Title: Marta Vaz Couto
1Marta Vaz Couto
- Imigração
- e
- Extrema Direita
- na União Europeia
2Imigração
- movimento de entrada, com ânimo permanente ou
temporário, e com a intenção de trabalho ou
residência, de pessoas de um país para outro - fluxos contínuos de seres humanos que resultam
profundas desigualdades no desenvolvimento entre
os países - reflecte no crescente número de imigrantes
clandestinos nos países mais ricos. Este drama é
particularmente sentido, na União Europeia
3Imigração na União Europeia
- Na União Europeia, as leis sobre imigração e
asilo político variam muito de país para país,
embora a tendência seja para a sua uniformização. - A maioria está a estabelecer um sistema de
"quotas", assim como a estabelecer um processo de
selecção dos imigrantes, nomeadamente através de
prestação de "provas" pelos candidatos
(conhecimento da língua, da cultura, etc). A
tendência é a crescente criar um sistema
selectivo que privilegie a imigração de
mão-de-obra qualificada, à semelhança do que faz
os EUA ou a Austrália.
4Imigração na U.E.
- Desde 2001 que, na EU, os diversos países têm
vindo a reforçar os sistemas de controlo à
imigração ilegal. - Ainda assim, em 2004 entraram na UE, cerca de 1,4
milhões de imigrantes legais - Estima-se que mais de 3 milhões de imigrantes
vivam clandestinamente na UE. Entre 800 mil e 1,2
milhões em Espanha, cerca 750 mil na Alemanha,
meio milhão em França, 250 mil em Itália e na
Holanda, mais de 100 em Portugal. Na Grã-Bretanha
o seu número ascende a largas centenas de
milhares. A maior parte destes imigrantes são
procedentes do norte de África, Turquia, Índia,
Paquistão, África subsahariana e dos balcans.
5Imigração na U.E.
- O população da União Europeia aumentou devido à
imigração. - A União Europeia a 31 de Dezembro de 2001,
segundo a Eurostat contava com 379,4 milhões os
habitantes (377,9 milhões no ano anterior).
Calcula-se que mais de 70 deste crescimento se
tenha ficado a dever ao fluxo migratório para os
15 países que compõe actualmente a UE. - Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido foram os
países que, em termos absolutos, mais imigrantes
receberam em 2001.
6Imigração na U.E
- Nas contas que relacionam a emigração com a
população total, Portugal surge com uma das mais
elevadas taxas migratórias (4,9 por mil
habitantes), apenas ultrapassado pelo Luxemburgo
(9,0), Espanha (6,2) e Irlanda (5,2). - O crescimento natural da população (nascimentos
menos mortes) da UE foi de 410 mil pessoas, o que
significa um ligeiro aumento relativamente aos
anos anteriores. Também neste caso, este aumento
se ficou a dever aos imigrantes.
7Imigração na U.E.
- Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia
tem vindo a denunciar o aumento dos casos de
violência racial e de discriminação em todos os
países da UE. De acordo com este Observatório, as
principais razões para o aumento da xenofobia,
devem-se principalmente ao medo do desemprego,
insegurança em relação ao futuro, e ao mal estar
generalizado sobre as condições sociais e as
políticas dos governos.
8Imigração na U.E.
Alemanha Desde a 2ª. Guerra Mundial que a
Alemanha se tornou no principal destino da
imigração na Europa. Os seus 7,3 milhões
imigrantes constituíam em 2003 cerca de 9 da
população total. O principal grupo imigrantes é
originário da Turquia (cerca de 2 milhões).
Calcula-se que 750 mil imigrantes vivam neste
país em situação irregular.
9Alemanha
- Em 2000 entrou em vigor a lei da dupla
nacionalidade. Esta lei procura promover a
integração da segunda e terceira geração de
imigrantes. Os imigrantes clandestinos que são
detidos são expulsos de imediato e postos na
fronteira. A Alemanha estabeleceu convénios com
os países vizinhos de forma a expulsar do seu
território todos aqueles que nele tentam entrar
ilegalmente. Se o imigrante não leva documentos,
os procedimentos burocráticos podem levar meses,
porque primeiro se tem que estabelecer a
identidade do detido. O imigrante clandestino
pode recorrer aos tribunais, para contestar a
decisão do Estado o expulsar. À semelhança do que
ocorreu em outros países da UE, no início do novo
milénio, aumentou significativamente o tráfico de
mulheres para a prostituição e de mão-de-obra. - Em 2005, uma nova lei da imigração mais
restritiva que a anterior, procura dificultar a
entrada de imigrantes sem qualificações
profissionais. Pretende-se também reforçar o
sistema de integração, nomeadamente pelo ensino
da língua e da cultura alemã.
10Áustria
- Os imigrantes constituem 9,8 da população. Em
cada ano, uma ordem administrativa estabelece a
quota para a admissão de cidadãos de países
terceiros, isto é, não residentes na UE. Em 2000
este número foi limitado a um máximo de 7.86
pessoas. A lei austríaca permite que os
estrangeiros residentes possam reunificar as suas
familias. No entanto, as pessoas que desejam
unir-se com os seus familiares, estão submetidas
a uma cota fixada pelo Estado. - Durante 2000, a Áustria foi objecto de sanções
por parte da UE devido a atitudes de membros do
seu governo contra os direitos humanos. Um lei
recente impôs a obrigatoriedade da aprendizagem
do alemão a todos os imigrantes não
comunitários.
11Bélgica
- Os imigrantes constituíam 8,3 da população. Não
existem números oficiais sobre o número exacto de
imigrantes e refugiados que vivem na Bélgica em
situação irregular, calcula-se que seu número
varie entre as 50.000 e as 75.000 pessoas. Nos
últimos tempos a maioria do imigrantes provêm da
Ucrânia e dos países do centro da Europa, como a
Eslovénia e a Eslováquia. Até meados de 1999, foi
um dos países que onde os imigrantes clandestinos
eram mais durante perseguidos. - Uma Lei aprovada em Dezembro de 1999, permitiu a
muitos milhares de imigrantes e suas famílias
obterem autorização de residência, depois de
demonstrarem que viviam no país há pelo menos 6
anos antes da data limite para legalização (1 de
Outubro de 1999). O número de anos diminuía para
5 no caso dos filhos terem idade escolar. Em
2000, a emigração ilegal cresceu cerca de 60 em
relação ao ano anterior.
12Espanha
- Em finais de 2004, viviam em Espanha 1.854.218
imigrantes legais, originários da América Latina
(600 mil), da UE (478 mil), África (366 mil),
Leste da Europa (152 mil) e da Ásia (133 mil).
Para além destes calculava-se que vivam neste
país, entre 800 mil e 1 milhão e duzentos mil
imigrantes clandestinos. - Este país contava em 2002 com 1.324.000
imigrantes, os quais representavam cerca 4,7 da
população (1,9 em 1992). A maioria dos
imigrantes eram originários de Marrocos, Equador,
Colombia, Perú, Rep.Dominicana, Filipinas, China
e Roménia. -
- Os imigrantes clandestinos trabalham na sua
maioria na economia paralela e são muito mal
pagos, vivem e trabalham em condições miseráveis.
A Espanha é um dos países da UE com maior número
de imigrantes clandestinos, os quais são
escravizados por máfias espalhadas por todo o
país, em especial na Andaluzia e na região de
Madrid.
13Espanha
- O processo de legalização que ocorreu em 2000,
permitiu regularizar a situação de apenas 140.000
imigrantes. Em 2001 o número de imigrantes
superou todas as expectativas, levando a que
fossem adoptadas medidas excepcionais de
contenção. Em 2005, o governo espanhol lançou um
novo processo de legalização dos imigrantes
clandestinos, esperando cerca de 800 mil vejam a
sua situação regularizada. O processo de
regularização adoptado está na prática confiado
às empresas que empregam estes imigrantes
clandestinos. - Um das situações mais dramáticas vividas pelos
imigrantes na Europa, regista-se no sul de
Espanha e nas Canárias. Todos os anos muitos
morrem afogados quando tentam atingir as suas
costas vindos do Norte de África. Em 2004, a
Espanha expulsou 120 mil imigrantes clandestinos.
14Holanda
- Os imigrantes constituíam em 2000 cerca de 4,1
da população. Este país tem vivido desde 2003
numa crescente tensão racial, o que tem provocado
o adopção de medidas de controlo da imigração, em
especial a proveniente da Turquia e Marrocos. - A nova legislação sobre imigração vai passar a
exigir que os candidatos conheçam a língua e a
cultura holandesa. A imigração clandestina tem
sido alvo de severas medidas, nomeadamente em
relação à expulsão. A Holanda tinha em finais de
2004, cerca 150 mil imigrantes ilegais.
15Itália
- Os imigrantes em 2000 constituíam cerca de 2,2
da população. Existe uma cota anula para a
entrada de imigrantes extracomunitários. Um
decreto de 1999 permitiu obter residência
permanente aos imigrantes com mais de 5 anos de
residência legal no país. Para os clandestinos a
Lei prevê a criação de centros de acolhimento,
até serem repatriados. Quando isto não é possível
ficam em liberdade. Em 2000 o número de
imigrantes que se fixou em Itália aumentou cerca
de 13,8. Actualmente vivem em Itália cerca
de 1.270.000 imigrantes extracomunitários. - Em 2001, o governo italiano estabeleceu um
sistema de "quotas" para a imigração. A afim de
regularizar a situação, em 2002, foram
legalizados 635 mil imigrantes.
16Grã-Bretanha
- Os imigrantes constituíam em 2001 cerca de 4 da
população. 39 destes imigrantes são originários
de países da União Europeia. Os asiáticos
constituem depois o grupo mais significativo,
destacando-se entre eles os originários do
Bengladesh, Paquistão e Índia. - Este país introduziu medidas muito selectivas em
relação à concessão do estatuto de asilados.
17Grã-Bretanha
- Em 2000 cerca de 10 dos imigrantes foram
devolvidos aos seus países de origem, porque os
seus pedidos de asilo se deviam à falta de
emprego no seus locais de origem. Em Março deste
mesmo ano o Governo Britânico anunciou que
expulsaria os imigrantes que explorassem os seus
filhos pela mendicidade. As ajudas do governo são
para os imigrantes conseguirem trabalho e
habitação e aprendizagem da língua inglesa.
Nesse ano regularizou a situação de 30.000
refugiados que haviam solicitado asilo. Contudo,
não regularizou os imigrantes ilegais por motivos
económicos que ascendem a mais de 50.000.
18Luxemburgo
- 114 imigrantes por cada 1.000 habitantes (dados
de 2001). Os refugiados não têm o direito de
trazerem as suas famílias. Existem um rigoroso
controlo fronteiriço para evitar a entrada de
clandestinos, embora cerca de 70 do crescimento
demográfico deste país se deva à chegada de
imigrantes.
19Finlândia
- Os imigrantes em 2001 constituíam cerca de 1,7
da população. A maioria dos seus imigrantes são
originários dos países da ex-União Soviética.
20Portugal
- Os imigrantes constituem cerca de 5 da população
total e 11 da população activa. A maioria do
imigrantes são originários da Ucrânia, Cabo
Verde, Brasil e Angola. Portugal foi na União
Europeia o país que sofreu a mais rápida e
profunda alteração em termos migratórios. - O Estado português ainda não tomou medidas
adequadas para assegurar a educação dos filhos
dos imigrantes. A maioria dos imigrantes
clandestinos trabalha em actividades irregulares,
vivem e trabalham em condições deploráveis,
recebendo salários muito inferiores aos
estabelecidos na lei.
21Portugal
- Os imigrantes têm o direito de trazer as suas
famílias. - Em 2001 o número de imigrantes superou todas as
expectativas, levando o governo a adoptar severas
medidas de contenção dos fluxos migratórios. Os
imigrantes só podem entrar em Portugal para
trabalhar, desde que estejam munidos de uma
autorização passada nos seus países de origem,
caso contrário arriscam-se a ser expulsos.
22França
- Os imigrantes constituíam em 2001 cerca de 5,6
da população. A maioria dos seus imigrantes
actuais são originários de países muçulmanos do
Norte de África (Argélia, Tunísia, Marrocos,
etc), e mais recentemente também da Turquia. - Em 1990 esta percentagem era de 6,3. Em 1999 a a
França regularizou 83.000 imigrantes sem papeis,
cerca de 70 dos clandestinos. Os que não viram
regularizada a sua situação, ou foram expulsos,
ou vivem numa situação muito precária. Entre 1991
e 1997 ocorreram muitas expulsões. Em 1997, foram
deportados, por exemplo, 7.200 imigrantes. As
autoridades francesas recorreram muitas vezes a
voos "charter", prática actualmente abandonada.
Durante o ano de 2000 foram frequentes as
agressões a imigrantes do norte de África.
23França
- Em 2005, a França vai estabelecer um sistema de
"quotas", subordinada às necessidades do mercado
de trabalho. Os partidos de direita defende
igualmente quotas por nacionalidade ou etnia, de
modo a evitar a crescente influência da cultura
muçulmana neste país.
24O que é a extrema-direita?
- Direita é o termo geralmente utilizado para
designar indivíduos e grupos relacionados a
partidos políticos ou ideais considerados
conservadores ou liberais, em oposição à Esquerda
- A partir do século XX, o termo foi utilizado para
o fascismo (especialmente aqueles que reprimiram
políticos e movimentos de esquerda), e por
oposição ao liberalismo clássico, de livre
mercado (principalmente em sua faceta económica) - Definição de extrema-direita convém associar
três critérios - A situação do espaço político (o partido mais à
direita), - A situação ideológica (neofascistas,
tradicionalistas ou neoracistas) - A atitude hostil para com a democracia
constitucional (associada ao respeito e
desenvolvimento dos direitos fundamentais).
25O que é a extrema-direita?
- Questões um pouco diferentes neonazismo extrema
direita (o nazismo faz parte da extrema direita,
mas nem toda a extrema direita é exactamente
nazista ou neonazista) e o extremismo político
(que é um fenómeno mais amplo) - Diferença entre um partido político, com
filiados, militantes, slogans e bandeiras, e um
movimento político mais amplo, principalmente um
eleitorado, que na maioria das vezes não é parte
permanente desses grupos e possui características
diferenciadas. - Um outro fenómeno distinto são as gangs, como,
por exemplo, grupos de skinheads, verdadeiras
tropas de choque, que por vezes esses movimentos
produzem. Portanto, nem sempre são as mesmas
pessoas, nem têm as mesmas características, sendo
esse movimento, infelizmente, um processo
múltiplo.
26Racismo como ameaça ?
- É consensual a seguinte definição técnica de
racismo a representação de um povo como inferior
por razões naturais, independentemente da sua
acção e da sua vontade. Esta representação é
feita, naturalmente, por todos aqueles que se
assumem a si próprios como superiores.
27Nascimento, expansão, derrota e hibernação
- O nazifascismo é um movimento que, do ponto de
vista imediato, está ligado à crise do
liberalismo e à crise da própria noção de
progresso nos anos 20, ou seja, encontra um
grande apoio, uma razão de ser, como resposta a
toda a agitação social, aos problemas e,
especialmente, ao triunfo e existência da
Revolução Soviética no final da Primeira Guerra
Mundial - Ele retoma as tradições conservadoras que vinham
praticamente desde a derrubada do Absolutismo,
com as revoluções liberais e burguesas na Europa.
Representavam forças que se opunham à noção de
progresso, de razão, à noção iluminista. Mas, uma
vez que o progresso, o crescimento industrial e a
sociedade moderna se afirmaram, eles permaneceram
como filosofias marginais e exóticas.
28Nascimento, expansão, derrota e hibernação
- Com a Crise de 29 e seus milhões de desempregados
no mundo, além de confrontos por toda a parte,
esses movimentos começam a ganhar uma importância
e um peso formidável. - O artigo do Le Monde Diplomatique, intitulado "O
triunfo do contra-senso esta de volta o tempo
dos mágicos", de autoria de Ignácio Ramonet ?
comparação entre os anos 70 e 80 com os anos 20 e
30 mostrando o tipo de produção cultural e de
imaginário político que foi se gerando. A análise
do autor foi premonitória, pois o que foi
assinalado, as suas advertências de dez anos
atrás, acabaram por se cumprir integralmente,
lamentavelmente.
29Nascimento, expansão, derrota e hibernação
- Em 1945, o fascismo foi derrotado, mas não
eliminado ou vencido definitivamente - Com o Plano Marshall, percebe-se uma nova
tendência nos julgamentos de criminosos de
guerra, inocentando pessoas, sobretudo grandes
empresários que haviam sido extremamente activos
na manutenção desses regimes. Um caso muito
conhecido é o da família Krupp na Alemanha, onde,
à medida que se deteriorava o clima internacional
e a Guerra Fria ia começando, o tom do julgamento
também se ia alterando e, no final, aqueles que
apoiaram financeiramente o fascismo acabaram por
sair ilesos. Essa é uma segunda razão pela qual
sobrevivem, ainda que em hibernação, factores e
actores que propiciaram a existência do fascismo
depois da Segunda Guerra Mundial.
30Nascimento, expansão, derrota e hibernação
- Durante os "anos dourados" (os anos 30) partidos
de extrema-direita tinham uma composição etária
curiosa. Eram formados por pessoas acima de 60
anos (nazis no passado) e depois seguia-se a
faixa de pessoas de meia idade abaixo, uma ampla
base social de jovens entre dezasseis e vinte e
quatro anos. - As pessoas que tinham vivido a desnazificação
tinham uma representação muito pequena, a exemplo
do Partido Nacional Democrático, na Alemanha. A
única excepção que deve ser feita nesses países é
o MSI (Movimento Social Italiano), que continuou
a manter um partido de massas representativo nas
eleições e que chegou a fazer parte de uma
coligação governamental em 1994.
31Nascimento, expansão, derrota e hibernação
- Fora essa excepção, normalmente os partidos
viviam uma vida vegetativa e semi-clandestina
veteranos de guerra, entre outros, que tinham
seus clubes e associações e que utilizavam certas
causas periféricas - Por exemplo, as mudanças de fronteira na Europa
Oriental eram um dos pontos onde essas
organizações se fixavam, retomando causas
aparentemente válidas como causas nacionais, para
manter viva a solidariedade e a actuação desses
movimentos.
32O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
- Estagnação e a regressão demográfica dos países
do Hemisfério Norte ? anos 70, os fluxos
migratórios, que desde as grandes navegações eram
do Norte para o Sul, inverteram-se e passaram a
ser do Sul para o Norte, a partir de uma
combinação de dois factores interrelacionados
um, o problema demográfico em si mesmo outro, a
reorganização da economia mundial, que fazia com
que alguns sectores económicos do Primeiro Mundo
necessitassem de um tipo de mão-de-obra mais
barata e se fizesse, efectivamente, um apelo a
vinda de trabalhadores estrangeiros (os turcos na
Alemanha, magrebinos para a França, indianos para
a Inglaterra, etc.)
33O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
- Imigrantes encarregues de sectores que não tinham
a margem de lucro suficiente para subsistir. A
ideia de "invasão dos bárbaros" vai se enraizando
no espírito dos europeus. Dessa forma, a Europa
aparece como velho Império Romano em declínio e
os bárbaros, aqueles de pele morena que vão
"invadir e conspurcar" os modos de vida que os
ocidentais detinham. O que impressiona é a força
com que esta noção é difundida nos países
europeus e, por vezes, pessoas esclarecidas,
pessoas de boa orientação política, quando
confrontadas com certas situações, comportam-se a
partir desse referencial ideológico.
34O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
- O descontentamento da juventude com a sociedade
de consumo acabou por desencadear, nos anos 60,
os movimentos de contra-cultura, inicialmente com
os hippies "cabeludos e pacifistas" (e de classe
média), que vão ser substituídos por uma versão
mais popular, os skinheads, que posteriormente
vão dividir-se e tomar caminhos políticos
diferenciados. Portanto, há uma presença muito
grande desse movimento de contra-cultura como
desencanto com a sociedade de consumo, com a
sociedade que se centrava na questão do indivíduo
e do enriquecimento pessoal. Esse vai ser, então,
um local de recrutamento para as organizações
fascistas ou neofascistas.
35O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
- Tensões sociais vão encontrar uma válvula de
escape na xenofobia e no racismo, que foi seu
grande ponto de partida e o seu relançamento. Os
estrangeiros passam a significar, nesse sentido,
pessoas que iriam tomar seus empregos, que
estariam mudando seus modos de vida, introduzindo
as drogas, a criminalidade, a decadência. Crescem
os pedidos para rever a política de imigração
para refugiados políticos, que havia sido uma
"generosidade" da Europa até aquele momento,
muito motivada pelo passado nazista. Dessa forma,
começam a crescer as tensões por todo lado.
36O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
- Na França, um partido de extrema direita, a
Frente Nacional, que procura negar a sua
identidade neonazista, mas que a todo o momento
faz referência ao passado do regime de Vichy,
ganha base de apoio social, a ponto de políticos
de esquerda, socialistas ou comunistas, serem
obrigados às vezes, nas suas circunscrições
eleitorais, a defender políticas restritivas à
imigração. Os hooligans vão mostrar que -
efectivamente o futebol vai acabar, na Europa,
por se tornar uma espécie de "ópio do povo" - é o
momento de fazer uma catarse social,
literalmente, espancando os adversários.
37O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
- Na Alemanha também há um renascimento muito forte
da actuação desses grupos, além de outros países.
Numericamente, estes grupos ainda são pequenos,
porém extremamente activos. - Assim, retoma-se o culto ao militarismo, à
força, à violência, tudo aquilo que era uma
bandeira sedutora para certas categorias de
jovens que a extrema direita utilizava e
empregava. Os filmes que começaram a ser
produzidos na década de 80 ver levantamento de
Ignacio Ramonet são realmente preocupantes.
38O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
- Nos anos 90 ? Os neonazistas começam a fazer
acções, principalmente nos países do Leste
Europeu, que saem do regime socialista. A
extrema-direita, o nacionalismo, a xenofobia e as
ideias neonazistas surgem com vigor em países
onde até então não havia, de certa forma,
estruturas e formas de convivência capazes de
lidar com este fenómeno. Os analistas, então,
recorreram à uma explicação simplista, culpando o
comunismo, pouco contribuindo para a real
compreensão do problema. O que houve nestas
sociedades foi um colapso absoluto
39O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
- A questão da xenofobia, neste contexto, toma-se
grave. Pesquisas feitas pela União Europeia
revelaram que quase três quartos dos jovens da
França não são de origem francesa. A Itália, hoje
com 60 milhões de habitantes, chegará em 2050 com
40 milhões, havendo uma redução de 33 da
população italiana, e parte desta população não
será etnicamente italiana. Assim, o discurso
neonazi e racista ganha espaço.
40O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
- Segundo Ramonet, "o obscurantismo seduz cada vez
mais certos espíritos desencorajados pela
complexidade das novas realidades, chocados pela
irracional crise económica." Graças a esse
obscurantismo, já se expandiram através do mundo
as revoluções conservadoras e os diversos
fundamentalismos islâmico no Ira, puritano nos
EUA, católico na França, ortodoxo em Israel, etc. - Podem desencadear impulsos destrutivos mais
graves ? "Nós corremos o risco de ser como o povo
romano, invadidos pêlos bárbaros que são os
árabes, os marroquinos, os jugoslavos e os
turcos", declarou o ministro do Interior belga
José Michel. "Pessoas que chegam de muito longe
nada tem em comum com nossa civilização". Ideias
como esta renasceram em corpos mais jovens e
tornaram-se mais populares.
41O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
- Nos anos 30, Thomas Mann tinha pressentido o
perigo "o irracionalismo que se torna popular é
um aterrorizante espectáculo. Sente-se que dele
resultará fatalmente um mal". O contra-senso
nutre-se de ignorância e medo, de crença e
esperança. São os elementos de toda religião, de
toda superstição.
42Extrema direita na U.E.
- As eleições para o Parlamento europeu, de Junho
de 1994, permitem a avaliação do diferente peso
dos movimentos de extrema-direita - Os partidos mais significativos de
Extrema-Direita - - Itália MSI (Alliance nationale) 12,5
- - França FN 10,5
- - Belgique VIB-Vlaams Blok (Bloc flamand) 7,8
FNb (Front national belge) 2,9 -
43Peso dos partidos de extrema direita na U.E.
- Os partidos menos significativos de
extrema-direita - Allemagne Republikaner 3,9
- Danemark FRP 2,9
- Pays-Bas CD 1,0
44Peso dos partidos de extrema direita na U.E.
- A extrema-direita muito pouco significativa
(lt1) - Espagne FN (Fuerza Nueva Frente Nacional Blas
Pinar) - Grèce EP (Front national)
- Portugal PDC (Partido da Democracia Cristiana)
- Grande-Bretagne BNP (British National Party)
45Extrema direita na U.E.
- Comment expliquer que la France, patrie des
droits de l'homme, pays de l'universalisme, soit
aujourd'hui le lieu d'Europe où l'extrême droite
obtient les résultats les plus importants et où
le racisme s'exprime le plus largement ? Il prend
des formes diverses dans les discours, les actes,
les votes, dans les discriminations ou les
ségrégations spatiales ou sociales. Il est
violent ou larvé, collectif ou individuel. Il
peut être actif ou passif, conscient ou
inconscient. () Sans doute parce que, pour
beaucoup de Français, la France est menacée, leur
situation et celle de leurs enfants le sont
aussi. - in Petit dictionnaire pour lutter contre
l'extrême-droite
46Problemas em França
- A crise na indústria, a explosão do modelo
tradicional do progresso social, o aumento do
desemprego ? o medo de se encontrarem numa
situação de desaire, em condições piores que os
estrangeiros ? xenofobia, rejeição, racismo
47Imigração e Extrema Direita nos Média
- União Europeia, 2002
- Os Quinze aprovaram um conjunto de medidas em
Sevilha o combate à imigração ilegal, gestão das
fronteiras externas e estabelecer com países
terceiros acordos de readmissão em caso de
ilegalidades. in TSF
48Imigração e Extrema Direita nos Média
- União Europeia, 2005
- Alargamento contra a extrema-direita
- Em entrevista à revista Times, o chefe da
diplomacia britânica, Jack Straw, defende que a
União Europeia deve combater a escalada da
extrema-direita na Europa com o alargamento. - O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros,
Jack Straw, apela ao alargamento da União
Europeia com o objectivo de combater a escalada
da extrema-direita na Europa.Nós devemos
redobrar os esforços para lançar um apoio à
população visando um suporte ao alargamento da
Europa, afirmou Straw numa entrevista à revista
Times.O chefe da diplomacia britânica sublinha
que uma União Europeia (UE) alargada deve ser
uma muralha contra o extremismo, adiantando que
a base da extrema-direita hoje em dia são a
xenofobia, a geração de medo e de ódio contra os
que não são como nós. - in TSF
49Imigração e Extrema Direita nos Média
- Portugal, 2002
- O ano de 2002 ficou marcado pela participação ?
inédita durante a vigência do regime democrático
? de um partido fascista nas eleições
legislativas, o Partido Nacional Renovador. Os
temas recorrentes da propaganda do PNR são o
combate à imigração, a defesa da segurança dos
portugueses e da identidade nacional, e a
rejeição da União Europeia e da mundialização. Em
cumprimento das leis eleitorais portuguesas, o
PNR teve direito em igualdade com os outros
partidos aos tempos de antena emitidos na
televisão e na rádio, no que constituiu a face
mais visível da sua propaganda, que de outro modo
consistiria apenas em cartazes, pichagens de
paredes e autocolantes. Nos seus tempos de
emissão, foram constantes as referências às
ameaças de bandos étnicos de delinquentes que
pretendem pôr em causa a nossa identidade e
autoridade e o direito que temos de sermos
senhores do nosso território a passagem de
imagens de negros sempre que se abordavam temas
como a insegurança crónica das cidades ou o
desemprego, o tráfico de droga e a
criminalidade o ataque à classe política que
só se preocupa com os direitos das minorias, dos
imigrantes, mas ninguém se preocupa com os
portugueses os depoimentos de pessoas que
afirmavam não ter votado desde o 25 de Abril, e
a escolha de monumentos do Estado Novo como
cenários em alguns tempos de emissão
radiofónicos, o PNR chegou a defender a
organização de milícias populares. in
Relatório Anual do SOS Racismo 2002
50Imigração e Extrema Direita nos Média
- Portugal, 2002
- A 5 de Janeiro um grupo de skins envolveu-se
numa cena de pancadaria no bar Saloio (Avenida
24 de Julho, Lisboa) a 19 de Janeiro, sete ou
oito skins oriundos do Bairro 2 de Maio (Ajuda)
provocaram uma autêntica batalha campal na
discoteca Jamaica (Cais do Sodré, Lisboa)
causando três feridos a 2 de Fevereiro, dois
ucranianos e um estónio, todos sem-abrigo, foram
agredidos com tacos de beisebol em pleno dia
junto de uma superfície comercial de Xabregas
(Lisboa), por quatro homens que se puseram em
fuga antes da chegada da polícia a 16 de
Fevereiro, um grupo de dez skins provocou e
agrediu várias pessoas no Bairro Alto (Lisboa) a
18 de Fevereiro, agrediram novamente
frequentadores do bar Jamaica, tendo na mesma
noite sido registada uma agressão no bar
Gringos (Avenida 24 de Julho, Lisboa) a 23 de
Fevereiro, na Portela (Lisboa), vários jovens
foram agredidos por skins dos Olivais e da
Portela a 9 de Março, dois candidatos do Bloco
de Esquerda à Assembleia da República foram
agredidos sendo um deles esfaqueado por oito
skins quando colavam cartazes na Calçada da
Tapada (Alcântara, Lisboa) in Público
51Imigração e Extrema Direita nos Média
- Áustria, 2005
- Joerg Haider, líder histórico da extrema-direita
austríaca, foi eleito, ontem, em Salzburgo,
presidente da Aliança para o Futuro da Áustria
(BZOe), criada após uma cisão do seu anterior
partido, o FPOe. A eleição - de braço no ar -
foi marcada pela unanimidade dos 564 delegados
presentes no congresso inaugural, tendo-se
registado apenas uma abstenção. - in Le Monde
52Imigração e Extrema Direita nos Média
- Suíça, 2005
- Governo estabelece um novo programa de retorno
para os imigrantes de Magreb - O Governo da Suiça ampliará a ajuda para aqueles
solicitantes de asilo do Norte da África que
decidam voluntariamente retornar a seus países de
origem. O novo programa vai sobre tudo dirigido a
2.400 magrebíes, que apresentaram uma solicitação
de asilo antes de 1 de novembro. - O Bund (Estado suiço) quer facilitar o retorno
dos solicitantes de asilo de Argélia, Tunísia,
Marrocos, Líbia e Mauritânia, escreve o
Departamento Federal de Migração (BFM) em um
comunicado de imprensa. O segundo objectivo do
programa reforçar o diálogo e a colaboração com
os países de origem. - Toda a pessoa adulta de Magreb que tenha
apresentado uma solicitação de asilo antes de 01
de novembro, mas que agora esteja disposta a
voltar a casa, receberá 2.000 francos, e se for
menor de idade serão 1.000 francos. - Para os projectos individuais de formação, o
máximo disponível são 3.000 francos. O Programa
de Ajuda aos Retornados realiza-se conjuntamente
com a Organização Internacional para a Migração
(IOM) e a Direcção para o Desenvolvimento e
Cooperação da Suiça (DEZA). - in Portugal Diário
53Imigração e Extrema Direita nos Média
- Itália, 2005
- Berlusconi fecha aliança com Alessandra Mussolini
para eleições - O primeiro-ministro da Itália, Silvio
Berlusconi, e a neta do ditador Benito Mussolini,
Alessandra Mussolini, que lidera o partido
Alternativa Social, fecharam hoje uma aliança
para as eleições gerais dos dias 9 e 10 de abril. - Alemanha, 2005
- - Futuro para os judeus na Alemanha?
- David Gall, que editou até pouco tempo atrás na
internet o jornal Hagalil para combater o
anti-semitismo, concorda com os israelenses. Para
ele, os judeus do Leste Europeu deveriam mudar
para Israel e não para a Alemanha, pois "não há
futuro para os judeus na Alemanha. A história dos
judeus na Alemanha deveria se encerrar". - Por outro lado, Gall afirma que a Alemanha
parece estar se abrindo para o judaísmo. Um sinal
disso seriam as diversas iniciativas do governo
para combater o anti-semitismo. Em grande parte,
trata-se, contudo, de iniciativas ineficientes e
vazias, diz ele "Este país realmente não quer
judeus aqui. Vêem-se sinais disso por toda
parte".
54Imigração e Extrema Direita nos Média
- Paris, 2005
- Os distúrbios nos subúrbios de Paris em 2005
começaram dia 27 de Outubro devido a perseguição
seguida de morte de dois jovens descendentes
africanos Benna e Traoré pela polícia de Paris. - Os protestos em série depois da morte dos dois
jovens duraram 19 noites consecutivas até o dia
16 de Novembro. Os motins começaram em
Clichy-sous-Bois e espalharam-se por vários
bairros de subúrbio de Paris. Jovens indignados,
queimaram 8.970 carros e entraram em confrontos
com a polícia francesa, foram presos 2.888 jovens
e um morto, além de Benna e Traoré. O Presidente
Jacques Chirac declarou oestado de emergência, a
estimativa de prejuízos foi de 200 milhões de
dólares. - in Jornal de Notícias
55Distúrbios em Paris Porquê?
- A onda de destruição que varreu a França, em
Novembro de 2005, foi interpretada em muitos
países da Europa como a confirmação da teses há
muito propaladas pela extrema-direita a entrada
maciça de imigrantes africanos e muçulmanos, mais
dia menos dia acabaria por se tornar num perigo
para a ordem pública. A razão não seria de
natureza racial, mas cultural. - Os africanos estão marcados pelas memórias da
colonização europeia, nomeadamente pela
escravatura. Ainda que os seus filhos possam
aceder à cidadania francesa, inglesa, portuguesa,
italiana, alemã ou outra qualquer europeia,
jamais se sentirão verdadeiramente europeus. A
cultura e a história destes países europeus,
seria um obstáculo intransponível para o
nascimento de laços de pertença.
56Distúrbios em Paris Porquê?
- A mais pequena dificuldade nos seus percursos de
vida, acaba inevitavelmente por fazer renascer
antigas humilhações, complexos de inferioridade
ou memórias colectivas julgadas esquecidas ou
aceites sem desconforto. A culpa será sempre
atribuída aos antigos colonizadores, nunca
assumida pelos próprios. O ódio torna-se um lema
de vida. - A França é, neste aspecto, o melhor exemplo desta
agonia cultural da Europa. A imagem que este país
tem de si próprio e aquela procura difundir no
exterior está desfasada do tempo. A forma como a
França interpreta o seu passado nos dois últimos
séculos, por exemplo, é inaceitável para os novos
imigrantes. Eles são oriundos de países conde os
franceses praticaram em larga escala o tráfico de
escravos, saques e matanças sem fim. É por isso
que as grandes referências culturais da nação que
se auto-proclama guardião dos grandes valores
universais, como Liberdade, Igualdade e
Fraternidade, nada dizem a mais de 10 da sua
população originária do norte de África e a sul
do Sahara, quase todos de religião muçulmana
(argelinos, marroquinos, tunisinos, etc).
57Distúrbios em Paris Porquê?
- A França acolheu imigrantes (mão-de-obra barata),
mas remeteu-os para os arredores das suas
cidades, confinando-os a guetos. Se por um lado
lhes concede a cidadania, por outro recusa
integrar a cultura destes povos na cultura
francesa. - A discriminação instalou-se na sociedade
francesa. Uma parte da sua população começou a
ser tratada como franceses de segunda, olhados
com desconfiança. Acontece que estes imigrantes
não pararam de aumentar. O dilema é que sem eles
a economia francesa não funciona.
58Reacções aos distúrbios de Paris
- The Guardian "os distúrbios deitaram abaixo a
cortina que existe entre as cidades ricas e os
bairros de subúrbio que abrigam em na sua maioria
imigrantes de Magreb e da África Ocidental que
nunca puderam integrar a sociedade francesa, e se
transformaram numa subclasse acostumada com a
discriminação e falta de esperanças". A BBC citou
o "descontentamento entre muitos jovens franceses
oriundos do norte da África" e a discriminação
contra os imigrantes. O grupo SOS Racisme
denuncia regularmente casos de racismo contra
estrangeiros". A BBC também noticia que existe
uma "enorme fúria e ressentimento entre os
imigrantes africanos e os filhos de descendentes
africanos nos subúrbios das cidades francesas."
59Reacções aos distúrbios de Paris
- Grupos de extrema direita de toda a Europa estão
apostando nos tumultos da França para conquistar
votos e para exigir que os governos combatam a
imigração com leis mais duras - "Os tumultos são terreno fértil para a extrema
direita", disse Thierry Balzacq, analista
especializado nas áreas de segurança e imigração
do Centro para Estudos sobre Políticas Européias,
em Bruxelas, sobre os protestos violentos nas
cidades francesas. - Os governos, por sua vez, parecem estar tentados
a adoptar medidas que agradam os eleitores de
direita em potencial. Os críticos acreditam que
essa foi a motivação do ministro do Interior da
França, Nicolas Sarkozy, que pediu a expulsão dos
estrangeiros que participarem dos tumultos.
60Reacções aos distúrbios de Paris
- O líder anti-imigração Jean-Marie Le Pen declarou
ao jornal Le Figaro que a reacção do presidente
Jacques Chirac foi "patética" e lembrou que
alerta há anos para as consequências da
"imigração em massa, da corrupção moral dos
líderes do país, da desintegração do país e da
injustiça social". Para ele, a situação avança
para o que "podem ser os primeiros sinais de uma
guerra civil". - A solução, disse Le Pen, é clara o fim da
imigração, leis mais duras para garantir a
nacionalidade e uma política de segurança de
tolerância zero, que poderia envolver o exército.
- "Esses episódios não aconteceram por acaso, mas
são consequência direta de vários governos
socialistas que favoreceram a imigração
indiscriminada", disse Giacomo Stucchi, do
partido Liga do Norte, contrário à imigração
61Reacções aos distúrbios de Paris
- O NPD alemão, que no ano passado ganhou as
manchetes ao conquistar cadeiras em um Estado do
leste do país, disse que os tumultos demonstram o
fracasso da tentativa de criar uma Europa
multicultural. "O NPD deseja aos estrangeiros uma
boa viagem de volta para casa", disse o partido
em sua página eletrónica. - Na Holanda, ainda traumatizada pelo assassinato,
do ano passado, do cineasta Theo van Gogh, que
criticava o islamismo, o activista anti-imigração
Geert Wilders pediu na segunda-feira o fim da
imigração de "estrangeiros não-ocidentais". - Pia Kjaersgaard, líder do Partido do Povo
Dinamarquês, foi mais longe e afirmou esta semana
que os tumultos na França são equivalentes ao
terrorismo. - As campanhas da direita repetiram-se também na
Bélgica, na Áustria e até na Rússia.
62Reacções aos distúrbios de Paris
- O Alto Comissário das Nações Unidas para os
Refugiados, António Guterres, disse nesta
terça-feira que a violência na França é um
exemplo da propagação da intolerância pelo mundo,
e denunciou o uso político do discurso do medo. - "Isso que aconteceu em Paris é um exemplo de uma
problemática mais geral, que é a intolerância
(...) muitas vezes ampliada por factores
objectivos, económicos, sociais, de desemprego,
situações de pobreza e exclusão", disse Guterres
durante uma breve visita ao Brasil. - "Estamos a enfrentar um clima psicológico em
escala global, que é uma ameaça à instituição da
protecção a refugiados", acrescentou,
referindo-se à propagação do "sentimento de
intolerância" pelo mundo, que considerou "uma
ameaça à coesão das sociedades e à paz mundial". - "O medo está sendo usado como arma para ganhar
votos (...) O risco de a opinião pública ser
totalmente contaminada por essa irracionalidade,
que leva a actos de desespero, é extremamente
grave", advertiu Guterres. "É um problema global,
que existe no norte, sul, em todas as partes, a
instrumentação do medo, do ódio racial",
acrescentou.
63Bibliografia
- http//confrontos.no.sapo.pt/page9b.html
- http//imigrantes.no.sapo.pt/page3.html
- http//www.derechos.org/nizkor/brazil/libros/neona
zis/cap4.html - http//www.anti-rev.org/textes/Aubry95a/ (Petit
dictionnaire pour lutter contre l'extrême-droite) - http//www.lemonde.fr/
- http//tsf.sapo.pt
- http//www.publico.clix.pt
- http//www.portugaldiario.iol.pt/