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No es b sicas sobre a B blia 1 PARTE A quem iremos n s, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! (Jo 6, 68) Escola de Dirigentes do M.C.C. – PowerPoint PPT presentation

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Title: No


1
Noções básicas sobre a Bíblia
1ª PARTE
A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de
vida eterna! (Jo 6, 68)
  • Escola de Dirigentes do M.C.C.
  • Formação Básica da Fé (III)

2
Formação Básica da Fé - III Noções básicas
sobre a Bíblia 1ª parte
  • Sumário
  • Generalidades sobre a Bíblia
  • Inspiração, Verdade e inerrância
  • 3. O cânone da Bíblia
  • 4. Os géneros literários
  • 5. A Interpretação e leitura da Bíblia
  • 6. Bibliografia recomendada

3
1. Generalidades sobre a Bíblia
4
1 Generalidades sobre a Bíblia
O que é a Bíblia (I)?
1
  • A BÍBLIA UM ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS DE FAMÍLIA
    Na Bíblia temos a história de um povo que
    lentamente foi descobrindo o seu Deus (a própria
    Bíblia não caiu do céu, mas demorou muito a ser
    escrita!). Mais tarde, os cristãos descobrem,
    pouco a pouco, quem é Jesus. Nela não está tudo
    como num manual de verdades, mas é como um álbum
    de fotografias
  • SÓ MAIS TARDE É QUE SE COMPREENDE Muitas vezes
    um sentido de um acontecimento só é revelado mais
    tarde, só se percebe mais tarde acontecimentos
    dispersos vão-se reunindo, recebem um sentido no
    global. Na Bíblia não interessam muito os
    acontecimentos em si, não é uma reportagem em
    directo mas diz-nos o que se descobriu mais
    tarde sobre esses acontecimentos. O essencial é
    descobrir Deus por detrás dos acontecimentos.
  • ? A BÍBLIA É O LIVRO DA ALIANÇA é o Livro de
    Amor que narra o encontro entre duas liberdades,
    Deus e o Homem, sendo que a iniciativa é de Deus,
    que faz com o Homem uma Aliança, renovada ao
    longo dos tempos e perpassa toda a História da
    Salvação. Mas o centro da Aliança é JESUS CRISTO
    a Nova e definitiva Aliança, tudo aponta para Ele!

5
1 Generalidades sobre a Bíblia
O que é a Bíblia (II)?
1
É um determinado conjunto de escritos, judeus e
cristãos, de finalidade religiosa, compostos por
diversos autores em diferentes géneros literários
ao longo de mais de mil anos e que tiveram,
sobretudo a partir do cristianismo, uma
influência decisiva na chamada civilização
ocidental. A. Calvo /A. Ruiz, Para conhecer a
Cristologia
É um conjunto de livros, escritos por inspiração
de Deus, através dos quais Deus Se revela a Si
mesmo e nos revela o Seu projecto de amor e
salvação acerca do homem e da humanidade.
Américo Veiga, Por que sou cristão?
6
1- Generalidades Sobre a Bíblia
A Bíblia é um livro importante? (I)
2
A Bíblia é um livro de recordes!
  • Primeiro livro a ser impresso Bíblia de
    Gutenberg, 1465.
  • Livro mais caro em leilão exemplar da Bíblia de
    Gutenberg alcançou em 1978 o valor de
    1.125.000,00 (cerca de 250 mil contos).
  • Livro mais vendido entre 1815 e 1975 foram
    vendidos cerca de 2.500.000.000 de exemplares!
  • Livro mais traduzido em 1800 línguas e
    dialectos diferentes porém, há ainda duzentos
    milhões de pessoas que não têm acesso à Bíblia na
    sua própria língua.
  • Livro mais documentado da Antiguidade existem
    cerca de 13.000 manuscritos antigos do Novo
    Testamento originários dos primeiros séculos.

7
1 Generalidades sobre a Bíblia
A Bíblia é um livro importante? (II)
2
Com tantos livros interessantes para ler e
estudar, por que será importante ler a Bíblia?
A sua importância deriva de duas razões
fundamentais
  • RAZÃO CULTURAL documento indispensável para
    compreender a raiz da cultura, do
    desenvolvimento, da história de grande número de
    países, influenciando a moral, a arte, política,
    economia, festas, alimentação, etc. Por isso se
    chama à civilização ocidental de civilização
    cristã.
  • RAZÃO RELIGIOSA
  • mais de 1/3 da humanidade actual (cristãos e
    judeus) vê na Bíblia um conjunto de livros que de
    alguma maneira contem a palavra de Deus e por
    isso a veneram, lêem e
  • estudam, e tiram ensinamentos para a vida. É um
    livro de fé feito por homens de fé para homens de
    fé.

8
1 Generalidades sobre a Bíblia
O que significa a palavra Bíblia?
3
? BÍBLIA deriva da expressão grega (grego comum
ou koiné) tà Biblìa LIVROS.
? BIBLOS (??ß???) nome de uma cidade portuária
na Fenícia (actual Líbano). Diz-se que foi aí
onde se coseram pela primeira vez folhas de um
papel de papiro especial preparado para a
escrita, importado do Egipto, transformado e daí
exportado para todo o Império. Esse papiro toma o
nome da cidade BIBLOS.
Castelo dos Cruzados em Biblos
  • BIBLION livrinho (diminutivo de biblos)
    BIBLÍA livrinhos (plural de biblion). Com a
    evolução do grego, perdem o valor diminutivo em
    favor do normal. TA BIBLÍA livros (e não
    livrinhos).
  • Ao passar pelo latim clássico torna-se nome
    singular feminino e assim passa para as nossas
    línguas BIBLE em francês, BIBBIA em italiano,
    BIBEL em alemão, BÍBLIA em português BÍBLIA O
    LIVROS. De facto, mais do que um livro é uma
    biblioteca.

9
1 Generalidades sobre a Bíblia
Que outros nomes tem a Bíblia?
4
  • A Escritura (graphê), Escrituras, Sagrada
    Escritura, Sagradas Escrituras, nomes
    utilizados a princípio pelos judeus
    palestinianos, menos familiarizados com o grego e
    que usavam rolos de papiro ou pergaminho (por
    vezes com 7 metros de comprimento).
  • O Livro, O Livro dos Livros, O Livro
    Sagrado, etc.

Quando é que a Bíblia se começou a chamar
Bíblia?
5
Os vocábulos biblia e biblion aparecem na Bíblia
(em grego), mas nunca referente à própria Bíblia
(exemplo Jo 21, 25 II Tim 4, 13, etc). O
primeiro documento que trata a colectânea das
Sagradas Escrituras pelo nome Bíblia é uma
carta redigida por volta do ano 150, por mão de
Clemente de Alexandria, um dos primeiros Padres
da Igreja.
10
1 Generalidades sobre a Bíblia
A Bíblia é um livro?
6
? NÃO. Mais que um livro, a Bíblia é uma
biblioteca. Actualmente a Bíblia edita-se em
regra num só volume, mas não é um só livro, é um
conjunto de livros reunidos numa mesma
encadernação. O motivo que justifica esta união é
a própria fé que impregna toda a obra, mas do
ponto de vista da estrutura literária, da
colocação histórica, dos conteúdos teológicos,
apresenta-se variada, múltipla, desigual.
11
1 Generalidades sobre a Bíblia
As Bíblias são todas iguais?
7
NÃO propriamente, pois importa distinguir, entre
outras coisas
1º A Bíblia cristã da Bíblia hebraica.
2º Dentro das Bíblias cristãs, a Bíblia Católica
das Bíblias dos protestantes e o caso concreto
das Bíblias inter-confessionais
3º Outras Bíblias, que carecem de seriedade na
Tradução e revestem-se de adequação do conteúdo
da Palavra às suas doutrinas próprias
4º E ainda as pequenas diferenças de tradução que
existem de Tradução para Tradução, sem conteúdo
deturpar o sentido da Mensagem.
?
Ao longo do tema, iremos constatar as diferenças
em particular.
12
1 Generalidades sobre a Bíblia
Como se dividem as Bíblias? (I)
8
  • 1º Em duas grandes partes
  • ANTIGO TESTAMENTO
  • NOVO TESTAMENTO

A Bíblia hebraica consta apenas da parte
correspondente ao Antigo Testamento, já que
rejeitam Cristo como o Messias e logo todo o Novo
Testamento.
? TESTAMENTO ALIANÇA não tem aqui o sentido
que é tradicional na nossa língua é um decalque
da palavra latina testamentum que traduz a
palavra hebraica berît e o grego diathéke, que
pode significar pacto, aliança ou
testamento. Assim, Antigo Testamento Antiga
Aliança e Novo Testamento Nova Aliança.
? ANTIGO TESTAMENTO compreende os escritos
sagrados dos judeus, anteriores a Cristo.
? NOVO TESTAMENTO compreende aquilo que foi
redigido pelos primeiros cristãos, após a morte
de Jesus.
13
1 Generalidades sobre a Bíblia
Como se dividem as Bíblias? (II)
8
2º Depois em LIVROS
  • ANTIGO TESTAMENTO
  • NOVO TESTAMENTO
  • BÍBLIA

39
0
39

Considerando o nosso sistema de contagem

BÍBLIA HEBRAICA
66
27
39
BÍBLIA PROTESTANTE


73
46
27


BÍBLIA CATÓLICA
3º Depois em CAPÍTULOS E VERSÍCULOS
14
1 Generalidades sobre a Bíblia
Como se classificam os Livros da Bíblia? (I)
9
Tradicionalmente, os Livros podem ser agrupados
em vários conjuntos
24 livros no AT (ou 22) 39 livros dos
protestantes. Divide-se em três partes a) a
Lei, TORA ou Instrução (corresponde ao nosso
Pentateuco) inclui os cinco primeiros livros
Génesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronómio. b) Os PROFETAS (Nebiim), divididos
em dois grupos primeiros profetas ou anteriores
(os livros históricos, de Josué aos livros dos
Reis) e segundos profetas ou posteriores (os
nossos livros proféticos) c) Os ESCRITOS
(Ketubim) os restantes livros são os 13
escritos hebraicos (dos Salmos às Crónicas, dos
quais faz parte os cinco rolos ou Megilloth
Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes,
Lamentações e Ester, que se liam inteiros nas
principais festas judaicas).
BÍBLIA HEBRAICA
Com as primeiras letras de cada um destes títulos
(Tora, Nebiim e Ketubim), formam a palavra TANAK,
que para os judeus designa a Bíblia.
15
1 Generalidades sobre a Bíblia
Como se classificam os Livros da Bíblia? (II)
9
Aceita a Bíblia hebraica, ampliando a História da
Salvação com os textos do Novo testamento. Há uma
pequena diferença entre o número de livros
aceites pelos católicos e pelos protestantes,
como veremos.
BÍBLIA CRISTÃ
  • Costumam dividir-se em
  • NO ANTIGO TESTAMENTO
  • ? PENTATEUCO a expressão deriva do grego e
    significa cinco rolos corresponde à Torá da
    Bíblia hebraica por vezes o Pentateuco é
    englobado nos Livros Históricos
  • ? LIVROS HISTÓRICOS correspondem aos profetas
    anteriores da Bíblia hebraica, com várias adições
    na Bíblia Católica
  • ? LIVROS DIDÁCTICOS (ou SAPIENCIAIS)
    correspondem aos livros de Job, Salmos,
    Provérbios, Coélet, Cântico dos Cânticos,
    Sabedoria e Bem Sirá (ou Eclesiástico)
  • LIVROS PROFÉTICOS correspondem aos profetas
    posteriores da Bíblia hebraica, com algumas
    adições na Bíblia Católica.

16
1 Generalidades sobre a Bíblia
Como se classificam os Livros da Bíblia? (III)
9
  • NO NOVO TESTAMENTO
  • EVANGELHOS E ACTOS (formando estes um todo com o
    Evangelho de Lucas)
  • CARTAS (ou Epístolas) PAULINAS (13) E CARTA
    AOS HEBREUS, que, por tradição, está ligada ao
    chamado corpus paulinum.
  • CARTAS CATÓLICAS (7) designam-se assim por não
    trem sido endereçadas a qualquer indivíduo ou
    comunidade em particular, mas a todos os fiéis.
  • APOCALIPSE.

De notar que, com algum esforço da nossa parte,
os Livros do Novo testamento também podem ser
classificados como os do Antigo Testamento
Livros Históricos (Evangelhos e Actos),
Sapienciais ou Didáctivos (Cartas paulinas, aos
Hebreus e Católicas) e Proféticos (Apocalipse).
Vejamos um quadro-resumo
17
1 Generalidades sobre a Bíblia
Como se classificam os Livros da Bíblia? (IV)
9
18
1 Generalidades sobre a Bíblia
Como se classificam os Livros da Bíblia? (V)
9
19
1 Generalidades sobre a Bíblia
Quem escreveu a Bíblia?
10
  • INÚMEROS AUTORES HUMANOS
  • 73 livros
  • Escritos ao longo de mais de 1000 anos
  • Com linguagem muito diferentes uns dos outros
  • Com uma cultura semítica que desconhecia a
    propriedade intelectual, os direitos de autor,
    sendo os livros retocados e actualizados
    constantemente ou então atribuídos a um
    personagem famoso nesse género literário
  • Com autores de diversas condições sociais e de
    cultura diferentes

Não é possível identificar com certeza absoluta
nenhum autor, mas devemos aceitar os nomes dos
autores que, tradicionalmente são apontados por
exemplo, Moisés para o Pentateuco, embora hoje
saibamos que é fruto de inúmeras tradições isto
prende-se com a AUTENTICIDADE do livro, saber
se um livro foi realmente foi escrito pelo autor
ao qual é atribuído.
? DEUS, AUTOR DIVINO veremos que Deus é o Autor
divino, o Autor principal.
20
1 Generalidades sobre a Bíblia
Quando foi escrita a Bíblia?
11
? A sua escrita demorou mais de 1000 anos (cerca
de 11 séculos), começando por volta de cerca de
950 a.C, no Reinado do Rei Salomão, pois foi aí
que se começaram a reunir as condições para a
escrita e terminando no livro do Apocalipse, por
volta do ano 100 d.C. ? É bem difícil saber
quando se começou a escrever, pois as partes mais
antigas, antes de serem escritas, forma narradas
e contadas oralmente no Povo de Israel. Os povos
antigos costumavam repetir de memória nas suas
reuniões e celebrações longas recitações sobre
acontecimentos passados ou histórias poéticas e
antes de recitadas foram vividas por muitas
gerações, que se esforçaram por ser fiéis a Deus
e organizar a sua vida de acordo com a justiça.
Como hoje se aprende as letras das canções, assim
eles aprendiam as histórias, as leis, as
profecias, os salmos, os provérbios e muitas
outras coisas, que depois foram escritas na
Bíblia.
21
1 Generalidades sobre a Bíblia
12
Onde foi escrita a Bíblia?
  • Não foi escrita num só lugar, mas em muitos
    lugares diferentes. Os costumes, a cultura, a
    religião, a situação económica, social e política
    de todos esses povos influenciaram na forma como
    a Bíblia apresenta a Mensagem de Deus aos homens.
  • ? ANTIGO TESTAMENTO
  • A maior parte foi escrita na Palestina, terra do
    Povo de Deus, onde Jesus viveu e onde nasceu a
    Igreja.
  • Algumas partes foram escritas na Babilónia, onde
    o povo esteve desterrado no século VI a.C.
  • Outras partes foram escritas no Egipto, par onde
    emigrou muita gente após o Cativeiro.
  • NOVO TESTAMENTO
  • Algumas partes foram escritas na Síria e Ásia
    Menor (actual Turquia), na Grécia e em Itália,
    onde existiam as comunidades fundadas e visitadas
    por S. Paulo.

GRÉCIA
ÁSIA MENOR
BABILÓNIA
PALESTINA
EGIPTO
22
1 Generalidades sobre a Bíblia
Em que língua foi escrita a Bíblia? (I)
13
? A Bíblia foi escrita por diversos autores com
diferentes mentalidades, culturas e estilos e
também em línguas diferentes, conforme a língua
falada pelo povo ao qual Deus Se dirigia mais
imediatamente. ? São três as línguas em que a
Bíblia foi escrita o hebraico, o aramaico e o
grego comum (koiné). O Antigo Testamento foi
quase todo escrito em hebraico, exceptuando
alguns capítulos em aramaico (Esd 4, 6-7.18 Dan
2, 4-7.28) e vários livros em grego (Sab e 2
Mac). Os do Novo Testamento estão em grego comum
(koiné), embora, apareçam por vezes traduções do
aramaico. Crê-se que o Evangelho de São Mateus
teria sido escrito primeiro em aramaico.
Os textos originais da Bíblia reflectem três
horizontes culturais muito diferentes
23
1 Generalidades sobre a Bíblia
Em que língua foi escrita a Bíblia? (II)
13
? O HEBRAICO. Pertence à família das línguas
semíticas foi suplantada pelo aramaico por volta
do séc. VI a.C., embora continuasse a ser
utilizada no culto. O alfabeto consta de 22
consoantes, é grafada com escrita quadrada, da
direita para a esquerda por volta do séc. VII,
uns gramáticos judeus, os massoretas, fixaram o
sentido do texto, juntando as vogais em forma de
pontos debaixo ou em cima das consoantes a
pronúncia que nos deixaram é pouco segura a mais
correcta é as consoantes da Bíblia hebraica e as
vogais da tradução grega dos LXX. Por isso, o
texto hebraico da Bíblia chama-se de
massorético.
? O ARAMAICO já se usava no séc. VIII a.C. como
língua internacional da Assíria foi suplantando
o hebraico como língua falada Jesus falava
aramaico e os Evangelhos também referem algumas
expressões suas nesta língua.
Abbá, Pai, tudo te é possível afasta de mim
este cálice! Mas não se faça o que Eu quero, e
sim o que Tu queres. (Mc 14, 36)
? O GREGO o grego do NT é diferente do grego
clássico aproxima-se mais da língua falada,
designada por koiné (ou comum) contém muitas
construções de carácter semítico.
24
1 Generalidades sobre a Bíblia
14
Quais são as cópias manuscritas mais
importantes que existem da Bíblia?
  • Já que os originais (autógrafos) estão perdidos,
    reconstrói-se o texto primitivo através de cópias
    que chegaram até nós.
  • Do Antigo Testamento os documentos mais antigos
    do AT provém das descobertas de Qumram, ao Norte
    do Mar Morte, desde 1947. Até aí os manuscritos
    hebraicos na nossa posse eram o Códice de Alepo
    (ano 980) e o códice de Leninegrado (1008-1009).
    As descobertas de Qumram permitiram recuar até ao
    séc. II a.C., colocando à disposição testemunhos
    sobre todos os livros do AT (excepto o de Ester).
  • Do Novo Testamento os códices maiúsculos
    (escritos em pergaminho), por exemplo, Codex
    Sinaiticus, Codex vaticanus (cerca de 360),
    Alexandrino, etc. e papiros papiro Chester Beaty
    (P45, 46, 47) de 260 os Bodmer (P 66, 75) (ano
    170) e o John Rylands (P52) é do ano 125, o 7Q5
    (Mc 6, 12 e 53), com 20 letras é do ano 50, etc.
  • As cópias eram feitas em papiro ( obtém-se de
    um caule de um arbusto) ou pergaminho (da pele de
    animal, é mais resistente).
  • O codex (livro) é adoptado pelos cristãos de
    preferência ao rolo de pergaminho utilizado pelos
    judeus para as Escrituras Santas. Mais tarde (a
    partir do séc. XII) difunde-se o papel.

25
1 Generalidades sobre a Bíblia
Quais são as traduções mais importantes da
Bíblia?
15
  • ? A mais notável é a VERSÃO DOS SETENTA (LXX) (à
    volta de 250 a.C.), muito usado pelos judeus da
    Diáspora e pelos primeiros cristãos segundo a
    lenda 70 tradutores (ou 72) trabalhando
    separadamente, chegaram à mesmíssima tradução, o
    que provaria a sua inspiração outras traduções
    gregas a de Áquila, de Símaco, de Teodocião.
  • Outras traduções são a síriaca, a copta e a
    latina (na península Ibérica usou-se nos sécs.
    II-IV uma tradução latina própria, a Vetus latina
    Hispana) depois, a VULGATA de São Jerónimo
    (cerca de 384) chegou rapidamente à península,
    através de uns andaluzes dela derivam os livros
    litúrgicos. A primeira Bíblia traduzida para
    português foi a do protestante João Ferreira de
    Almeida, no séc. XVII.
  • Actualmente, estão publicadas Bíblias em cerca
    de 2000 idiomas.

26
1 Generalidades sobre a Bíblia
16
Tudo o que está escrito na Bíblia faz parte do
texto original?
  • NÃO! Não fazem parte do texto original

? OS TÍTULOS DOS LIVROS o nome com que
tradicionalmente os livros são designados
(Génesis, Êxodo, etc.) não é original, mas foi
dado muito depois, aludindo ao que se pensava ser
o seu conteúdo. Os judeus titulavam os livros
pelas primeiras palavras com que começavam. Há
livros que têm vários títulos (ex Paralipómenos
ou Crónicas, I Samuel ou I dos Reis, etc).
? OUTROS TÍTULOS (PERÍCOPES) aparecem ao longo
do texto, em caracteres negros, procuram dar ao
leitor um a ideia geral do que vai ler, e são da
responsabilidade dos tradutores não devem ser
lidos ao proclamar a Palavra em público.
? INTRODUÇÕES, NOTAS E PARALELOS anotações
várias que ajudam os leitores as notas de rodapé
são esclarecimentos, uma vezes de carácter
doutrinal, outras de carácter histórico ou
linguístico também aparecem à margem ou nas
notas de rodapé os lugares paralelos, isto é,
as citações da Bíblia que falam do mesmo tema. As
Bíblias protestantes não têm, normalmente notas
de rodapé, salvo as luteranas.
? OS CAPÍTULOS E OS VERSÍCULOS como veremos a
seguir.
27
1 Generalidades sobre a Bíblia
17
Quem dividiu a Bíblia em capítulos e
versículos (I)?
  • Nos antigos manuscritos, a Bíblia apresenta-se
    em escrita contínua, sem espaçamentos, e
    frequentemente só em caracteres maiúsculos. Para
    encontrar facilmente uma citação, criou-se o
    sistema de referências bíblicas, através da
    divisão em capítulos e versículos.
  • Antecedentes desta divisão
  • ? Temos o ensaio judeu dividiram a Lei e os
    profetas para lerem nas celebrações litúrgicas
    dividiram a Lei em 54 secções (tantas quantas as
    semanas do ano), as "perashiyyot" ( divisões).
    Os profetas não foram divididos inteiros em
    "perashiyyot", como a Lei, mas seleccionaram-se
    54 trechos deles, os chamados "haftarot" (
    despedidas), porque com a sua leitura se
    encerrava nas funções litúrgicas a leitura da
    Bíblia. Em Lc 4, 16-19, Jesus foi convidado a ler
    a haftarot (despedida) e leu um trecho de Isaías
    61 ? Quanto ao ensaio cristão Chegaram até nós
    alguns manuscritos antigos, do século V, onde
    aparecem as primeiras tentativas de divisão
    bíblica. Por isso, sabemos, por exemplo, que
    naquela antiga classificação, Mateus tinha 68
    capítulos, Marcos tinha 48, Lucas, 83 e João
    contava 18 capítulos.

28
1 Generalidades sobre a Bíblia
17
Quem dividiu a Bíblia em capítulos e
versículos (II)?
  • DIVISÃO EM CAPÍTULOS Em 1226 Étienne Langton
    (ou Estêvão Langton) teve a ideia de dividir cada
    livro em capítulos numerados, antes de ser
    sagrado bispo (futuro arcebispo de Canterbury, em
    Inglaterra), enquanto desempenhava as funções de
    professor em Sorbona, em Paris. Esta divisão, foi
    usada, pela primeira vez na Bible de Paris. O
    êxito deste sistema foi enorme, e foi usado até
    pelos judeus.
  • DIVISÃO EM VERSÍCULOS À medida que o estudo da
    Bíblia ganhava em precisão e minúcia, revelou-se
    esta divisão insuficiente é assim que o
    dominicano italiano Santos Pagnino, publicou em
    1528, em Lyon uma bíblia toda subdividida em
    frases mais pequenas. Contudo, não lhe
    corresponderia a ele a glória de ser o autor do
    nosso actual sistema de classificação de
    versículos, mas a Roberto Stefano (ou Estienne),
    um editor (ou impressor) protestante. Aceitou a
    divisão de Pagnino do AT com pequenos retoques
    (curiosamente Pagnino não subdividira os 7
    deuterocanónicos teve Estienne que o fazer!)
    para o NT fez uma nova numeração. Esta divisão
    foi feita numa viagem em diligência de Lyon a
    Paris, notando-se por isso que foi feita de uma
    forma arbitrária.
  • Finalmente o Papa Clemente VIII mandou publicar
    uma nova versão da Bíblia em latim para uso
    oficial da Igreja, pois o texto anterior de tanto
    ser copiado à mão tinha sido deformado. A obra
    viu a luz a 9 de Novembro de 1592 e foi a
    primeira edição da Igreja Católica que apareceu
    com a já definitiva divisão de capítulos e
    versículos.

29
1 Generalidades sobre a Bíblia
18
Como indicar uma referência bíblica (I)?
  • Além de capítulos e versículos, cada livro está
    designado por uma abreviatura. Estas tendem a ser
    cada vez mais simples Rom para Rm, Tgo para Tg,
    etc. No índice das bíblias encontra-se a lista. É
    quase uniforme em todas as bíblias o
    Eclesiástico (Ecli) é também chamado de Siracida
    (Sir) ou Ben Sira (o seu autor) o Eclesiastes
    (Ecl ou Ec) é também chamado de Qoheleth (Qo).
  • Só a Carta a Filémon, 1ª e 2ª Cartas de São João
    e a Carta de São Judas é que apenas têm um
    capítulo.
  • A numeração dos Salmos não é idêntica na Bíblia
    hebraica e na Bíblia grega, esta seguida pela
    Bíblia latina e pelos livros litúrgicos
    católicos. Usa-se, habitualmente, a numeração
    hebraica, colocando entre parêntesis a do latim.
    (Exemplo Salmo 104(103)).
  • O sistema tem vindo a generalizar-se. No
    entanto, tem certos escolhos não nos devemos
    ater aos capítulos e versículos se quisermos
    apreender o sentido do texto. Exemplos de
    escolhos Sab 2 Dan 6, etc. Mas ajuda-nos a
    conhecer a Bíblia até às minúcias por exemplo
    tem 1328 capítulos e 40030 versículos as
    palavras no texto original somam 773 692 e tem 3
    566 480 letras, etc., etc.

30
1 Generalidades sobre a Bíblia
18
Como indicar uma referência bíblica (I)?
O primeiro que se indica é a abreviatura do
livro. Em seguida, o primeiro número corresponde
ao capítulo (aos nºs grandes na Bíblia) e o
segundo - separados por uma vírgula - ao
versículo (aos nºs pequenos na Bíblia). Por
exemplo, Gn 2, 5 significa Livro de Génesis,
capítulo 2, versículo 5.
O hífen serve para unir vários capítulos ou
versículos. Indica desde ... até ...
inclusive. Gn 2-5 significa Génesis, capítulos 2
ao 5 (inclusive) Gn 2, 4-8 significa Génesis,
capítulo 2, versículos do 4 ao 8 (inclusive).
O s acrescentado a um número significa e
seguinte Gn 2, 4s indica que deve-se ler o
versículo 4 e o seguinte, isto é, o 5.
Com o ponto e vírgula separam-se duas referências
diferentes Gn 2 5 significa Génesis, capítulos
2 e 5.
O ponto separa dois versículos diferentes do
mesmo capítulo Gn 2, 4.8.11 remete aos
versículos 4, 8 e 11 do capítulo 2 do Génesis.
Se são acrescentados dois s, deve-se ler alguns
dos versículos que se seguem ao citado, isto é,
os seguintes. Gen 2, 4ss significa que se devem
ler alguns versículos a partir do número 4 do
capítulo 2 do Génesis.
31
1 Generalidades sobre a Bíblia
19
A ordem dos livros da Bíblia é a ordem pela
qual foram escritas os mesmos?
  • NÃO A ordem actual dos livros na bíblia (ordem
    canónica) não corresponde à ordem histórica, isto
    é, nem os primeiros são precisamente os mais
    antigos, nem os últimos mais recentes.
  • Como biblioteca que é, a Bíblia tem várias
    possibilidades de ordenação dos livros. Por
    tamanho, como as cartas de Paulo que estão
    dispostas segundo a extensão, em ordem
    decrescente por temas, por exemplo, os Profetas
    ou as Cartas de Paulo podemos colocar juntos os
    que constituem autoridade, e depois os outros
    (assim, as Bíblias ecuménicas e certas edições
    protestantes colocam no final do Antigo
    Testamento os Livros deuterocanónicos).
  • No séc. XIII os livros do AT foram colocados nos
    três blocos que vimos históricos, didácticos e
    proféticos. A ordem dos livros proféticos na
    Bíblia cristã foi invertida relativamente à
    Bíblia hebraica (Tora, Profetas e Escritos) isto
    para vincar mais a ponte entre o AT e o NT. Os
    primeiros livros são AT - os da época do Rei
    Salomão (quando se começam a reunir as condições
    para a escrita), cerca de 950 a.C., por exemplo I
    e II Samuel, I e II Reis, Salmos, etc o último
    do AT é o da Sabedoria, por volta de 50 a.C. O
    primeiro do NT é a 1ª Tes, por volta de 51 e o
    último do NT é o Apocalipse (cerca do ano 100 d.C)

32
2. Inspiração, Verdade e inerrância
33
2 Inspiração, Verdade eInerrância
1
Quem é o Autor principal da Bíblia?
? DEUS É O AUTOR PRINCIPAL DE DEUS A Bíblia é um
livro escrito por iniciativa divina foi Deus que
iluminou a inteligência e moveu a vontade dos
autores sagrados (hagiógrafos), para escreverem
com exactidão a verdade religiosa que Ele
desejava ensinar-nos a respeito de Si e da nossa
salvação. A Bíblia é o livro de Deus é uma
espécie de carta ou mensagem dirigida com amor a
cada um de nós da parte de Deus.
? MAS A BÍBLIA É TAMBÉM O LIVRO DOS HOMENS foram
os homens que escreveram a Bíblia, sob a
inspiração de Deus. E fizeram-no limitados a
condicionalismos vários de estilo, de cultura
(semita, oriental), de mentalidade, de espaço, de
tempo, de raça, etc por outro lado, servem-se de
géneros literários diferentes, como veremos.
Assim, os homens são também verdadeiros autores,
que escrevem o seu suor na fronte.
A BÍBLIA É PALAVRA DE DEUS NA LÍNGUA DOS HOMENS
34
2 Inspiração, Verdade eInerrância
2
O que é a Inspiração?
? É um influxo ou auxílio sobrenatural por meio
do qual Deus iluminou os autores sagrados para
que escrevessem o que Ele queria revelar e não se
enganassem na transmissão da mensagem religiosa
ou de fé que Ele queria comunicar aos homens.
? Ao longo dos tempos, esta noção não foi estável
1º Como ditado 2º Como transmissão da Palavra de
Deus 3º Como inspiração
DOMENICO GUIRLANDAIO Florença, 1449
CARAVAGGIO, 1602
REMBRANDT Holanda, 1664
35
2 Inspiração, Verdade eInerrância
3
De que ordem são as Verdades contidas na
Bíblia?
? O que a Bíblia nos transmite é a Verdade esta
Verdade deriva de dois princípios Deus é o Autor
principal da Bíblia e Ele não pode enganar-Se nem
enganar-nos, pois a Escritura não se pode pôr em
dúvida (Jo 10, 35).
? O que interessa na Bíblia não é tanto as
histórias, mas a verdade de fé que se pretende
ensinar o que interessa é apercebermo-nos do que
Deus nos quis revelar são estas verdades (muitas
vezes sob muita roupagem literária e outras) que
são inspiradas por Deus e por isso não podem
conter erros antes falava-se em inerrância,
isto é, dizia-se que se Deus é autor, então não
pode haver erros de espécie (porque Ele não Se
pode enganar!) alguma inclusive os científicos o
facto é que a Bíblia contem vários erros ela
ensina-nos a verdade, em ordem à nossa
salvação não existe para ser um livro de
ciência, de história, um tratado de moral, ou
para satisfazer as nossas curiosidades..
36
2 Inspiração, Verdade eInerrância
4
Então, se Deus é o Autor da Bíblia então não
pode haver erros na Bíblia. Certo (I)?
? ERRADO! Nela não há erros em relação à fé, mas
pode haver (e há) erros científicos, ou de outra
ordem, ou imperfeições, por exemplo
? ERROS CIENTÍFICOS descrevem-se fenómenos de
natureza mítica e relatos que contradizem as leis
naturais (por ex. Jos 10, 12 e o caso Galileu)
Sol, detém-te sobre Gabaon!...E o sol deteve-se
(Js 10, 12).
Mas a Bíblia não é um livro de ciência ela
ensina como se vai para o céu e não como
funciona o céu (Galileu).
Mas a Bíblia não é um livro de História os
escritores escrevem conforme o que sabem na
época deve-se ter em conta os géneros literários
(por exemplo, o épico engrandece os factos).
? ERROS HISTÓRICOS contem inexactidões ao contar
factos do passado contradiz-se em alguns factos
nela própria..
37
2 Inspiração, Verdade eInerrância
4
Então, se Deus é o Autor da Bíblia então não
pode haver erros na Bíblia. Certo (II)?
? ERROS E IMPERFEIÇÕES MORAIS narrações
escandalosas, mentiras (por exemplo, de Abraão e
Jacob), violações, incesto, orações de vingança,
guerras, práticas sociais inaceitáveis
(escravidão, submissão da mulher, poligamia),
sacrifícios humanos, prática do herém (passar por
fio de espada toda o homem, mulher, criança e
animal das terras conquistadas para sacrifício a
Deus), a Lei do tailião.
Mas a Bíblia não é um livro de moral, que nos diz
o que se pode fazer ou não! Ela relata a
realidade nua e crua de um homem nem sempre bom
por isso muitas coisas estão lá como exemplo a
não seguir. A revelação é progressiva o Antigo
Testamento atinge a plenitude apenas no Novo (em
Jesus Cristo) Deus é paciente, acompanha os Seus
filhos pela mão, é educativo os filhos também
podem aprender com os seus erros!
38
2 Inspiração, Verdade eInerrância
5
Que princípios, então, devem ter-se em conta
na questão dos erros da Bíblia?
  • ? Alguns princípios orientadores
  • A verdade das Escrituras deve ser entendida em
    sentido dinâmico. Ou seja ela não está tanto
    nesta ou aquela afirmação particular (porque se
    fosse entendida assim, a referência à Bíblia
    poderia levar ao fundamentalismo), mas na
    revelação de Deus na sua globalidade, uma visão
    da história não como uma sequência de
    acontecimentos mas como a história da salvação em
    que Deus está presente e a dirige.
  • Não podemos avaliar os textos antigos partindo da
    nossa mentalidade é preciso fazer um esforço de
    interpretação que tenha presente o contexto em
    que o texto em concreto nasceu, os géneros
    literários que utilizaram e os condicionalismos
    que incidiram sobre os vários autores.
  • O leitor deve ter o bom senso de distinguir o
    essencial do acessório, o filão da revelação do
    respectivo invólucro. A inerrância está escondida
    nesse filão que a perpassa por séculos e séculos,
    sem nunca perder a carga de salvação que nele se
    encerra.
  • Deus é condescendente e quis levantar o Homem da
    sua debilidade humana até ao conhecimento dos
    mais altos princípios de moralidade há assim,
    uma pedagogia divina progressiva até a moral
    evangélica, cujo centro é o Sermão da Montanha.

39
2 Inspiração, Verdade eInerrância
6
Em que texto do Magistério podemos ler esta
questão de forma simples e resumida?
11. As verdades reveladas por Deus, que se
encontram escritas e manifestadas na Sagrada
Escritura, foram redigidas sob inspiração do
Espírito Santo (cfr. Jo 20, 31 2 Tim 3, 16 2Ped
1, 20-21 3, 15-16). Com efeito, a Santa Mãe
Igreja, segundo a fé apostólica, considera como
sagrados e canónicos os livros completos do
Antigo e do Novo Testamento com todas as suas
partes, porque escritos sob inspiração do
Espírito Santo, têm Deus por autor e como tais
foram confiados à mesma Igreja. Todavia, para
escrever os livros sagrados, Deus escolheu e
serviu-se de homens na posse das suas próprias
faculdades e capacidades, para que, agindo neles
e por meio deles, pusessem por escrito, como
verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que
Ele queria.Como, portanto, tudo aquilo que os
autores inspirados ou hagiógrafos afirmam, deve
ter-se como afirmado pelo Espírito Santo, por
esse mesmo motivo deve proclamar-se que os livros
da Escritura ensinam com certeza, com fidelidade
e sem erro, a verdade que Deus, para nossa
salvação, quis que fosse consignada nas Sagradas
Escrituras. Assim, pois, toda a Escritura é
inspirada por Deus e adequada para ensinar,
refutar, corrigir e educar na justiça, a fim de
que o homem de Deus, seja perfeito e esteja
preparado para toda a obra boa (2 Tm 3, 16-17).
? Por exemplo, na Dei Verbum, nº 13
Constituição Dogmática sobre a Divina Revelação,
Dei verbum, do Concílio Vaticano II
40
3. O cânone bíblico
41
3 O cânone bíblico
1
O que é o cânone da Bíblia?
? CÂNONE BÍBLICO É o conjunto de todos os
escritos que compõem a Bíblia, ou seja, o
catálogo completo dos escritos inspirados. Deriva
do grego kanon e significa em sentido estrito,
cana, haste para medir em sentido lato,
regra, norma. Esses livros que fazem parte do
cânone (os canónicos) são regra de fé, isto é,
os livros nos quais a Igreja encontra expressa a
sua fé regra de inspiração, isto é, os livros
que assinalam o limite até ao qual se estende a
inspiração bíblica o cânone é assim o catálogo
dos livros inspirados.
? A canonicidade é o reconhecimento, por parte da
Igreja, da inspiração divina de um livro. A
canonicidade supõe, então, além da inspiração, a
declaração oficial, por parte da Igreja, do
carácter inspirado de um livro, já que foi à
Igreja que Deus confiou o depósito da revelação.
Foi no Concílio de Trento (séc. XVI) que se
pronunciou definitivamente sobre quais os livros
inspirados e canónicos, tendo declarado que são
todos os que constam na actual Bíblia católica, e
só esses segundo Trento a canonicidade
estende-se a todos os livros do AT e do NT (tanto
protocanónicos como deuterocanónicos) e a todas
as suas partes. Mas esse já era o consenso desde
o final do séc. II.
42
3 O cânone bíblico
2
Por que é que a Bíblia contém aqueles livros e
não outros?
Mas por que é que se escolheram esses livros e só
esses e não outros? Quais foram os motivos de
canonicidade?

A origem apostólica. Consideram-se como canónicos
aqueles escritos que surgem dos apóstolos, ou dos
seus imediatos colaboradores, ou das comunidades
directamente relacionadas com eles.

A ortodoxia, isto é, a conformidade destes
escritos com a pregação de Cristo, a Sua vida e
anúncio. Por isso se rejeitaram os apócrifos.
A catolicidade, isto é, o seu uso generalizado em
quase todas as Igrejas, segundo testemunha o seu
uso litúrgico.

Todos estes motivos se resumem ao critério último
de canonicidade a Tradição divino-apostólica,
pois por esta mesma Tradição, a Igreja conhece o
Cânone inteiro dos Livros Sagrados (DV 8), o
uso que a Igreja fez desde a época apostólica
destes livros.
43
3 O cânone bíblico
3
Como se classificam os livros quanto à
canonicidade (I)?
  • Podem serPROTOCANÓNICOS, DEUTEROCANÓNICOS E
    APÓCRIFOS.
  • PROTOCANÓNICOS são aqueles livros sobre os quais
    a canonicidade não se colocou em causa.
  • DEUTEROCANÒNICOS aqueles livros sobre os quais
    cuja canonicidade se colocaram dúvidas, mas que
    chegaram a entrar no cânone (assim, não significa
    que o seu valor seja inferior aos outros, mas que
    entraram em segundo lugar no cânone). Esses
    livros são No AT os livros ou as partes de
    livros escritos em grego. São Tobias, Judite, 1
    e 2 Macabeus, Baruc, Sabedoria, Eclesiástico,
    partes de Ester (Est 10, 4-16,24) e partes de
    Daniel ( Dan 3, 24-90 13-14 No NT Hebreus,
    Tiago, Judas, 2 Pedro, 2 e 3 João, Apocalipse e
    Marcos 16, 9-20 (final canónico do Evangelho) e
    Jo 7, 53-8,11 (a mulher adúltera).
  • ? Estes termos remontam a Sisto de Sena (séc.
    XVI), não muito felizes porque parecem
    distinguir graus de importância entre os vários
    livros.
  • ? LIVROS APÓCRIFOS aqueles livros sobre cuja
    canonicidade se duvidou durante algum tempo, mas
    que não chegaram a entrar no cânone. Deriva do
    grego apókryphos, escondido. O seu valor
    religioso é menor do que os da verdadeira Bíblia,
    e até, por vezes roçam o ridículo. A palavra
    apócrifo significa secreto, e é-lhes aplicada
    porque nunca se leram publicamente nas igrejas.

44
3 O cânone bíblico
3
Como se classificam os livros quanto à
canonicidade (II)?
O Evangelho de Judas, recentemente redescoberto
não é mais do que um escrito apócrifo, dos muitos
que circulavam por exemplo Livro dos Jubileus,
Vida de Adão e Eva, Ascensão de Isaías, Salmos de
Salomão, Livro de Henoc, Apocalipse de Abraão,
Evangelho dos hebreus, Evangelho de pedro, Actos
de Paulo, Apocalipse de Pedro, Evangelho de Tomé,
etc., etc. Que rica descoberta fizeram!!!
Tradição católica Proto- canónicos Deutero- canónicos Apócri-fos
Tradição protestante Canónicos Apócrifos Pseudo epígra- fos (falsa- mente atribuí- dos a um autor
45
3 O cânone bíblico
4
Existem diferenças entre os cânones hebraico,
ortodoxo, protestante e católico?
? EXISTEM
? CÂNONE JUDAICO aceitam apenas os livros
protocanónicos do AT, isto é, aqueles escritos em
hebraico e aramaico.
? CÂNONE ORTODOXO aceitam-se em geral todos os
livros protocanónicos e deuterocanónicos, embora
não tenham tomado nenhuma decisão oficial.
? CÂNONE PROTESTANTE só aceitam como canónicos
No AT, os protocanónicos No NT, após muitas
discussões aceitaram todos os livros, ainda que
por vezes considerem de segunda categoria os
escritos deuterocanónicos 2 Pd 2 e 3 JoHeb
Tg Jd e Apoc.
? CÂNONE CATÓLICO Segundo a definição de Trento,
aceitam-se todos os livros, protocanónicos e
deuterocanónicos, com todas as suas partes.
46
3 O cânone bíblico
5
Como se processou a formação do cânone?
  • Os livros da Bíblia, sobretudo os do AT, antes
    de aparecerem na forma definitiva actual,
    passaram pelo longo processo da tradição oral,
    primeiro, e depois pela tradição escrita. Foi
    assim que se formaram os livros que, em primeiro
    lugar, os judeus e em seguida os cristãos
    reconhecem como livros sagrados, isto é,
    normativos, canónicos. Os Judeus fixaram o cânon
    dos livros por eles considerados sagrados no
    concílio de Javne, nos finais do séc. I d.C.,
    cânon que exclui os livros deuterocanónicos. Para
    os católicos, pelo contrário, o cânon do AT
    estava já praticamente definido antes do
    hebraico, tendo adoptado a maior parte dos livros
    contidos na Versão dos Setenta.
  • A fixação dos textos do NT foi relativamente
    mais simples e as incertezas referem-se
    unicamente a alguns casos (por volta do séc. IV
    os 27 livros do NT já tinham plena aceitação,
    como o prova o Cânone de Muratori, lista de
    livros do séc. II) algumas batalhas se
    travaram, por exemplo, com Marcion, o herético (d
    séc. II) que não aceitou o AT e quase todo o NT,
    excepto S. Lucas e as Cartas de Paulo (por
    considerar que o Deus justo, vingativo do AT não
    se coadunava com o Deus misericordioso do NT!).

47
3 O cânone bíblico
6
Mas por que é que os cânones dos católicos e
dos protestantes são diferentes?
O número de livros do AT para os católicos é de
46 e para os protestantes é de apenas 39. As
raízes desta diferença prendem-se com haver dois
cânones
Os judeus residentes na Palestina adoptaram o
cânone judaico-palestinense (cânone breve) que
continha 24 livros, todos escritos
originariamente em hebraico (são os livros
protocanónicos), sendo seguidos, mais tarde,
pelos protestantes que adoptaram esse cânone, só
que com a diferença de se dividir em 39 livros.
Em parte, critérios de doutrina levaram os
protestantes a fazerem isso por exemplo,
eliminaram os Macabeus porque neles está patente
a crença no Purgatório!
Os judeus da Diáspora, que residiam no
estrangeiro, adoptaram o cânon judaico-alexandrino
(da Versão dos LXX), que continha mais 7 livros
e alguns trechos foi o cânon adoptado pelos
católicos e pelos ortodoxos (cânone longo). Os
palestinenses puseram de lado esses livros devido
a que só aceitaram a língua hebraica, para eles
sagrada, rejeitaram os livros escritos fora da
Palestina, introduziram critérios de maior ou
menor antiguidade do livro, etc.
Por isso, as Bíblias católicas têm hoje 73 livros
e as protestantes apenas 66! QUEM DIZ QUE AS
BÍBLIAS SÃO TODAS IGUAIS ESTÁ ENGANADO!
48
4. Os géneros literários
49
4 Os géneros literários
1
O que são os géneros literários?
  • A mensagem da salvação que a Bíblia é porta-voz,
    é proposta e expressa nos vários textos de várias
    formas. Tanto se passa de relatos históricos a
    textos poéticos, hinos de vitória, hinos
    litúrgicos, etc. Estas várias técnicas de
    expressão foram chamadas de géneros literários
    pelos especialistas.
  • Cada género tem uma função diferente os relatos
    históricos pretendem informar os de vitória,
    envolver as pessoas os legais, estabelecer a
    ordem, etc.
  • GÉNEROS LITERÁRIOS SÃO FORMAS DE ENTENDER,
    EXPRESSAR-SE, NARRAR, numa determinada época ou
    região e segundo uma finalidade determinada.
  • A Dei Verbum diz-nos que devemos atender aos
    géneros literários atender aos géneros
    literários significa estudar e ter em conta o
    tempo e a cultura, os modos de entender, de
    expressão e narração, que se usavam no tempo e
    lugar do hagiógrafo.

50
4 Os géneros literários
2
Quais são os principais géneros literários (I)?
  • Podemos dividir em dois grandes grupos
  • Os textos em forma poética. Dentro destes os
    poemas de amor (Cântico dos Cânticos, por
    exemplo), bênçãos, cânticos de acção de graças,
    súplicas, lamentações, hinos de louvor e os
    oráculos proféticos. A literatura sapiencial
    pertence a este género.
  • Os textos em forma de prosa. Podemos encontrar
    documentos de carácter histórico (crónicas,
    genealogias, evangelhos, etc), cartas (as de
    Paulo, de Pedro, de Tiago, de João e de Judas),
    os discursos proféticos, relatos de milagres,
    relatos da infância de Cristo, narrações míticas,
    sagas, etc.

51
4 Os géneros literários
2
Quais são os principais géneros literários
(II)?
  • ANTIGO TESTAMENTO
  • ? As formas poéticas apresentam-se sob a forma
    de
  • Como sátira, cantos de amor, de trabalho, de
    banquete, de guerra, de vitória, bênçãos
    paternas, ditos maternos, etc.
  • Nos SALMOS existem variadíssimas classificações,
    por exemplo de súplica individual e colectiva,
    de lamentação, confiança, agradecimento, hinos
    reais, messiânicos
  • As COMPOSIÇÕES SAPIENCIAIS provérbio popular,
    sentenças elaboradas, enigmas, refrães,
    sentenças, parábolas e alegoria ou fábulas, etc.
  • Nos PROFETAS contam-se oráculos de promessas,
    relatos vocacionais, visões, anúncios
    apocalípticos (especialmente Daniel)

Visão da glória divina (Ez 1)
52
4 Os géneros literários
2
Quais são os principais géneros literários
(III)?
  • ANTIGO TESTAMENTO
  • As formas em prosa apresentam-se sob a forma de
  • Contratos (como quando Abraão trocou o seu filho
    pelo cordeiro), listas genealógicas, mensagens,
    cartas, inventários, orações em prosa, discursos,
    especialmente de despedida (como no caso do Rei
    David no final da sua vida), leis e códigos
    legislativos (especialmente no Pentateuco)
  • O GÉNERO NARRATIVO em prosa tem muitas formas
    anais, crónicas, memórias, colecção de
    documentos, biografias, narrações fictícias
    (parábolas), sagas (relatos populares que
    explicam um facto popular), novelas históricas
    (Judite, Ester), relatos de sonhos e de visões

Sonho de José
53
4 Os géneros literários
2
Quais são os principais géneros literários
(IV)?
  • NOVO TESTAMENTO
  • ? Podem ser evangelhos, actos, cartas e
    apocalipse.
  • GÉNERO EVANGELHO tradições doutrinais e
    narrações históricas. Entre as doutrinais temos
    ditos proféticos, sapienciais, de seguimento,
    paradoxos, parábolas, alegorias, o Sermão da
    Montanha e as bem-aventuranças. Às narrações
    históricas pertencem paradigmas,
    diálogos-disputas, milagres, relatos da Paixão,
    os Evangelhos da Infância (com genealogias e
    esquemas baseados em antigas tradições bíblicas).
  • GÉNERO EPISTOLAR material litúrgico (como
    hinos, confissões de fé, textos eucarísticos),
    material parenético (catálogos de virtudes e
    vícios, sobre a vida doméstica, familiar e
    social, sobre deveres profissionais), fórmulas de
    fé (aclamações ao Senhor e doxologias..).

Evangelhos de Infância
? Os ACTOS são uma obra única no seu género
formam unidade com o terceiro Evangelho.
GÉNERO APOCALÍPTICO Apocalipse de S. João.
Encontrava-se já em alguns profetas
(especialmente Daniel), mas também em parte nos
sinópticos e nos apocalipses apócrifos.
Caracteriza-se por visões simbólicas e
alegóricas, tendo lugar especial os símbolos de
números e imagens.
54
4 Os géneros literários
3
Qual é a importância dos géneros literários?
IMPORTÂNCIA DOS GÉNEROS LITERÁRIOS A linguagem
influi sobre o assunto em questão. Mesmo quando o
tema é igual dele podem falar o cientista, o
filósofo, o jornalista, o historiador cada um
exprime-se em linguagem própria que confere ao
tema um tom próprio. O género literário produz
efeitos no leitor. Por exemplo, Jesus ensinava
muito por parábolas podiam também dizer isto é
assim, mas o efeito nos ouvintes seria
certamente diferente. A escolha do género também
está ligada aos elementos do conteúdo que se quer
realçar. Por exemplo, numa fábula, o que
interessa é a conclusão moral, num relato
histórico, o acontecimento entre si, etc.
Não atender ao género literário de um texto
bíblico é um erro crasso é pôr o texto a dizer
o que não diz!
Você lê um poema da mesma maneira que lê uma
notícia de jornal?
55
5. A interpretação e leitura da Bíblia
56
5 - A interpretação e leitura da Bíblia
1
Como ler a Bíblia de uma forma científica?
? Para se poder captar o significado da Sagrada
Escritura é preciso sintonizar-se com a sabedoria
do Espírito e com a sabedoria dos homens (até ao
final da Idade Média, a leitura da Bíblia estava
pendente da sua leitura espiritual) o seu estudo
torna-se científico ou crítico. Os exegetas
(estudiosos da Bíblia) tentam várias abordagens
para retirar e compreender a riqueza da Bíblia é
a exegese a hermenêutica vai mais além desta
tenta elaborar uma teoria geral de interpretação
virada para a compreensão. Nos estudos há hoje
duas orientações a) os estudos diacrónicos
tenta explicar o texto sagrado através da sua
formação e os condicionamentos a que esteve
sujeita para isso utiliza o chamado método
histórico-crítico, que faz uma crítica textual
(procura estabelecer o texto o mais próximo
possível do original, servindo-se de documentos
antigos quando há várias passagens alternativas
escolhe a mais breve, a mais difícil, a diferente
das passagens paralelas, etc.), literária, de
redacção, das tradições, dos géneros
literários b) Os estudos sincrónicos considera
o texto enquanto tal, a sua estrutura, as
técnicas narrativas, a mensagem e valoriza o
contributo das outras ciências sobressaem a
análise narrativa (vê os textos como narrações),
a análise semiótica (chamada antes de análise
estrutural, que analisa os textos nos níveis
discursivo, narrativo e semântico), a análise
canónica (interpreta os textos à luz do cânone,
tanto do At como do NT, confrontando com a
Tradição), a leitura hebraica (coloca à
disposição um conjunto de comentários rabínicos),
as leituras inspiradas nas ciências humanas (na
antropologia, psicologia, sociologia, etc,
valorizando os resultados conseguidos nestes
sectores), as leituras contextuais (em que
prevalece o desejo de esclarecer um contexto
ligado ao leitor por exemplo, a abordagem da
Teologia da Libertação na América do Sul, a
abordagem feminista, etc.).
57
5 - A interpretação e leitura da Bíblia
2
Qual é o contributo da arqueologia para o
estudo da Bíblia (I)?
? A arqueologia é a ciência que tem por objectivo
estudar a antiguidade, reconstruindo a história e
o seu meio. Com a arqueologia a Bíblia ficou
enriquecida porque a história do Povo de Deus
tornava-se concreta e até tangível em certos
casos.
? Há outras disciplinas que ajudam no estudo da
Bíblia, tais como a epigrafia (estuda as
inscrições diversas), a papirologia (estuda as
coisas escritas em materiais perecíveis, como
papiros, cerâmica, erc), a numismática (moedas),
etc.
A inscrição que menciona Pilatos
EXEMPLOS
58
5 - A interpretação e leitura da Bíblia
2
Qual é o contributo da arqueologia para o
estudo da Bíblia (II)?
O tanque de Siloé
O túnel de Ezequias, que foi escavado pelo rei de
Judá, do mesmo nome, do séc. VIII a.C. para
fornecer água a Jerusalém
A pedra moabita, que regista a conquista de Moab
por Omri, rei do Reino do Norte, que confirma o
relato do II Reis 3, 4-27
A estela do faraó Merneptah do séc. XII a.C
menciona Israel de modo explícito
Betsaida, a terra de Pedro, André e Filipe
59
5 - A interpretação e leitura da Bíblia
3
O que acontece quando se violam as regras de
interpretação bíblica (I)?
? Acontece que se coloca o texto a dizer aquilo
que não diz. Um exemplo flagrante é o da Bíblia
das Testemunhas de Jeová. Cabe aqui um alerta no
que respeita à Tradução que as Testemunhas de
Jeová usam a Bíblia que elas usam sofreu
violação na tradução. Os peritos que o fizeram
não goza de reconhecimento por parte dos
especialistas em ciências bíblicas e apresenta
aos leitores alguns textos falsificados de modo a
adaptarem a Bíblia à usa própria doutrina! Isto
torna a sua Bíblia (Tradução do Novo Mundo das
Escrituras Sagradas) uma tradução a evitar. Por
exemplo, analisar o Bom Ladrão (Lc 23, 43) e a
instituição da Eucaristia (Lc 22, 19).
? Não seguem os princípios fundamentais da
interpretação bíblica Interpretação
fundamentalista, lêem à letra o que lá está,
desconhecendo a questão dos géneros literários,
etc. Não aprofundam os textos no seu contexto
Não conhecem o princípio da progressão da
revelação Tomam à letra cada versículo em
separado, isolam frases para conseguirem ilustrar
algum princípio da sua doutrina. Para eles o
hagiógrafo escreveu o texto bíblico como um
empresário dita uma carta à sua secretária
reduzindo o autor sagrado a mero executante das
ordens de Deus o encontro entre as duas
liberdades, onde fica?
60
5 - A interpretação e leitura da Bíblia
3
O que acontece quando se violam as regras de
interpretação bíblica (II)?
Algumas Notas sobre as T.J. 1ª acima de tudo,
como cristãos devemos ter caridade com as T.J.
2ª - conheça a sua fé católica, não caia em
dizer que as TJ é que sabem de Bíblia estude
você também na Verdade! Elas dizem que as
Bíblias são todas iguais e depois incitam-no a
seguir a deles já sabemos que assim não é! 3ª As
T.J. apenas têm pouco mais de 100 anos o seu
fundador foi Charles T. Russel que nasceu em
1852, que começou a estudar a Bíblia sem nenhumas
bases Cristo disse Eu estarei sempre convosco
até ao final dos tempos? O que aconteceu nos 19
séculos até ao aparecimento das TJ, todos andaram
enganados? Ou mentiu Cristogt? 4ª - Os temas que
as T.J. falam são sobre o Armagedom que destruirá
a Terra e só ficarão os bons e a terra será
transformada num Paraíso terrestre estamos no
fim deste sistema de coisas (assim o provam as
guerras, terramotos, etc., mais intensos desde
1914), Deus (Jeová) vai castigar o mundo Enfim,
só pensam no próximo mundo, de conquistarem uma
parcela de terreno no paraíso terrestre, há um
alheamento do mundo onde fica o ser fermento na
massa como dizia Jesus? Deus não é um Deus
vingativo como nos fazem crer, mas um Deus que
cria, que anda no meio do Seu Povo, que perdoa,
que é Pai e ama 5ª Marcaram variadas vezes o fim
do mundo, todas falhadas, como se alguém o
soubesse (só o Pai o sabe!) 1914, 1925
(ressuscitariam os justos do AT para os acolher
construíram uma luxuosa mansão que ficou para o
dirigente da época), 1975, 1986 e 2000. 6ª
Acreditam que apenas 144000 vão para o céu e os
restantes terão de se contentar com um paraíso
aqui na terra Jesus disse Deixai vir a Mim as
criancinhas porque delas é o Reino dos céus 7ª
Não são cristãos, não acreditam em Cristo como
Deus, Nosso Salvador, é uma criatura criada por
Jeová mas Jesus disse Eu e o Pai somos Um
8ª Outras crenças o nome de Deus é Jeová, a
cruz é um símbolo pagão, Jesus morreu numa
estaca, não se deve celebrar o Natal, nem o Dia
do Pai, do aniversário, a alma não é imortal
61
5 - A interpretação e leitura da Bíblia
4
O que fazer, então, para interpretar
correctamente a Bíblia (I)?
? A Bíblia não é um livro fácil para evitar
colocar o texto bíblico a dizer aquilo que não
quer dizer, deve-se seguir alguns princípios
gerais
? A primeira coisa é escolher uma boa Tradução da
Bíblia Católica em português aconselha-se a
Bíblia Sagrada, da Difusora Bíblia (chamada
Bíblia dos Capuchinhos), acessível lembre-se que
são traduções, por isso há sinónimos que dizem a
mesma coisa, por isso as bíblias não dizem
taxativamente as mesmas palavras, ao traduzir por
vezes algo se perde, por vezes as palavras
evoluem de sentido ao longo dos tempos as
bíblias protestantes também podem ser lidas, mas
lembre-se que não têm introduções, nem notas
explicativas e faltam livros (os deuterocanónicos
do AT), além de faltar a autorização eclesiástica
(imprimatur) mas rejeite a Bíblia das T.J. como
vimos
Algumas traduções actuais católicas em português
a Bíblia de Jerusalém (tradução do francês para
português do Brasil), pelo seu rigor científico
a Bíblia Sagrada (da Difusora Bíblica, dos
Capuchinhos), é a mais recomendável em português
de Portugal A Bíblia Sagrada (da Paulus),
apresenta notas concisas que dão a ideia de
conjunto, a Bíblia Pastoral, (de São Paulo),
igual à anterior, a Bíblia Sagrada das Missões
Cucujães, etc. Como bíblias inter-confessionais
ou ecuménicas temos a Bíblia em português
Corrente, que agrupa os deuterocanónicos entre o
AT e o NT.
62
5 - A interpretação e leitura da Bíblia
4
O que fazer, então, para interpretar
correctamente a Bíblia (II)?
? Rejeite a leitura fundamentalista, não leia ao
pé da letra! Muitas coisas são simbólicas (por
exemplo, os nºs 666 é o nº da Besta do
Apocalipse, significa que não chega ao 7 nº da
perfeição é é 3 vezes imperfeita 144000 é 12
tribos de Israel x 12 x 1000, impossível de
contar, etc), é necessário ter em conta os
géneros literários (as formas de expressão são
variadas lembre-se que ler um jornal não é igual
a ler poesia!), saber o que o autor quis dizer e
não aquilo que parece não ponha o texto a dizer
o contrário daquilo que diz! Ter em conta o
contexto histórico em que foi escrito o livro, a
mentalidade semítica diferente da nossa e também
lembrar-se que a re
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