Title: VI.
1VI. O Génesis História dos Patriarcas
1
Escola de Dirigentes do MCC Formação Básica na Fé
VI
26ª sessão O Génesis História dos Patriarcas
2
- Sumário
- 1 GENERALIDADES SOBRE
- GN 12-50
- 2 O CICLO DE ABRAÃO
- 3 O CICLO DE ISAAC
- 4 O CICLO DE JACOB
- 5 O CICLO DE JOSÉ
- 6 EM JEITO DE CONCLUSÃO
- 7 Bibliografia recomendada
33
1 GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
44
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
? OS PATRIARCAS E A HISTÓRIA PATRIARCAL.
1
PATRIARCAS
Chefes das grandes famílias, clãs ou tribos do
povo de Israel.
MATRIARCAS
- Os patriarcas podem ser
- Os chefes de família israelitas do tempo da
monarquia (2 Cro 19,8 26,12), conforme a Versão
dos Setenta. - No Novo Testamento recebem também este título
Abraão, (Heb 7,4), os 12 filhos de Jacob (Act
7,8-9) e David (Act 2,29). - Os 10 que aparecem antes do Dilúvio
(pré-diluvianos Adão, Set, Enos, Cainã,
Malalel, Jared, Henoc, Matusalem, Lamec e Noé) e
os 10 que aparecem após o Dilúvio
(pós-diluvianos Sem, Arfaxad, Sale, Heber,
Faleg, Reú, Sarug, Nacor, Tare e Abrão). - E os patriarcas propriamente ditos Abraão,
Isaac e Jacob.
? A história dos patriarcas está em Gn 12-50
(origens de Israel e elementos que condicionaram
a sua vida como povo eleito).
55
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
De uma perspectiva universal, de Gn 1-11
Origens da humanidade (Tábua de Adão)
Origens do Povo de Israel (Tábua de Abraão)
a uma perspectiva mais estreita, de Gn 12-50
? Abraão domina a narração mas a finalidade do
narrador bíblico é mostrar como a genealogia,
iniciada em Gn 1-11, se vai restringindo única e
exclusivamente aos descendentes de Jacob
66
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
3
- O PLANO LITERÁRIO DE GN 12-50
a) A ESTRUTURA DE GN 12-50
GÉNESIS ORIGENS
ÊXODO SAÍDA
1-11 do Homem
12-50 do Povo de Israel
O Povo de Deus no Egipto e sua saída
Abraão, Jacob e José no Egipto
? A história dos patriarcas pode ser estruturada
de inúmeras formas. Os ciclos não são estanques
nem nitidamente delimitados por vezes, um ciclo
entrelaça-se com outro, como é o caso do Ciclo de
Isaac por isso, este é apresentado ou como um
ciclo à parte ou como fazendo parte de outros.
77
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
? Um exemplo de divisão de Gn 12,1-50,26
Ciclo ou História de Abraão
Ciclo ou História de Isaac
Ciclo ou História de Jacob
Ciclo ou História de José
Com o Ciclo de Isaac à parte
Gn 12, 1-23, 20 da vocação de Abrão até à morte
de Sara.
Gn 24, 1-27, 46 do casamento de Isaac até ao
envio de Jacob à Mesopotâmia
Gn 28,1-36,43 da ida de Jacob a Betuel até
descendência de Esaú
Gn 37, 1-50,26
a partir de 11, 25 já temos dados sobre Abrão
Filhos de Jacob, José e irmãos
História de Isaac e Jacob
Gn 25, 19-36,43 até à descendência de Esaú.
Gn 37, 1-50,26
Gn 12,1- 25,18 até aos descendentes de Ismael
começa já a História de Isaac (promessa do
nascimento, nascimento, sacrifício e casamento)
Com o Ciclo de Isaac junto
88
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
b) A HISTÓRIA PATRIARCAL COMO HISTÓRIA FAMILIAR E
RELIGIOSA
? Trata-se de uma história familiar, que
transcorre ao longo de quatro gerações, tendo
mais importância Abraão, Jacob e José.
? As histórias humanas e familiares que se vão
sucedendo pertencem todas a um grupo fortemente
ligado por nexos de sangue.
? As narrações estão marcadas por contínuas
intervenções divinas, que constituem uma clara
manifestação da vontade de Deus de levar a cabo
uma história de salvação através de Abraão e a
sua descendência.
99
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
c) COMO E QUANDO FOI ESCRITA?
? A História patriarcal é fruto de várias
recolhas
? Recolhas de material de povos vizinhos, como
lendas antigas e referências a El, que faziam
parte do espólio cultural dos santuários cananeus
? Recolhas de tradições orais das tribos, seus
costumes, rixas, relações familiares, como os
matrimónios, os filhos, os falecimentos, etc.,
tudo contado à volta da fogueira
? Recolhas de relatos sobre genealogias
(patriarcas, povos)
? Recolhas da liturgia que se ensinava nos
grandes santuários (Betel, Hebron, Siquém, Silo)
1010
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
Transmissão oral das várias tradições (durante
mais de 1000 anos)
- Acontecimentos de Gn 12-50
- Material caseiro estrangeiro
- Material sagrado profano
- (/- 2000 a 1700 a.C.)
Começam a ser escritos nos Reinados de David e
Salomão (/- séc. X a.C.)
Redacção definitiva (/- séc. V a.C.)
Documento Javista (J)
? Assim se explicam diferenças cronológicas e até
teológicas entre os documentos por outro lado, a
variedade dos géneros literários na História
Patriarcal.
Documento Eloísta (E)
Documento Sacerdotal (P)
1111
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
d) AS TRADIÇÕES DE GN 12-50
? Do ponto de vista literário, a História
patriarcal é viva, cheia de episódios concretos,
atribuída, em grande parte, à tradição Javista.
Mas estão presentes três tradições
Génesis 12-50
14
15-50
12-13
?
JAVISTA (Deus é o Deus universal os patriarcas
são homens de fé, mas com defeitos apesar disso,
pode sempre confiar em Deus)
JAVISTA
Sacerdotal
Sacerdotal (realça aspectos mais litúrgicos,
sinais sagrados e genealogias)
ELOÍSTA (Deus mais distante, comunica-Se com
sonhos, anjos, vozes celestes os patriarcas são
vistos sob uma luz mais favorável, como grandes
heróis religiosos)
1212
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
e) GÉNEROS LITERÁRIOS DE GN 12-50
? São vários, entre eles
? As sagas ou histórias antigas (relatos
religiosos populares) de todo o género luta
pelos poços, guerras tribais, histórias de
famílias Têm um fundo histórico, biográfico, mas
cuja história é trabalhada segundo a mentalidade
histórica dum povo, tempo e espaço, de modo a
transmitir uma experiência de Deus, pois
fundamentam a existência do povo de Israel como
povo crente.
? Novela sapiencial no caso da História de José.
? A lenda consiste em reproduzir um relato a
partir de um facto real, nome de pessoa ou lugar.
Há lendas etiológicas, que pretendem explicar, no
passado, a causa de um fenómeno ou
acontecimento do presente (por ex. a destruição
de Sodoma e Gomorra) ou ainda para explicar a
origem de nomes de pessoas.
? Genealogias lista de nomes que recua o mais
possível no tempo pretende justificar no aspecto
jurídico certos acontecimentos, privilégios de
uma classe social ou povo, como veremos adiante.
1313
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
- CONTEXTO HISTÓRICO, SOCIAL E GEOGRÁFICO DA ÉPOCA
PATRIARCAL
4
? A Era dos patriarcas (2000 a.C-1700 a.C.)
insere-se na época das migrações dos povos que,
perseguidos por novos povos, se dirigiam para
Ocidente o próprio clã de Abraão terá feito
parte destas migrações.
? Mesopotâmia superior Hurritas.
? Mesopotâmia inferior Amorreus.
1414
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
? Os conhecimentos que se possuem do ambiente
histórico e social do antigo Próximo Oriente
favorecem a situação dos patriarcas nessa época.
Os vínculos entre os patriarcas e o seu ambiente
eram estreitos (jurídicos, étnicos e até
religiosos), apesar de se moverem investidos por
uma chamada divina e tiveram a fé no Deus único.
O Antigo Testamento ainda não se tinha escrito!
Nuzi
As escavações em Ugarit, Ur, Mari e Ur, por
exemplo, mostraram isso mesmo
Mari
?
Ugarit
?
?
?
Ur
1515
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
? Tinham costumes semelhantes às tribos nómadas e
semi-nómadas do seu tempo de facto
a) Moravam em tendas (Gn 12, 8-9 13, 3), com o
seu gado (13, 5), nas proximidades dos poços (21,
25) e da água (13, 10).
b) Emigravam com frequência a outras regiões
devido às carestias (12, 10), indo de acampamento
em acampamento (13, 3) e realizando migrações
segundo as estações (transumância).
c) Sentiam-se solidários entre eles, até à ajuda
mútua e caso de guerra (14, 13-16).
d) A hospitalidade era tido em alta estima (18,
1-8 24, 18-32).
e) Nos casamentos cuidavam da pureza do sangue,
procurando mulheres consanguíneas (Gn 24 e 29,
matrimónio de Isaac e Jacob).
Estas tradições foram conservadas quando Israel
se tornou sedentário.
1616
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
? Também os seus costumes sociais e jurídicos
apresentam afinidades com o povo da Alta
Mesopotâmia, em particular com Nuzi.
- A adopção era praticada em Nuzi, com a atribuição
do pleno direito ao nome e à herança, um gesto
que Jacob realiza com respeito aos filhos de José
(48, 5.12-16).
2) A adopção de um escravo como filho e herdeiro,
quando não tinham tido filhos próprios, como
sucede com Eliezer de Damasco, a quem Abraão
adopta (15, 2) contudo, depois nasceu Isaac,
filho legítimo e Eliezer perdeu o seu direito.
3) A entrega de uma escrava ao marido por parte
da esposa para remediar a própria esterilidade e
procriar filhos como próprios, como Sara, Raquel
e Lia (16, 2 30, 3 30, 9).
4) O modo da venda da primogenitura, como tem
lugar na história de Esaú e Jacob (25, 27-34).
1717
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
5) O costume de casar-se com consanguíneos da
linha colateral ou descendente, costume que a Lei
de Moisés condena, mas é conforme ao Código de
Hamurabi.
6) O matrimónio com duas irmãs, proibido mais
tarde pela Lei de Moisés (Lv 18, 18).
7) O intercâmbio de propriedade, onde todas as
transacções tinham a ver com a transferência de
propriedade, eram anotadas testemunhas, seladas,
e proclamadas na porta da cidade (Gn 23,10-18
compra da gruta sepulcral em Macpela).
8) Herança. Em Nuzi existia uma lei no sentido de
que a propriedade e a liderança da família podia
ser passada ao esposo de uma filha, sempre e
quando o pai tivesse entregue seus ídolos
familiares ao genro. Assim quando Labão alcançou
Jacob e buscou euforicamente em seu acampamento
os ídolos familiares, não pode encontrar por que
Raquel havia tomado os ídolos do lar, e os tinha
escondido e sentado sobre ele (Gen 3130-35). etc
1818
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
? Os nomes próprios, os lugares geográficos que
são mencionados, os sacrifícios de culto, as
expressões do sentimento religioso e outros
aspectos sociais e religiosos da vida patriarcal
situam-se no contexto dessa época.
? Por exemplo, o nome divino El, conhecido
pelos semitas ocidentais, que aparece na formação
dos nomes teofóricos (nome de uma divindade) e na
designação de estelas comemorativas (Gn 28,
18-22 31, 45-48 35, 14).
Estes factores, entre outras, favorece a hipótese
de uma história patriarcal situada na primeira
metade do II milénio a.C.
1919
1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
- A GEOGRAFIA NOS PATRIARCAS.
- Os caminhos que, segundo a Bíblia foram seguidos
pelos Patriarcas e suas tribos, ladeavam o rio
Eufrates e seguiam ao longo das margens áridas do
deserto, dotadas de poços de água.
- Apresentavam as características das pistas
frequentadas pelos seminómadas, filhos da
estepe já não são nómadas, mas também não são
camponeses (sedentários), mas vão-se fixando.
Isaac personifica o processo da fixação Isaac
semeou naquela terra (Gn 26, 12-4).
2020
1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
? Os nomes dos três patriarcas (Abrão, Isaac e
Jacob) estão ligados a localidades determinadas,
como Ur, Haran, Siquem, Betel, Fanuel, Mambré,
Hebron, Bersabé
? Ur está mais relacionada com Terá, pai de
Abraão. Haran está relacionada com toda a
história dos Patriarcas, tanto com Abraão, como
com Isaac (cuja mulher provem de Haran) e Jacob
(cujas mulheres, Liam e Raquel, nascem na mesma
cidade). À volta de Haran, a região é chamada
Padã Arão (Campo de Arão) ou Arão Naarim (Arão
dos dois rios). Para Abraão, a história
concentra-se sobretudo em Hebron, Macpela,
junto de Mambré mas também Siquem, Betel,
Bersabé
? Para Isaac tem maior importância Bersabé. E
para Jacob, tem maior importância Betel, Siquem,
Fanuel (na Palestina Central)
2121
1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
5
- A GENEALOGIA DOS PATRIARCAS.
? É importante a genealogia nos patriarcas. A
genealogia de Abraão que o liga a Sem (filho mais
velho de Noé) e a Seth trata-se de uma tentativa
bem intencionada de inserir Abraão na linha dos
homens tementes a Deus, sem nenhuma pretensão de
querer oferecer dados genealógicos exactos.
? É importante a questão jurídica, a transmissão
de um direito e não tanto a questão biológica
entre Adão e Abraão, o pai de Israel, existe
unidade na História da Salvação a promessa feita
em Gn 3, 15 chega a Abraão.
? É mais que certo que a genealogia da
ascendência de Abraão deve ser posta em relação
com localidades babilónicas. Esses semi-nómadas
devem ter relacionado os mais importantes
acontecimentos da sua vida, como o nascimento dos
filhos, com o lugar que nasceu por exemplo,
aquele de Nacor
2222
- 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
? Segue-se uma árvore genealógica
Tera (ou Terá ou Taré)
? A linha da promessa segue um andamento
esquisito
Sem
Seth
Nacor (ou Naor)
Arão (ou Haran) (Gn 11,26)
Abrão (depois Abraão)
Batuel (Gn 22, 23)
Loth (ou Lot) (Gn 11,27ss)
De Sara (antes Sarai -1ª esposa )
De Quetura (2ª esposa após a morte de Sara e do
casamento de Isaac)
De Agar
Labão
Moab e Ben-ami
Rebeca
Isaac
Ismael (Gn 25, 12-16)
Moabitas Amonitas
Ismaelitas (na tradição, o povo islâmico)
Raquel
Jacob (depois Israel)
Lia
Esaú
Zilpa (serva de Lia)
Bila (serva de Raquel)
6 filhos (Gn 25, 1-5)
Ruben (1) Simeão (2) Levi (3) Judá (4) Issacar
(9) Zabulão (10)
Edomitas (Gn 36,15ss 36,31ss)
Benjamim (12)
José (11)
Gad (7) Aser (8)
Dan (5) Neftali (6)
Efraim
Manassés
? há uma superação das estruturas dos homens e
uma predilecção pelos mais fracos.
Israelitas
Dina
2323
1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
? Destaca-se as idades dos patriarcas
? Nos dados relativos às idades dos Patriarcas,
Abraão, Isaac e Jacob, descobriu-se um estranho
simbolismo numérico
Patriarca Anos Decomposição matemática Soma dos algarismos
Abraão 175 7 x (5x5) 17
Isaac 180 5 x (6x6) 17
Jacob 147 3 x (7x7) 17
? Há uma dupla série numérica uma linha
decrescente 7, 5, 3 e uma linha crescente 5 (x5),
6 (x6), 7 (x7) desde Abraão a Jacob através de
Isaac. Embora o sentido exacto nos escape, o
certo é que pretendem expressar por um acto de fé
que na vida dos patriarcas nada acontecia por
acaso e que as suas vidas foram agradáveis a Deus
nos anos em que viveram.
? O facto da idade ter encurtado
significativamente desde a Criação não é um facto
biológico, mas uma ideia teológica ao ir a
humanidade afastando-se de Deus, as pessoas vão
vivendo menos. Honra teu pai e tua mãe para que
tenhas longa vida (Ex 20, 12), a longa vida é
sinal de bênção divina. Nesta ordem de ideias,
Jesus Cristo, que não chegou aos 40 teria sido um
maldito!
2424
1. GENERALIDADES SOBRE GN 12-50
6
- COMO ERA A RELIGIÃO DOS PATRIARCAS?
? Com o andar do tempo, aumentou o conhecimento
espiritual. Por isso Moisés foi mais erudito na
ciência de Deus do que os patriarcas, os Profetas
mais do que Moisés e os Apóstolos mais do que os
Profetas (S. Gregório Magno).
? Deus revelou-Se aos homens, adaptando-se à sua
mentalidade, contentando-Se primeiro numa fé
acessível é possível que tivessem a ideia do
Deus tutelar de uma localidade, diferente das
divindades que protegiam as outras tribos
(henoteísmo).
? Na história de cada Patriarca são nomeadas
diversas divindades El (El-Shaddai, Gn 17, 1
El-Elion, Gn 14, 18 El-Betel, Gn 28, 10-22,
etc.). Mas estas divindades El não são realmente
ídolos locais, mas manifestações dum único El e
como tal, representam uma unidade.
- Identificar Javé com o Deus dos Pais, levou a
- 1ª - Continuidade histórica, é um único Deus que
guiou os destinos de Israel até aos dias de
Abraão. - 2ª - Um processo de purificação monoteísta, com o
culminar na época dos Reis, com a unidade do
culto religioso.
2525
2 O CICLO DE ABRAÃO
2626
- ABRAÃO COMO FIGURA-CHAVE NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
1
- Inicia-se o diálogo de Deus com o Homem Deus
chama e Abraão responde - A iniciativa do chamamento é de Deus, e Ele
dirige a História - Abraão é o modelo do chamado o seu exemplo é
estímulo para os homens, pois é retratado como um
homem (com seus defeitos, que segue por vezes o
seu próprio juízo) e não como um anjo - Abraão responde com fé e obediência, mesmo nas
provas - É chamado a ser pai de Isaac, do Povo de
Israel (primeiro antepassado do Povo de Israel e
a personagem principal dos patriarcas), pai dos
crentes ou pai da fé (cristãos, judeus e
muçulmanos a sua fé é exemplo para todos confia
no Senhor, faz-se a caminho, confia na
descendência que Deus lhe irá dar, confia em
Deus, quando lhe pede para sacrificar o filho) e
pai da Igreja (cf. Diodoro de Tarso, 394 o
contacto salvífico e o diálogo com Deus começa
com Abraão e tem o culminar em Cristo e no final
dos tempos)
2727
2
- VISÃO GERAL DO CICLO DE ABRAÃO
? O Ciclo de Abraão situa-se em Gn 12,1-25,18.
Contudo, a partir de Gn 11, 25 temos dados sobre
Abrão. O fio condutor é o de vocação e promessas.
? A VOCAÇÃO DE ABRAÃO (12,1-9).
1 O SENHOR disse a Abrão Deixa a tua terra, a
tua família e a casa do teu pai, e vai para a
terra que Eu te indicar. 2 Farei de ti um grande
povo, abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e
serás uma fonte de bênçãos. 3 Abençoarei aqueles
que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te
amaldiçoarem. E todas as famílias da Terra serão
em ti abençoadas. () 7 O SENHOR apareceu a
Abrão e disse-lhe Darei esta terra à tua
descendência. (Gn 12, 1-9)
2828
2. O CICLO DE ABRAÃO
? Abraão é chamado e responde as suas viagens
Gn 11, 31 Tera tomou seu filho Abrão, seu neto
Lot, filho de Haran, e sua nora Sarai, mulher de
Abrão, seu filho, e partiu com eles de Ur, na
Caldeia, e dirigiram-se para a terra de Canaã.
Abraão pertencia a um clã de semi-nómadas. A sua
expansão pode estar relacionada com a dos
Amorreus.
Gn 12,1 O Senhor disse a Abrão deixa a tua
terra, a tua família e a casa de teu pai, e vai
para a terra que Eu te indicar.
Gn 12,4-6 Abrão partiu, como o Senhor lhe
dissera () quando saiu de Haran, Abrão tinha
setenta e cinco anos () e partiram todos para a
terra de Canaã () até ao lugar de Siquém.
e instala-se em Haran.
Por volta de 1850 a.C. (data aproximada),
Abraão parte de Ur dos caldeus (na Mesopotâmia)
O Crescente Fértil facilita as migrações
2
Gn 12,10 Houve fome naquela terra. Como a
miséria era grande, Abrão desceu ao Egipto para
aí viver algum tempo.
mais tarde vai ao Egipto
Gn 13,18 Abrão desmontou as suas tendas e foi
residir junto aos carvalhos de Mambré, próximo de
Hebron.
3
1
Em Haran ouve o chamamento do Senhor e vai morar
para a Terra Prometida, para Siquém
4
5
A Viagem de Abraão tem motivos Económicos
(melhores condições de vida) e religiosos
Chamamento do Senhor.
e ao regressar, separa-se de Lot e instala-se em
definitivo em Hebron.
2929
?Bênção (barak) não há prosperidade sem ela
começa-se a preparar a vinda do Messias, que
levará a bênção a todos.
- Promessas divinas feitas a Abraão e confirmadas
a Isaac e a Jacob (acompanhadas da protecção
divina), são - Um filho cumpre-se em Isaac.
- Uma numerosa descendência os hebreus no Egipto
tornam-se muito numerosos. - Uma terra inicia-se com a compra da gruta de
Macpela por Abraão, continua com Josué e a
conquista da terra e aponta para a nova terra,
de que fala o Apocalipse. - Uma bênção (promessa messiânica) da sua
descendência há-de nascer o Messias.
- Fé o caminho começa pelo acolhimento de Abraão
da palavra de Deus sem restrições (deixa terra,
credo).
3030
? ABRÃO E SARAI NO EGIPTO (12,10-20).
() 13 Diz, pois, que és minha irmã, peço-te, a
fim de que eu seja bem tratado por causa de ti, e
salve a minha vida, graças a ti ().
? Abrão segue os juízos humanos sai da Terra
Prometida, mente ao dizer que sua esposa é sua
irmã, expõe a sua esposa a outro homem
? Relatos paralelos em Gn 20, 2 (perante o rei
Abimelech) e com Isaac e Rebeca (Gn 26, 6-11).
- Conclusões desta narrativa baixa
- Pretende-se enaltecer a beleza da matriarca.
- Ninguém está a salvo de possíveis quedas e
tentações. - Alegoria antecipada da escravidão do Egipto e do
êxodo. - Nada pode desviar ou anular o projecto de Deus.
- Abraão só dissimulou parte da verdade (irmãos
pelo pai, cf. Gn 20, 12). - A intervenção de Deus em seu favor mostra a sua
boa fé.
3131
? SEPARAÇÃO DE ABRÃO E LOT e RENOVAÇÃO DAS
PROMESSAS DE DEUS (13,1-18).
() 8 Abrão disse a Lot Peço-te que entre nós
e entre os nossos pastores não haja conflitos,
pois somos irmãos. 9 Aí tens essa região toda
diante de ti. Separemo-nos. Se fores para a
esquerda, irei para a direita se fores para a
direita, irei para a esquerda. 10 Lot ergueu os
olhos e viu todo o vale do Jordão, que era
inteiramente regado ().
- Os irmãos na Bíblia Abrão é tio de Lot, no
hebraico não há palavra para primo, tia,
designando irmão todos os parentes
consanguíneos. Como os irmãos de Jesus
? A Generosidade de Abrão oferece a escolha do
caminho ao seu sobrinho Lot que escolhe as
melhores terras esta escolha irá ser-lhe fatal,
mais tarde (cf. Gn 19)
? Em seguida, Deus renova as promessas a Abrão.
3232
? ABRÃO E OS QUATRO REIS (14,1-24).
() 11 Os vencedores apoderaram-se de todos os
bens de Sodoma e Gomorra, de todos os víveres e
retiraram-se. 12 Apoderaram-se também de Lot,
filho do irmão de Abrão, que habitava em Sodoma,
e de todos os seus bens. ()
? A valentia de Abrão Tropas da Mesopotâmia
atacam vários reis (entre eles os de Sodoma e
Gomorra), levando prisioneiros, entre eles Lot, a
família e os seus bens. Abrão consegue
libertá-los, com 318 homens.
? O pão e vinho no regresso a casa, MELQUISEDEC,
rei de Salém (depois Jerusalém), sai ao encontro
de Abrão, apresentando pão e vinho, que oferece
ao Deus Altíssimo. Simbolizam a refeição de paz
ou aliança entre o rei pagão e Abrão. No pão e
vinho viu-se figura da Eucaristia e em
Melquisedec a figura do Messias.
3333
? RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS (15,1-21).
? ALIANÇA DA CIRCUNCISÃO (17,1-27).
() 5 Já não te chamarás Abrão, mas sim Abraão,
porque Eu farei de ti o pai de inúmeros povos.
() 10 Eis a aliança estabelecida entre mim e
vós, que tereis de respeitar todo o homem, entre
vós, será circuncidado. ()
? A Aliança com Abraão surge em dois textos, Gn
15 e Gn 17.
Génesis 15 Génesis 17
Tradição Javista Tradição Sacerdotal
Não há mudança de nome Mudança de nome de Abrão (pai exaltado para Abraão (pai da multidão) significa nova missão (Jacob-Israel, Simão-Pedro, etc).
Aliança unilateral Deus compromete-Se a dar a Abraão uma terra Abraão não se compromete a nada Aliança bilateral Deus compromete-Se a dar a Abraão uma descendência e uma terra. Abraão compromete-se a guardar a circuncisão.
3434
? FUGA DE AGAR E ISMAEL (16,1-16).
() 3 Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou Agar,
sua escrava egípcia, e deu-a por mulher a Abrão,
seu marido, depois de Abrão ter vivido dez anos
na terra de Canaã. 4 Ele abeirou-se de Agar, e
ela concebeu. E, reconhecendo-se grávida, começou
a olhar desdenhosamente para a sua senhora. ()
? Abrão segue o seu próprio juízo serve-se de um
costume em vigor na sua época, para garantir a
descendência nasce Ismael. Mas Deus tem outros
planos
? Sarai humilha Agar Abrão diz a Sarai para
fazer de Agar o que lhe aprouver Sarai humilha
Agar e esta foge. Seguem a lei de Hamurabi, a
qual ordenava que as escrava que concebera do seu
senhor fosse humilhada, caso viesse a rivalizar
com a esposa estéril.
3535
? PROMESSA DE UM FILHO (18,1-15).
Passarei novamente pela tua casa dentro de um
ano ()e Sara, tua mulher, terá já um filho. ()
12 Sara riu-se consigo mesma e pensou Velha
como estou, poderei ainda ter esta alegria, sendo
também velho o meu senhor?
? A Deus nada é impossível conforme a tradição
javista, Deus aparece em pessoa ou acompanhado de
dois anjos (duas leituras possíveis), em Mambré
e renova a promessa do nascimento de Isaac, cujo
nome significa Que Deus sorria ou riso, por
Sara se ter rido.
? DESTRUIÇÃO DE SODOMA E GOMORRA (18,16-19,38).
? A humanização de Deus Abraão regateia com
Deus, como os orientais destaca-se o poder de
intercessão dos justos e a justiça de Deus, que
consiste em perdoar.
() 32 Abraão insistiu novamente () Talvez lá
não se encontrem senão dez. E Deus respondeu
Em atenção a esses dez justos, não a
destruirei. ()
3636
? Lenda etiológica com base numa lenda, da
destruição de cidades junto ao Mar Morto, a
Bíblia dá-lhe sentido teológico e tenta
justificar o porquê das formas nesse local
(estátua de sal, mulher de Lot).
- O pecado das cidades as cidades, para os
nómadas, era o berço do mal os pecados de Sodoma
e Gomorra eram a sodomia, orgulho, mas o pior
pecado (para a época) era a falta de
hospitalidade Lot preferia dar as duas filhas ao
povo do que importunar os seus hóspedes.
- Incesto das filhas de Lot as mesmas embriagaram
o pai para terem relações com ele, para garantir
a descendência. A considerar - Pensavam que já não havia ninguém mais com quem
casar. - Aparece ainda como frutos das cidades
corrompidas. - A descendência era considerado um dos maiores
bens. - As tribos dos moabitas e dos amonitas são fruto
de um incesto, pois descenderam, respectivamente,
da filha mais velha e da mais nova.
3737
? ABRAÃO E SARA EM GUERAR (20,1-18).
? Tema igual ao de Gn 12, 10-20 diz que Sara é
sua irmã, perante Abimelec...
? ISAAC E ISMAEL (21,1-21).
() 2 Sara concebeu e, na data marcada por Deus,
deu um filho a Abraão, quando este já era velho,
() Isaac..
? O filho da promessa cumpre-se uma delas.
- Agar e Ismael são expulsos Segundo o Código de
Hamurabi, o filho da escrava fica excluído da
herança havia a necessidade de não perturbar a
ordem, afectada com a poligamia mas Deus entra
em favor de Ismael, vai fazê-lo pai de uma grande
nação (de que deriva os muçulmanos) e não perde o
afecto do pai (cf. Gn 25, 9).
? ABRAÃO E ABIMELEC (21, 22-34).
? Disputas por um poço e aliança Abraão ganha
acesso a um poço em Bersabeia justifica a posse
antecipada desse território pelos israelitas.
3838
? SACRIFÍCIO DE ISAAC (22,1-24).
() Não levantes a tua mão sobre o menino e não
lhe faças mal algum, porque sei agora que, na
verdade, temes a Deus, visto não me teres
recusado o teu único filho. ()
? Sacrifícios humanos eram um costume em certos
povos pagãos com este relato a Bíblia condena
esses actos (cf. Lev 18, 21).
? O dilema de Abraão sacrificar o filho querido,
no qual encarna a promessa de Deus, de
descendência numerosa ou sacrificar a Deus
como não sacrifica Deus, também salva o filho.
Contrasta a ignorância de Abraão com a sabedoria
divina.
? A prova de Abraão e a reposta de fé Abraão
aceita os dois desfechos, contraria a razão e
confia em Deus. Este acto de fé fez de Abraão o
pai dos crentes.
3939
? COMPRA DA GRUTA DE MAKPELA (23,1-20).
() 19 Depois, Abraão enterrou Sara, sua mulher,
na caverna de Macpela, em frente de Mambré, isto
é, em Hebron, na terra de Canaã. 20 O terreno e a
caverna nele situada passaram dos hititas para a
posse de Abraão, como propriedade tumular. ().
- Promessa da terra começa a cumprir-se ao pagar
pela gruta de Macpela, Abraão adquire um título
de propriedade e direito de cidadania em Canaã.
Essa posse é reforçada pelo carácter intocável
dum cemitério (permanece até hoje).
? DESCENDENTES E MORTE DE ABRAÃO (25, 1-18).
() 7 Esta é a duração da vida de Abraão ele
viveu cento e setenta e cinco anos. 8 Abraão
foi-se extinguindo e morreu numa ditosa velhice
()
- Outros relatos Abraão procura esposa para Abraão
(como veremos) casa-se com Quetura, da qual tem
seis filhos deixa as possessões a Abraão é
enterrado em Macpela, junto de Sara.
4040
3 O CICLO DE ISAAC
4141
1
- A FIGURA DE ISAAC O BENDITO DO SENHOR
- Patriarca de transição a vida de Isaac aparece
ofuscada por Abraão e Jacob. Alguns dos
aspectos importantes da sua vida (nascimento,
sacrifício, casamento), aparecem ligados a
Abraão outros estão ligados ao Ciclo de Jacob
(Isaac abençoa Jacob). Gn 26 é o único capítulo
que se refere directamente a Isaac.
- Isaac aceita o sacrifício os Padres da Igreja
relevam o valor de Isaac, aceitou o sacrifício,
numa doação pessoal.
- Isaac, o bendito do Senhor é aquele que é, só
por disposição de Deus, pois o pai tê-lo-ia morto
se Deus não tivesse disposto outra coisa.
- Isaac obediente e fiel não comercializa com Deus
(como fez Abraão), mas coloca-se na obediência é
fiel e guarda a bênção recebida em herança.
4242
- Paralelismos com Abraão longa expectativa da
maternidade ( Sara / Rebeca) Abraão no Egipto
diz que Sara é sua irmã / Isaac a Abimelec (rei
dos filisteus) diz que Rebeca é sua irmã Abraão
faz uma Abimelec em Bersabeia, assim como Isaac
também faz uma aliança com Abimelec, em Bersabeia.
- Paralelismo com Cristo em Abraão brilha a imagem
de Deus Pai, em Isaac aparece a figura de Cristo.
O sacrifício de Isaac foi visto como o tipo de
sacrifício de Cristo na Cruz.
Vida de Isaac Vida de Cristo
A lenha para o sacrifício O madeiro da Cruz
O Monte Moriá O Monte Calvário
Obediência até à morte Obediência até à morte de Crus
Salvação efectuada pelo anjo Ressurreição da morte
Rebeca Tipo da Igreja
Esaú e Jacob, os dois filhos de Isaac e Rebeca Símbolo da Igreja dos pagãos e dos hebreus
4343
3
- VISÃO GERAL DO CICLO DE ISAAC?
? O Ciclo de Isaac situa-se em Gn 24,1-27,46.
Trata-se de um ciclo curto, distribuído, por
vezes, por outros ciclos.
? A ESPOSA DE ISAAC (24,1-67).
() 67Depois, Isaac conduziu Rebeca para a tenda
de Sara, sua mãe, recebeu-a por esposa, e amou-a.
().
- Deus vela pela promessa mesmo com sobressaltos,
tudo acaba bem as preocupações de Abraão, a
fidelidade do servo mais velho, a pronta resposta
de Rebeca e os préstimos do seu irmão mais velho,
Labão.
? DESCENDENTES DE ABRAÃO (25, 1-18) (visto em
Abraão).
? ESAÚ E JACOB (25,19-28). Ver Ciclo de Jacob.
? O PRATO DE LENTILHAS (25,29-34). Ver Ciclo de
Jacob.
? ISAAC EM GUERAR E BERSEBA (26,1-35). Isaac diz
que Rebeca é sua irmã (como em dois relatos
anteriores) Javé renova as promessas a Isaac.
? ISAAC ABENÇOA A JACOB (27,1-46). Ver no Ciclo
de Jacob.
4444
4 O CICLO DE JACOB
4545
1
? A FIGURA DE JACOB.
- Jacob, o astucioso ao contrário do que tinha
acontecido com as histórias de Abraão e de Isaac,
em que se notava uma atmosfera de alto nível
religioso e espiritual, a história de Jacob desce
desapiedadamente ao mais baixo da insuficiência
humana, à bem conhecida astúcia beduína. Ao mesmo
tempo, a acção divina em Jacob é mais escondida,
silenciosa
? Jacob, protegido por Deus apesar de Jacob ser
como é, Deus continua a ocupar-se dele e a
conceder-lhe a protecção.
2
- VISÃO GERAL DO CICLO DE JACOB
? O Ciclo de Jacob situa-se em Gn 28,1-36,43 a
partir de 25,19, Jacob começa a tornar-se a
personagem principal, tanto em relação ao pai,
como em relação ao seu irmão. Pode subdividir-se
em ciclo de Jacob e Esaú ciclo de Jacob e
Labão ciclo de Jacob e José.
4646
? ESAÚ E JACOB (25,19-28).
() 22 As crianças lutavam no seu seio, ()
Duas nações estão no teu seio dois povos sairão
das tuas entranhas. Um prevalecerá sobre o outro,
e o mais velho servirá o mais novo. ()
? A história dos dois irmãos, Esaú e Jacob começa
aqui, anda no ciclo de Isaac Esaú é o preferido
de Isaac Jacob é o preferido de Rebeca. Lutam já
no seio para mostrar a hostilidade entre os dois
povos que deles sairão Edom, de Esaú e Israel,
de Jacob.
? O PRATO DE LENTILHAS (25,29-34).
() Ele jurou e vendeu o seu direito de
primogenitura a Jacob. 34 Então Jacob deu-lhe pão
e um prato de lentilhas ().
- Esaú vende a primogenitura Primeiro acto de
Jacob para suplantar o irmão. À ligeireza com
que se porta Esaú contrapõe-se a astúcia de Jacob
para adquirir a primogenitura, que lhe atribuía a
maior parte da herança (2/3) e a supremacia sobre
o irmão. Apesar das fraquezas do Homem, Deus
conduz a história mas a Bíblia não justifica,
nem legitima esses actos.
4747
? ISAAC ABENÇOA A JACOB (27,1-46).
()21 Isaac disse a Jacob Anda, aproxima-te
para eu te tocar, meu filho, e ver se és
realmente o meu filho Esaú ou não. () Sê o
senhor dos teus irmãos diante de ti se curvem os
filhos da tua mãe! Maldito seja quem te
amaldiçoar, e bendito seja quem te abençoar ()
- A astúcia de Jacob agora, para assegurar a
correspondente bênção patriarcal, serve-se da
esperteza da mãe e da cegueira do pai.
- A moral da bênção roubada não se pode avaliar
este relato do alto da pureza atingida pela moral
do Novo Testamento na época, a astúcia dos
nómadas e dos beduínos era empregada com
destreza a moral doa patriarcas é, em grande
parte, fruto do clima do tempo.
- Os culpados sofrem as consequências é preciso
notar que todos são vítimas do pecado cometido
(Jacob tem de fugir para Haran e Rebeca fica
privada da presença do seu filho querido).
4848
- O relato pretende evidenciar
- O papel das mulheres nos caminhos de Deus, numa
sociedade marcadamente masculina como a
patriarcal - A livre escolha divina não está confinada às
normas do direito e do bom senso humano - A supremacia de Israel (representado por Jacob)
sobre os povos vizinhos (Esaú).
- A bênção era irrevogável, porque vem de Deus e
fonte de favores divinos e privilégios humanos.
? JACOB PARTE PARA PADAN-ARAM (28,1-28,9).
() 5 Isaac despediu-se de Jacob, que se dirigiu
a Padan-Aram, à casa de Labão, filho de Betuel, o
arameu, irmão de Rebeca, mãe de Jacob e de Esaú.
()
- Casar com mulheres estrangeiras constituía um
perigo de idolatria. Ao mesmo tempo, Jacob fugia
do seu irmão Esaú.
4949
? VISÃO EM BETEL (28,10-22).
() 12 Teve um sonho viu uma escada apoiada na
terra, cuja extremidade tocava o céu e, ao longo
desta escada, subiam e desciam mensageiros de
Deus. 13 Por cima dela estava o SENHOR () 15
Estou contigo e proteger-te-ei para onde quer que
vás e reconduzir-te-ei a esta terra, pois não te
abandonarei antes de fazer o que te prometi ()
- Primeira teofania em Jacob no meio da vida
profana de Jacob surgem três importantes
teofanias.
- Jacob, protegido de Deus Jacob recebe em sonho a
confirmação que lhe dá alento. A escada
estabelece a ligação entre o céu e a terra. O
Senhor renova-lhe as promessas feitas a Abraão e
Isaac, garante-lhe a protecção. Depois Jacob
ergue um memorial do acontecimento, criando o
lugar de culto Bet-El (casa de Deus).
5050
? MATRIMÓNIOS DE JACOB (29,1-30).
() 23 Mas, já de noite, conduziu Lia a Jacob,
que dela se aproximou. () 30 Jacob uniu-se
também a Raquel, que amava mais do que a Lia. E
serviu ainda em casa de Labão durante outros sete
anos ().
- Jacob e Raquel ao chegar a Haran, encontra
Raquel, sua prima, que dá de beber ao seu
rebanho, recorda o gesto de sua mãe, Rebeca.
- Jacob é enganado por Labão Jacob terá de
trabalhar sete anos para Labão para merecer
Raquel mas na noite do casamento, troca Raquel
por Lia, a irmã mais velha para conseguir
Raquel, terá de trabalhar mais sete anos para
Labão. De notar o seguinte a esposa, Raquel,
levava um véu nupcial alusão à cegueira de
Isaac, que foi aproveitada por Jacob foi-lhe
dada a irmã mais velha e não a mais nova Jacob
está a sofrer as consequências do engano feito a
seu irmão mais velho, Esaú.
5151
? FILHOS DE JACOB (29,31-30,24).
31 Vendo o SENHOR que Lia não era amada, tornou-a
fecunda, enquanto Raquel permanecia estéril. ()
22 Deus recordou-se de Raquel, ouviu-a e tornou-a
fecunda. 23 Ela concebeu e deu à luz um filho. E
disse Deus apagou a minha vergonha. 24 E
chamou-lhe José, dizendo Que o SENHOR me
acrescente ainda outro filho!
- Os 12 filhos de Jacob num processo simplificado,
os doze filhos de Jacob dão origem às doze tribos
de Israel. 12 é o número da totalidade Jesus
também irá escolher 12 apóstolos.
? Segue-se uma árvore genealógica
Raquel
Jacob (depois Israel)
Zilpa (serva de Lia)
Lia
Bila (serva de Raquel)
Ruben (1) Simeão (2) Levi (3) Judá (4) Issacar
(9) Zabulão (10)
Benjamim (12)
- Os nomes dos filhos são explicados popularmente
muitas vezes seriam tomados das palavras
pronunciadas pelos pais ao nascer o filho. Por
exemplo Rúben viu a aflição José
juntar, etc.
José (11)
Gad (7) Aser (8)
Dan (5) Neftali (6)
Efraim
Manassés
Israelitas
Dina
5252
? JACOB ENGANA A LABÃO (30,25-43).
()31 Disse-lhe Labão. Que te hei-de dar?
Jacob respondeu Não me darás nada, mas, se
acatares a minha proposta, tornarei a apascentar
e a guardar o teu rebanho. 32 Passarei hoje,
através de todo o teu rebanho e separarei todo o
animal malhado e com manchas entre os cordeiros,
todos os animais negros e, entre as cabras, as
malhadas e com manchas será essa a minha
recompensa. ().
- A proposta de Jacob aparentemente, Jacob ficava
a perder, pois as ovelhas com manchas eram uma
excepção e Labão esfregava as mãos de
contente! Jacob, considerado assalariado,
segundo o direito de então, não podia levar para
outra família as mulheres e filhos nascidos na
família de Labão. Mas Jacob considera que eles
são o preço de 14 anos de trabalho para Labão,
sentindo-se enganado. Jacob arranja maneira de as
ovelhas malhadas aumentarem vertiginosamente e
assim enriqueceu.
- A protecção divina o relato ilustra que Deus
protegia Jacob e era o castigo das injustiças
cometidas contra ele por Labão.
5353
() 20 Jacob enganou assim Labão, o arameu, e
fugiu sem lhe dizer nada. 21 Fugiu com tudo o que
lhe pertencia ().
? FUGA DE JACOB (31,1-21).
- Labão abusara as filhas aconselham-no a fugir e
seguir os planos de Deus.
? PERSEGUIÇÃO DE LABÃO (31,22-42).
() 27 Porque fugiste furtivamente,
enganando-me, em lugar de me avisar? () 31 Jacob
respondeu a Labão Tive medo de te avisar, pois
pensei que me tirarias as tuas filhas. 32 Quanto
àquele que estiver na posse dos teus deuses, esse
não viverá! ().
- Labão não se conforma com a saída de Jacob e
vai-lhe no encalço. Raquel tinha roubado os
deuses familiares (terafim) representavam os
espíritos protectores da família e pertenciam ao
herdeiro principal, e a sua posse era garantia de
herança. Tal foi a intenção de Raquel ao
levá-los. Mas Raquel finge-se que está menstruada
e não se levanta de onde está sentada, pois
oculta sob ela os terafim o facto de Raquel
estar em contacto com eles em estado de impureza,
mostra o desprezo do autor sagrado por esses
ídolos.
? CONTRATO E RECONCILIAÇÃO ENTRE JACOB E LABÃO
(31,43-32,3)
? PREPARAÇÃO DO ENCONTRO COM ESAÚ (32,4-22).
Jacob pretende acalmar o irmão Esaú, mandando
presentes à sua frente para ele
5454
? LUTA DE JACOB COM DEUS (32,23-33).
() 25 Jacob tendo ficado só, alguém lutou com
ele até ao romper da aurora. () 28 Perguntou-lhe
então Qual é o teu nome? Ao que ele respondeu
Jacob. 29 E o outro continuou O teu nome não
será mais Jacob, mas Israel porque combateste
contra Deus e contra os homens e conseguiste
resistir. ()
- Segunda teofania em Jacob a luta com Deus.
- Quem é? Um anjo ou Deus. Isto pressagia as lutas
que marcam o destino de Jacob e os descendentes.
- Novo nome o patriarca recebe um novo nome,
Israel, cujo significado popular é Ele foi forte
contra Deus dá-lhe uma nova missão e capacita-o
para a mesma.
- Encontro com Deus Pode representar ainda o
debate do crente ou o encontro de homem com Deus.
A luz deixa marcas de humildade e, ao mesmo
tempo, desvenda a etapa da caminhada.
5555
? ENCONTRO DE JACOB COM ESAÚ (33,1-20).
1 Jacob, levantando os olhos, viu Esaú que
avançava acompanhado por quatrocentos homens.
Repartiu os filhos entre Lia e Raquel e entre as
duas servas. 2 Colocou à frente as servas com os
seus filhos, depois Lia com seus filhos, e
Raquel, com José, em último lugar. 3 Passou
adiante deles e prostrou-se por sete vezes, antes
de se aproximar de seu irmão. 4 Esaú correu ao
seu encontro, abraçou-o, atirou-se-lhe ao pescoço
e beijou-o e ambos choraram. ()
- As pazes Jacob, que agora se chama Israel, e que
recebeu uma nova personalidade no encontro com o
anjo, vai fazer as pazes com o seu irmão Esaú.
Jacob toma muitas precauções prostra-se sete
vezes (tratando-o por senhor). Mas este acolhe
Jacob com hospitalidade.
- Acordo Segue-se uma diplomática negociação em
que Jacob marca as suas distâncias em relação ao
seu irmão.
5656
? O RAPTO DE DINA (34,1-31).
1 Dina, a filha que Lia dera a Jacob, saiu para
travar conhecimento com as raparigas do país. 2
Tendo-a visto Siquém, filho de Hamor, o heveu,
governador do país, raptou-a e apoderou-se dela,
violando-a. () 15 Só estaremos de acordo
convosco, se procederdes como nós, circuncidando
todos os varões que estão entre vós. () 24 Todos
os que habitavam no recinto da cidade ouviram
Hamor e Siquém, seu filho e todo o varão foi
circuncidado, entre os cidadãos da cidade. 25 No
terceiro dia, sofrendo eles dores violentas, dois
dos filhos de Jacob, Simeão e Levi, irmãos de
Dina, tomaram cada um a sua espada, marcharam
resolutamente sobre a cidade e mataram todos os
varões ().
- Finalidade do relato
- As relações pouco amistosas entre o Sul
(representado por Israel) e o Norte (os
siquemitas) - Mostrar a supremacia de Israel sobre esses povos
- Sublinhar o perigo dos casamentos mistos.
- Sublinhar o tenso relacionamento entre os clãs de
pastores e os habitantes das cidades - Há violência, vingança e duplicidade, que Jacob
condena antes de morrer.
5757
? JACOB EM BETEL E MORTE DE ISAAC (35,1-29).
() 9 Deus apareceu novamente a Jacob, depois do
seu regresso de Padan-Aram, e abençoou-o. () 28
Os dias de Isaac foram de cento e oitenta anos.
29 Expirando, morreu e reuniu-se aos seus pais,
já velho e satisfeito com os seus dias ()
- Peregrinação a deslocação de Jacob a Betel é uma
peregrinação. Começa por uma purificação e pela
destruição dos ídolos e desagua numa teofania, na
manifestação de Deus, que lhe repete o núcleo
essencial da promessa.
- O Deus de Betel é o mesmo Deus dos pais e da
esperança. Fica destacado um dos lugares de culto
israelita o santuário de Betel.
- Morte de Raquel e de Isaac temos a morte de
Raquel e morte de Isaac, que encerra a história
de Isaac. Isaac foi sepultado no sepulcro de Sara
e Abraão, onde também será sepultado Jacob.
? DESCENDENTES DE ESAÚ (36,1-43). Identifica-se
os descendentes de Esaú com os edomitas, povos
vizinhos, que apesar de ser povo irmão, nem
sempre as relações foram amigas.
5858
5 O CICLO DE JOSÉ
5959
? A História de José.
1
- Papel da História de José
- Constitui um termo (amplo) à História dos
Patriarcas - Espécie de interpolação que tenta justificar o
notável atraso na realização da promessa divina
(possuireis a terra, com o desvio momentâneo
para o Egipto. - Traço de união ao Êxodo, com os hebreus no Egipto
- Género literário tom mais tranquilo na narração
insere-se no género novela ou então narração
didáctica sapiencial.
- Apesar de não desaparecer de vez, o patriarca
Jacob deixa, o primeiro lugar, ao seu filho José.
? O Ciclo de José (ou História de José) situa-se
em Gn 37,1-50,26.
6060
5. O CICLO DE JOSÉ
2
- VISÃO GERAL DO CICLO DE JOSÉ.
? JOSÉ VENDIDO PARA O EGIPTO (37,1-36)
() Israel preferia José aos seus outros filhos,
porque era o filho da sua velhice, e mandara-lhe
fazer uma túnica comprida. 4 Os irmãos, vendo que
o pai o amava mais do que a todos eles,
ganharam-lhe ódio e não podiam falar-lhe
amigavelmente () e eles venderam-no aos
ismaelitas por vinte moedas de prata. Estes
levaram José para o Egipto ()
- Ódio dos irmãos José é o preferido do pai José
conta o seu sonho que lhes aumenta o ódio.
- Diferentes tradições como em Caim e Abel, a
inveja e o ódio levam a planear a sua morte mas
Rúben intervém em favor de José e é vendido aos
madianitas na outra é Judá que intervém e é
vendido aos imaelitas.
6161
? JUDÁ E TAMAR (38,1-30)
() 11 E Judá disse a Tamar, sua nora
Conserva-te viúva na casa de teu pai, até que
meu filho Chelá cresça. Judá, porém, temia que
ele também morresse como os irmãos. () 14 Então
ela tirou as vestes de viúva, cobriu-se com um
véu e sentou-se à entrada de Enaim, no caminho de
Timna, porque via que Chelá já havia crescido e
ela não lhe fora dada por mulher.15 Ao vê-la,
Judá tomou-a por uma prostituta, porque tinha a
cara coberta com um véu. () e Tamar concebeu um
filho. ()
- História fora do sítio? interrompe a História de
José talvez o autor, que mostrou o papel de Judá
em salvar a vida de José, quisesse mostrar a
seguir, algum episódio relacionado com ele.
- Lei do levirato quando o marido morria sem
deixar filhos, o irmão era obrigado a unir-se à
viúva e a criança que nascesse era considerada
filha do falecido. Er, seu esposo, falece o seu
irmão Onã é condenado por não respeitar essa lei
teria de esperar pelo irmão Chelá
- Uma história escandalosa! Tamar, para poder ter
filhos e como se sentiu enganada pelo sogro,
Judá, que não lhe deu o outro filho seu (Chelá),
disfarçou-se de prostituta com um véu e seduziu o
sogro. Mais tarde, quer-se condenar Tamar à
morte, mas esta apresenta provas que o sedutor
foi Judá. E este considera que agiu mal em não
lhe dar Chelá.
- O que pretende a história?
- Salientar a grande importância e valor da
descendência. - Mostrar a ligação da Tribo de Judá com os povos
cananeus, pois Tamar era cananeia. - Mostrar que, mesmo através do mal e das fraquezas
humanas, Deus consegue tirar o bem Tamar é
ascendente de David e de Jesus.
6262
? TENTAÇÕES DE JOSÉ (39, 1-23)
() 1 José foi levado para o Egipto e Potifar,
um egípcio, eunuco do faraó e chefe dos guardas,
comprou-o aos ismaelitas que para lá o tinham
conduzido. () 7 E aconteceu que, depois de tudo
isto, a mulher do seu senhor lançou os olhos
sobre José e disse-lhe Dorme comigo. () 10
Apesar de ela repetir o convite todos os dias a
José, este não acedeu aos seus desejos e não se
aproximou dela. () Vede! Trouxeram-nos um
hebreu para se rir de nós! Aproximou-se de mim
para se deitar comigo e tive de gritar bem alto.
15 Quando me ouviu levantar a voz pedindo ajuda,
deixou o manto junto de mim e fugiu para fora.
() E José ficou na prisão. 21 O SENHOR estava
com José ()
- José cai em desgraça de pessoa livre passa a
escravo e de escravo honesto a prisioneiro, mas
inocente.
- José, o sofredor mas Javé estava com José,
repete-se 4 vezes no texto o sofredor pode ser
instrumento nas mãos de Deus.
6363
? JOSÉ INTERPRETA OS SONHOS DOS PRESOS (40,1-23)
() 12 José respondeu Eis a explicação os
três ramos são três dias. 13 Três dias ainda, e o
faraó libertar-te-á, restabelecendo-te no teu
posto e porás a taça do faraó na sua mão, na tua
anterior qualidade de copeiro. 14 Se te lembrares
de mim, quando fores ditoso, presta-me, por
favor, um bom serviço fala de mim ao faraó e
faz-me sair desta prisão. () 21 Encarregou o
copeiro-mor de lhe dar de novo de beber, e ele
apresentou a taça ao faraó. 22 Quanto ao
padeiro-mor, mandou-o enforcar, como José
vaticinara. 23 Mas o copeiro-mor não se lembrou
mais de José e esqueceu-se dele.
- Os sonhos são alegorias que anunciam o futuro. Na
interpretação de José, sortes opostas esperam os
dois oficiais, companheiros de prisão. Pede ao
copeiro-mor que não se esqueça dele na prisão.
Mas o copeiro-mor esqueceu-se dele, porque só
Deus, a seu devido tempo, se lembrará dele.
- Ao atribuir-lhe a capacidade de ler os sonhos, o
autor sugere que José sabe discernir a acção de
Deus presente na história
6464
? JOSÉ INTERPRETA OS SONHOS DO FARAÓ (41,1-57)
() 25 José disse ao faraó O sonho do faraó é
só um. Deus anunciou ao faraó o que vai fazer. 26
As sete vacas belas são sete anos as sete
espigas grandes são sete anos é um mesmo sonho.
27 E as sete vacas magras e feias, que subiam em
segundo lugar, são sete anos e as sete espigas
raquíticas e ressequidas pelo vento do oriente
são sete anos. Serão sete anos de fome. 28 É o
que eu disse ao faraó Deus revelou ao faraó o
que vai fazer. 29 Sim, vão chegar sete anos de
grande abundância a todo o território do Egipto.
30 Mas sete anos de fome surgirão a seguir, de
modo que toda a abundância desaparecerá do Egipto
e a fome devastará o país. () 39 E o faraó disse
a José () Eis que te ponho à frente de todo o
país do Egipto.
- José interpreta os sonhos do faraó 7 vacas
gordas e 7 magras 7 espigas cheias e 7
ressequidas. Tem simbolismo agrícola, o Egipto
vive da riqueza agrícola do Nilo a deusa Hátor
era representada sob a forma de vaca, a sair das
profundezas do Nilo para espalhar a fertilidade.
- O poder de Deus a interpretação dos sonhos é
devido por José ao poder de Deus. Os mesmos
sonhos que levaram José à desgraça, marcam agora
o início da sua ascensão.
- O espírito de Deus que confere aos reis a
força para salvar o povo actua em José, que é
elevado a vice-rei do Egipto. De notar que houve
períodos em que asiáticos ocuparam altos cargos
no Egipto.
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? PRIMEIRO ENCONTRO DE JOSÉ COM OS SEUS IRMÃOS
(42, 1-38)
() 6 Ora José era governador do país era ele
que mandava distribuir o trigo a todo o povo do
país. Quando os irmãos de José chegaram,
prostraram-se diante dele com o rosto por terra.
7 Vendo os irmãos, José reconheceu-os
dissimulou, porém, diante deles e falou-lhes com
dureza, dizendo Donde vindes? () 14 José
disse-lhes É aquilo que eu disse sois espiões!
15 Por isso vos porei à prova Pela vida do
faraó, não saireis daqui enquanto o vosso irmão
mais novo não tiver vindo. ()
- Descida ao Egipto há documentos que atestam a
descida ao Egipto de grupos semitas, impelidos
pela fome a administração local acolhia-os a
família de Jacob obrigou-se a fazer o mesmo.
- Os sonhos de José concretizam-se os irmãos
prostram-se diante dele. Mas o vice-rei trata-os
com severidade e obriga-os a uma série de provas,
a ver se são capazes de agir fraternalmente.
- Ligação ao Egipto começa uma série de viagens
entre Canaã e o Egipto. Pretendem ligar José à
sua família e explicar o modo como o povo de
Israel entrou e se estabeleceu no Egipto.
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? SEGUNDA VIAGEM AO EGIPTO (43,1-34)
() 8 E Judá disse a Israel, seu pai Deixa ir
o menino comigo, a fim de que possamos partir
() 9 Sou eu que respondo por ele é a mim que o
reclamarás () 27 José informou-se da sua saúde
e depois disse Como está o vosso velho pai,
esse ancião do qual me falastes? Ainda é vivo?
28 Eles responderam O teu servo, nosso pai,
está de saúde e vive ainda. Então inclinaram-se,
prostrando-se. 29 Levantando os olhos, José viu
Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e disse
É este o vosso irmão mais novo, do qual me
falastes? E continuou Que Deus te seja
favorável, meu filho! 30 E José apressou-se a
sair, porque ficou enternecido, à vista do seu
irmão, e tinha necessidade de chorar entrou no
seu aposento e chorou. 31 Depois, lavou o rosto e
voltou a sair. Então, procurando dominar-se,
disse Servi a refeição.().
- Nesta 2ª viagem terão de levar Benjamim, para
satisfazer a curiosidade do vice-rei do Egipto
e, assim, resgatar Simeão, que ficou como refém.
Perante a recusa do pai em deixar Benjamim, Judá
oferece-se, em juramento, como fiador. Os irmãos
são bem acolhidos.
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? JUDÁ ROGA POR BENJAMIM (44,1-34)
1 José deu a seguinte ordem ao intendente da sua
casa Enche de víveres os sacos destes homens,
tanto quanto eles puderem conter e põe o dinheiro
de cada um na boca do saco. 2 Põe também a minha
taça de prata na boca do saco do mais novo,
juntamente com o preço do trigo. () A taça foi
encontrada no saco de Benjamim. () 18 Então,
Judá aproximou-se de José e disse-lhe () 33
Então, por favor, que o teu servo fique como
escravo do meu senhor, em lugar do menino que
fique escravo do meu senhor e que o menino volte
com os irmãos. 34 Como poderei voltar para junto
de meu pai, sem levar comigo o seu filho? Nem
quero ver a dor que sobreviria a meu pai!
- A dor purifica os homens interrompida a viagem
devido a mais um estratagema de José, acusa-os de
roubar uma taça valiosa. Judá confessa o pecado
colectivo, que foi o da morte de José Judá que,
interviera antes numa solução de compromisso,
está agora decidido a ficar como refém para que
Benjamim, preferido das família, possa voltar a
casa, evitando assim o sofrimento do pai. A
solidariedade dos outros irmãos, ao lado de
benjamim e Judá