indivíduo estar sempre submetido a
conhecimentos e atitudes estranhos à sua condição
e que não o ajudavam a se transformar em um homem
capaz de viver naquele contexto.
30INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE MONTAIGNECarlos
Harold
- Vivendo e buscando amenizar o sofrimento
existencial em uma época de incertezas, duvidando
de tudo e de todos, a já citada "firmeza
filosófica" de Montaigne pode também ser
visualizada na sua crença na possibilidade de um
mundo mais tolerante, em que os homens soubessem
conviver com o diferente e com as transformações
aceleradas, por exemplo, o respeito dado à
infância. O raciocínio de que não havia "verdades
absolutas", mas apenas opiniões, a necessidade de
formar pessoas que soubessem formar e respeitar
opiniões diferentes, para construir uma sociedade
melhor, tinha, nas especificidades infantis, seu
ponto de apoio e, na atuação do professor - livre
da autoridade e das pretensões escolásticas -, a
garantia de sua efetivação prática.
31INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE MONTAIGNECarlos
Harold
- Pensar a educação e a infância em uma época de
incertezas é também uma tarefa urgente da
atualidade. Ler Montaigne é, ao mesmo tempo,
apropriar-se das condições para realizar tal
pensamento, sem abrir mão da ação que é exigida
cotidianamente é conhecer uma das partes mais
valiosas do pensamento educacional moderno, e,
principalmente, familiarizar-se com um dos
autores que fundou o pensamento de que devemos
educar e tratar a infância tendo como norte a
construção de uma sociedade diferente da nossa.
32PROPOSTA DE ATIVIDADES
- 1 - Retomando a leitura do texto e das passagens
extraídas do ensaio Da educação das crianças,
Capítulo XXVI dos Ensaios de Montaigne(1984),
verifique como o autor, baseado em novos valores,
concebe o relacionamento entre pais e filhos - 2 - De que forma o fato de Montaigne escrever no
século XVI marcou seu pensamento? - 3 - Com base nas análises feitas nas questões
precedentes e na leitura das passagens do texto
de Montaigne, elabore uma dissertação sobre o
seguinte tema "Educação e transformação social
a importância do pensamento sobre a infância,
elaborado por Montaigne.
33EDUCAÇÃO NA REFORMA PROTESTANTE AS CONTRIBUIÇÕES
DE MARTINHO LUTEROLílian Sarat de Oliveira
- Na sua caminhada como reformador, ele atacou
violentamente as escolas, as matérias ensinadas e
os textos utilizados. Chamou as escolas de
infernos e purgatórios, nas quais um menino era
eternamente atormentado com casos e tempos e
aprendia, devido a um contínuo açoitamento,
temor, dor e angústia. (EBY,1976, p. 54) - Evidentemente, o tema da educação não poderia
deixar de se fazer presente na Reforma
Protestante, e Lutero, ao mesmo tempo em que
sistematizou severas críticas às escolas de sua
época, fez propostas inovadoras que deram frutos
no decorrer da História da Educação.
34EDUCAÇÃO NA REFORMA PROTESTANTE AS CONTRIBUIÇÕES
DE MARTINHO LUTEROLílian Sarat de Oliveira
- Lutero reivindicava a inserção da criança na
escola. Manifesta-se sua preocupação com o tema
da infância Nenhum pecado merece castigo maior
do que justamente aquele que cometemos contra as
crianças, quando não as educamos. - Uma vez que Lutero propunha diversas mudanças
para a educação de sua época, a preocupação com a
boa educação dos jovens permeou todos os seus
discursos. Ele acreditava que, formando bem
meninos e meninas, a sociedade iria ganhar, pois
teria bons cidadãos, fiéis a Deus e às leis
civis.
35EDUCAÇÃO NA REFORMA PROTESTANTE AS CONTRIBUIÇÕES
DE MARTINHO LUTEROLílian Sarat de Oliveira
- Uma inovação que pode ser apontada no
pensamento de Lutero era a sua preocupação com a
co-educação, por meio da qual meninos e meninas
deveriam ter acesso ao ensino. - A punição também foi um aspecto fundamental
sobre o qual incidiu a crítica de Lutero por
isso, ele chamou as escolas de purgatórios e
infernos. O reformador era contra o sistema
punitivo para educar as crianças Não aprendemos
simplesmente nada por causa de tantas palmadas,
medo, pavor e sofrimentos
36EDUCAÇÃO NA REFORMA PROTESTANTE AS CONTRIBUIÇÕES
DE MARTINHO LUTEROLílian Sarat de Oliveira
- Uma das mais significativas propostas de Lutero
foi a de que tanto as escolas como a Igreja
estivessem sob o controle do Estado, o qual
deveria manter as autoridades civis como
responsáveis pelo seu estabelecimento e
manutenção. Nas palavras de Lutero encontramos
indícios de uma gênese da laicização do ensino e
de sua transformação em uma atividade que deveria
ficar sob a tutela do Estado. - Um outro aspecto de suas contribuições foi a
defesa da educação obrigatória. Segundo ele,
pessoas educadas resultariam melhores servidores
civis, juízes, médicos, pastores e súditos
obedientes.
37EDUCAÇÃO NA REFORMA PROTESTANTE AS CONTRIBUIÇÕES
DE MARTINHO LUTEROLílian Sarat de Oliveira
- Além de propor que as autoridades assumissem o
controle e a manutenção da educação escolar,
Martinho Lutero recomendava que, caso as
autoridades descobrissem um menino capacitado,
deveriam mandá-lo à escola e, se ele fosse de
família pobre, deveria ser custeado pela Igreja.
Recomendava ainda que os ricos reservassem
valores para essa finalidade, ou seja, para
ajudar aquele que era mais pobre. Nota-se que
tanto o investimento do Estado e da Igreja quanto
o dos homens mais abastados deveriam ser
direcionados para a criança que demonstrasse
capacitação para os estudos. Assim Lutero fazia
uma distinção entre capacitados e não
capacitados, privilegiando os que considerava
mais inteligentes.
38EDUCAÇÃO NA REFORMA PROTESTANTE AS CONTRIBUIÇÕES
DE MARTINHO LUTEROLílian Sarat de Oliveira
- São inúmeras as contribuições de Lutero à
educação de seu tempo. Ele dedicou-se
ardorosamente a este assunto, pois acreditava
que, por meio da educação secular e religiosa, o
ser humano poderia se aperfeiçoar e assim
tornar-se também um reformador. Uma das frases de
Lutero que marcou a Reforma foi Igreja
reformada sempre reformando. È possível pensar
que este reformador tinha em mente que fazia
parte de um processo, tal como nós pensamos fazer
hoje. A educação, a Igreja e todos os indivíduos
estão sempre em reforma, sempre em transformação,
podendo mudar os rumos da História a partir de si
mesmos, conscientes de que fazem parte de um
processo muito mais amplo de aprendizagem.
39PROPOSTA DE ATIVIDADES
- 1 - Explicite a relação entre educação e
religião. - 2 - Qual a importância da Reforma Protestante
para a História da Educação? - 3 - Os discursos de Lutero sobre a educação eram
carregados de críticas à Igreja de Roma. É
possível pensar que Lutero usou a educação para
propagar suas idéias religiosas? - 4 - Comente esta frase de Lutero Se as
autoridades podem obrigar os súditos capazes a
carregarem lanças e armas de fogo, escalarem
muros e outras coisas que devem ser feitas numa
guerra, também podem e devem obrigar os súditos a
mandarem seus filhos à escola.
40INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- COMENIUS E O CONHECIMENTO UNIVERSAL ARTE DE
ENSINAR TUDO A TODOS - O século XVII caracteriza-se pela efervescência
epistemológica provocada pelos intelectuais em
suas discussões sobre os esforços educativos.
Suas preocupações centraram-se no método e nos
procedimentos para a apreensão do conhecimento.
41INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- No interior dessas discussões, como contraponto
ao modelo teológico vigente, emergiram propostas
educacionais para crianças e jovens, as quais se
baseavam em uma tendência mais humanista e
racional. Surgiram, assim, projetos de
civilidade, roteiros, manuais, enfim, iniciativas
inovadoras de ações para orientar famílias e
educadores sobre melhores maneiras de educar as
crianças e as gerações posteriores. A pedagogia
assumiu uma dimensão nova, um caráter de
continuidade na busca de soluções para o ensino e
a aprendizagem. Essa nova dimensão foi
referendada na proposta de Joan Amos Komensky,
que concebeu a chamada Pedagogia Moderna.
42INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Em seus discursos, ele enfatizava necessidade de
reforma do conhecimento humano e da educação.Como
aponta Giles (1987, p. 152), ele considerava que
a sociedade é podre e corrupta, sendo que a
causa dessa lamentável situação encontra-se na
corrupção do processo educativo. A educação é uma
preparação para a vida terrestre e para vida
futura, por isso a importância de um ensino
voltado a objetivos morais e religiosos.
43INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Concebeu, assim, uma teoria humanista e
espiritualista, cujo "locus" essencial da
formação do homem era a escola. Suas idéias deram
origem a concepções modernas e a muitas
propostas pedagógicas atualmente consideradas
como progressistas.
44INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Entre suas idéias constavam a união da
família/escola na educação da infância e da
juventude uma proposta de educação coletiva o
respeito ao estágio de desenvolvimento da criança
no processo de aprendizagem a necessidade de as
classes serem ministradas conforme os diferentes
níveis de escolaridade a construção do
conhecimento através da experiência, da
observação e da ação a organização do tempo
escolar ensinar o que era significativo para
aplicação prática a interdisciplinaridade dos
conteúdos o ensino com afetividade, suavidade e
rapidez um ambiente adequado para aprender.
45INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Tal pensamento inovador, pressupondo o
melhoramento do ensino, está contido em sua
principal obra, A Didáctica Magna. Esse clássico
moderno, que se constitui num paradigma do saber
sobre a educação da infância e da juventude,
contém a proposta de Comenius sobre a ordem nos
trabalhos relacionados ao ensinar e ao aprender.
Para ele, ensinar implicava uma habilidosa e
criteriosa divisão do tempo, das matérias e do
método.
46INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Seu princípio era de que a educação do homem
deveria ser sistematizada, ordenada, coletiva,
universal de que o saber deveria atingir todas
as pessoas e, para isso, precisar-se-ia de um
recurso/método homogêneo para o conhecimento.
... a possibilidade de chegar ao conhecimento
adequado dependeria da experiência pessoal e da
exploração dos sentidos.
47INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Ele preconizava que as experiências deveriam
ocorrer a partir da infância, pois a criança era
dotada de potencialidades que se modificavam
desde o seu nascimento até a maturidade, de
acordo com as seguintes etapas a primeira
infância, a criança, o jovem e o adulto. Todas
elas apresentavam padrões de aprendizagem e
comportamento e, para ensiná-las, bastava seguir
as leis do seu desenvolvimento interior. Assim,
apesar da imaturidade das experiências da
criança, a infância apresentava-se como um
período pertinente para o desenvolvimento de
aprendizagens, pois era por meio destas que o
homem se tornaria completo e complexo.
48INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- O ensino, como já indicamos, deveria iniciar
cedo, sem nenhuma distinção de pessoa assim, as
mulheres, os inteligentes, lentos, preguiçosos,
dóceis, débeis, teimosos, entre outros, todos
seriam capazes de aprender se fossem bem
conduzidos. Segundo ele, todos eram dotados da
mesma natureza humana, apesar de terem
inteligências diversas.
49INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Com base nesse fundamento, ele entendia que todo
o ser humano era capaz de aprender. Esse
princípio norteador da sua proposta pedagógica
significa que o homem poderia se colocar no mundo
não apenas como espectador, mas, acima de tudo,
como agente de mudanças. - Se considerarmos o contexto histórico do século
XVII, podemos afirmar que popularizar o acesso
das pessoas à escola era uma idéia inovadora e ao
mesmo tempo revolucionária, pois significava
romper com o sistema político e religioso que
dirigia o ensino até então.
50INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Comenius julgava que o sistema religioso criava
obstáculos para a aprendizagem dos alunos e
apontava o dualismo educacional entre pobres e
ricos o ensino do professor em separado com um
ou poucos alunos e de vários professores para a
mesma classe punições para os erros livros que
não estavam integrados e a falta de harmonização
das instituições. Por isso, ele propunha a
reforma e a harmonização da educação. - Sugeria que todos atuassem em prol da melhor
instrução, tentando assim chegar ao funcionamento
homogêneo e harmônico da escola
51INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Comenius entendia que o processo educativo dos
saberes-objetos deveria incluir tudo o que o
homem pudesse aprender, o que fizesse sentido
para cada um. Os alunos deveriam ser conduzidos
gradativamente ao maior grau de conhecimento, ou
seja, todos veriam tudo, um ensino do geral para
o particular. Nesse processo, apenas o grau de
profundidade alcançado nos assuntos é que seria
diferente existiria harmonia no modo/método da
ação para atingir o conhecimento.
52INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Extremamente importante para o processo
educacional moderno, a contribuição da teoria
comeniana, longe de ser uma proposta de controle,
é o oferecimento de uma escola como realidade,
com saberes, com metas, objetivos diferenciados,
que procurem atender também diferenciados alunos,
de uma maneira justa e igualitária é a proposta
de uma intensificação do ensino por meio de mais
escolas, de um sistema público que possa garantir
uma aliança entre a ação dos adultos e a educação
de crianças e jovens. Tais possibilidades, que
Comenius vislumbrou no século XVII como um ideal
pedagógico, permanecem vivas em práticas de
muitos educadores, os quais têm a certeza de que
esses fatores impulsionam a construção do
conhecimento dos alunos e conseqüentemente se
refletem na sua construção humana.
53INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE COMENIUS Rita
Luiz da Rocha
- Comenius convidou-nos a dialogar com um
conhecimento adequado para ser desenvolvido e
apreendido na escola. Um conhecimento prazeroso,
cuja oferta respeite o ritmo individual de
desenvolvimento dos alunos, bem como a construção
de um espaço alegre, afetivo e facilitador de
aprendizagens, onde alunos e professores possam
compartilhar experiências.
54PROPOSTA DE ATIVIDADES
- 1 - O que levou a se considerar Comenius como
precursor da pedagogia moderna? - 2 - Tendo como referência os apontamentos do
texto, a respeito da seleção dos
conteúdos/conhecimento escolar, na sua opinião, é
possível construir um currículo unificado? - 3 - Você considera que a organização do
professor (tempo, plano de aula...) são fatores
relevantes para uma boa aula. Disserte sobre esta
questão. - 4 - Com base na argumentação ensinar tudo a
todos, reflita sobre as seguintes questões que
ensino temos ofertado aos nossos alunos que
ensino podemos ofertar aos nossos alunos?
Disserte sobre isso. - 5 - Comenius ressalta a importância de um ensino
diferenciado, e você, professor, qual é o seu
diferencial ao ensinar? (Compartilhe suas
práticas com a turma).
55INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ROUSSEAUAdnilson
José da Silva
- A Europa do século XVIII experimentou o auge das
transformações que caracterizaram o Iluminismo e
consolidaram a modernidade. O anseio pelas
liberdades individuais contrastava com a
centralização do poder estatal nas mãos de um
único soberano o incremento das novas formas de
produção e do comércio fortalecia a classe
burguesa o desenvolvimento das ciências
orientava a laicização e o racionalismo. - Foi neste ambiente da Europa moderna, que
Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra, Suíça,
em 1712, ficando órfão de mãe poucos dias depois
do seu nascimento.
56INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ROUSSEAUAdnilson
José da Silva
- No Emílio, Rousseau tratou das formas que,
segundo entendia, seriam as mais adequadas para a
relação educativa entre o personagem que dá nome
à obra e seu preceptor, desde o nascimento do
menino até a idade adulta. Organizado em cinco
livros, Emílio apresenta linguagem clara, estilo
bem humorado e por vezes ácido, sempre irônico
nele, o autor combate as formas usuais de
educação desde a tenra idade até a fase das
preocupações com o casamento e com a providência
material.
57INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ROUSSEAUAdnilson
José da Silva
- Vamos abordar, a partir deste ponto, alguns
aspectos dos livros I e II do Emílio, que se
referem às fases da infância pertinentes ao
objetivo de formação deste curso, ou seja, a
preparação para a docência em Educação Infantil e
anos iniciais do Ensino Fundamental. Os
comentários e excertos presentes neste texto não
dispensam a leitura do original, antes, procuram
proporcionar uma primeira aproximação do conteúdo
da obra e incentivar a sua leitura.
58INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ROUSSEAUAdnilson
José da Silva
- Nas primeiras linhas do livro I, que trata da
primeira fase da infância, que vai até quando a
criança aprende a falar, a caminhar e a se
alimentar sozinha, já se percebe o cerne da
crítica rousseauniana Tudo está bem quando sai
das mãos do autor das coisas, tudo degenera entre
as mãos do homem (ROUSSEAU, 1999, p. 7) Isto nos
leva à constatação de que, para ele, todas as
coisas seriam boas em seu estado natural e
tenderiam a se tornar deterioradas e nocivas por
força das impressões sociais e culturais. Ao
longo do processo educativo, o homem iria
perdendo características naturais em benefício da
aquisição de formas institucionalizadas de
conduta.
59INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ROUSSEAUAdnilson
José da Silva
- A obra de Rousseau, sobretudo o Emílio, não se
reduz a aspectos instrumentais da educação, pois
sua preocupação com as influências sociais, que
ele considerava degeneradas pelos costumes e pela
própria organização econômica e política, é
constante. Portanto, ainda que o Emílio seja uma
obra prescritiva sobre educação, possui um
conteúdo axiológico que revela ao mesmo tempo uma
crítica e um projeto social.
60INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ROUSSEAUAdnilson
José da Silva
- A obra de Jean-Jacques Rousseau influencia o
pensamento pedagógico até os dias atuais,
sobretudo as correntes que valorizam a autonomia
e a liberdade dos sujeitos aprendentes, sem
descuidar dos necessários limites impostos pela
convivência social. Do ponto de vista de
Rousseau, o homem educado seria caracterizado
pela vontade consciente que o manteria autônomo,
tanto frente aos determinismos naturais quanto
às imposições sociais.
61INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ROUSSEAUAdnilson
José da Silva
- Considerando que o Emílio torna-se quase um
pacto social de âmbito pedagógico (BOTO, 2002,
p. 55), entende-se a razão pela qual os
empiristas rousseaunianos influenciaram, ao lado
dos pragmáticos, dos liberais e dos positivistas,
várias tendências pedagógicas que defenderam a
modernização da sociedade, sobretudo a Escola
Nova, cuja tentativa de implantação se deu a
partir de 1932, no Brasil.
62PROPOSTA DE ATIVIDADES
- 1 - Considerando as práticas pedagógicas
anteriores a Rousseau aponte razões que possam
qualificar suas teses como revolucionárias. - 2 - Procure identificar pontos de concordância e
de oposição entre Comênio e Rousseau. - 3 - As críticas de Rousseau às instituições
sociais caberiam nos tempos atuais? - 4 - Nos dias atuais, a educação da vontade tal
qual pensou Rousseau implicaria benefícios? Quais?
63INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANTPaulo
Guilhermeti
- As grandes transformações econômicas e sociais
do século XVIII mudaram radicalmente a Europa,
criando uma atmosfera cultural que promoveu a
filosofia, a ciência, a técnica e o desejo de um
novo homem e um novo mundo. - Kant é contemporâneo desta época que produz a
Revolução Francesa e, portanto, vive um momento
de ampla afirmação do Iluminismo.
64INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANTPaulo
Guilhermeti
- ... a nova razão iluminista fundamenta-se pelo
menos em três aspectos a racionalidade, a fé no
progresso da humanidade e a crença no individuo.
Num sentido amplo, o pensamento iluminista segue
a aspiração de secularizar a instrução e
orientá-la para fins utilitaristas. - Podemos perceber esta tendência nas concepções
pedagógicas de Kant, além de outras nuances
decorrentes do particular processo de
desenvolvimento do Iluminismo e da formação
cultural alemã da sua época.
65INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANTPaulo
Guilhermeti
- Para Kant, a humanidade é portadora de germes
potenciais que precisam ser desenvolvidos pela
educação em proporções adequadas às suas
disposições naturais para que o homem atinja sua
distinção em relação às demais espécies.
Diferentemente dos animais, que necessitam de
poucos cuidados para se tornar autônomos, o homem
precisa ser educado. Com o objetivo é melhorar a
natureza do homem numa justa proporção e de
acordo com seus fins, a educação é, assim, uma
arte desenvolvida por várias gerações, pois o
indivíduo por si só não pode cumprir esta
finalidade.
66INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANTPaulo
Guilhermeti
- ... o principal objetivo da Pedagogia de Kant
é buscar a perfeição da natureza humana, a qual
... será sempre melhor desenvolvida e aprimorada
pela educação, e que é possível chegar a dar
aquela forma que em verdade convém à humanidade.
Esta abre a perspectiva para uma futura
felicidade humana (KANT, 1996, p. 17).
67INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANTPaulo
Guilhermeti
- A educação para Kant pode ser pública ou
privada. A primeira refere-se à prática dos
preceitos, ao passo que a segunda refere-se às
informações. A educação pública completa é aquela
que reúne, ao mesmo tempo, a instrução e a
formação moral.
68INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANTPaulo
Guilhermeti
- Kant diz que a educação das crianças realiza-se
em duas etapas a primeira deve levar o educando
a mostrar, passivamente, sujeição e obediência a
segunda deve ser mais flexível, para que o aluno
possa usar a reflexão e a liberdade, desde que
submeta uma e outra a certas regras. Há, assim,
na primeira etapa, um constrangimento mecânico e,
na segunda, um constrangimento moral. Já em
relação à duração, a educação deve fazer parte da
vida do indivíduo até que ele se governe a si
mesmo até que nele se desenvolva o instinto
sexual ou até que se torne pai e seja obrigado a
educar. Enfim, a educação deve durar
aproximadamente até os 16 anos.
69INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANTPaulo
Guilhermeti
- A Pedagogia, ou a doutrina da educação,
divide-se em física e prática. A educação física
é aquela que o homem tem em comum com os animais,
ou seja, os cuidados com a vida corporal. Esta
pode ser livre, ou seja, afeta ao divertimento e
às atividades naturais e espontâneas que a
criança realiza, ou escolástica, coisa séria,
atividade obrigatória, que pode aprimorar os
potenciais da infância. A educação prática ou
moral ou seja, tudo aquilo que se refere à
liberdade é aquela que diz respeito à
construção (cultura) do homem para que ele possa
viver como ser livre. A educação prática tem em
vista a personalidade, a formação de um ser
livre, que, tendo um valor intrínseco, ou seja,
em si mesmo, é auto-suficiente para se constituir
membro da sociedade.
70INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANTPaulo
Guilhermeti
- As recomendações metodológicas de Kant para a
educação física e para a educação prática são as
seguintes - A educação física é a etapa da educação que
compreende os cuidados com a infância ... é
aquela que o homem tem em comum com os animais,
ou seja, os cuidados com a vida corporal (KANT,
1996, p. 36). Esta consiste em cuidados materiais
prestados às crianças pelos pais, pelas amas de
leite ou pelas babás.
71INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANTPaulo
Guilhermeti
- O objetivo da educação prática proposta por Kant
é a consolidação do caráter. O caráter possui
alguns elementos essenciais como a obediência, a
veracidade e a sociabilidade. A educação deve
valorizar e desenvolver estes aspectos, tornando
as crianças propensas ao cumprimento de leis e
deveres, que envolvem tanto sua vida pública
quanto sua vida privada.
72INFÂNCIA E EDUCAÇÃO A PEDAGOGIA DE KANTPaulo
Guilhermeti
- Embora seja possível ver em Kant um pensador que
levanta questões atuais ... suas idéias estão
circunscritas aos limites históricos da época em
que viveu. - Estes limites podem ser observados em várias
passagens, como, por exemplo, na explicação que
ele dá para a causa da desigualdade entre os
homens .... Kant vê a desigualdade e a
incapacidade dos indivíduos para usarem sua
própria razão como algo natural, ou seja, como
resultante de condições ocasionais ou
circunstanciais, segundo suas palavras, e não
como resultado da forma de produção e de
apropriação da existência material da sociedade,
a qual impõe às pessoas uma subordinação
compulsória a um modo de vida tutelado e
desigual.
73PROPOSTA DE ATIVIDADES
- 1 - Qual é o contexto histórico em que Kant vive
e quais são as questões que ele enfrenta ao
propor uma nova educação e/ou pedagogia? - 2 - Quais os fundamentos da pedagogia de Kant?
- 3 - Como Kant propõe sua pedagogia em termos
metodológicos? - 4 - Em que medida podemos dizer que a
consciência de Kant em relação aos desafios de
sua época fica limitada?
74INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- O contexto histórico vivenciado pelo educador
Froebel (1782-1852) coincide com a Era das
Revoluções, termo utilizado pelo historiador
Hobsbawm para se referir ao período de 1789 a
1848, durante o qual aconteceram a Revolução
Francesa, a Revolução Industrial, as Guerras
Napoleônicas e as Revoluções de 1848.
75INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Segundo Koch (1985, p. 43), o objetivo de
Froebel com seus brinquedos é o desenvolvimento
das tendências para a atividade, pesquisa e
formação do futuro homem. Essas criações
despertaram o interesse de mulheres, governantas,
mães e senhoras da alta sociedade. Nessas
condições, em 1840, surge o Kindergarten, ou
seja, Jardim de Infância.
76INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Os Jardins de Infância foram muito propagados,
porém nem todos seguiram fielmente as idéias de
seu fundador. A idéia fundamental proposta por
Froebel, e realizada pelo Jardim de Infância,
consistia em educar as crianças com base na
Unidade Vital, conceito de Froebel representado
por um triângulo que unia homem Deus
natureza. A harmonia entre esses três elementos
levaria o indivíduo ao seu desenvolvimento pleno.
Nesta concepção, segundo Arce (2002, p. 179),
Froebel expressa a importância de se desenvolver
na criança todas as suas potencialidades, de
corpo, coração, alma e espírito ... o
descobrir-se enquanto criatura criada por Deus e,
ao mesmo tempo capaz de criar, imitando no ato
criativo o seu Criador.
77INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Dessa forma, o objetivo da educação froebeliana
é despertar a consciência da criança, orientá-la
para uma vida pura, respeitando a natureza do
indivíduo e buscando alcançar a união do mesmo
com Deus e com a natureza. - Na expressão Jardim de Infância reflete-se a
concepção de que as crianças são plantas que
precisam ser regadas e cuidadas pela professora,
jardineira.
78INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Partidário da teoria do desenvolvimento
genético, Froebel afirma que, na educação da
criança, dever-se-ia ser respeitar as
peculiaridades de cada uma das etapas de sua
vida a primeira infância, de 0 a 3 anos, a
segunda infância, de 4 a 6 anos, e a terceira
infância, de 7 a 11 anos. - Segundo ele, a criança precisa ser entendida
como um ser em formação e, portanto, os primeiros
cuidados devem ser uma preparação para que ela
enfrente os estágios seguintes. A educação deve
ser realizada de uma forma natural, e não como se
os pequenos fossem adultos em miniatura.
79INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Segundo a pedagogia froebeliana, a criança que
brinca sempre, perseverando na tentativa de
superar as dificuldades, esquecendo-se do
cansaço, provavelmente irá se tornar um homem
determinado, capaz de buscar sempre seu bem estar
e o do próximo. - O brincar deve ser visto como uma forma de
permitir o estabelecimento de relações entre o
homem e a natureza, os quais estão unidos pelo
mundo espiritual. Assim, durante a brincadeira, a
criança se expressa fazendo com que objetos
inanimados se tornem vivos e, desta forma,
estabelece relações com o mundo real.
80INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Em 1838, como já foi mencionado, com a criação
da fábrica de brinquedos, Froebel iniciou a
produção de brinquedos em série, os quais eram
chamados de dons. Esses brinquedos nada mais
são do que materiais empregados pelo pedagogo nas
ocupações, ou seja, nas atividades que deveriam
ser desenvolvidas para a educação de crianças
pequenas. Eles se compunham de diversas formas
geométricas de madeira e de material explicativo
sobre as diversas possibilidades de sua
utilização, ou seja, de sugestões de atividades
(ocupações) a serem realizadas, de forma que a
criança fosse levada a simular atividades
rotineiras de seu meio cultural.
81INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Sabe-se que a visão atual de infância difere
muito da que existia na época de Froebel, mas
não é possível negar que, nas propostas atuais de
educação infantil, os jogos e as brincadeiras são
componentes do cotidiano da criança, despertando
seu envolvimento e seu interesse pela educação. - Assim, pode-se enfatizar o caráter moderno de
Froebel, no que diz respeito à brincadeira e ao
que ela propicia à criança tanto quanto à
interiorização do mundo exterior existente a sua
volta como ao desenvolvimento da identidade e
autonomia da mesma. Apesar das críticas ao RCNEI,
é necessário destacar que o aspecto lúdico da
pedagogia froebeliana está contemplado nele.
82INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Outro ponto em comum entre o texto de Froebel e
o RCNEI refere-se à proposta de que deve haver
uma grande proximidade entre o adulto e a
criança. Este procedimento possibilita observar
os pequenos brincando livremente, relacionar suas
ações, sentimentos, emoções e significados com o
que é vivenciado em outras circunstancias,
podendo a brincadeira ser vista como um meio de
comunicação entre crianças e adultos.
83INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Outro ponto de convergência, ainda, é a
importância da utilização de planos de atividades
organizados pelos professores, nos quais se
correlacione a realidade das crianças com as
atividades desenvolvidas por eles. Desta forma, o
adulto é visualizado como parceiro mais
experiente e não como superior, podendo interagir
com os pequenos de maneira natural, fugindo da
imposição de ações.
84INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Desta forma, é evidente a atualidade das
concepções de Froebel. É necessário, portanto,
que os profissionais da educação conheçam e
utilizem suas contribuições. Dentre essas
contribuições, destacamos o respeito às faixas
etárias, os jogos e brinquedos como recursos
pedagógicos e a iniciativa de pensar atividades e
procedimentos específicos em acordo com as
necessidades especiais da infância. Porém,
destacamos também que, ao romantizar sua
concepção de educação infantil, como fica
evidente em sua pedagogia, Froebel, muitas vezes,
subestima a capacidade das crianças e o trabalho
pedagógico dos profissionais da educação.
85INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FRIEDRICH
FROEBELThaisa Neiverth e Giselle Martins Gartner
- Por isso, repetimos que, para que a educação
infantil seja uma etapa significativa na história
de vida das crianças, é necessário conhecer e
respeitar as contribuições do educador, quanto ao
respeito às capacidades e necessidades infantis,
a valorização dos profissionais que atendem às
crianças pequenas bem como a organização
curricular e o planejamento das atividades.
86PROPOSTA DE ATIVIDADES
- 1 - Quem foi Friedrich Wilhelm August Froebel e
quais suas contribuições para a história da
Educação Infantil? - 2 - Comente como o contexto histórico vivenciado
por Froebel influenciou sua formação acadêmica. - 3 - Considerando o contexto em que surge o
Kindergarten, em que consiste a Unidade Vital?
Qual a função didática dos dons? O que eram as
ocupações? - 4 - Quais as principais contribuições de Froebel
para as práticas pedagógicas na Educação Infantil
do século XXI?
87INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FREINETEsméria
Saveli, Maiza Taques Margraf Althaus e Maria
Odete Tenreiro
- Se você não voltar a ser como uma criança, não
entrará no reino encantado da pedagogia ... Em
vez de procurar esquecer a infância, acostume-se
a revivê-la reviva-a com os alunos... FREINET.
88INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FREINETEsméria
Saveli, Maiza Taques Margraf Althaus e Maria
Odete Tenreiro
- Celestin Freinet viveu de 1896 a 1966 e, ao
longo desses setenta anos, revelou-se um homem
simples e humilde, que defendia o direito da
criança viver sua vida como criança isto é,
defendia o direito de ela ser respeitada como ser
humano.
89INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FREINETEsméria
Saveli, Maiza Taques Margraf Althaus e Maria
Odete Tenreiro
- Baseado nos ensinamentos de Rousseau, Freinet em
contato com a natureza, buscou formar na criança
o homem de amanhã. - Para Freinet, toda e qualquer experiência
tateada era preferível às experiências passivas.
Segundo ele, a criança tem uma necessidade
permanente de experimentar, tocar, mexer e
explorar. Assim, o aluno não pode ser visto
apenas como um expectador do processo
ensino-aprendizagem. Ele considerava a criança o
centro de sua própria educação ela não era, para
ele, um adulto isolado, mas fazia parte de uma
comunidade, assumia e participava da organização
da vida da classe. Suas dificuldades e barreiras
a impulsionavam a estabelecer e a compreender as
regras da vida.
90INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FREINETEsméria
Saveli, Maiza Taques Margraf Althaus e Maria
Odete Tenreiro
- De acordo com suas idéias, a escola deve ser um
espaço privilegiado que valoriza e oportuniza às
crianças experiências vivas e significativas uma
escola ativa, dinâmica, aberta ao encontro com a
vida, participante e integrada à família e a
comunidade. Nesse espaço, por meio do seu tatear,
a criança pode alcançar degraus cada vez mais
elevados que a levarão mais alto e mais longe.
91INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FREINETEsméria
Saveli, Maiza Taques Margraf Althaus e Maria
Odete Tenreiro
- Para Freinet (1973), no ambiente escolar deve
prevalecer um clima de respeito e liberdade é
neste espaço que a criança, como um sujeito ativo
do processo, irá interagir, explorar e analisar.
Assim, terá a oportunidade de acrescentar
elementos novos e distintos aos seus
comportamentos e culturas, garantindo a
possibilidade de construir sua própria cidadania.
92INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FREINETEsméria
Saveli, Maiza Taques Margraf Althaus e Maria
Odete Tenreiro
- Essa concepção de infância exige um novo olhar
sobre a prática pedagógica, por isso são
estabelecidos os princípios norteadores das
técnicas e da pedagogia Freinet, as quais não se
constituem em ortodoxias a serem levadas ao pé da
letra. Ao contrário, o grande educador francês,
em seus escritos, instiga-nos a ficar atentos aos
interesses e ritmos das crianças e, portanto, a
inventar estratégias e técnicas que possam
estimular seu desenvolvimento. São recursos ricos
e coerentes, atividades que estimulam um ensaio
experimental, base do método natural que envolve
todas as técnicas como a livre expressão, a
cooperação e a pesquisa do meio.
93INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FREINETEsméria
Saveli, Maiza Taques Margraf Althaus e Maria
Odete Tenreiro
- A base psicológica da proposta educativa de
Freinet é o ensaio experimental, o que vale
também para os professores. Isto implica que a
aprendizagem se realiza com base nas próprias
experiências, na observação da realidade, na
expressão das vivências, na análise do contexto
que alunos e professores podem formular e
expressar.
94INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FREINETEsméria
Saveli, Maiza Taques Margraf Althaus e Maria
Odete Tenreiro
- A base psicológica da proposta educativa de
Freinet é o ensaio experimental, o que vale
também para os professores. Isto implica que a
aprendizagem se realiza com base nas próprias
experiências, na observação da realidade, na
expressão das vivências, na análise do contexto
que alunos e professores podem formular e
expressar.
95INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE FREINETEsméria
Saveli, Maiza Taques Margraf Althaus e Maria
Odete Tenreiro
- Dessa forma, na pedagogia Freinet (1973)
encontram-se tanto os componentes essenciais da
escola como instituição mediadora como os
princípios da aprendizagem significativa, segundo
a qual, para que a educação seja eficaz, deve-se
partir daquilo que o aluno já sabe princípio
defendido por Dewey. As técnicas são concebidas
por Freinet como meio para que professores e
alunos realizem um projeto compartilhado são
verdadeiros instrumentos de c