Title: Repress
1Repressão na infância e seus aspectos negativos
na vida adulta
- Carla Andréa Luvizetto Selistre Truda
2Justificativa do projeto
- Este projeto tem como objetivo a pesquisa, a
análise e definição de resultados que a repressão
na infância acarreta na vida adulta, uma vez que
as fobias,ataques de pânico e obsessões,muitas
vezes, têm como início a repressão sofrida na
infância.
3A
partir de suas pesquisas, conclui que a variedade
de reações emocionais é responsável por mudanças
profundas na paisagem do corpo e do cérebro. O
conjunto dessas mudanças constitui o substrato
para os padrões neurais que se tornam sentimentos
de emoção. (TRANSFORMAÇÕES NA CONVIVÊNCIA
SEGUNDO MATURANA Luciane M. Corte Real).
4Definição de inconsciente
- Inconsciente são os processos mentais e outras
formas de comportamentos que estão além dos
limites do conhecimento e que não podem ser
trazidos imediatamente à consciência.
5- Os círculos amarelos são os eventos conscientes.
As setinhas são os elos que ligam um evento
consciente a outro, que chamamos de inconsciente.
6- Freud descobriu, ao analisar, que a grande
maioria de pensamentos e desejos reprimidos
referiam-se à conflitos de ordem sexual
localizados nos primeiros anos de vida das
pessoas,ou seja, as experiências de caráter
traumático,reprimidas e geradoras dos sintomas
atuais,confirmando o que ocorre neste período de
vida deixam marcas profundas na estruturação da
- personalidade.
7- É a partir daí que aparecem os mecanismos de
defesa, que são os diferentes tipos de operações
em que a defesa pode ser especificada. Existem
mecanismos predominantes que diferem segundo o
grau de elaboração do conflito defensivo,a etapa
genética,etc. - A repressão é um destes mecanismos de
defesa.É um processo inconsciente caracterizado
pelo esquecimento seletivo de material que é
provocador de ansiedade.
8- Freud nos diz que a vida em sociedade só é
possível com a repressão dos impulsos agressivos
e sexuais,somente através destes impulsos
subjugados pela lei é possível a convivência com
o outro,já que não é possível viver em sociedade
seguindo os pressupostos do princípio do prazer,
da realização imediata do desejo.
9E o que acontece quando a repressão falha ou não
funciona?
- Freud dizia, até sua morte em 1939 que, quando a
repressão não funciona surgem as doenças mentais
fobias,ataques de pânico e obsessões. - O objetivo da psicoterapia, portanto, era
rastrear os sintomas neuróticos até suas raízes
inconscientes e aniquilar seu poder através de
sua - confrontação com a análise
- madura e racional.
10Origem da repressão
- A origem da repressão está no fato de tornar
inoperante o impulso instintual. Impulsos
instintuais são impulsos descritos como
sublimados, impedidos por resistências internas,
de alcançá-los, contentando-se com certas
aproximações à satisfação, conduzindo assim, à
ligações especialmentes firmes e permanentes
entre os seres humanos. - Podemos citar como exemplo, as relações afetuosas
entre pais e filhos.Originalmente eram
inteiramente sexuais,não podendo serem
satisfeitos,serem alcançados,conformam-se com a
satisfação causada com as aproximações, criando
os laços permanentes entre as partes.
11Definição de repressão
- Segundo Freud, repressão é afastar ou recalcar da
consciência um afeto, uma idéia ou apelo do
instinto.Um acontecimento que por algum motivo
envergonha uma pessoa pode ser completamente
esquecido e se tornar não evocável.
12Características da repressão
- As características principais da repressão são,
segundo Freud, o fato de ela ser individual e
também ser extremamente móvel(por isso não deve
ser encarado como algo que acontece uma vez).
13Exemplo de repressão na infância
- Hitler foi espancado continuamente na sua
infância, foi humilhado e envergonhado de forma
perniciosa por um pai sádico que era um filho
bastardo de um cabo judeu. Veja como ele usou a
crueldade que usaram consigo contra milhões de
inocentes.
14O QUE A REPRESSÃO NA INFÂNCIA PODE CAUSAR NA VIDA
ADULTA
- A pessoa pode
- - Considerar-se alguém horrível
- - Criar um "falso eu" que lhe permitirá
sobreviver no mundo(cria uma fachada) - - Manter os "indesejáveis" afastados
- - Quando algo não correr como quer, gritar e
bater (agressões expontâneas) - -Não ser persistente
- -Não ter auto-confiança
-
15- - Enxergar todos como seus inimigos
-
- - Não ter um círculo de amigos por medo de
expôr-se -
- -Considerar-se mau
-
- -Tornar-se obsessivamente controlador
-
- -Ser depressivo
-
- -Acabar desenvolvendo alguma doença física
-
- -Tornar-se alcoólico, fumante pesado,obcecado
sexual,jogador -
16Estudo de caso
- Bernardo (nome fictício), 29 anos, natural de
Belo Horizonte, solteiro,estudou Patologia
Clínica, nível técnico. Residia na casa dos pais
com três irmãos. Era evangélico-praticante
porém, discordava de algumas crenças da sua
igreja.Na época de sua primeira consulta,
Bernardo já estava, há aproximadamente cinco
anos, afastado de seu emprego como arquivista, em
conseqüência de Distrofia Simpática ocasionada
por um trauma físico. O paciente não exercia
nenhuma atividade, quando nos foi encaminhado
pela Clínica da Dor. -
17- Bernardo se apresentou queixando-se de que, todos
os dias, no início da noite, cumpria o ritual de
esconder todos os objetos perfurocortantes e
desligar o gás da casa. Durante a noite, acordava
várias vezes para conferir se os objetos e o gás
permaneciam da mesma forma que a deixada por ele.
A motivação para tal atitude seria o medo de
sofrer alguma agressão e, também, de executar
algo contra terceiros. Os sintomas tinham se
iniciado há três anos e o incomodavam muito.
Bernardo era capaz de identificar, precisamente,
o fato desencadeador dos sintomas. Segundo
relatou, sua tia revelara que ele foi rejeitado
pelo pai do nascimento até os dois anos de idade.
O motivo da rejeição fora a cor da pele, que era
mais clara do que a do seu genitor.
18- Desde então, passou a sentir, em relação a este,
um ódio imenso, que dizia ser insuperável.Bernardo
apresentou ideações suicidas desde o começo dos
sintomas.Havia planejado o ato, mas não o colocou
em prática. Apesar de sua vontade ser a de viver,
Bernardo dizia que era como se sua mente
repetisse, a todo o momento, que para seus
problemas não existiam soluções, e que a única
saída seria a morte. Esses pensamentos eram
invasivos e incontroláveis. Além disso, quando
assistia a filmes de terror, Bernardo tinha
pesadelos de que era um dos personagens e, muitas
vezes, o personagem assassino. Curiosamente,
mesmo sendo orientado por outro terapeuta a não
assistir mais a filmes de terror, ele se sentia
atraído por esses - filmes e, conseqüentemente, os sonhos continuavam
causando-lhe grande apreensão.
19- Bernardo relatou ainda que, durante uma
apresentação teatral na sua igreja, na qual fez o
papel de um assassino, sentiu como se fossem
realidade as cenas apresentadas, o que foi
intensamente prazeroso para ele. Conta que, num
dia em que conversava com a irmã, pensou em
esfaqueá-la, porém, no mesmo momento, foi para o
quarto por não ser sua vontade realizar tal ato.
Bernardo dizia ter a impressão de que os
pensamentos eram introjetados e descontrolados.Em
outro episódio, Bernardo disse ter visto sangue
nas mãos da irmã enquanto ela cortava legumes na
cozinha e, preocupado com o possível ferimento,
alertou-a. Contudo, para sua surpresa, não havia
ferimento algum, o que o deixou bastante
constrangido.
20Antecedentes Pessoais
- Bernardo sempre terminava as consultas dizendo
que queria contar um fato, mas que ainda não era
o momento. Considerávamos isso uma forma de ele
se fazer interessante para o terapeuta, sempre
deixando um mistério no seu discurso. Uma vez,
entretanto, convidado a falar, contou a seguinte
história quando criança, perto dos seus 8-9
anos, estava brincando com a irmã, um bebê. Por
acidente, a irmãzinha caiu do seu colo e chocou,
violentamente, a cabeça no chão. Com receio das
represálias, usualmente rigorosas dos pais,
calou-se sobre o acontecido.Com o decorrer do
dia, a criança foi ficando chorosa e a mãe
resolveu levá-la para o hospital Bernardo
preferiu contar sobre o acidente somente em seu
retorno. No entanto, inesperadamente, a mãe
retornou com um pequeno caixão a criança havia
falecido.
21-
-
- Desesperado, ele contou o ocorrido para a mãe,
mas ela o isentou de culpa, alegando outra causa
para a morte. Desde então, Bernardo passou a
relembrar esses fatos quase que diariamente e se
considera culpado pela morte da irmã. Quando
ocorrem brigas, os familiares (inclusive a mãe),
freqüentemente, chamam-no de assassino. Bernardo
afirma que, durante a infância, possuía um
relacionamento bom com o pai, mas observava que
ele tinha uma certa preferência por seus irmãos.
Achava aquilo normal, não se sentia rejeitado e
considerava que a mãe compensava a falta de
carinho do pai.Nega histórias de internações
psiquiátricas, uso de drogas e álcool. -
22Histórico Familiar
- Tia com esquizofrenia.
- Evolução
- O paciente foi atendido no ambulatório,
semanalmente, durante aproximadamente sete meses. - Durante as consultas, Bernardo conseguiu
identificar o pai como a pessoa motivadora dos
seus sintomas. A idéia de parricídio era
freqüente responsabilizava-o por seu
comportamento estranho e a convivência entre eles
tornou-se impraticável
23- O paciente contou que, em uma viagem de automóvel
com o pai, teve ímpetos de agarrar a direção
bruscamente e jogar o carro contra o barranco.
Porém, conseguiu evitar o acidente, pensando na
mãe e no sofrimento que proviria dessa atitude.
Durante os sonhos, normalmente, ele era o
assassino do pai entretanto, em outras vezes,
ele era a vítima e o pai o assassino. Em uma
ocasião, disse ter observado um tratamento
diferenciado do pai em relação ao irmão
recém-chegado dos Estados Unidos, o que lhe
causou um ódio imenso, que o fez ter vontade de
assassinar o irmão. Bernardo permanecia sem
realizar nenhuma atividade diária, fato
indesejado, pois fazia com que ele se
considerasse inútil, exacerbando os sintomas
depressivos.
24- Apesar disso, Bernardo negava estar preparado
para retornar a suas atividades diárias dizia
ter medo de não conseguir conviver com outras
pessoas no ambiente de trabalho. Na última
avaliação do INSS realizada há cerca de dois
meses, devido ao período extenso de afastamento,
aventou-se a possibilidade de sua aposentadoria.
Mas Bernardo não recebeu bem essa alternativa,
culminando com uma tentativa de auto-extermínio.
Propusemos entãoque o afastamento fosse
prolongado por mais um ano. Com o decorrer das
consultas, o paciente mostrou interesse em
praticar atividades físicas e em ser acompanhado
por uma psicóloga do Posto de Saúde. Além disso,
estamos avaliando, conjuntamente, sua inserção
nas atividades do serviço de saúde mental da
prefeitura de Belo Horizonte, como na produção
artística, por exemplo.
25- Bernardo apresentou uma melhora clínica
significativa e conseguiu evoluir na sua análise - psicológica, o que foi atribuído a uma boa
resposta às medidas terapêuticas. Na época em que
foi encaminhado pela Clínica da Dor, houve relato
de - relações homossexuais. Entretanto, ele
abdicou desse assunto no início do atendimento e,
quando indagado, contentava-se em dar
respostas evasivas e pouco esclarecedoras. Nas
últimas consultas, revelou possuir um problema
que, hoje, seria motivador de sua ansiedade. Sem
falar explicitamente o que seria tal problema,
disse que teve início quando ele tinha 14 anos e
que o fazia sentir nojo dele próprio quando se
olhava no espelho. O assunto era abordado
freqüentemente na sua igreja, e os familiares o
condenavam e suspeitavam de seus amigos. Possuía
um amigo na mesma condição, mas este possuía
melhor aceitação. Somente com esse amigo havia
conversado sobre o assunto.
26- No final, apesar da forma de abordagem utilizada
por Bernardo para tratar dessa questão, para nós
não houve dúvida quanto a sua preferência sexual. - Bernardo toma medicamento.
27Discussão
- Analisaremos, inicialmente, peculiaridades que
nos ajudam a entender a estrutura do paciente.
Bernardo era supersticioso, freqüentava a igreja
semanalmente, embora com frequência fosse capaz
de questionar as argumentações do pastor. Os
sonhos influenciavam enormemente seu dia-dia.
Seus pontos de vista dependiam de suas atitudes
momentâneas perante seu distúrbio. As
superstições eram proeminentes quando vivenciava
as obsessões,encontrando, em coincidências,
explicações possíveis para seus sintomas. No
início dos atendimentos, tínhamos dúvidas quanto
ao diagnóstico de neurose ou psicose, devido às
referências sobre alucinações visuais (sangue
nas mãos da irmã) e auditivas (ordens para o
suicídio).
28- Entretanto, a incerteza era a marca na descrição
desses sintomas, com citações do tipo parece
que, era como se houvesse, tipo uma voz. O
tipo de engajamento do psicótico em seus sintomas
não deixa espaço para a dúvida. Segundo Freud, A
criação da incerteza é um dos métodos utilizados
pela neurose a fim de atrair o paciente para fora
da realidade e isolá-lo do mundo, o que é uma das
tendências de qualquer distúrbio
psiconeurótico.Narrativa sem repressões para
seus desejos. A experiência mostra que uma ordem
obsessiva pode ter seu texto esclarecido nos
sonhos o gozo obtido através deles se torna
implacavelmente atraente.
29- Por isso, o conselho para que deixasse de
assistir aos filmes que inspiravam os - seus sonhos não tinha capacidade de se contrapor
a tão poderoso mecanismo. - Bernardo foi capaz de identificar, na primeira
consulta, um possível acontecimento desencadeador
dos sintomas (a revelação da tia sobre a rejeição
do pai). Diferentemente da histeria, em que as
causas precipitadoras cedem lugar à amnésia, na
neurose obsessivo-compulsiva os motivos imediatos
da doença são retidos na memória. Parece que a
repressão utiliza outro mecanismo de defesa, que
seria a destruição da catexia afetiva do trauma.
Diz Freud Isto explica a surpreendente
circunstância de o paciente, ao tentar o
analista, com ajuda dele, - descobrir a data da primeira ocorrência de uma
idéia obsessiva, ser obrigado a retrocedê-la mais
à medida que prossegue a análise, e estar
constantemente encontrando primeiras ocasiões de
surgimento da obsessão.
30- e o desenvolvimento do desejo de parricídio, traz
importantes visualizações. A vontade de matar o
pai, até então escondida, torna-se pronunciada
com o desenrolar da análise. Parece que Bernardo
não reconhecia o contexto verbal de suas próprias
idéias. Citamos Durante o processo de uma
psicanálise, não é apenas o paciente que ganha
coragem, mas também sua doença... ... o que
acontece é o paciente, que até então abstinha-se,
horrorizado, de encarar suas próprias produções
patológicas, começar a dar-lhes atenção e
conseguir uma opinião mais nítida e detalhada a
respeito dela. - Por isso, no fim, não restou nenhum
questionamento quanto à estrutura neurótica do
paciente. O sonho, questão freqüente no discurso
de Bernardo, fornecia uma. Entretanto, apesar de
Bernardo acreditar que aquele evento desencadeou
a sua doença, o trauma original deve ter ocorrido
posteriormente.
31- Até onde levantamos sua história, o primeiro
evento sugestivo de idéia obsessiva ocorreu após
a morte da irmãzinha, quando ele tinha nove anos.
A evolução do paciente, localizando o pai como
causador de sofrimento A morte é o pano de fundo
do relato de Bernardo. Ela aparece na tentativa
de auto-extermínio, parricídio, assassinato dos
irmãos. Não ficamos surpresos com tal
sintomatologia, pois, para os neuróticos
obsessivos, a morte funciona como válvula de
escape, uma alternativa, quando não encontram
soluções para os seus conflitos. Freud nos alerta
de que isso ocorre principalmente na matéria do
amor Assim em todo conflito que se introduz em
suas vidas, ficam à espreita de que ocorra a
morte de alguém, que lhes é importante, em geral
de alguém a quem amam como um de seus pais, um
rival, ou um dos objetos de seu amor entre os
quais hesitam as suas inclinações
32- No caso que abordamos, a questão sexual constitui
um assunto espinhoso. Apesar da empobrecida
história de homossexualismo, a compreensão do
mecanismo de morte dos neuróticos conseguiria, em
princípio, explicar com argumentações plausíveis
algumas considerações de Bernardo. - A relação com o pai deve ser avaliada em
separado. Além do homossexualismo, o qual por si
só já deveria estar refletindo alguma desavença
no desenvolvimento do complexo de Édipo, Bernardo
descrevia o relacionamento com o pai enfatizando,
sempre, o ódio existente. Porém,
contraditoriamente, no momento em que percebe um
carinho paterno maior por seu irmão, sente
vontade de matar o irmão.
33- Parece antagônico acreditar em ódio com
manifestação de ciúme, uma particularidade de
quem ama. Poderia causar estranheza maior ainda a
afirmação de que o amor e ódio coexistiam no
paciente. Entretanto, na neurose
obsessivo-compulsiva, essa é uma possibilidade
real e, além - disso, nos oferece pistas sobre a possível
origem da doença. A ambivalência é o resultado
direto de uma mudança nas características da vida
pulsional. Considera-se dentro da normalidade,
durante a fase anal sádica, a criança vivenciar
amor e ódio pelo mesmo objeto, simultaneamente.
Doravante, os pacientes com neurose obsessivo
compulsiva, quando ameaçados pela perda de um
objeto amoroso, abandonam a posição edipiana e
retornam para esse estágio contraditório,
relacionado com a fase anal. Assim, o conflito de
sentimentos surge nos padrões de comportamento
anormais (fazer e desfazer, fazer e conferir se
foi feito) e na dúvida cruel frente a definições.
34Conclusão
- Procuramos, com a breve descrição desse caso,
localizar semiologicamente as apresentações da
neurose obsessivo-compulsiva. A bibliografia de
Freud nos oferece material farto para uma
interpretação explicativa da doença, o que
resulta numa melhor abordagem diagnóstica e
terapêutica dos pacientes. -
- semiológicoparte da medicina que trata dos
sintomas das doenças