Title: Agenda Pol
1Agenda Política
2Agenda Política
- Como se definem as agendas governamentais? A
nossa resposta tem-se concentrado em três
explicações problemas, políticas, e
participantes visíveis. - John Kingdon, 1995 197
- O agenda setting é o processo pelo qual os
problemas e soluções alternativas ganham ou
perdem a atenção do público e da elite. A
competição de grupo para definir a agenda é feroz
porque nenhuma sociedade, sistema político, ator
oficial, ator não-oficial ou pessoa física tem
capacidade para atender a todas as alternativas
possíveis para todos os problemas possíveis, que
possam surgir a qualquer momento. () O grupo que
descreve com sucesso um problema também será
aquele que definirá as suas soluções,
prevalecendo, assim, no debate político. - Thomas A. Birkland, 2005 109
3Agenda Política
- O estudo do agenda setting é uma forma
particularmente fértil para começar a entender
como os grupos, o poder, e a agenda interagem
para definir os limites do debate político. Mas o
agenda setting, como todas as outras etapas do
processo político, não ocorre no vácuo. A
probabilidade de um assunto ser incluído na
agenda é uma função do assunto em si, dos atores
envolvidos, das relações institucionais, e,
muitas vezes, de fatores sociais e políticos
aleatórios, que podem ser explicados, mas não
podem ser replicados ou previstos. - Ibid. 133-134.
- Agenda é uma coleção de problemas, compreensão
de causas, símbolos, soluções e outros elementos
dos problemas públicos, que captam a atenção de
membros do público e dos seus atores
governamentais. - Ibid. 110
4Agenda Política
- Que problemas chegam aos políticos para decisão?
- Como tais problemas funcionam como chamariz para
os políticos e motivam uma proposta política
destinada à sua resolução? - Por que razão(ões) certos problemas são acolhidos
na agenda política e outros não?
5Agenda Política
- Como identificar os atores numa política pública?
- Existem diversos critérios. O mais simples é
identificar quem pode ganhar ou perder com a
política em debate, quem tem os seus interesses
afetados pelas decisões e ações que compõem a
política em questão.
6Agenda Política
- Teoria Clássica
- Para que determinado interesse integre a agenda
política é necessário que se transforme num
facto político controverso, que haja um conflito
de interesses que justifique a intervenção do
poder político (Cobb Elder, 1983).
7Agenda Política
- Para que um estado de coisas se transforme num
problema político, num item prioritário na agenda
governamental, é necessário apresentar pelo menos
um dos seguintes traços - (1) mobilizar ação política seja coletiva, seja
provinda de atores individuais estrategicamente
situados - (2) constituir uma situação de crise de modo a
que o prejuízo de não resolver o problema seja
maior que o de o resolver - (3) formar uma situação de oportunidade a
identificação, por algum ator relevante, de
vantagens a serem obtidas com o tratamento
daquele problema.
8Agenda Política
- Formulação de Alternativas
- Preferências dos Atores
- Manifestação de Interesses (o pluralismo
baseia-se na primazia dos grupos de interesses no
processo político Bentley, Process of
Government, 1908). - Preferência a alternativa de solução para um
problema que mais beneficia um ator, depende do
cálculo custo/benefício para cada interveniente. - A dinâmica das relações entre os atores obedece a
padrões - (1) lutas (2) jogos (3) debates / persuasão
(4) pressão pública (5) negociação / compromisso.
9Agenda Política
- Exemplos de análise das políticas públicas
- Utopia, de Thomas More O Príncipe, de Maquiavel
a Nova Atlântida, de Bacon e o trabalho de
filósofos como Locke, Hobbes, Montesquieu e
Rousseau. Todos estes filósofos elaboraram
alternativas às políticas públicas dominantes na
altura. - M. Howlet M. Ramesh Anthony Perl (2009),
Studying Public Policy Policy Cycles Policy
Subsystems - Paul Sabatier (1999), Theories of Public Policy
- Deborah Stone (1997), Policy Paradox the Art of
Political Decision Making - F. Scharp (1997), Game Real Actors Play.
10Política Pública
- Conceito
- é tudo aquilo que constitui matéria de opção do
governo, seja ato ou omissão, tudo aquilo que ele
optou por fazer ou não fazer (Dye). - compreende as decisões governamentais destinadas
a resolver problemas (Nagel). - a ação do governo e dos funcionários públicos,
orientada a lidar com um certo problema
(Anderson).
11Políticas Públicas
- 2 tradições de caraterização do processo
político - (1) caráter generalista integra tudo quanto
possa ser atividade do governo - (2) menos ampla restringe-se às atividades de
resolução de problemas. - Apresentam em comum o papel central desempenhado
pelo governo que, na expressão de Nelissen, ficou
conhecido como dirigente da sociedade, steering
of society. - Crescente complexidade da vida moderna Vida
política como um processo de negociação e de
troca onde governar assenta, sobretudo, num
processo de ajustamento entre grupos, sendo
equivalente a um modo dinâmico de gerir crises.
12Políticas Públicas
- Política Pública geralmente envolve mais do que
uma decisão e requer diversas ações
estrategicamente selecionadas para implementar as
decisões tomadas. - Decisão Política corresponde a uma escolha de
entre um leque de alternativas, conforme a
hierarquia das preferências dos atores
envolvidos, uma certa adequação entre os fins
pretendidos e os meios disponíveis.
13Fases das Políticas Públicas
- Kelman (1987)
- (1) Ideia política a matéria-prima,
consubstanciada em propostas mesmo que vagas ,
para que algo mude na ação do governo - (2) Escolha política os cidadãos, portadores de
tais ideias, tentam influenciar o governo no
sentido de as porem em prática - (3) Produção uma vez decidida, a implementação
transita para uma instituição que corporificará
tal decisão - (4) Ação do governo este processo culmina num
conjunto de ações do governo, que são sentidas ao
nível do cidadão comum - (5) Resultado real integra o efeito do curso de
ação determinado pelo governo e os efeitos
colaterais inerentes a variáveis várias.
14- TEORIAS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
15Incrementalismo
- As decisões são tomadas sobre o volume marginal
de mudança, que possa ocorrer de um ano para o
outro, e os interesses instalados, em anos
anteriores, não são ameaçados. - Na prática, este método apenas possibilita a
escolha entre alternativas na parte marginal que
diz respeito ao ano novo. No essencial, o passado
está, automaticamente, aprovado para o ano
seguinte. - Principal atração do modelo a acentuação da
estabilidade e um processo de decisão assente na
rotinização de procedimentos, o que minimiza a
incerteza. - Crítica Insensível às mudanças da envolvente.
16Teoria do Ciclo das Políticas Públicas
- Apresentação das políticas públicas em fases
integrando um processo. - Modelo dominante até recentemente.
- Divulgada por Jones (1977) e Anderson (1975).
- Dividiam o processo (1) percepção e definição do
problema (2) definição da agenda (3) formulação
das políticas (4) legitimação das políticas (5)
implementação (6) avaliação.
17Teoria do Ciclo das Políticas Públicas
- Enfatiza a definição de agenda (agenda setting) e
questiona por que algumas questões são acolhidas
na agenda política, enquanto outras são ignoradas.
18Processo de Decisão Política
Políticas e Métodos de Análise
Partes Interessadas/ Políticas
Definição do Problema
Formulação da Política O que podemos fazer?
Implementação da Política Como é que pomos a
funcionar?
19The Policy-Making Process
Policy
Cast of
Problem
Instruments
Characters
Definition
Identify
Analyst's
Stakeholder
Issues
Frame
Frames
Analysis
Analytic
Historical
Decision
Methods
Why, How
Makers
Identify the
Current
Influence
Options
Conditions
Brokers
Definition of
Definition of
Definition of
Constituency
Options Means
Needed Change
Formulation
Identification of
Definition of
Impediments
Strategy
Evaluation of
Impediments
Tactical Plan
Implementation
Negotiations
Regulation
Legislation
Enforcement
20Modelo de Fluxos Múltiplos
- Zahariadis (1998) o modelo de fluxos múltiplos é
o mais adequado para explicar como as agendas são
definidas e decididas por governos nacionais sob
condições de ambiguidade de objetivos (i.e.,
preferências não definidas claramente) e
ambientes instáveis, nos quais as escolhas são
dependentes do contexto
Racionalidade limitada - Teoria da Escolha Pública (Public Choice)
atores com interesses egoístas, procurando, por
exemplo, a optimização dos efeitos de uma
campanha eleitoral em detrimento da satisfação
máxima dos anseios legítimos dos cidadãos. Rompe
com a visão romântica de que o político é um
servidor altruísta do interesse público.
21Modelo de Fluxos Múltiplos
- Desenvolvido por John Kingdon (1984), com base no
garbage can model (Cohen, March e Olsen, 1972,
1-25) pode ser traduzida como modelo da lata de
lixo, para designar uma organização em que
ideias, atores, processos, soluções e
oportunidades estão reunidos num só lugar e
interagem simultaneamente. Uma organização é uma
coleção de escolhas procurando por problemas,
valores e sentimentos procurando por situações em
que possam ser aplicados, soluções procurando por
perguntas para as quais possam ter resposta, e
tomadores de decisão procurando trabalho. - Kindgon, dessa forma, utiliza a teoria para
ressaltar que não há nenhuma linearidade no
processo de formação de uma agenda política e na
produção de uma política pública, contrapondo-se,
desta forma, à teoria estruturalista e de ciclos. - Kingdon identifica 3 fluxos na construção da
agenda política problemas, políticas (policies)
e política (politics). - 1.º fluxo, problemas procura responder à
questão Por que é que os decisores políticos
prestam atenção a determinados problemas e não a
outros? Resposta saber como é que determinadas
condições são entendidas como problemas.
22Modelo de Fluxos Múltiplos
- 3 fases de identificação (1) indicadores, que
desnudam a dimensão do problema (2)
acontecimentos dramáticos, casos de calamidades
públicas, ou repetição de um problema e (3)
feedback de programas que podem conduzir à
reflexão sobre o seu impacto e a necessidade de
serem reformulados. - 2.º fluxo, as políticas públicas inclui um
conjunto de ideias sobre a forma de resolver
problemas. Este conjunto de ideias pode ser
gerado por especialistas, burocratas, políticos e
académicos.
23Modelo de Fluxos Múltiplos
- 3.º fluxo, a política constituído por pressão
dos grupos de interesse, turnover (viragem) dos
políticos e national mood (as linhas de
pensamento dominante de uma certa comunidade). - Para que se consiga introduzir factos na agenda
política e formar políticas é necessário fazer
com que os fluxos se juntem (coupling),
conquistando janelas de oportunidade (policy
windows).
24Como os governos definem as suas agendas?
- (1) os problemas, isto é, os problemas entram na
agenda, quando se assume que se deve fazer algo
sobre eles. O reconhecimento e a definição dos
problemas afeta os resultados da agenda. - (2) a política propriamente dita, o. s., como se
constrói a consciência coletiva sobre a
necessidade de se enfrentar um dado problema.
Essa construção efetua-se por via do processo
eleitoral, de mudanças nos partidos que governam
ou nas ideologias (ou na forma de ver o mundo),
aliados à força ou à fraqueza dos grupos de
interesse. - (3) os participantes, tipificados como visíveis
o. s., políticos, media, partidos, grupos de
pressão, etc. , e invisíveis, tais, como
académicos e burocracia. Segundo esta perspetiva,
os participantes visíveis definem a agenda, e os
invisíveis as alternativas.
25Modelo de Fluxos Múltiplos
- Kingdon diferencia três tipos de agenda,
construindo uma tipologia útil para a análise de
casos concretos (Viana, 1996) a
não-governamental (ou sistémica), a
governamental, e a de decisão. A primeira contém
assuntos e temas reconhecidos pelo público em
geral, sem, contudo, merecer atenção do governo.
A segunda inclui os problemas que estão a merecer
atenção formal do governo (i.e., temas que, de
alguma maneira, estão incorporados na estrutura
administrativa e no discurso das autoridades). A
agenda de decisão contém a lista dos problemas e
assuntos que efetivamente serão decididos.
26Modelo do equilíbrio interrompido (punctuated
equilibrium)
- Elaborado por Baumgartner e Jones (1993).
- Baseado em noções de biologia e computação. Da
biologia vem a noção de equilíbrio
interrompido, isto é, a política pública
carateriza-se por longos períodos de
estabilidade, interrompidos por períodos de
instabilidade, que geram mudanças nas políticas
anteriores. Da computação e dos trabalhos de
Herbert Simon, vem a noção de que os seres
humanos têm capacidade limitada de processar
informação, daí as questões se processarem
paralelamente e, não de forma serial, o. s., uma
de cada vez. Os subsistemas de uma política
pública permitem ao sistema político-decisório
processar as questões de forma paralela. O. s.,
fazendo mudanças a partir da experiência de
implementação e de avaliação, e somente em
períodos de instabilidade ocorre uma mudança
serial mais profunda.
27Modelo do equilíbrio interrompido (punctuated
equilibrium)
- Permite entender por que um sistema político pode
agir tanto de forma incremental, isto é, mantendo
o status quo, como passar por fases de mudanças
mais radicais nas políticas públicas. - A mudança ocorre quando um determinado tema vence
o monopólio da política (policy monopoly),
caraterizado pela circunscrição do tratamento de
um problema somente às comunidades técnicas,
grupos de poder e subsistemas políticos,
restringindo o surgimento de novas ideias,
propostas e participantes, numa condição de
realimentação negativa. - Fundamental ao modelo a construção de uma imagem
sobre determinada decisão ou política pública
(policy image), em que os media assumiriam um
papel preponderante nessa tarefa. - Uma nova imagem do problema e uma nova difusão
(policy venue) seriam capazes de romper com a
situação de equilíbrio, atraindo novos atores e
propostas, e levando o problema, assim, para a
agenda de decisão. Após este processo, com a
implementação da política formulada, seria gerado
um novo ponto de equilíbrio.
28Modelo do equilíbrio interrompido (punctuated
equilibrium)
- Assim, para que um problema chame a atenção do
governo e da classe política, rompendo com a
situação de equilíbrio e realimentação
negativa, é necessária a construção de um novo
entendimento sobre o mesmo ou de uma nova imagem
(policy image). Por isso, a disputa em torno da
definição e apresentação de um problema é central
na disputa política.
29Teoria da Advocacy Coalition na Mudança das
Políticas
- Elaborado por Sabatier e Jenkins-Smith (1993).
- Discorda da visão da política pública trazida
pelos modelos do ciclo das políticas públicas e
do garbage can, devido à sua escassa capacidade
explicativa sobre as mudanças que ocorrem nas
políticas públicas. - Parte de 4 premissas (1) a compreensão de
mudanças políticas segundo uma análise ao longo
do tempo, de modo a se ter uma perspetiva
evolutiva (2) a forma mais concreta de pensar a
mudança é focar a análise nos policy sub-system,
o. s., a interação dos atores de diversas
instituições que procuram influenciar as decisões
governamentais (3) os subsistemas envolvem,
normalmente, atores de todos os níveis do
governo (4) as políticas públicas e os programas
incorporam teorias de como prosseguir certos
objetivos.
30Teoria da Advocacy Coalition na Mudança das
Políticas
-
- A política pública deveria ser concebida como um
conjunto de subsistemas relativamente estáveis,
que se articulam com os acontecimentos externos,
os quais facultam os parâmetros para os
constrangimentos e os recursos de cada política
pública. - Contrariando o modelo do garbage can, Sabatier e
Jenkins-Smith defendem que crenças, valores e
ideias são importantes dimensões do processo de
formulação de políticas públicas, em geral
ignoradas pelos modelos anteriores. - Assim, cada subsistema, que integra uma política
pública, é composto por um número de alianças de
apoio, que se distinguem pelos seus valores,
crenças e ideias e pelos recursos de que dispõem.
31(No Transcript)
32Abordagem de Sistema Aberto, ou Funil de
Causalidade
- Concebida por Robert Hofferbert (1974 228).
- As decisões governamentais são a variável
dependente de cinco níveis de determinantes,
sendo eles, da ordem mais mediata para a mais
imediata as condições histórico-geográficas, as
condições sócio-económicas, o comportamento
político de massa, as instituições governamentais
e o comportamento das elites.
33(No Transcript)
34Bibliografia
- Cobb, Roger Elder, Charles (1983), Participation
in American Politics the dynamics of
agenda-building. Baltimore The Johns Hopkins
University Press. - Easton, David (1975), Understanding Public
Policy. Englewood Cliffs, New York
Prentice-Hall. - Nagel, Stuart (1980), The Policy Studies
Perspective. Public Administration Review,
391-396. - Anderson, James (1984), Public Policy Making. New
York Holt Rinehart and Winston. - Nelissen, Nico et al. (1999), Renewing
Government. Ultrecht International Books. - Kelman, Steven (1987), Making Public Policy.
Basic Books. - Zahariadis, N. (1998), Comparing Three Lenses of
Policy Choice. Policy Studies Journal, v. 26,
no. 03, pp. 434-448. - Cohen, M. D. March, J. G. Olsen, J. P. (1972),
A garbage can model of organizational choice.
Administrative Science Quarterly, 17, pp. 1-25. - Viana, A. L. (1996), Abordagens metodológicas em
políticas públicas. RAP. Revista de Administração
Pública, v. 30, n.º 02, pp. 5-43, mar./abr. - Sabatier, Paul, and Hank Jenkins-Smith (eds.)
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Coalition Approach. Boulder Westview Press. - Sabatier, Paul A. (1991), Toward Better Theories
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Politics, vol. 24, no. 2. (Jun.), pp. 147-156.
http//tuvalu.santafe.edu/events/workshops/images/
4/47/Sabatier1991.pdf. - Hofferbert, R. I. (1974). The study of public
policy. Indianapolis Bobbs-Merrill. - Rocha, J. A. Oliveira (2010), Gestão do Processo
Político e Políticas Públicas. Escolar Editora.