Title: Paulo Roberto Silveira
1Aspectos dos Padrões de Produção Artesanal Versus
Padrão de Qualidade Vigente
- Paulo Roberto Silveira
- Núcleo Interdisciplinar de Extensão e Pesquisa em
Alimentação e Sociedade UFSM - prcs1064_at_yahoo.com.br
- www.nepals.com.br
2Questões Fundamentais
- O princípio é como proteger a saúde do
consumidor! - Existem possibilidades de formas diferenciadas de
resguardar e avaliar a ameaça da saúde? - Pode uma legislação atender a diversidade em um
país com diferenças regionais acentuadas? - A legislação existente nos livra de ameaças a
saúde? - Produtos tradicionalmente consumidos permanecem
na informalidade!!!
3Pontos de Partida
- A base epistêmica da Legislação Sanitária grande
escala de produção e longo intervalo entre
produção e consumo - A Diferenciação do Universo das Agroindústrias
Familiares Rurais a falsa homogeneidade contida
na legislação e nas políticas públicas
4Um primeiro parêntese
- As legislações ambiental e fiscal também comungam
da mesma base epistêmica e do problema da
indiferenciação entre tipos de AFRs - A Lógica do Imperativo Técnico presente na ação
dos agentes fiscalizadores impõem padrões de
procedimento, sem considerar a especificidade das
agroindústrias familiares rurais porte,
característica artesanal e mercado local/regional
5Um Segundo Parêntese
- Enquanto no processo industrial, o fundamento é
a padronização do produto, a garantia de que
determinada marca não apresenta variação nem em
qualidade, nem nas características do produto,
devido a procedimentos técnicos e operações
maquínicas sob rígido controle, o artesanal é o
império do como fazer, da variável humana, da
diferenciação. A criatividade e a inovação
permanecem como possibilidade (Silveira e Heinz,
2005).
6A Qualidade para a Legislação Sanitária
- Alimento Seguro - Produto isento de
contaminação!!!! o agente patogênico vem de
fora Não considera a MP em sua composição
Através de Instalações e Equipamentos BPF
Seguindo as Normas Sanitárias vigentes (índices
tolerados) - Inspeção Sanitária o produto no ato de
processamento a partir do aval legal, pode haver
prejuízos na qualidade (armazenamento,
transporte, ponto de venda) - Um Responsável Técnico deve responsabilizar-se
pelo processo de produção
7A Qualidade Ampla(Prezzotto)
- As características intrínsecas do produto MP
ecológica (sua composição aditivos utilizados)
os aspectos organolépticos (sabor, cheiro)
Nutricionais - As características do processo artesanal de
produção aparência, menor presença de aditivos e
conservantes aspecto social - Como auferir estes aspectos da qualidade ampla?
-
8A Diferenciação no Universo das AFRs
- Critérios para Tipificação de AFRs processamento
de alimentos com a dinâmica da agricultura
familiar, a relação com o mercado, a validação
social ou legal da qualidade e sua vinculação com
o saber inter-geracional. - Agroindústrias Caseiras inexistência de
instalações e equipamentos específicos para
processamento de alimentos e relação entre
consumo familiar e comercialização de excedentes
aceitação do produto no mercado local, marcada
pela total informalidade e nenhum controle
sanitário
9A Diferenciação no Universo das AFRs
- Agroindústria Familiar Artesanal caráter
artesanal do produto final, ligado a um saber
inter-geracional com base dos procedimentos
adotados, mesmo que aprimorados por cursos e
trocas de experiências para incorporar as Boas
Práticas de Fabricação (BPF), visando avançar na
qualidade sanitária. As receitas são oriundas da
tradição familiar ou das práticas alimentares
regionais, mesmo passando por aprimoramento
10A Diferenciação no Universo das AFRs
- Agroindústria de Pequeno Porte uma unidade de
processamento semelhante a da grande indústria,
apenas de pequeno porte. Normalmente, estes
empreendimentos surgem como oportunidade de renda
para uma família ou grupo de famílias, mas não
tendo relação com uma atividade tradicionalmente
realizada. Não há nenhum saber fazer específico a
ser valorizado (a arte de produzir), mas um saber
fazer apreendido com os detentores dos
conhecimentos na área de tecnologia de alimentos
11Os Diferentes Tipos de AFRs e as Especificidades
da Legislação
- Agroindústrias Caseiras Prever instalações
mínimas controle de qualidade forte (riscos?),
comercialização direta (certificação social) e
mercado Institucional (controle no recebimento),
SIM e Vigilância Sanitária Municipal - Agroindústrias Artesanais - Flexibilizar
exigências em Instalações e equipamentos
reconhecer procedimentos artesanais de produção
combinar controle normativo de qualidade com ação
de inspeção
12Os Diferentes Tipos de AFRs e as Especificidades
da Legislação
- Agroindústrias Familiares de Pequeno Porte
Flexibilizar a estrutura física de acordo com a
escala e o mercado pretendidos - Obs. Mudar Legislação, Sistemas de Inspeção e
Regulamentos de Inspeção
13Principais Problemas Identificados
- Plantas Super-dimensionadas e mal dimensionadas
- Exigências de Responsável Técnico e Taxas aos
Conselhos - Planos de Controle Ambiental e Responsável
Técnico pelo Projeto. - Cursos de BPF por profissional autorizado
manuais e POPs - ATER e ação dos órgãos de fiscalização
- Despreparo dos poderes públicos municipais
14A Incorporação da Diversidade na Legislação
- O critério do tamanho do empreendimento até 250
m² a legislação flexibiliza substituir este
critério pela condição de empreendimento familiar
individual ou coletivo, mercado local/regional,
característica artesanal da produção - Permitir pequenas estruturas em caso de pequena
escala de produção, concomitante a acompanhamento
de instituições com credibilidade (certificação
social)
15A Incorporação da Qualidade Ampla na Validação
dos Produtos
- Validação Social da Qualidade atribuída por um
conjunto de entidades e instituições que realizem
monitoramento da cadeia produtiva permite
avaliar os componentes da qualidade ampla e
certificar (selo de credibilidade) - A validação social pode ser legal se prevista na
legislação a legalização como um processo de
aprendizagem um fim buscado e não uma condição
inicial
16A Incorporação do Controle Normativo de Qualidade
- Controle de Qualidade Normativo parte do processo
de produção, os procedimentos utilizados no
processamento, envolvendo desde a recepção da MP
até a embalagem e expedição final busca-se
definir parâmetros de qualidade a alcançar em
espaços de interação entre os trabalhadores-gestor
es e a equipe de assessoria técnica estes
parâmetros vão sendo atingidos e novos parâmetros
são definidos, repercutindo na melhor qualidade
dos produtos
17As Capacidades Envolvidas na Viabilidade das AFRs
- As Capacidades Instaladas estrutura física
disponível MP, MO, saber fazer - As Capacidades Mobilizáveis a experiência na
atividade de comerciar (a habilidade para o
brique), o capital social, incluindo o círculo
de confiança diante de consumidores
(credibilidade), laços comunitários, habilidade
de gestão e as experiências associativas que
podem representar potencial de ação coletiva
(compartilhar serviços, transporte e trabalho).
18As Capacidades Envolvidas na Viabilidade das AFRs
- As Capacidades Aprimoradas caso típico das
receitas caseiras re-elaboradas em cursos de
processamento de alimentos - As Capacidades Adquiridas aquelas que advém da
introdução de conhecimentos da areada tecnologia
de alimentos, BPFs - As Capacidades Adicionadas estruturas de apoio,
serviços de ATER
19Para Refletir
- Estamos livres de Riscos Alimentares ao
consumirmos produtos da grande indústria
alimentar? - Podemos confiar em produtos por possuírem aval
legal? - A Informalidade não representa falta qualidade,
apenas falta de controle público