Title: Quebrando tabus, aprendendo como lidar.
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2Sexualidade Infantil e Abuso Sexual
- Quebrando tabus, aprendendo como lidar.
Palestrante Thereza Bastos
3- A sexualidade antecede o nascimento. Ela se
inicia, antes mesmo do exercício da maternidade,
quando surge o desejo de ter um filho, quando o
embrião foi fecundado numa relação sexual, em que
supomos que o casal experimentou o prazer.
4- A partir do momento em que descobrem que estão
esperando um bebê, inicia-se no imaginário
materno e paterno a constituição deste sujeito.
5- As marcas culturais da construção social da
sexualidade, na montagem da identidade de gênero,
já começam a ser impressas desde aí, no lugar a
ser destinado ao futuro bebê.
6- A sexualidade segue sendo construída nas
primeiras experiências afetivas do bebê com a mãe
e com o pai ou com quem cuida dele . - Os primeiros contatos da mãe com o bebê na
amamentação, no banho, na hora de ninar faz com
que ambos obtenham prazer ou desprazer nessas
experiências. - Essas experiências serão a base para o
desenvolvimento da resposta erótica da criança.
Possibilitam a manifestação da curiosidade
sexual, da capacidade para a construção dos
vínculos afetivos e do desejo de aprender.
7- Agregam-se as relações com outros membros da
família, amigos e demais pessoas pertencentes ao
seu meio sócio-cultural.
A curiosidade sexual se manifesta logo no início
da vida. Ela é a principal responsável pelo
despertar da aprendizagem e pelo desejo de saber.
8- Suas manifestações estão presentes no contato com
o próprio corpo, com o corpo do outro, nas
brincadeiras, nos jogos, nos relacionamentos, nas
conversas através de perguntas, de reflexões
sobre o que viu ou o que ouviu e se interessou.
9- Diante da curiosidade sexual da criança, é muito
importante primeiro entender a pergunta e
verificar o que ela quer saber. - Ao compreendermos o alcance e o conteúdo da
pergunta, é importante que possamos dar uma
resposta cientificamente e culturalmente correta
e objetiva e corrigir informações deturpadas. - Devemos responder sempre, mesmo que seja para
dizermos que não sabemos.
10- A forma da criança compreender o mundo se dá por
meio das fantasias, uma forma não elaborada, não
amadurecida de pensamento. Somente com o tempo e
por meio de um confronto entre a fantasia e a
realidade que lhe é apresentada e decodificada
pelo adulto que atua como o seu cuidador, é que a
criança vai poder crescer e construir as suas
referências de mundo .
11- Esse processo é gradual e está relacionado as
experiências que a criança vivencia. - Enquanto os adultos se utilizam basicamente da
linguagem oral e escrita para se comunicar e
construir os seus laços afetivos a criança o faz
por meio da brincadeira e do jogo. - Ao brincar, as crianças vivenciam conflitos,
expressam sentimentos, vivem fantasias em que
podem desempenhar diferentes papeis ora ativos,
ora passivos. - O brincar e a curiosidade infantil são
indicativos de um desenvolvimento infantil sadio
e criativo
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13Abuso sexual infantil Como saber se é
brincadeira ou realidade
14- A violência sexual pode ser definida como o
envolvimento de crianças e adolescentes,
dependentes e imaturos quanto ao seu
desenvolvimento, em atividades sexuais que eles
não têm condições de compreender plenamente e
para as quais são incapazes de dar consentimento,
ou que violam as regras sociais e os papeis
familiares. Tais atividades incluem a pedofilia,
os abusos sexuais violentos e o incesto, sendo
classificados como intrafamiliares ou
extrafamiliares. Especialistas apontam que 80
são praticados por membros da família ou por
pessoa conhecida e confiável, sendo que cinco
tipos de relações incestuosas são conhecidas
pai-filha irmão-irmã mãe-filho pai-filho e
mãe-filha... (AZAMBUJA, FERREIRA e COLS 2011. p.
19).
15- No caso do abuso sexual intrafamiliar praticada
contra a criança, muitos fatores contribuem para
a demora na revelação. Dentre eles o segredo e a
negação dos fatos pela criança e pela família.
Sua revelação implica rupturas e resistências dos
sujeitos envolvidos na relação violenta, que pode
ter sido episódica e isolada, ou ter sido
perpetrada ao longo de dias e até anos.
16- O nível de desenvolvimento da criança pode ou não
fornecer instrumentos que lhe facilitem a
compreensão e a expressão do ocorrido de forma
clara, verbal e lógica. - A criança vítima de abuso, além do sofrimento
traumático inicial, se encontra no seguinte
dilema como revelar a quem revelar como reagirá
a família o que ocorrerá após a revelação.
17- A violência não é apenas ruptura de laços.
Contraditoriamente, é também dimensão das
relações sócio-históricas que se expressam na
vida cotidiana, não sendo, portanto atingível
apenas na imediaticidade expressa pela descoberta
de um ato de violência. - O sentimento de dever para com a família e a
fantasia de que a destruição foi causada por ela
mesma são sentimentos dolorosos que acompanham a
criança em sua evolução.
18- A vergonha experimentada pela criança resulta na
negação e na contrição do afeto. Esses mecanismos
defensivos protegem-na contra o sentimento de
culpa, tornando difícil a compreensão do abuso
como um ato lesivo. - A necessidade de esquecer envolve mudanças de
comportamento na criança. Entre outros
mecanismos, a criança pode desenvolver o que
Freud chamou de identificação com o agressor,
isto é, ao personificar o agressor e assumir seus
atributos ou imitar a sua agressão, a criança
transforma-se de uma pessoa ameaçada na pessoa
que ameaça. - Uma forma psicológica de sobreviver ao abuso
sexual sem revelá-lo, mas perpetuando-o repetir
para não lembrar.
19- Como identificar a violência sexual Segundo
Silva (2007) - Altos níveis de ansiedade imagem corporal
distorcida e baixa auto-estima - Distúrbios no aprendizado e de socialização
dificuldades de concentração e hiperatividade - Comportamento extremamente tenso, em estado de
alerta - Regressão a um comportamento muito infantil
tristeza, abatimento profundo choro sem causa
aparente - Masturbação visível e constante, jogos sexuais
agressivos - Desconfiança especialmente dos adultos que lhes
são próximos
20- Faltar freqüentemente à escola relutância em
voltar para casa - Expressão de afeto sensualizada ou mesmo certo
grau de provocação erótica, inapropriado para uma
criança - Brincadeiras sexuais persistentes com amigos,
animais e brinquedos - Relato de avanços sexuais por parentes,
responsáveis ou outros adultos - Desenhar órgãos genitais com detalhes e
características além de sua capacidade etária.
21- Ao atuarmos contra o abuso sexual, o objetivo é
interromper o mais rápido possível a violação,
agir de forma interdisciplinar para cessar o
ciclo de violência e minorar as consequências
íntimas e sociais da violação. A tarefa é ampla e
complexa, não há solução simples, e a
responsabilidade é de todos, mas, sobretudo, do
Estado. A busca de saídas exige o aprofundamento
da reflexão sobre os princípios e os fundamentos
da ação técnica e política para não se criar
medidas com ênfase punitiva-respostas falsas e
efêmeras a uma questão muito complexa (AZAMBUJA,
2011).
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23Referências
AZAMBUJA, M. R. F. FERREIRA, M.H.M (et al).
Violência sexual contra criança e adolescente.
Porto Alegre Artmed, 2011 (slide 14, 17 e
21). CURY, M. Estatuto da Criança e do
adolescente comentado Comentários jurídicos e
sociais. São Paulo PC Editora Ltda, 2010. LOURO,
G.L. FELIPE, J. GOELLNER, S.V. Corpo gênero e
sexualidade um debate contemporâneo na educação.
Petrópolis, Rio de Janeiro Vozes, 2003. SILVA,
M.C.P. (et al) Sexualidade começa na infância-
São Paulo Casa do Psicólogo, 2007 (slide 3 a 6
e 20). VÍDEO. Faculdade de Formação de
Professores (FFP) da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro - UERJ. Música "João e Maria" de
Chico Buarque. Colaboração de Daniel Júlio.
Trabalho da Disciplina de Informática na
Educação, orientada pelo professor Rogério.
Disponível em http//youtu.be/yd1R2LiD-as.
Acesso em 29 jul 2011.